MinduBier inaugura taproom em Lauro de Freitas

Evento de Inauguração do MinduBar

Na semana que se encerra, a cervejaria MinduBier inaugurou o MinduBar, uma taproom que funciona anexo à sua fábrica, em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador. São 10 torneiras com diferentes estilos produzidos pela Mindu. “São 4 tap fixas com cervejas feitas aqui na fábrica: MinduIPA (carro-chefe da cervejaria), MinduSummer, MinduPils (Medalha de Outro no Concurso Brasileiro de Cerveja-2022) e a MinduAPA (lançamento); nas demais, servimos nossas cervejas sazonais e as colaborativas, como a Straction (NE IPA com strata), Mindu2022 (American IPA), Biomas (Imperial Sour) LicuRIS (RIS colba com Augustinos e Dadiva) etc.”, disse o cervejeiro da Mindu, Gustavo Martins.

André Mendonça (esq.) e Gustavo Martins.

“Aqui no MinduBar trabalhamos com o conceito de cerveja viva, isto é, alguns rótulos são feitos aqui e podem ser consumidos no local, o que garante uma perda muito pequena já que ela vai praticamente do tanque para o copo”, disse o sócio da MinduBier, André Mendonça.

Bolinho de Feijoada e Mindu IPA.

A casa oferece também os tradicionais petiscos de boteco, como quibe, coxinha, bolinho de feijoada, acarajé, dentre outras opções para harmonização no cardápio criado pelo Chef e Sommelier Dan Morais. Os cervejas da torneira são servidas em copos de 300ml e 500ml, além de growlers descartáveis de 1 litro. Pode-se encontrar também cervejas em garrafa e latas, além de produtos da MinduBier como chaveiros, bonés, camisetas etc.

Visita guiada à fábrica da Mindu.

“É a realização de um sonho (fábrica e MinduBar). Desde a época de cervejeiro de panela tenho este objetivo. A cervejaria passou por mudanças em 2019, depois veio um período muito difícil em 2020 com a pandemia. Então conseguir chegar até aqui é um orgulho para nós”, finalizou Gustavo.

Na última quarta-feira (18/05), aconteceu um evento de lançamento reservado para familiares, amigos, influenciadores digitais e profissionais de imprensa. O MinduBar está funcionando de quarta à sexta, das 15h às 23h, e nos finais de semana das 11h às 19h, na Rua Martins de Oliveira, 109, Pitangueiras, Lauro de Freitas.

Com os amigos da imprensa e de copo (esq. para direita). Alexandre (Sivuplê Assessoria), André Mendonça (MinduBier), Nélio Castro (Bebendo com Amigos) e Francisco Ribeiro (Cerveja na Bahia).

A Hora do Strata: Saiba mais sobre o lúpulo que se tornou um dos mais apreciados no Brasil

#diáriodaquarentena

Faz um certo tempo que venho trabalhando na análise do lúpulo que mais me impressionou nos últimos meses: o Strata. Este insumo foi desenvolvido no estado americano de Oregon pela Indie Hops, em parceria com a Universidade do Estado de Oregon (Oregon State University – OSU). De modo geral, Strata é uma terminologia em inglês que faz referência às múltiplas camadas que podemos perceber em alguma coisa; na Geologia, por exemplo, refere-se à camada ou séries de camadas encontradas em uma rocha no solo; na Sociologia, serve para definir as castas ou níveis sociais (social strata). Na cultura cervejeira, o nome Strata foi introduzido para vislumbrar as camadas de aroma e sabor que a complexibilidade deste lúpulo pode criar.

Single Hop com Strata da cervejaria 4 Árvores.

Para escrever este post, em meio ao isolamento social provocado pela pandemia da COVID-19, passei cerca de 9 meses provando e estudando cervejas feitas com Strata. Em março de 2021, realizei uma entrevista com um dos fundadores da Indie Hops, Jim Sollberg, que me revelou outras particularidades deste lúpulo, além de algumas novidades para o Brasil. Foi impossível listar todos os rótulos com Strata que experimentei até o momento; a seguir, destaco algumas destas cervejas, intercaladas com depoimentos dados com exclusividade por Jim Solberg ao Blog Lupulado.

Da esquerda para direita: Jim Solberg, Roger Worthington e Matt Sage, da IndieHops. Criadores do lúpulo Strata. Fonte: IndieHops

Da origem ao lançamento: um hiato de quase dez anos

O surgimento do Strata remonta a 2009. Porém, este lúpulo só chegou ao mercado no final de 2018. No Brasil, a primeira cerveja que provei com Strata foi a Dank Therapy, da cervejaria Bold Brewing, em junho de 2020. Por que tanto tempo se passou entre a primeira safra do lúpulo e seu lançamento oficial?

Dank Therapy, da Bold Brewing: Juicy IPA com blend de Strata, Simcoe, Chinook e Columbus.

“A primeira safra do Strata foi de fato em 2009. Por causa de muitas temporadas que um lúpulo leva para se estabelecer, não tivemos outra colheita até 2012, quando começamos a avaliar o perfil da cerveja e o potencial de mercado do Strata. O resultado positivo foi imediato. Então avançamos para estágios que foram realizados nos viveiros em duas das nossas principais fazendas; isto significa que efetivamente plantamos nestes viveiros em 2013. Como em Oregon não temos colheita no mesmo ano do plantio, então só podemos colher nestes viveiros em 2014. Porém, esta colheita  nos deu lúpulos suficientes para fazer ‘brassagens piloto´ com alguns clientes, durante a primavera e o verão de 2014/15, que causaram novamente uma boa impressão sobre o potencial do Strata. Então decidimos ir logo para o último teste comercial: Plantamos em pequenos campos, que produziram a quantidade necessária de lúpulo para ser processada por nossas maquinas de colheita e secagem em larga escala, além do nosso próprio pellet mill. Plantamos em 2015 para colher em 2016. Isto foi suficiente para vendermos no mercado como uma espécie de ‘teste comercial’; novamente, o feedback foi altamente positivo, então nós decidimos plantar em campos comerciais com cerca de 80 acres, em 2017, e a nossa primeira colheita comercial foi em 2018”, explicou Jim. “O lançamento oficial do Strata foi durante o outono de 2018. O processo leva muito tempo, com certeza, mas é importante avaliar minuciosamente os lúpulos novos para entender suas características sensoriais e peculiaridades do seu cultivo ”, complementou.

Fragments of Time, da cervejaria Dogma: Juicy Double IPA com blend de Citra, Mosaic e Strata

A origem do Strata é bem inusitada. Jim revelou que tudo começou acidentalmente em um pequeno campo de plantação na Universidade do Estado de Oregon. “O Strata é fruto da combinação do lúpulo alemão Perle (mãe) e um pai que ainda desconhecemos. Nós costumamos trabalhar em parceria com Universidade do Estado de Oregon para realizar parte dos processos de criação e reprodução de plantas em nosso programa de desenvolvimento de lúpulo. Em 2009, havia um pequeno campo na OSU, que era usado para pesquisas com o lúpulo Perle. O nosso profissional responsável pela parte de melhoramento de plantas, Shaun Townsend, resolveu colher sementes de Perle abertas naquele campo, que haviam sido polinizadas, para cultiva-las e ver o que poderia ser obtido (neste caso, eles conseguiram obter o Strata). Naquele campo na OSU, existem muitas plantas “macho” experimentais e atualmente nós estamos realizando testes genéticos para saber qual delas polinizou o Strata; por enquanto, dizemos apenas que “foi o cara que chegou primeiro”, explicou o bem-humorado Jim.

Stratify, Juicy IPA Single Hop da cervejaria Croma.

Características sensoriais

Depois da primeira prova, percebi que outras cervejarias do Brasil começaram a utilizar o Strata nas suas brassagens, seja em um blend com outros lúpulos, a exemplo da já citada Dank Therapy e da Fragments of Time (cervejaria Dogma), ou em cervejas single hop, como a Stratify, da Croma, e a Strata, da cervejaria 4 Árvores. Dentre as principais características sensoriais do Strata, na minha experiência sobressaiu o aroma proeminente de frutas cítricas, especialmente maracujá, e o intenso perfil dank; evidentemente, a depender do estilo e de adjuntos utilizados na produção da cerveja, estes aspectos podem variar em maior ou menor grau. Para Jim Solberg, os principais aspectos sensoriais do Strata são “ uma deliciosa combinação de aromas e sabores frutados, que resultam nestas notas de maracujá que você percebeu, mas também inserem algo interessante de morango, combinados ao aroma doce e frutado de cannabis. Um de nossos clientes chama isto de rock concert cannabis, nós achamos uma ótima descrição! Serve bem para combinar o perfil frutado ao final limpo proporcionado no paladar. Isto é tão importante quanto o aspecto suave desses aromas e sabores do lúpulo. Eu acho que este é um fator um pouco oculto, mas quando você tem sabores e aromas que são mais suaves, em vez de intensos, você consegue algo que as pessoas definitivamente amam”.

Ostara da 4 Árvores: Uma American Pale Ale com os lúpulos Bravo e Strata.

Disponibilidade no Brasil e próximos lançamentos

Durante a nossa conversa, Jim falou também sobre a aceitação e distribuição do lúpulo Strata no Brasil. “Estamos muito felizes em saber que Strata foi bem recebido no Brasil, não somente porque isto expande nossos negócios, mas porque mostra que a cultura da cerveja artesanal está viva e funcionando no Brasil, e também se espalhando pelo mundo. Para atingir estes mercados em crescimento, nós da Indie Hops trabalhamos com distribuidores locais, que conhecem cada contexto e assim tornam-se aptos a representar da melhor maneira a qualidade dos nossos lúpulos, como o Strata”.

Double Vulture #1 da Cervejaria Abutres: Double NE IPA com blend de Strata, Bravo Gem e Amarillo

A empresa responsável pela distribuição do Strata no Brasil é HopsCompanyEu conversei com um dos sócios, Thiago Galbeno, que me explicou um pouco mais sobre a disponibilidade do Strata por aqui. “Selecionamos os lotes de Strata em conjunto com a Indie Hops, buscando sempre os lotes de maior destaque sensorial. O lúpulo viaja dos EUA até o Brasil em cadeia refrigerada. Por aqui, comercializamos o Strata nas embalagens originais de 5kg da Indie Hops. Enviamos para todo o  Brasil. Temos uma opção de frete aéreo que o cliente pode receber o produto em cerca de 2 horas, a depender do estado”, disse Galbeno.

Thiago Galbeno (esq.) e Eugênio Pretto da HopsCompany. Fonte: Thiago Galbeno

Para saber sobre como adquirir o lúpulo Srata, interessados/as podem contactar Thiago através do email vendas@hopscompany.com ou pelo WhatsApp 51 92000-9247. “No dia 18/03 chegou um lote novinho de Strata direto da IndieHops. Não vendemos apenas os lúpulos, o nosso serviço inclui também assistência para nossa clientela, explicando coisas, dirimindo dúvidas etc.”, complemento Galbeno, que foi cervejeiro na Cervejaria Perro Libre.

Abusto, NE IPA da Cervejaria Tábuas com os lúpulos Strata, Citra, Mosaic e Centennial.

Entretanto, ao acessar a lista de clientes de Strata no site da Hops Company, percebi que não constam cervejarias baianas na relação, isto é, ainda não existem rótulos da Bahia feitos com lúpulo Strata. Porém, o Blog lupulado apurou que cervejaria MinduBier assinou contrato com a HopsCompany para aquisição do Strata. “É verdade. Fechamos contrato com eles para fornecimento do Strata e outros lúpulos bem bacanas da fazenda dos EUA. Acredito que ainda neste ano lançaremos alguma novidade”, confirmou o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins.

Crystal Sequence, da Infected Brewing: blend de Strata, Comet e Columbus.

Para finalizar, Jim Solberg revelou informações sobre o próximos lançamentos da IndieHops. “O Strata estará disponível para as cervejarias por muitos anos. Desenvolver lúpulos de forma profissional é caro e leva tempo, então nós somente lançamos novos lúpulos no mercado quando estamos certos de que eles terão boa aceitação e longa vida comercial. Nós temos lúpulos novos em nossa linha de desenvolvimento atualmente. Lançaremos em breve um lúpulo que estamos chamando de IH033. Este lupulo foi criado especialmente para alimentar o mercado de cervejas lager. Trata-se um de lúpulo genuíno para o estilo, com baixo alfa-acido, bem “clean” para deixar sobressair aromas e sabores da fermentação e do malte, para então finalizar a cerveja com características frutadas e florais do lúpulo, como lascas de limão, grama seca e flores silvestres. O IH033 traz ainda um toque sutil de canela picante no final, que limpa o paladar e convida para mais um gole. Muitas cervejas interessantes utilizam este lúpulo, que deixa o amargor próximo do 20 IBUs e a lupulagem pode ocorrer no whirlpool e no dry hopping. Continua nobre e clássico como os Bavarian lager hops, mas a caraterística spicy/grassy é reduzida e realocada com mais frutado e floral. Nosso parceiro HopsCompany terá este lúpulo em breve para introduzi-lo no Brasil”, concluiu Jim. Algumas cervejas brasileiras feitas com Strata podem ser encontradas nas lojas especializadas de Salvador, como Vitrine da Cerveja, Kombita, Cerveja Salvador, Chopp Shopp, dentre outras.

EverDank, da Cervejaria Everbrew.

 

 

 

 

 

A Prova dos 10: Os melhores rótulos de 2020

#diariodaquarentena

O Blog Lupulado apresenta sua lista das melhores cervejas experimentadas em 2020, um ano difícil para muitas pessoas do meio cervejeiro; eventos foram cancelados, bares e restaurantes fechados, estabelecimentos comerciais operando por delivery ou retirada. Particularmente, a necessidade de me manter por meses em casa fez aumentar meu consumo de cerveja e acabei provando muitos rótulos interessantes; foi difícil escolher (apenas) os 10 melhores rótulos. Neste ano, infelizmente, tive que deixar de fora da minha lista final as cervejas feitas em HomeBrew (quero ressaltar que provei muita coisa boa de amigos e amigas que fazem cervejeira caseira);. porém,  optei por contemplar na minha lista apenas cervejas com registro, buscando estimular a profissionalização do meio e também por reconhecimento às cervejarias que correram atrás do MAPA.

É importante destacar mais critérios que foram adotados para eleger os melhores rótulos de 2020. Primeiro, considerei apenas cervejas efetivamente provadas neste ano; ela pode até ter sido concebida em 2019, 2018, ou outro ano, porém a minha primeira degustação deve ter ocorrido obrigatoriamente em 2020. Outros critérios observados são a “inovação”, isto é, os aspectos acrescentados pelo rótulo às características típicas do estilo, e “originalidade”, aquilo que pode ser considerado o diferencial da cerveja. O último aspecto considerado nesta análise é mais subjetivo, partindo do meu gosto pessoal, que envolve experiências prévias e minha preferência por determinados estilos. Cabe destacar também que lista abaixo não traduz uma espécie de ranking, ou seja, elencando da melhor à pior cerveja; meu intuito é apenas apontar os dez melhores rótulos que provei em 2020, sem qualquer tipo de ordenação entre eles.

As 10 melhores cervejas experimentadas em 2020:

Entomology (Dádiva e Quatro graus). American Oat Strong Ale com 9,5% de álcool. Espuma fina, coloração dourada e turva, por causa da adição de aveia. Notas herbais e coco no aroma; na boca um corpo alto com certa viscosidade licorosidade. Uma cerva de alta complexidade, que se destacou entre as outras que provei em 2020!

Comfort Triple Cream IPA (Quatro Graus): Experimentei logo no início do ano, em Janeiro, aqui em Salvador. Pude degustar outras vezes em minhas férias de verão e no carnaval no Rio. Confira a resenha no Blog.

Mindu Klooster (MinduBier): Belgian Tripel da cervejaria baiana MinduBier, que arrebentou no critério “inovação” ao acrescentar aromas e sabores incríveis de amendoim e paçoca. Confira a resenha no Blog.

Rainha da Cevada Preta com Hortelã (Calundu): Outra cerveja feita na Bahia, trata-se de uma Dry-Stout com alta drinkabilidade, que apresenta uma nota de menta muito bem inserida ao final do gole, tornando-a especial entre outras do estilo. Confira a resenha no Blog.

Dank Therapy, da cervejaria Bold.

Dank Theraphy (Bold): No auge do isolamento social, em meio ao fechamento de 14 dias do comércio no meu bairro em Salvador, encontrei esta cerveja maravilhosa para celebrar meu aniversário em 24 de junho; foram 5 litros degustados sozinho em casa. É uma double NE IPA com perfil Dank e notas de frutas amarelas, características proporcionadas pela inserção de um lúpulo novo, que se tornaria um dos “queridinhos” de 2020: o Strata.

Oxford, double IPA da cervejaria Proa

Moon Waves (Moondri): O IPA Day da Kombita de 2020 foi online, mas trouxe esta IPA maravilhosa do Paraná. American com amargor na medida, aromas e sabores cítricos, com notas bem originais, que remetem à casa de limão.

Oxford (Proa): Me interessei quando vi esta cerveja da Proa em um app para delivery. Ao buscar informações sobre este rótulo no Untappd, vi que era edição limitada e não estava mais em produção. Garanti logo minha prova e fui feliz: Double IPA muito fácil de beber, cremosa, seca, com notas de pinho e caramelo!

IPA Bahia da Cervejaria NordHaus, em Juazeiro-BA.

IPA Bahia (Nordhaus): Nas margens do Rio São Francisco, em Juazeiro da Bahia, funciona o brewpub desta cervejaria, que já foi pauta aqui no Blog. A IPA Bahia tem como protagonista o cacau, seguido com notas de caramelo que fazem certa referência à escola inglesa.

Yellow Cab (Croma): Juicy IPA com aroma  de frutas amarelas, especialmente maracujá e melão, com um toque de aveia. Corpo sedoso, amargor no ponto e levemente licorosa.

EverBlend (EverBrew): Esta NEIPA traz aromas e sabores compilados de três outras cervejas do mesmo estilo lançadas pela cervejaria: EverMaine, EverMass e Evermont. O resultado é um cerveja de corpo aveludado, alto amargor e aroma intenso de frutas amarelas.

 

ALL TOGETHER: UMA VISÃO DO BRASIL 4 MESES DEPOIS

#DiárioDaQuarentena

Um projeto que vem se destacando no meio cervejeiro durante a quarentena provocada pela Covid19 é o All Together – “Todos Juntos”, em português. Esta ação foi idealizada pela cervejaria norte-americana Other Half para ajudar profissionas que foram afetados pelo fechamento e/ou redução das atividades em bares, taprooms e demais estabelecimentos no ramo. No final de março, a Other Half compartilhou pela internet receita e rótulo da All Togther; qualquer pessoa pode baixar e fazer sua cerveja seguindo essas informações, porém deve se comprometer em reverter parte do lucro em prol de bartenders, garçonetes, garçons, sommeliers, cervejeiros/as, músicos, musicistas e demais colaboradores/as que tiveram trabalho e renda reduzidos em face da pandemia.

Apesar do reconhecido sucesso do All Together, é incerto precisar em níveis mundial e nacional quantas cervejarias efetivamente aderiram à empreitada. O site do projeto mostra em sua interface um mapa com a localização de 855 cervejarias participantes espalhadas por 53 países diferentes; 16 delas funcionam no Brasil. Entretanto, quem segue a atividade das cervejarias brasileiras sabe que existe uma discrepância entre estas informações e a oferta nacional de rótulos “All Together”. EverBrew (Santos-SP), Dogma (São Paulo), BrewLab (Rio de Janeiro) Trilha (São Paulo), e Koala San Brew (Belo Horizonte) são exemplos de cervejarias conhecidas que engajaram no projeto All Together, porém não figuram no mapa; se buscarmos por cervejarias caseiras este número tende a crescer, comprovando que é uma missão difícil contabilizar todas as participantes.

Na tentativa de dirimir esta questão, o Blog Lupulado usou a ferramenta disponível no site do projeto All Togetter para entrar em contato com os organizadores. Fomos atendidos de forma bem amável e solícita por Amy Burns, membro da Stout Collective, estúdio especializado na produção de conteúdo para cervejarias que é parceiro da Other Half neste projeto, criando o design do rótulo da All Together. “É impossível, para nós, rastrear com precisão todas as cervejarias; certamente, sempre existem outras que estão participando. Nós listamos apenas aquelas que se inscrevem através do website do nosso projeto; colocamos todas informações conforme solicitado pela cervejaria”, disse Amy. “Por outro lado, é uma noticia muito boa saber que existe esta adesão ao nosso projeto no Brasil e esperamos que esteja realmente ajudando as pessoas afetadas pela pandemia. Muito obrigada pela parceria e suporte das cervejarias brasileiras! Somos realmente agradecidos! O projeto decolou no mundo todo e isto é ótimo de ver”, complementou.

Mapa no site do projeto All Together, com a localização das cervejarias no Brasil.

No estado da Bahia, apenas a cervejaria cigana MinduBier (Salvador) aparece no mapa acima; entretanto, o Blog apurou que, além da Mindu, a cervejaria caseira HopDevils HomeBrewing (Jacobina) está com o lançamento engatilhado da sua All Together. “Nós fizemos a inscrição e o mapa da All Together já se encontra atualizado com a nossa participação. A cerveja foi envasada ontem; acredito que na semana que vem a All Together da Mindu já estará disponível”, disse o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins. Já o cervejeiro da HopDevils HomeBrewing, Pedro Dourado, revelou que sua All Together estará pronta em 20 dias.

Primeira mão: All Together da MindBier pronta para lançamento.

Provando All Together

O Blog Lupulado fez a prova de quatro cervejas nacionais All Together, que estão disponíveis em Salvador. Duas delas figuram no mapa: a produzida pela Locals, Only (São Carlos-SP) e a colab feita por Japas (São Paulo) e Narcose (Capão da Canoa-RS); já as outras duas não aparecem, lançadas respectivamente por EverBrew e Octopus (Rio de Janeiro). Especialmente no aspecto visual e aroma, fica nítido que estas cervejas são bem parecidas em função do estilo comum (NE IPA) e logicamente por partirem da mesma receita. Porém, o trabalho  seminal dos cervejeiros da Other Half dá margem para criatividade das cervejarias parceiras. “Criamos uma receita mais simples, que utiliza uma base de maltes de custo relativamente baixo e lúpulos mais disponíveis pelo mundo; na verdade são duas receitas, que podem ser utilizadas respectivamente na brassagem de cervejas West Coast IPA e New England IPA”, explicou o cervejeiro Sam Richardson, que fundou a Other Half junto dos colegas Matt Monahan e Andrew Burman, no Brooklin, Nova York, em 2014. Alguns registros que encontramos de outras All Together pelo mundo sinalizam brechas para criatividade de cervejeiros/as parceiros na hora de executar a receita, fugindo um pouco das características desses estilos; são os casos, por exemplo, da Session IPA da Lervig (Noruega) e da Imperial IPA da Modist Brewing Company (Estados Unidos), que é o segundo rotulo desta cervejaria feito dentro da proposta All Together.

Joílson, colaborador na Vitrine da Cerveja, exibe a lata da All Togerther Jappas/Narcose

A colaborativa feita pela Japas e Narcose apresenta aroma carregado de notas cítricas, com proeminência do Maracujá. Cor dourada, visual límpido, sem resíduos e boa formação de espuma. Na boca, sabor marcante do maracujá, baixo amargor (IBU N/A) e um pouco licorosa apesar do teor alcoólico não ser tão alto (ABV 6%). “A Jappas e a Narcose nos orientaram a reverter parte do valor arrecadado com a venda desta cerveja para meus colaboradores aqui da loja; é o que vamos fazer”, disse o diretor comercial da Vitrine da Cerveja, Claiton Santos.

All Together da Jappas e Narcose.

Já a All Together da Locals, Only mostra cor e formação de espuma bem semelhantes à cerveja da Japas e Narcose, porém com resíduos visíveis de aveia. O aroma também é cítrico, mas sem a proeminência do maracujá. Baixo amargor (IBU N/A), corpo macio e menos licorosidade apesar de levemente mais alcoólica que a Jappas/Narcose (ABV 6,2%). Disponível na Vitrine da Cerveja, em Salvador.

All Together da Locals, Only.

A cerveja da Everbrew traz aroma de frutas tropicais, como abacaxi e melão, espuma cremosa, cor amarela e a turbidez típica das NE IPAs. Corpo sedoso, teor alcoólico ligeiramente mais elevado que as anteriores (ABV 6,5) e amargor mais acentuado (IBU 60%); entrega uma combinação muito bem equilibrada entre suculência (juicyness) e amargor. Em sua conta no site de redes sociais Untapdd, a cervejaria EverBrew anunciou que irá reverter parte do valor arrecadado em prol dos músicos que tocam na casa. Também encontrada na Vitrine da Cerveja.

Growler com All Together da Everbrew.

Por fim, a All Together da cervejaria Octopus também apresenta no aroma o perfil cítrico, com notas de melão bem presentes e também um toque gramíneo, traduzindo uma das marcas da interferênciai novadora na receita original; este procedimento é sinalizado pela própria cervejaria Octopus. Na parte visual, apresenta espuma cremosa e a turbidez característica dos estilos NE IPA, porém mais acentuada que nos casos anteriores. Na boca, entrega notas de melão, um corpo sedoso e amargor moderado, com leves notas picantes e condimentadas, revelando mais traços da criatividade da Octopus na elaboração da sua All Together. Disponível no site Cerveja Salvador.

All Together da cervejaria Octopus.

 

Bossa Nova Haze: Novo tesouro de Jacobina

O município de Jacobina, situado na Chapada Diamantina, Bahia, ganhou fama nacional como “a Cidade do Ouro” por conta das minas descobertas na região, nos idos do século XVIII. Anos mais tarde, a exploração do ouro cessou e o ecoturismo passou a atrair a atenção de pessoas interessadas em conhecer cachoeiras, lagos e serras que circundam a cidade. Atualmente, outro tipo de tesouro foi descoberto nas ruas de Jacobina: a Cerveja Artesanal.

Bossa Nova Haze: Espuma cremosa, amarga e resfrescante

No último Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco, realizado em Petrolina em novembro do ano passado, a cervejaria jacobinense HopDevils fez sucesso entre os presentes com sua NEIPA. Em fevereiro deste ano, a HopDevils lançou a Bossa Nova Haze, produzida a partir da base criada para aquela cerveja que encantou o público no Festival. “Sim, as receitas são muito próximas. A base de maltes é a mesma e ambas são fermentadas com levedura Vermont. A diferença fica por conta do lúpulo Mosaic Cryo usado na Haze IPA, que me pareceu ser mais dank e resinoso que o Mosaic em pellet”, disse o cervejeiro da HopDevils, Pedro Varjão. “Na Haze foi utilizado um único dry-hopping, ao fim da fermentação, o que resultou num aroma mais “cru” de lúpulo, sem tanta ação de biotransformação”, complementou.

Predro Varjão exibe a Bossa Nova Haze

A história da cervejaria HopDevils remonta a 2014, em um lugar distante de Jacobina. Naquele ano, três amigos universitários, na cidade de Campinas- SP, decidiram começar a fazer cerveja por conta própria. “Éramos estudantes, com pouco dinheiro e apreciadores do estilo IPA. Decidimos então nos aventurar na produção de nossas próprias cervejas. Os amigos foram se formando na universidade e eu acabei assumindo a produção sozinho. Regressei à minha Terra Natal, que é Jacobina, e continuei no homebrew sempre buscando aperfeiçoar os detalhes das receitas. Hoje tenho um grande parceiro, Rafael Filho, com quem tenho desenhado planos para expansão e abertura de um negócio cervejeiro maior”, explicou Pedro.

A Bossa Nova Haze apresenta espuma bem cremosa e aroma frutado, remetendo a frutas como pêssego e abacaxi. Outra característica peculiar do estilo Haze IPA que a cerveja traz é a sua coloração, turva e parda. Na sensação de boca, um corpo viscoso e licoroso, como pede uma boa Haze IPA, com o álcool bem perceptível no retrogosto, apesar do teor alcóolico médio (6,8 ABV). Possui amargor alto (60 IBU) provocado uma total carga de 20 g/l de lúpulos Citra e Mosaic Cryo. “Adicionamos esses lúpulos nos estágios de first wort hopping (amargor), whirpool (aroma) e TDH. Utilizamos também a levedura clássica Vermont Ale”, explicou Pedro. A cerveja Bossa Nova Haze pode ser encontrada na Wine House Jacobina ou via direct no instragram da cervejaria HopDevils.

Quatro Graus amplia série Comfort: Confira este lançamento na coluna #PegaVisão

No início de Janeiro, a cervejaria carioca Quatro Graus lançou o terceiro rótulo da sua série Comfort: a Triple Cream IPA. O primeiro rótulo da série foi a Comfort Double IPA; o segundo foi a Comfort Stout, uma RIS com adição de cacau e café.  “Os rótulos da série Comfort têm como premissa básica trazer bons sentimentos, boas lembranças e relaxamento. A proposta consiste em prover cervejas que não são tão potentes como os nossos rótulos mais conhecidos, por exemplo a Black Anthrax, mas que trazem muito sabor, textura e camadas em estilos já tradicionais.”, disse o cervejeiro da Quatro Graus, Marlos Monçores.

Salvador ao fundo e a Comfort Triple Cream IPA

Outro aspecto que chama atenção neste lançamento da Quatro Graus é o estilo, descrito como Triple Cream IPA, que não figura na style guideliness da BJCP. “Mesmo não sendo um estilo reconhecido, algumas cervejarias já usaram essa denominação, principalmente fora do Brasil. Gostamos de batizar nossas cervejas de acordo a sensação que cada uma delas nos traz, algo para além do estilo. Uma triple IPA nem sempre é cremosa e tem corpo aveludado. Esse foi o nosso foco na hora de preparar a receita e por isso colocamos no nome, deixando claro para todos e todas o que queremos de experiência”, explicou Marlos.

Testando a Comfort Triple Cream IPA  

A cerveja emanou aroma intenso, cítrico e frutado, com presença forte de frutas amarelas como melão, abacaxi e manga. Apresentou espuma cremosa e suculenta, além de coloração bem turva em função dos maltes e da adição de aveia. “Exato! Esta receita, especificamente, leva uma adição grande de aveia e isso contribui sim para sua turbidez e cor”, confirmou Monçores.

Visual turvo e a espuma cremosa da Comfort Triple Cream IPA

A Comfort Triple Cream IPA foi produzida com uma carga pesada de 5 lúpulos diferentes (Citra, Simcoe, El Dorado, Amarillo e Mosaic), que proporcionaram uma sensação de boca bem forte e aveludada. A cerveja também é bem alcoólica 10,2%, apesar desta característica não aparecer nos momentos do gole e do retrogosto; pelo contrário, o resultado é de fato uma sensação refrescante e de relaxamento.Um detalhe interessante é a informação relativa ao seu IBU; constava na lata a hastag #IBUisalie, que em inglês significa “IBU é uma mentira”. “De nada vale o IBU sem o contexto dos outros fatores, que interferem na degustação da cerveja. Por exemplo, temos cervejas super maltadas e com características bem doces, com mais de 150 IBU. Tem muita gente que acredita que IBU é a quantidade de amargor da cerveja e, por isso, preferimos dizer que IBU é uma mentira”, finalizou Marlos.

A Comfort Triple Cream IPA da Quatro Graus pode ser encontrada com certa facilidade, em latas, nas lojas online Bro’s Beer, Hop Hunters, Hop Pack Beer Shop e Hoppi;  chopp e lata em lojas físicas, dentre elas Beer Mind, Empório Santa Oliva, Craft Beer, Narreal (Rio de Janeiro) e Vitrine da Cerveja (Salvador).

Do feijão à cerveja: Irecê recebe sua primeira loja especializada em rótulos artesanais

Quem reside na região de Irecê ou viaja pela famosa “rota do feijão” na Bahia pode encontrar uma nova alternativa para adquirir cervejas artesanais. A loja Cervejaria Premium é a primeira do ramo a funcionar na região. Oferecendo desde rótulos internacionais, como a cerveja Guinness, passando por cervejarias nacionais (Invicta, Blondine, Baden Baden etc.), baianas (MinduBier, FeyhBier dentre outras) e locais (MM, Confraria Clandestina e Genuína Fulô), a carta da Premium é formada por 74 rótulos disponíveis em latas, garrafas e três torneiras.

Marcos Balisa, proprietário da Cervejaria Premiun.

“Sou daqui de Irecê, passei mais de vinte anos morando em São Paulo e Minas Gerais. Recentemente, decidi voltar para minha terra natal e percebi que cidade não tinha uma loja especializada em cerveja artesanal; foi aí que decidi criar a Cervejaria Premium”, disse o proprietário Marcos Balisa, que inaugurou a loja em agosto do ano passado. “Antes disso, era possível encontrar eventualmente uma ou outra cerveja artesanal disponível em bares ou restaurantes da região, até mesmo na Chapada Diamantina. Somos primeira loja do ramo a funcionar por aqui”, complementou.

Torneiras e parte dos rótulos disponíveis na Premiun.

Durante o tempo em que viveu fora da Bahia, Marcos buscou aperfeiçoar seu conhecimento provando e estudando rótulos de cervejarias famosas de São Paulo, como a Dogma, e internacionais, como a Guiness, uma de suas preferidas. “Ao montar o negócio, percebi que o grande público aqui de Irecê precisava de uma ‘cerveja de passagem’, isto é, aquela que atende o sujeito acostumado às marcas industriais, mas que nutre o desejo de beber as artesanais; por isso, entendi ser importante disponibilizar cervejas ‘puro malte’, como a Heineken e Einsenbahn, para ajudar na transição do paladar de iniciantes que pretendem migrar das cervejas comuns para as artesanais”, argumentou Balisa.

Visual da MarokIPA, criação da Cervejaria MM, de Barra do Mendes, região de Irecê.

O empresário ressaltou que a Premium possui também outras pretensões , por exemplo, servir de espaço para eventos locais ou mesmo para conversas e troca de experiências entre cervejeiros de Irecê e região. “Tem muita gente talentosa fazendo cerveja por aqui, como Fladio (Cervejaria MM), Breno (FuskIPA), Menandro (Confraria Clandestina) e Danilo (Genuína Fulô). A minha ideia é também criar um ambiente para reunir essa turma, fazer parcerias para disponibilizar as cervejas deles nas torneiras daqui” revelou Marcos, enquanto me apresentava provas dos chopps MarokaAPA e MarokIPA da MM, que estavam conectados; provamos também em garrafa a NE IPA e IPA com Galaxy da Confraria Clandestina

IPA com Galaxy, criação da Confraria Clandestina, de Irecê.

A cervejaria Premiun funciona na Avenida 1 de Janeiro número 448, em frente ao Mercadinho do Coração, no centro de Irecê, aberta de terça a domingo das 14h até o último cliente. Além da carta citada acima, a Premium oferece opções de harmonização como burguers, porções de mini-hamburguer, picanha, contra-filé dentre outros.

Lupulado sendo recebido por Marcos Balisa.

 

Pega Visão: Conheça dois novos rótulos da MinduBier

A semana que antecedeu as festas de final de ano foi celebrada com lançamento em dose dupla da cervejaria soteropolitana MinduBier. Conhecida pelo slogan “baianamente artesanal”, a Mindu lançou a Double New England IPA MinduHaze e a Russian Imperial Stout CumaRIS, com produção de 2.000 e 1.000 litros, respectivamente. “Hoje separamos nosso portfólio em rótulos de linha e sazonais. A MinduHaze e a CumaRIS são sazonais, enquanto a MinduIPA e Mindu Summer, por exemplo, são de linha, produzidas de forma ostensiva. O plano é ter todo mês pelo menos um lançamento sazonal”, disse o cervejeiro da Mindu, Gustavo Martins. O portfólio da cervejaria conta com outros rótulos exclusivos e colaborativos, dentre eles a conhecida MinduIPA, a MinduPils, MinduSummer, a Salted Caramel Peanut Cake, colab com a cervejaria 5 Elementos e recentemente premida no Slowbrew com a medalha de prata etc.

O cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins, apresentando suas duas novas criações: MinduHaze e CumaRIS.

A MinduHaze e a CumaRIS foram produzidas em uma parceria com a cervejaria Dádiva, em um modelo que vai além da já conhecida ciganagem. “A Dádiva contribui também com a equipe de vendas em toda a rede de clientes que a cervejaria possui. Desta forma, podemos distribuir as cervejas para diversos estados do Brasil”, revelou o Gustavo, que é autor destas receitas, exclusivas da MinduBier. “Esses dois rótulos vêm para mostrar para todo o Brasil do que somos capazes”, complementou o cervejeiro.

Rótulos da MinduBier: a conhecida MinduIPA e as sazonais MindHuaze e CumaRIS.

CumaRIS

Bem escura, cremosa, o aroma entrega a presença do cumaru logo no primeiro plano, seguido de notas de café, cacau e licuri. A sensação de boca é reforçada pelo acréscimo de lactose, deixando a cerveja bem encorpada. Aliado a esta composição, a CumaRIS traz alto amargor (80 IBU) e elevado teor alcoólico (12,5 %ABV). Por conta do estilo e da presença do licuri, a comparação com a LicuRIS, outra RIS do portfólio da Mindu, tornou-se inevitável. “São cervejas completamente diferentes. A LicuRIS é uma collab com as cervejarias Dádiva e Augustinos. Discutimos o grist juntos e a produção foi toda em colaboração. A LicuRIS tem como protagonista o licuri, nosso famoso coquinho do interior da Bahia. Já a CumaRIS é uma receita exclusiva da Mindu que traz o cumaru como ingrediente principal, além do cacau, café e, também, o licuri”, destacou Gustavo.

Visual da CumaRIS

MinduHaze

Já a MinduHaze, via de regra, apresenta a coloração turva típica das New England IPA. O aroma é marcante, frutado, cítrico, com forte presença de notas de maracujá e abacaxi. O primeiro gole revela amargor acentuado, causado pela carga de lúpulos utilizados e por conta do duplo dry-hop. Além deste amargor  (50 IBU), a MinduHaze também  apresenta considerável teor alcoólico (ABV 7,9%), justificando sua classificação como double imperial NE IPA.

Visual da MinduHaze

Um aspecto curioso foi a diferença no aroma da MinduHaze quando provamos esta cerveja em lata, oqual pareceu mais acentuado do que a servida na torneira. “Talvez o recipiente influencie de alguma forma, pois o liquido é o mesmo. Inclusive nem a CumaRIS e nem a MinduHaze foram pasteurizadas”, finalizou.

Turbidez da MinduHaze, típica do estilo NE IPA.

As duas novidades da MinduBier podem ser encontradas em latas e torneiras nos principais pontos de venda em Salvador, como as lojas Vitrine da Cerveja e Cerveja Salvador, além de outras casas especializadas  em cerveja artesanal pelo Brasil.

 

Lupulado no Mondial de La Biére Rio 2019.

Mais de 100 expositores, dentre eles cervejarias do Brasil e do exterior, participam da sétima edição do Mondial de La Bière, um dos maiores eventos cervejeiros do Brasil que acontece anualmente desde 2013. No total,  cerca de 1.080 cervejas de diversos estilos estão disponíveis para degustação. Dentre elas, 396 rótulos disputaram o MBeer Contest Brazil,  uma famosa competição interna feita a partir de uma avaliação às cegas.  Em 2019, a abertura do evento foi no último dia 04 e os trabalhos se estendem até hoje (08), ou seja, ainda dá tempo para visitar! As entradas custam R$50 (meia), R$ 100 (inteira), R$ 55 (com um quilo de alimento não perecível) e podem ser adquiridas na bilheteria a partir das 12h . A exemplo da última edição, o evento acontece nos armazéns 2, 3 e 4 no Pier Mauá, zona portuária do Rio.

O Blog Lupulado esteve no Mondial de la Bière Rio na quinta-feira (05). É impossível provar todos os rótulos disponíveis em um único dia, mesmo chegando logo na abertura dos portões, às 16h. Como de praxe, elaborei um roteiro buscando provar os rótulos premiados na edição do MBeer Contest Brazil 2019  além de degustar minhas cervejas preferidas.

A primeira parada foi no stand da Cervejaria Wonderland, que é parte americana, parte brasileira, e foi a grande vencedora do MBeer Brazil Contest  2019. Chegando lá, pude reencontrar a simpática Anna Lewis junto de seu marido, Chad Lewis, e de Pedro Fraga, que juntos integram o time de cervejeiros da Wonderland. Em 2018, a cervejaria foi uma das medalhistas de ouro no Mondial de La Bière Rio, com a Gone Mad; neste ano, a Wonderland faturou a medalha de Platina, o prêmio principal, com a Timeless Porter.

Pedro Fraga, Anna e Chad Lewis: cervejeiros da Wonderland, grande vencedora do MBeer Contest Brazil 2019,

A Timeless é uma cerveja no estilo American Porter, com lactose e caramelo, que sobressai no aroma e na sensação de boca; o retrogosto traz notas de café e chocolate. Possui 6,3% de ABV e 25 IBU, ou seja, amargor leve e o teor alcoólico um pouco maior que as tradicionais English Porter. “Sim o teor alcoólico é um pouco mais elevado que as Porter inglesas, mas não impõe uma percepção grande do álcool. Aliás, este é um dos motivos para classificar a Timeless dentro do estilo American Porter; a outra razão é a presença marcante do caramelo, escapando das características das English Porter”, disse Pedro Fraga.

A grande vencedora do Mondial de La Bière Rio 2019, Timeless Porter, com a medalha de platina

“Quase não inscrevemos a Timeless na competição deste ano, pois notei que nas últimas edições alguns estilos que estavam mais em voga, como a Catharina Sour, foram premiados. Esta medalha de platina traduz o esforço que a gente vem fazendo desde 2014, quando nos conhecemos. Investimos muito em receitas e testes para lançar oficialmente a Cervejaria Wonderland em 2018. Este prêmio representa um estágio a mais que a gente alcançou”, complementou Pedro.

Lucas Schuabb, da Thirsty Hawks exibindo a premiada Ovrebust

A minha segunda parada foi no stand da cervejaria Thirsty Hawks, de Niterói-RJ. O objetivo era provar a Ovrebust, umas das medalhistas de ouro do Mondial de La Bière Rio 2019. Trata-se de uma Juicy IPA razoavelmente alcoólica (6,7% ABV) e médio amargor (40 IBU), feita com uma das leveduras do momento, a Kveik. “A gente fica sempre atento às novas tendências e demandas. Com a receita da Ovrebrust, procuramos inovar no âmbito das New England usando a levedura Kveik, típica da Noruega. Na época dos testes era mais difícil de acha-la, mas aí com o tempo a gente conseguiu encontrar um volume que permitia produzir em larga escala”, disse Lucas Schuabb, um dos cervejeiros da Thirsty Hawks. Lucas revelou um aspecto inusitado: “a gente publicou uma foto da Ovrebust em nossa conta no Instagram. Aí apareceu uma família cervejeira norueguesa com o mesmo nome fazendo contato com a gente, querendo provar a nossa receita. Vamos mandar algumas Ovrebust para eles!”.

Fernando Cabaleiro, cervejeiro na BrewLab.

Outra cervejaria que vistei neste ano foi BrewLab, também de Niterói, que carrega em si um forte caráter experimental; prova disto é a sua série de New England Pale Ale chamada Haze Baze, estilo semelhante porém menos alcoólico e com menos amargor que as NEIPA. “Lançamos uma base para esta cerveja, produzimos 1.500 litros e criamos uma série de rótulos fazendo experimentações com adjuntos – manga, framboesa, côco etc. Foi uma estratégia para conseguir criar 6 cervejas diferentes usando a mesma produção”, revelou o cervejeiro da BrewLab, Fernando Cabaleiro.

Com o amigo Fabrizio Ruiz, cervejeiro da Farra Bier.

Não poderia deixar de visitar o stand da Cervejaria Farra Bier, um das minhas preferidas e que funciona na cidade do Rio de Janeiro. Provei a novidade El Colacho, uma Sour IPA bem alcoólica (8% ABV) e com médio amargor (55 IBU), que traz notas cítricas típicas do estilo Sour. Pude degustar ainda nas torneiras da Farra outras criações do cervejeiro Fabrízio Ruiz, como a NEIPA Holi, um dos meus rótulos preferidos.

Durante esta passagem pelo Mondial de Biére Rio 2019, visitei ainda o stand da cervejaria Overhop, onde experimentei outro rotulo vencedor da medalha de ouro, a Gravioh-la-la, uma Catharina Sour com adição de graviola. Passei ainda pelo stand da Three Monkeys, que também faturou a medalha de ouro com a Sour Ale “I´m Sour Baby”; entretanto, meu desejo foi matar a saudade de dois rótulos que aprecio bastante: a NE APA Galaxy Detox e a Strawberry Milk Way IPA, com lactose e morango.

Outro stand visitado foi o da cervejaria mineira Capa Preta, uma das minhas preferidas, onde provei mais uma vez a deliciosa NE IPA Pina Colada. Este rótulo utiliza a mesma base da Euphoria Juicy, mas só pode ser encontrada nas torneiras da TapRoom da Capa Preta em Belo Horizonte. Por fim, visitei o stand Du Pappi, do meu amigo Luiz Coqueiro, filho do mestre cervejeiro Laert Coqueiro, criador das Gotinhas Du Pappi. Luiz me apresentou seu lançamento: uma versão das gotinhas Du Pappi com aroma de Maracujá.

Infelizmente, como já disse, não deu para provar todos as cervejas em um só dia no Mondial, mas consegui encontrar todos os rótulos que pretendia. A única nota particularmente triste no Mondial de La Biére Rio 2019 foi a ausência de cervejarias do Nordeste do Brasil; ano passado, havia apenas a Ekaut, de Pernambuco, representando as cervejarias nordestinas. Neste ano, não encontrei uma sequer. Que venha o Mondial de La Bière Rio 2020 !

Mais um festival na rota cervejeira do Vale

Aconteceu na última sexta-feira (03) a 3 Edição do Alpha Bier Festival, no condomínio Terras Alphaville, em Petrolina – PE. Da mesma forma que nas edições anteriores, cervejarias artesanais e cervejeiros de panela do Vale do São Francisco puderam expor seus rótulos para os moradores do condomínio e convidados. Cinco produtores de cerveja artesanal da região participaram do evento, expondo 16 rótulos diferentes servidos em torneiras e garrafas.

Público faz fila para experimentar os rótulos no III Alpha Bier

A Doutorado do Chopp, uma das maiores cervejarias artesanais da região, levou seus quatro rótulos tradicionais – Weiss, Session, APA e IPA. A NaTora HmB apresentou a versão em garrafa da Single Hop (APA), além da Chacrett (WitBier) e a Dêmonia (Brown IPA) nas torneiras. A Buquê de Mandacaru levou uma WitBier com limão Siciliano, também na torneira.

Cecilia (NaTora HmB) e Vânia (Buquê de Mandacaru).

A Maribondo Sam ofereceu em garrafa a Padim Cicerista (Abadia), nas torneiras uma NEIPA, uma Blonde Ale com laranja e a porter Chocomenta, que foi vencedora do II Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco, realizado ano passado.

Wal Maribondo e Felipe Zoby (Maribondo Sam)

A Cervejaria Quincas disponibilizou nas torneiras uma Blond Ale; em garrafas uma WitBier e a Du Quincas, uma session IPA feita com extrato de lúpulo Du Pappi, tópico de um post que gerou grande repercussão aqui no Lupulado. “O público do festival aprovou a nossa Du Quincas; as garrafas se esgotaram em menos de duas horas! Pretendemos continuar experimentando nas próximas brassagens e seguir fazendo mais cervejas com extrato de lúpulo”, disse Ricardo Monteiro, cervejeiro na Quincas. (NOTA DO EDITOR: alguns dias atrás, durante uma resenha no Bahia Malte, famosa casa de insumos em Salvador, comentávamos sobre o uso de extrato de lúpulo na produção cervejeira. Foi lugar comum considerar que muitas cervejarias no Brasil recorrem ao extrato de lúpulo, afinal um dos seus principais benefícios seria a “perda zero” na hora da adição, que deste modo pode ser feita no envase. O Du Pappi é um mix de lúpulos de aroma e amargor; a fórmula, no entanto, permanece secreta. Porém, seria incrível se eles lançassem extratos trazendo apenas um tipo de lúpulo, especificado em cada frasco – extrato de mosaic, extrato de centennial, extrato de citra etc. Grato ao amigo Chico de BH e ao staff do Bahia Malte por esta conversa!).

Guilherme, Caio Petrus e Ricardo (Cervejaria Quincas)

A maioria das cervejas disponíveis no evento esgotou ao longo da noite, comprovando o sucesso da empreitada. “Na edição anterior, compareceu muito mais gente do que imaginávamos. O número de cervejarias participantes aumentou. No primeiro ano era apenas algumas mesas e cervejas para degustação. Ano passado estiveram aqui três cervejarias; nesta edição, entraram mais duas cervejarias, ampliando este número para cinco. Temos também mais opções de comida para harmonização”, comentou Wal Maribondo, cervejeiro na Maribondo Sam. Além da Hamburgueria 961, que esteve na edição anterior, neste ano os presentes puderam degustar a culinária árabe do Khabab. A música ao vivo ficou por conta da banda Dubaia.

Área do show com a banda Dubaia.

Para o administrador do condomínio Terras Alphaville de Petrolina, Yuri Leite, “um evento como este ajuda a aumentar a visibilidade do condomínio em meio aos outros, pois somos o primeiro e único a realizar um Festival de Cerveja Artesanal, que é um sucesso. Ano passado foram 300 pessoas presentes. Neste ano a expectativa é receber um pouco mais. Acredito que consolidamos o Alpha Bier na rota cervejeira do Vale do São Francisco. O planejamento é repetir este festival, em principio, anualmente”.

Publico na área da piscina.

Para o morador do Terras AlphaVille, Paulo Bories, “este tipo de evento é bacana para entrosar, pois permite que a gente conheça outros moradores. Geralmente, a turma que vem para festas assim é tudo gente boa. Os rótulos servidos aqui também são excelentes”.

Paulo Bories aprovou o Festival Alpha Bier