As 10 melhores cervejas de 2023

Como é de praxe, ao final de cada ano publico aqui no Blog Lupulado a dez melhores cervejas que provei nos últimos 12 meses. Procurei seguir as três regras básicas estabel: 1)- Só considero cervejas com registro MAPA; 2) – Não vale repetir a cervejaria, a não ser no caso de rótulos colaborativos; 3) – A cerveja pode até ter sido feita em outro ano, mas minha primeira prova do rótulo deve ter acontecido em 2023. Segundo relatório anual do Untappd, neste ano eu bebi 1224 cervejas de 137 cervejarias diferentes, de onde elaborei minha lista com as melhores de 2023.

E o primeiro lugar vai para…

Pils, German Pils da FrohenFeld (Curitiba-PR), uma simpática cervejaria paranaense que produz estilos seguindo a Escola Cervejeira Alemã e as técnicas tradicionais da Bavária. Como o amigo Rique da Bros Bier costuma dizer, “esta é a melhor pilsen que você vai beber na vida!”. Ele tem razão. Medalha de Prata na Brasil Beer Cup de 2021 e Bonze no Concurso Brasileiro de Cerveja de 2022. O melhor rótulo que provei em 2023.

 

Segue a lista

A Caramelo Salgado, uma Russian Imperial Stout da Proa Cervejaria (Salvador- BA), foi outra cerveja que chamou minha atenção, tamanha complexidade desta RIS. Foi lançada em 2019 e, acreditem, só fui prova-la em 2023. Sempre bom lembrar que tivemos uma pandemia nesse período, que dificultou muita coisa, inclusive produção e degustação de cervejas. Este rótulo faturou a medalha de prata no World Beers Awards em 2020.

Outra cerveja que agradou meu paladar em 2023 foi a Gonçalve-se, uma American Pale Ale da Cervejaria Rural 3Orelhas (Gonçalves-MG). Uma das melhores APAs que já provei na vida!

Também das Minas Gerais, veio a Tiol IPA da cervejaria Prússia Bier (São Gonçalo do Rio Abaixo-MG), mais uma integrante da minha lista de melhores de 2023. Esta cerveja passou pro um processo de biotransformação e tratamento enzimático, que potencializou seu aroma através da ativação dos tióis – compostos presentes nos lúpulos extremamente sensíveis ao nosso olfato.

Seguindo na experiência com Tiós, destacamos também o rótulo Into the Void, da cervejaria mineira Spartacus Brewing (Juiz de Fora). Esta cerveja tem ainda um blend dos lúpulos Mosaic e HBC 630.

Como resultado da produção de lúpulos no Brasil,  a breja  May The Haze Be With You, da cervejaria Salvador Brewing me impressionou bastante; esta cerveja foi feita com blend dos lúpulos Citra e Comet brasileiro

Outro rótulo integrante da minha lista de melhores de 2023 é Summer Sunset, da cervejaria Stormy Brewing (Campinas- SP); uma Double West Coast IPA com os lúpulos Strata e Ekuanot.

Antes de passar para as produções colaborativas, gostaria de destacar o trabalho da cervejaria Escafandrista (Sorocaba-SP); dela, trago para minha relação de melhores do ano o rótulo Dream Synopsis, NE IPA single hop de HBC 1019. Um verdadeiro punch de frutas tropicais!

No âmbito das colab, destaco a Vortex Solar, belíssimo trabalho da Captain Brew (Uberlândia- MG) com Dogma (São Paulo – SP); Double Hazy IPA com blend de Strata, Citra e Amarillo, fermentada com a levedura Fruit Cream, exlusiva da cervejaria Dogma.

Por fim,encerro minha lista de melhores de 2023 com a Astrologic, uma NE IPA colaborativa entre Croma (São Paulo -SP) e Escafandrista (Sorocaba-SP), com blend dos lúpulos Citra, Strata e Vista, além da adição de Tropicalizer, um composto 100% de origem vegetal. Feliz 2024 com muita saúde e cerveja boa!

Saiu a lista: As melhores cervejas que provei em 2022

IPA da cervejaria Triora.

Sempre depois de cada ano, com de costume, publico aqui no Blog Lupulado minha lista com as dez melhores cervejas que provei nos últimos 12 meses. Sigo basicamente quatro premissas: (1) o rótulo pode ter sido lançado em outro período, mas a minha primeira degustação deve ter acontecido no ano corrente; (2) só considero cervejas com MAPA, (3) procuro não repetir cervejarias na lista final dos 10 melhores rótulos e (4) se a cerveja trouxe algum tipo de inovação para o estilo.

Dois Malucos numa viagem, colar de Captain Brew e Undertap.

Desde o primeiro semestre de 2022, a maioria dos eventos ligados à cultura da cerveja voltou a acontecer; além disso,  bares e taproom estão funcionando sem as restrições.  O ano passado marcou também meu mergulho no mundo das Russian Imperial Stout – inclusive, a melhor cerveja de 2022, na minha opinião, foi uma RIS. Claro que já degustei este estilo em tempos anteriores. Porém, foi no ano passado que comecei a me interessar pelos processos que envolvem a produção das RIS.

I don’t know what to say to you: RIS da Hankzbier, a melhor cerveja de 2022, na minha opinião.

Quanto aos lúpulos, continuei um fiel apreciador do Strata. Entretanto, o ano passado me apresentou surpresas, como os lúpulos Eclipse e o Ahhhroma. Mais uma vez, foi muito difícil escolher apenas 10 rótulos; só para ter uma parâmetro,  segundo meu relatório anual do Untapdd, em 2022 realizei 1555 check-in em cervejas de 92 estilos, de um total de 167 cervejarias!

Faith over Fear, da Spartacus.

Começo minha lista dos 10 melhores rótulos de 2022 com uma das primeiras cervejas que provei no ano: A IPA da Triora, uma simpática cervejaria que conheci em Uberlândia-MG. Ainda tocado pelo Triângulo Mineiro, outra breja que integra na minha lista Top10 de 2020 é a Double NEIPA Dois Malucos Numa Viagem, colab entre outra cervejaria de Uberlândia, a Captain Brew, e a cervejaria Undertap, de Santo André – SP; a sua receita contém os lúpulos da Eslováquia Styrian Kolibri e Styrian Cardinal e Patagonia Red, da Argentina.

Cottom Clouds, da Stormy.

Seguindo minha seleção, outra menção vai para Faith of Fear, Double Hazy IPA da Spartacus Brewing, de Juiz de Fora-MG, que apresenta um belíssimo trabalho com o lúpulo Loral em um blend com El Dorado. A cerveja considerada por mim a melhor de 2022 é a  I don’t know what to say to you, também de Juiz de Fora, produzida pela Hankzbier, uma Russian Imperial Stout diferente de tudo que já provei, com incrível textura de biscoito.

 

Midnight Class, da Croma.

Outro rótulo da minha seleção vem dos “bs” que fazemos com amigos e amigas aqui em Salvador: Midnight Class, da Croma (São Paulo-SP), uma RIS envelhecida em barril de cachaça com um toque incrível de melaço. De um clube de cerveja que assino aqui na Bahia, a Vitrine da Cerveja, veio outra integrante da lista: Cidade Verde, colaborativa entre Cervejaria Dogma (São Paulo – SP) e a Banda Cidade Verde; trata-se de uma Hazy IPA feita com blend dos lúpulos Strata e Citra.

Outra integrante da minha lista top10 é cerveja Diverzilla, um Double NE IPA da cervejaria Escafandrista (Piracicaba-SP) feita com blend dos lúpulos Mosaic Incógnito, Citra Cryo, Riwaka e Eclipse, além do Phantasm, um pó de uva da Nova Zelândia, que foi usado em algumas brassagens no ano passado. Seguindo na minha seleção, outra cerveja que escolhi é a Cotton Clouds, da Stormy Brewing (Campinas – SP), que utilizou o novíssimo lúpulo Ahhhroma em um blend com o Strata e o Idaho7.

 

Diverzilla, da Cervejaria Escafandrista.

Para fechar minha lista das melhores de 2022, escolho duas cervejas de Lauro de Freitas – BA, que provei na Pilsner Fest em maio do ano passado e me impressionaram bastante. A primeira é Obscurum, uma Russian Imperial Stout da Mindu Bier, que tem a proposta de ser uma “RIS raiz”, isto é, sem adjuntos, com as tradicionais notas de torrado e o álcool aparecendo bem. A segunda é a BR Ale, da Cervejaria 2 de julho, uma cerveja bem leve e fácil de beber, que é feita com insumos 100% nacionais.

Obscurum, da MInduBier

Esta á minha lista das 10 melhores cervejas provadas em 2022! Encerro este post desejando à seguidores e seguidores um Feliz 2023, repleto de muita saúde e cerveja boa!

BR Ale da Cervejaria 2 de Julho.

A Prova dos 10: Os melhores rótulos de 2020

#diariodaquarentena

O Blog Lupulado apresenta sua lista das melhores cervejas experimentadas em 2020, um ano difícil para muitas pessoas do meio cervejeiro; eventos foram cancelados, bares e restaurantes fechados, estabelecimentos comerciais operando por delivery ou retirada. Particularmente, a necessidade de me manter por meses em casa fez aumentar meu consumo de cerveja e acabei provando muitos rótulos interessantes; foi difícil escolher (apenas) os 10 melhores rótulos. Neste ano, infelizmente, tive que deixar de fora da minha lista final as cervejas feitas em HomeBrew (quero ressaltar que provei muita coisa boa de amigos e amigas que fazem cervejeira caseira);. porém,  optei por contemplar na minha lista apenas cervejas com registro, buscando estimular a profissionalização do meio e também por reconhecimento às cervejarias que correram atrás do MAPA.

É importante destacar mais critérios que foram adotados para eleger os melhores rótulos de 2020. Primeiro, considerei apenas cervejas efetivamente provadas neste ano; ela pode até ter sido concebida em 2019, 2018, ou outro ano, porém a minha primeira degustação deve ter ocorrido obrigatoriamente em 2020. Outros critérios observados são a “inovação”, isto é, os aspectos acrescentados pelo rótulo às características típicas do estilo, e “originalidade”, aquilo que pode ser considerado o diferencial da cerveja. O último aspecto considerado nesta análise é mais subjetivo, partindo do meu gosto pessoal, que envolve experiências prévias e minha preferência por determinados estilos. Cabe destacar também que lista abaixo não traduz uma espécie de ranking, ou seja, elencando da melhor à pior cerveja; meu intuito é apenas apontar os dez melhores rótulos que provei em 2020, sem qualquer tipo de ordenação entre eles.

As 10 melhores cervejas experimentadas em 2020:

Entomology (Dádiva e Quatro graus). American Oat Strong Ale com 9,5% de álcool. Espuma fina, coloração dourada e turva, por causa da adição de aveia. Notas herbais e coco no aroma; na boca um corpo alto com certa viscosidade licorosidade. Uma cerva de alta complexidade, que se destacou entre as outras que provei em 2020!

Comfort Triple Cream IPA (Quatro Graus): Experimentei logo no início do ano, em Janeiro, aqui em Salvador. Pude degustar outras vezes em minhas férias de verão e no carnaval no Rio. Confira a resenha no Blog.

Mindu Klooster (MinduBier): Belgian Tripel da cervejaria baiana MinduBier, que arrebentou no critério “inovação” ao acrescentar aromas e sabores incríveis de amendoim e paçoca. Confira a resenha no Blog.

Rainha da Cevada Preta com Hortelã (Calundu): Outra cerveja feita na Bahia, trata-se de uma Dry-Stout com alta drinkabilidade, que apresenta uma nota de menta muito bem inserida ao final do gole, tornando-a especial entre outras do estilo. Confira a resenha no Blog.

Dank Therapy, da cervejaria Bold.

Dank Theraphy (Bold): No auge do isolamento social, em meio ao fechamento de 14 dias do comércio no meu bairro em Salvador, encontrei esta cerveja maravilhosa para celebrar meu aniversário em 24 de junho; foram 5 litros degustados sozinho em casa. É uma double NE IPA com perfil Dank e notas de frutas amarelas, características proporcionadas pela inserção de um lúpulo novo, que se tornaria um dos “queridinhos” de 2020: o Strata.

Oxford, double IPA da cervejaria Proa

Moon Waves (Moondri): O IPA Day da Kombita de 2020 foi online, mas trouxe esta IPA maravilhosa do Paraná. American com amargor na medida, aromas e sabores cítricos, com notas bem originais, que remetem à casa de limão.

Oxford (Proa): Me interessei quando vi esta cerveja da Proa em um app para delivery. Ao buscar informações sobre este rótulo no Untappd, vi que era edição limitada e não estava mais em produção. Garanti logo minha prova e fui feliz: Double IPA muito fácil de beber, cremosa, seca, com notas de pinho e caramelo!

IPA Bahia da Cervejaria NordHaus, em Juazeiro-BA.

IPA Bahia (Nordhaus): Nas margens do Rio São Francisco, em Juazeiro da Bahia, funciona o brewpub desta cervejaria, que já foi pauta aqui no Blog. A IPA Bahia tem como protagonista o cacau, seguido com notas de caramelo que fazem certa referência à escola inglesa.

Yellow Cab (Croma): Juicy IPA com aroma  de frutas amarelas, especialmente maracujá e melão, com um toque de aveia. Corpo sedoso, amargor no ponto e levemente licorosa.

EverBlend (EverBrew): Esta NEIPA traz aromas e sabores compilados de três outras cervejas do mesmo estilo lançadas pela cervejaria: EverMaine, EverMass e Evermont. O resultado é um cerveja de corpo aveludado, alto amargor e aroma intenso de frutas amarelas.

 

Do feijão à cerveja: Irecê recebe sua primeira loja especializada em rótulos artesanais

Quem reside na região de Irecê ou viaja pela famosa “rota do feijão” na Bahia pode encontrar uma nova alternativa para adquirir cervejas artesanais. A loja Cervejaria Premium é a primeira do ramo a funcionar na região. Oferecendo desde rótulos internacionais, como a cerveja Guinness, passando por cervejarias nacionais (Invicta, Blondine, Baden Baden etc.), baianas (MinduBier, FeyhBier dentre outras) e locais (MM, Confraria Clandestina e Genuína Fulô), a carta da Premium é formada por 74 rótulos disponíveis em latas, garrafas e três torneiras.

Marcos Balisa, proprietário da Cervejaria Premiun.

“Sou daqui de Irecê, passei mais de vinte anos morando em São Paulo e Minas Gerais. Recentemente, decidi voltar para minha terra natal e percebi que cidade não tinha uma loja especializada em cerveja artesanal; foi aí que decidi criar a Cervejaria Premium”, disse o proprietário Marcos Balisa, que inaugurou a loja em agosto do ano passado. “Antes disso, era possível encontrar eventualmente uma ou outra cerveja artesanal disponível em bares ou restaurantes da região, até mesmo na Chapada Diamantina. Somos primeira loja do ramo a funcionar por aqui”, complementou.

Torneiras e parte dos rótulos disponíveis na Premiun.

Durante o tempo em que viveu fora da Bahia, Marcos buscou aperfeiçoar seu conhecimento provando e estudando rótulos de cervejarias famosas de São Paulo, como a Dogma, e internacionais, como a Guiness, uma de suas preferidas. “Ao montar o negócio, percebi que o grande público aqui de Irecê precisava de uma ‘cerveja de passagem’, isto é, aquela que atende o sujeito acostumado às marcas industriais, mas que nutre o desejo de beber as artesanais; por isso, entendi ser importante disponibilizar cervejas ‘puro malte’, como a Heineken e Einsenbahn, para ajudar na transição do paladar de iniciantes que pretendem migrar das cervejas comuns para as artesanais”, argumentou Balisa.

Visual da MarokIPA, criação da Cervejaria MM, de Barra do Mendes, região de Irecê.

O empresário ressaltou que a Premium possui também outras pretensões , por exemplo, servir de espaço para eventos locais ou mesmo para conversas e troca de experiências entre cervejeiros de Irecê e região. “Tem muita gente talentosa fazendo cerveja por aqui, como Fladio (Cervejaria MM), Breno (FuskIPA), Menandro (Confraria Clandestina) e Danilo (Genuína Fulô). A minha ideia é também criar um ambiente para reunir essa turma, fazer parcerias para disponibilizar as cervejas deles nas torneiras daqui” revelou Marcos, enquanto me apresentava provas dos chopps MarokaAPA e MarokIPA da MM, que estavam conectados; provamos também em garrafa a NE IPA e IPA com Galaxy da Confraria Clandestina

IPA com Galaxy, criação da Confraria Clandestina, de Irecê.

A cervejaria Premiun funciona na Avenida 1 de Janeiro número 448, em frente ao Mercadinho do Coração, no centro de Irecê, aberta de terça a domingo das 14h até o último cliente. Além da carta citada acima, a Premium oferece opções de harmonização como burguers, porções de mini-hamburguer, picanha, contra-filé dentre outros.

Lupulado sendo recebido por Marcos Balisa.

 

Especial de férias: Workshop celebra cultivo de lúpulo na região serrana do Rio

Conhecida no cenário cervejeiro nacional por abrigar grandes cervejarias industriais, como a Bohemia e a Itaipava, a região serrana do Rio de Janeiro está se destacando também pela oferta de insumos. Além da famosa qualidade da água mineral proveniente de fontes localizadas em cidades como Friburgo, Guapimirin, Petrópolis e Teresópolis, produtores da serra estão cultivando lúpulo. A ampla maioria dos cervejeiros do Brasil costuma importar este insumo de países como Estados Unidos e Inglaterra; no entanto, a partir deste ano espera-se que esse público possa adquirir lúpulos cultivados em território nacional. De olho nesta tendência, cervejeiros fluminenses realizarão nos próximos dias 26 e 27 de janeiro, no Centro Cervejeiro da Serra, na Serra do Capim, em Teresópolis – RJ, o “1o Workshop Nacional de Plantio de Lúpulo”. O evento é estruturado em uma série de apresentações que discutirão aspectos sobre o cultivo do insumo no Brasil, envolvendo temas como “Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo”, “A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo”, dentre outros (confira a programação completa e perfil dos facilitadores no final da matéria). As inscrições para o evento se esgotaram em poucas horas.

“O cultivo do Lúpulo é bem recente no Brasil. As primeiras mudas foram legalizadas pela MAPA em outubro e novembro de 2018, graças ao trabalho da Tereza Yoshiko (da Lúpulos Ninkasi, o primeiro viveiro autorizado para produção e comercialização de lúpulos no Brasil). É uma cultura nova e a tropicalização da planta está sendo muito boa”, afirmou a cervejeira Ana Pampillón, uma das organizadoras do workshop. Ana atua no ramo de cultivo de lúpulo desde 2018, trabalhando para aproximar o produtor do mercado de cervejas especiais. “A ideia deste workshop surgiu após nossa legalização (como produtores de lúpulo), pois tivemos muita procura de produtores, investidores, cervejarias etc. Resolvemos então realizar um evento para expor nossas ideias de modo mais prático e eficiente, ao lado de estudiosos que pudessem complementar nosso trabalho, e também criar uma rede de relacionamento entre produtores e cervejarias”, complementou.

Alguns lúpulos importados disponíveis no Lamas, loja especializada no centro do Rio de Janeiro. Foto: Luiz Adolfo Andrade

Como é sabido, o cultivo de lúpulo se relaciona à regiões com baixa temperatura e incidência solar propícia, como a Alemanha, Inglaterra, dentre outras. Ao ser indagada sobre quais tipos de lúpulo podem ser cultivados no Brasil, Ana Pampillón foi taxativa: “Por princípio, apenas aqueles legalizados e autorizados pelo MAPA”. Na Lúpulos Ninkasi, por exemplo, a maior produção tem sido de lúpulos Cascade (confira neste video).“O aumento e diversificação na produção de lúpulos certamente irá impactar a produção de cerveja no Brasil, pois teremos o diferencial de trabalharmos mais com lúpulo fresco, aproveitando melhor as caraterísticas físicas e químicas da flor. O clima temperado pode trazer mais colheitas, ao lado do chamado “Terroir”, isto é, o aroma do lúpulo passa a ter características do que está sendo plantado por perto. Por exemplo, em uma fazenda com vocação para goiaba, os lúpulos plantados por lá terão essas notas de goiaba e assim por diante”, concluiu Ana, destacando que já existem cervejarias fazendo de forma experimental cervejas com insumos 100% nacionais. O Lupulado apurou que a Cervejaria Búzios prepara para fevereiro deste ano a brassagem das duas primeiras cervejas que serão totalmente produzidas com insumos do Brasil: a “Brasilian Pale Ale” e a “8 horas Session IPA”, a ser feita com lúpulo fresco colhido em até oito horas antes da adição.

SÁBADO (26/01)

8:00h às 9:00h – Credenciamento no Centro Cervejeiro da Serra (Serra do Capim, Teresópolis-RJ)

9:00h às 9:30h – Abertura e apresentação do workshop. (Ana Cláudia Pampillón)

9:30h   às   10:10h -A formação da Associação dos produtores de lúpulo do Brasil (APROLÚPULO). (Alexander Cruz)

10:20h às 11:00h – Principais cultivares. (Max Raffaele)

11:10h às 11:50h – Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo. (Pablo Sotomayor)

12:00h às   12:40h – Viveiro, mudas e propagação de mudas. (Teresa Yoshiko)

12:50h às 14:50h – Almoço

15:00h às 15:30h – A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo. (José Hilário Cordeiro Neto)

15:40h às 16:40h – O panorama setorial cervejeiro no Brasil e perspectivas para o mercado de lúpulo. (Eduardo Fernandes Marcusso)

16:50h às 17:30h – Do Campo ao Copo – geração de valor do produto final. (Diego Gomes)

17:40h às 18:00h- Encerramento (Ana Cláudia Pampillón)

18:00h – Beer Break -Degustação na Micro

21:00h – Jantar harmonizado na fazenda com o Chef Gustavo Fonseca e o sommelier José Padilha

DOMINGO (27/01)

8:00h – Café da manhã especial

9:00h – Visita técnica na plantação de lúpulo (fazenda)

11:00h – Visita técnica no Viveiro do lúpulos Ninkasi

13:00h – Todos liberados

FACILITADORES:

EDUARDO FERNANDES MARCUSSO

Formado em Geografia pela UNESP/Campus Rio Claro, Mestre em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFSCar/Campus Sorocaba e Doutorando em Geografia pela UnB, com a tese intitulada de “Os Territórios da Cerveja”, é Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja e servidor público federal do MAPA, atuando na Coordenação Geral de Vinhos e Bebidas, tendo publicados diversos estudos sobre cerveja pelo ministério e na área acadêmica.

PABLO SOTOMAYOR

Cultiva lúpulos em uma área de aproximadamente 300 metros quadrados no quintal de sua casa em Brasília.O cultivo é orgânico e certificado pelo sistema participativo – OPAC Cerrado e vêm obtendo bons resultados de produtividade de qualidade. Algumas plantas chegam a produzir até 500g de lúpulo seco por colheita, e algumas já foram colhidas três vezes num período de 11 meses.Análises físico químicas realizadas em universidades apontam para um produto de qualidade, com homogeneidade na maturação das flores, alta concentração de ácidos alfa e de óleos essenciais. Em 2019 ampliará o cultivo para uma área de 4 mil metros quadrados.

ALEXANDER CREUZ

Formado em administração de empresas, pós graduado em marketing e finanças, técnico em agronegócio, produtor de lúpulos em Lages/SC (Lúpulos Serrana). Atual presidente de Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (APROLÚPULO)

MAX RAFFAELE

Formado na Universidade da Florida em engenharia civil e também em Biologia.Formado na Mercer College , Nova Jersey em agrimensura (topógrafo).Proprietário e presidente há 24anos da empresa A-1 Land Surveys (A1LS.com) nos EUA.Técnico em Cultivo de Lúpulo pela Universidade de Minnesota State. Técnico em Criação e Cultivo de Lúpulo no Gorst Valley Farms. Proprietário da empresa Hops Brasil com produção de Lúpulo na Lupulandia, Penha, SP. Sócio de HopSP com duas produções de lúpulo em São José de Rio Preto e Guzolandia (SP)

DIEGO GOMES

Engenheiro apaixonado pela indústria de transformação, pós graduado em gestão empresarial, defensor do crescimento da participação do setor secundário no PIB e no desenvolvimento da educação, Diego é mestre cervejeiro e malteiro formado pela Doemens Akademie na Alemanha. Iniciou sua jornada em cervejaria em janeiro 2002 atuando desde estagiário de manutenção a diretor industrial do Grupo Petrópolis. Atualmente é responsável pelo planejamento da estratégia das áreas de transformação do GP, liderando os executivos envolvidos pela construção da filosofia do “campo” ao “copo” dentro do Grupo Petrópolis.

TERESA YOSHIKO

Técnica em agropecuária formada pela UFF, atua há 26 anos na área agrícola. Proprietária do viveiro Ninkasi que tem capacidade de propagação de 10.000 mudas de lúpulo mensais, e o primeiro viveiro com certificado de registro para o cultivo de lúpulo no Brasil.

JOSÉ HILÁRIO CORDEIRO NETO

Técnico Agrícola formado pela Escola Técnica Federal de Rio Pomba em 2002. Curso de projetos e equipamento para irrigação Rain Bird em 2007.Trabalha com Irrigação desde 2004. (IRRIGAR SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO)

JOSÉ PADILHA

Sommelier de cervejas pela Doemens Akademie e Mestre em Estilos pelo Siebel Institute. Consultor de cervejarias, docente da Escola Superior de Cerveja e Malte, expert em cerveja da rede Zona Sul, apresentador da coluna Carta de Cerveja da Band News, head sommelier do The Beer Planet e jurado de concursos nacionais e internacionais.

GUSTAVO FONSECA

Carioca, cozinheiro com 12 anos de experiência, já trabalhou com chefs como Alex Atala, no premiado D.O.M..Formou-se em gastronomia em Buenos Aires, período em que trabalhou com cozinheiros de todo o mundo, adquirindo e trocando experiências com grandes profissionais.Hoje se dedica a seu trabalho autoral em menus degustação para eventos e restaurantes, além de produção e conteúdo de gastronomia para fotografia e televisão, como o “Perto do Fogo”, do chef Felipe Bronze para o canal GNT.

ANA CLÁUDIA PAMPILLÓN

Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja (ICB), cervejeira artesanal, turismóloga e coordenadora da Rota Cervejeira RJ. Atuante no mercado de cultivo do lúpulo desde o início de 2018 com o objetivo de aproximar o produtor de lúpulo ao mercado de cervejas especiais.

Especial de férias: Lei do Artesão e Cervejarias na Grande BH

Belo Horizonte é capital do estado de Minas Gerais. Fundada em 1897, atualmente, possui cerca de 2,5 milhões de habitantes. Sua região metropolitana abarca 34 municípios, totalizando população de 6 milhões. Dentre essas cidades, que compõem a grande BH, está a pequena Nova Lima, com 95 mil habitantes. No universo cervejeiro, ela chama atenção por conta de uma lei municipal publicada em 2012, conhecida como “Pró-Artesão”,  que regulamentou um programa para favorecer a produção artesanal de tecidos, cosméticos, cerâmica, alimentos e… cerveja! Em pesquisa publicada no ano de 2017, das 41 cervejarias registradas em Minas Gerais, 15 são estabelecidas na região de Nova Lima, elevando o município à alcunha de “cinturão da cevada”.

No mês de setembro de 2018, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, trilhou caminho semelhante ao sancionar a lei municipal 475/18, que já seguiu para publicação no diário municipal. O principal objetivo dessa lei é diminuir a burocracia para produção de cerveja, beneficiando sobretudo os chamados “cervejeiros de panela”. Com ela, fica permitida a produção de cerveja fora do complexo industrial de BH, favorecendo fábricas menores com até 720 mts2 e a instalação de Brewpubs – locais onde cervejeiros podem fabricar e vender sua própria produção. Ao portal da Prefeitura de Belo Horizonte, o prefeito Kalil declarou que esta lei vai promover diversos benefícios, como geração de empregos, criação de empresas e consequente recolhimento de mais impostos ao município, além contribuir para elevar BH ao patamar de importante pólo cervejeiro no país.“A Pró-Artesão é uma ferramenta interessante para viabilizar a produção de cerveja em áreas mais residenciais. A lógica dessa lei consiste em viabilizar a produção cerveja em locais menores e em zonas que não sejam distritos industriais. Porém é importante ressaltar que, mesmo com ela, permanecem as obrigações para a empresa, especialmente para conseguir registrar uma cervejaria, mesmo que caseira”, comentou Bruno Parreiras, cervejeiro na KÜD, umas das cervejarias instaladas em Nova Lima, município que serviu de inspiração para o prefeito Kalil sancionar a lei em BH.

Fábrica da cervejaria KÜD no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima – MG.

Além da Lei Municipal “Pró – Artesão”, Nova Lima oferece também infraestrutura adequada para beneficiar pequenas cervejarias, como é o caso do Mercado Cervejeiro, no bairro Jardim Canadá.

Saboreando a Bollywood da Cervejaria Trinca, enquanto o Mercado Cervejeiro de Nova Lima começa mais um dia de funcionamento,

“Para a gente é importante participar do Mercado Cervejeiro, especialmente aqui em Nova Lima onde existem varias cervejarias, grandes e pequenas, já instaladas. Somos uma cervejaria pequena, artesanal e relativamente nova, portanto este projeto é importante para nos associarmos a outras marcas já consolidadas no mercado, como a Capa Preta, Krug, Falke, dentre ouras cervejarias”, disse Leandro Neves, cervejeiro na Trinca, que ocupa um dos stands no Mercado Cervejeiro.

Tap wall do stand da Trinca no Mercado Cervejeiro

Enquanto apresentava a deliciosa White IPA Bollywood, um dos carros-chefes da sua  produção, Leandro  contou um pouco mais sobre a Trinca, reforçando que, no Brasil, fazer cerveja pode ser também um negócio de família. “A Trinca foi fundada em 2014 por três sócios da mesma família, que permanecem até hoje – eu, minha mulher Luísa e o nosso primo Marcelo”, revelou Leandro.

Leandro Neves cervejeiro na Trinca.

 

Kashmir da KÜD 

A fábrica da cervejaria KÜD (sigla para Krieg Über Durst, em alemão “luta pela sede”) foi um dos locais visitados em Nova Lima. Um dos sócios e cervejeiros da cervejaria, Bruno Parreiras, fez as vezes de anfitrião e apresentou parte da história da KÜD e suas instalações no Bairro Jardim Canadá. “Somos um poucos mais velhos que a lei Pró-Artesão, ela não nos impactou. A gente começou a fazer cerveja em casa em 2008. A KÜD foi formalmente estabelecida em 2010, funcionando já como pequena indústria. Fomos a primeira cervejaria artesanal a nascer da ACERVA Mineira e a quinta microcervejaria de Belo Horizonte”, revelou.

Mão na Massa: cervejeiro trabalhando nos tanques da fábrica da KÜD para produzir os rótulos abaixo.

A área da fábrica da KÜD divide-se basicamente em três espaços principais. Os tanques apresentam uma característica peculiar: Todos foram batizados com os nomes de bandas de Rock, seguindo um dos conceitos adotados pela cervejaria.

Espaço original da fábrica da KÜD: primeiro lugar de brassagem

Tanques na segunda expansão da fábrica.
Segunda expansão da fábrica

Terceira expansão e novo espaço de brassagem: KÜD fechou 2018 com produção de 30 mil litros no último mês.

“A KÜD nasceu para fazer outro tipo de cerveja, diferente das pilsen e outras cervejas mais leves. Somos inspirados na cultura cervejeira da Inglaterra; um dos nossos rótulos mais procurados é a Kashmir, uma IPA inspirada nas cervejas enviadas pelos ingleses para a Índia na época da colonização, que acabou introduzindo o estilo India Pale Ale”, destacou Parreiras.

A Kashmir é uma cerveja que busca resgatar as características originais do estilo inglês de India Pale Ale. Possui corpo avermelhado, espuma fina e cremosa; amargor médio (45 IBU) e razoável teor alcóolico (6,8% ABV), fazendo da Kashmir uma IPA que não agride o paladar, ideal para ser apreciada por mais tempo. A cerveja chamou a atenção também pelo aroma adocicado, com a presença marcante do caramelo.

Kashmir, um dos carros-chefes da cervejaria KÜD.

Ao final da visita, Bruno revelou desejo de expandir a KÜD para o Nordeste. “Estamos sempre abertos à parceiros no Nordeste. Por exemplo, a cerveja Capiroto, de Vitória da Conquista (Belgian Strong Ale da cervejaria cigana “Cerveja Adamantine”), foi produzida aqui fábrica. Estamos em busca de distribuidores para expandir nossa marca na região Nordeste”, finalizou o cervejeiro, ressaltando que a fábrica da KÜD possui atualmente capacidade de produção de até 30 mil litros.

 

As irmãs da Capa Preta e outras cervejas

Além da cervejaria KÜD, outros locais visitados foram: a famosa Cervejaria Wals, onde também funciona um BrewPub, que fica região de Olhos D’ àgua, bairro anexo à Nova Lima; as Tap Room das cervejarias Koala San Brew e Capa Preta,  instaladas na região de Nova Lima.

Tap Room da Capa Preta

Conhecida por suas cervejas de sabor forte e marcante, como a Melon Collie IPA, a Capa Preta chamou a atenção por conta de dois rótulos em especial: a Pina Colada e Euphoria Juice. O sommelier da Capa Preta, João Victor Galhardo (vídeo abaixo), classificou essas cervejas como “irmãs” porque utilizam a mesma base na receita, com a adição de insumos diferentes. A Euphoria Juice faturou a medalha de ouro e a Pina Colada ficou com a medalha de prata na última edição do World Beer Awards, categoria IPA Special.

 

Deliciosa Milkshake IPA Pina Colada.

O carro-chefe da Capa Preta é a  Melon Collie IPA, mas a Euphoria Juice tem tido boa procura, informou João Victor. Na Bahia, pode-se encontrar alguns rótulos da Capa Preta no site Cerveja Salvador. A Pina Colada, por sua vez, só está disponível nas torneiras  da Tap Room em Nova Lima. A Capa Preta fechou o ano com produção de 35 mil litros no ultimo mês.

Euphoria Juice

A primeira das irmãs da Capa Preta, a Euphoria Juice (7,0% ABV e 60 IBU), provada em lata e nas torneiras da Tap Room, apresentou corpo  turvo, cor amarelo e opaco, espuma cremosa com bolhas finas, um pouco diferente das NE IPAs mais tradicionais. Alto amargor e aroma marcante com notas de lactose e aveia que sobram no final. Apesar do alto teor de ABV, o retrogosto sustenta mais o amargor dos lúpulos que o gosto de álcool.

 

Já a segunda irmã, a Pina Colada, provada em Growler e nas torneiras da Tap Room, adicionou notas de coco e abacaxi ao aroma de lactose e aveia típico da Euphoria Juice. O corpo turvo e opaco, a cor amarelo e a espuma cremosa permanecem os mesmos da irmão mais velha, a Euphoria Juice. O retrogosto, no entanto, traz ao paladar do cervejeiro notas marcantes de coco e críticas do Abacaxi. Recomenda-se seguir a experiência aconselhada pelo sommelier João Victor: Provar a Pina Colada logo depois da beber Euphoria Juice.

Com o sommelier João Victor e um dos socios da Capa Preta, André Bastos. .

Tap Room da Koala San Brew em Nova Lima.

Livin`The Dream, IPA da Koala San Brew

Coconut Grove, IPA da Kola San.

Taste Menu na Cervejaria Wals

Panorama da Cervejaria Wals

*Texto e fotos: Luiz Adolfo Andrade

** Esta matéria não seria possível sem ajuda especial de algumas pessoas.  Ao amigo Fábio Stockler, pela disponibilidade e atenção para nos guiar entre esses locais em Belo Horizonte. Ao cervejeiro da São Sebastião, Daniel Balesteros, pela presteza em nos colocar em contato com todas essas cervejarias. Por um problema de navegação, infelizmente não conseguimos visitar a Fábrica da São Sebastião, na grande BH. Em nossa próxima visita à região, a São Sebastião será parada obrigatória!