Nibelungo: Uma cerveja inspirada na cultura nórdica

As cervejarias cariocas Motim e Cevaderia lançaram novo rótulo no mercado: a Nibelungo. Esta cerveja segue o estilo New England American Pale Ale (NE APA) e tem como característica marcante o uso da levedura Voss Kveik. O nome é referência ao “Anel de Nibelungo”, um item mágico que, segundo a mitologia nórdica, era capaz de conferir grande poder a quem o usasse. Recentemente, tem crescido no Brasil o número de cervejas feitas com leveduras do tipo Kveik, que são utilizadas há muitos anos por cervejeiros de países como a Noruega, Finlândia, dentre outros do norte da Europa, e atualmente podem ser encotradas com certa facilidade por aqui. “Hoje em dia é fácil adquirir nas lojas de insumos e fornecedores. Os dois maiores fornecedores de leveduras líquidas estão com pelo menos uma linhagem de Kveik em produção. No nosso caso, decidimos usar Voss Kveik para mencionar a origem da linhagem, como forma de homenagear e agradecer aos produtores locais do norte da Europa, que disponibilizaram a levedura para exploração e eventual comercialização. Fizemos referência ao Anel de Nibelungo porque, tradicionalmente, os fazendeiros usavam anéis de madeira com a levedura seca para iniciar suas fermentações. É uma homenagem nossa à cultura nórdica também”, disse o cervejeiro da Motim, Salo Maldonado.

Nibelungo degustada na Tap Room da Motim

“Esta cerveja é resultado de um experimento dividido em duas partes. A primeira explorou o Kveik como uma levedura capaz de bio transformação quando entra  em contato com lúpulo na fase de fermentação, daí seu uso em uma NE APA. Na segunda faze, exploramos seu uso para uma fermentação mista; colocamos a Nibelungo em um barril para ver se instalaria uma fermentação com leveduras selvagens e como seria essa interação”, complementou Salo.

A Nibelungo apresenta a turbidez características do estilo NE APA e uma espuma bem cremosa. O aroma bastante cítrico com notas de abacaxi, laranja e maracujá, que podem ser percebidas também na hora do gole. “Estas notas cítricas e de frutas foram provenientes do lúpulo e da levedura. A Voss Kveik costuma apresentar esse éster de laranja, que foi complementado pela combinação dos lúpulos”, revelou o cervejeiro. O amargor médio (IBU 35) e o teor alcoólico relativamente baixo (ABV 5,4) fazem da Nibelungo uma cerveja perfeita para dias quentes, podendo ser apreciada por longos períodos. Seu corpo médio provoca uma sedosa sensação de boca. “Usamos os lúpulos Columbus (somente fervura), Mosaic e El Dorado. Estes dois foram utilizados no whirpool, após o final da fervura, e no Dry-Hopping, quando usamos uma carga de 14g/l, que eu considero alta”, finalizou.

Inicialmente, a Nibelungo surgiu como rótulo sazonal, mas pode ser que ela venha a entrar na linha de produção das cervejarias Motim e Cevaderia. Ela está sendo distribuída para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. No Rio, pode ser encontrada a Tap Room da Motim (Copacabana) e em lojas especializadas, como Beer Underground (Centro) Beer Mind (Barra da Tijuca), dentre outras que também fazem fazem venda online e podem enviar para demais regiões do Brasil.

Quatro Graus amplia série Comfort: Confira este lançamento na coluna #PegaVisão

No início de Janeiro, a cervejaria carioca Quatro Graus lançou o terceiro rótulo da sua série Comfort: a Triple Cream IPA. O primeiro rótulo da série foi a Comfort Double IPA; o segundo foi a Comfort Stout, uma RIS com adição de cacau e café.  “Os rótulos da série Comfort têm como premissa básica trazer bons sentimentos, boas lembranças e relaxamento. A proposta consiste em prover cervejas que não são tão potentes como os nossos rótulos mais conhecidos, por exemplo a Black Anthrax, mas que trazem muito sabor, textura e camadas em estilos já tradicionais.”, disse o cervejeiro da Quatro Graus, Marlos Monçores.

Salvador ao fundo e a Comfort Triple Cream IPA

Outro aspecto que chama atenção neste lançamento da Quatro Graus é o estilo, descrito como Triple Cream IPA, que não figura na style guideliness da BJCP. “Mesmo não sendo um estilo reconhecido, algumas cervejarias já usaram essa denominação, principalmente fora do Brasil. Gostamos de batizar nossas cervejas de acordo a sensação que cada uma delas nos traz, algo para além do estilo. Uma triple IPA nem sempre é cremosa e tem corpo aveludado. Esse foi o nosso foco na hora de preparar a receita e por isso colocamos no nome, deixando claro para todos e todas o que queremos de experiência”, explicou Marlos.

Testando a Comfort Triple Cream IPA  

A cerveja emanou aroma intenso, cítrico e frutado, com presença forte de frutas amarelas como melão, abacaxi e manga. Apresentou espuma cremosa e suculenta, além de coloração bem turva em função dos maltes e da adição de aveia. “Exato! Esta receita, especificamente, leva uma adição grande de aveia e isso contribui sim para sua turbidez e cor”, confirmou Monçores.

Visual turvo e a espuma cremosa da Comfort Triple Cream IPA

A Comfort Triple Cream IPA foi produzida com uma carga pesada de 5 lúpulos diferentes (Citra, Simcoe, El Dorado, Amarillo e Mosaic), que proporcionaram uma sensação de boca bem forte e aveludada. A cerveja também é bem alcoólica 10,2%, apesar desta característica não aparecer nos momentos do gole e do retrogosto; pelo contrário, o resultado é de fato uma sensação refrescante e de relaxamento.Um detalhe interessante é a informação relativa ao seu IBU; constava na lata a hastag #IBUisalie, que em inglês significa “IBU é uma mentira”. “De nada vale o IBU sem o contexto dos outros fatores, que interferem na degustação da cerveja. Por exemplo, temos cervejas super maltadas e com características bem doces, com mais de 150 IBU. Tem muita gente que acredita que IBU é a quantidade de amargor da cerveja e, por isso, preferimos dizer que IBU é uma mentira”, finalizou Marlos.

A Comfort Triple Cream IPA da Quatro Graus pode ser encontrada com certa facilidade, em latas, nas lojas online Bro’s Beer, Hop Hunters, Hop Pack Beer Shop e Hoppi;  chopp e lata em lojas físicas, dentre elas Beer Mind, Empório Santa Oliva, Craft Beer, Narreal (Rio de Janeiro) e Vitrine da Cerveja (Salvador).

Especial de férias: Workshop celebra cultivo de lúpulo na região serrana do Rio

Conhecida no cenário cervejeiro nacional por abrigar grandes cervejarias industriais, como a Bohemia e a Itaipava, a região serrana do Rio de Janeiro está se destacando também pela oferta de insumos. Além da famosa qualidade da água mineral proveniente de fontes localizadas em cidades como Friburgo, Guapimirin, Petrópolis e Teresópolis, produtores da serra estão cultivando lúpulo. A ampla maioria dos cervejeiros do Brasil costuma importar este insumo de países como Estados Unidos e Inglaterra; no entanto, a partir deste ano espera-se que esse público possa adquirir lúpulos cultivados em território nacional. De olho nesta tendência, cervejeiros fluminenses realizarão nos próximos dias 26 e 27 de janeiro, no Centro Cervejeiro da Serra, na Serra do Capim, em Teresópolis – RJ, o “1o Workshop Nacional de Plantio de Lúpulo”. O evento é estruturado em uma série de apresentações que discutirão aspectos sobre o cultivo do insumo no Brasil, envolvendo temas como “Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo”, “A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo”, dentre outros (confira a programação completa e perfil dos facilitadores no final da matéria). As inscrições para o evento se esgotaram em poucas horas.

“O cultivo do Lúpulo é bem recente no Brasil. As primeiras mudas foram legalizadas pela MAPA em outubro e novembro de 2018, graças ao trabalho da Tereza Yoshiko (da Lúpulos Ninkasi, o primeiro viveiro autorizado para produção e comercialização de lúpulos no Brasil). É uma cultura nova e a tropicalização da planta está sendo muito boa”, afirmou a cervejeira Ana Pampillón, uma das organizadoras do workshop. Ana atua no ramo de cultivo de lúpulo desde 2018, trabalhando para aproximar o produtor do mercado de cervejas especiais. “A ideia deste workshop surgiu após nossa legalização (como produtores de lúpulo), pois tivemos muita procura de produtores, investidores, cervejarias etc. Resolvemos então realizar um evento para expor nossas ideias de modo mais prático e eficiente, ao lado de estudiosos que pudessem complementar nosso trabalho, e também criar uma rede de relacionamento entre produtores e cervejarias”, complementou.

Alguns lúpulos importados disponíveis no Lamas, loja especializada no centro do Rio de Janeiro. Foto: Luiz Adolfo Andrade

Como é sabido, o cultivo de lúpulo se relaciona à regiões com baixa temperatura e incidência solar propícia, como a Alemanha, Inglaterra, dentre outras. Ao ser indagada sobre quais tipos de lúpulo podem ser cultivados no Brasil, Ana Pampillón foi taxativa: “Por princípio, apenas aqueles legalizados e autorizados pelo MAPA”. Na Lúpulos Ninkasi, por exemplo, a maior produção tem sido de lúpulos Cascade (confira neste video).“O aumento e diversificação na produção de lúpulos certamente irá impactar a produção de cerveja no Brasil, pois teremos o diferencial de trabalharmos mais com lúpulo fresco, aproveitando melhor as caraterísticas físicas e químicas da flor. O clima temperado pode trazer mais colheitas, ao lado do chamado “Terroir”, isto é, o aroma do lúpulo passa a ter características do que está sendo plantado por perto. Por exemplo, em uma fazenda com vocação para goiaba, os lúpulos plantados por lá terão essas notas de goiaba e assim por diante”, concluiu Ana, destacando que já existem cervejarias fazendo de forma experimental cervejas com insumos 100% nacionais. O Lupulado apurou que a Cervejaria Búzios prepara para fevereiro deste ano a brassagem das duas primeiras cervejas que serão totalmente produzidas com insumos do Brasil: a “Brasilian Pale Ale” e a “8 horas Session IPA”, a ser feita com lúpulo fresco colhido em até oito horas antes da adição.

SÁBADO (26/01)

8:00h às 9:00h – Credenciamento no Centro Cervejeiro da Serra (Serra do Capim, Teresópolis-RJ)

9:00h às 9:30h – Abertura e apresentação do workshop. (Ana Cláudia Pampillón)

9:30h   às   10:10h -A formação da Associação dos produtores de lúpulo do Brasil (APROLÚPULO). (Alexander Cruz)

10:20h às 11:00h – Principais cultivares. (Max Raffaele)

11:10h às 11:50h – Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo. (Pablo Sotomayor)

12:00h às   12:40h – Viveiro, mudas e propagação de mudas. (Teresa Yoshiko)

12:50h às 14:50h – Almoço

15:00h às 15:30h – A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo. (José Hilário Cordeiro Neto)

15:40h às 16:40h – O panorama setorial cervejeiro no Brasil e perspectivas para o mercado de lúpulo. (Eduardo Fernandes Marcusso)

16:50h às 17:30h – Do Campo ao Copo – geração de valor do produto final. (Diego Gomes)

17:40h às 18:00h- Encerramento (Ana Cláudia Pampillón)

18:00h – Beer Break -Degustação na Micro

21:00h – Jantar harmonizado na fazenda com o Chef Gustavo Fonseca e o sommelier José Padilha

DOMINGO (27/01)

8:00h – Café da manhã especial

9:00h – Visita técnica na plantação de lúpulo (fazenda)

11:00h – Visita técnica no Viveiro do lúpulos Ninkasi

13:00h – Todos liberados

FACILITADORES:

EDUARDO FERNANDES MARCUSSO

Formado em Geografia pela UNESP/Campus Rio Claro, Mestre em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFSCar/Campus Sorocaba e Doutorando em Geografia pela UnB, com a tese intitulada de “Os Territórios da Cerveja”, é Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja e servidor público federal do MAPA, atuando na Coordenação Geral de Vinhos e Bebidas, tendo publicados diversos estudos sobre cerveja pelo ministério e na área acadêmica.

PABLO SOTOMAYOR

Cultiva lúpulos em uma área de aproximadamente 300 metros quadrados no quintal de sua casa em Brasília.O cultivo é orgânico e certificado pelo sistema participativo – OPAC Cerrado e vêm obtendo bons resultados de produtividade de qualidade. Algumas plantas chegam a produzir até 500g de lúpulo seco por colheita, e algumas já foram colhidas três vezes num período de 11 meses.Análises físico químicas realizadas em universidades apontam para um produto de qualidade, com homogeneidade na maturação das flores, alta concentração de ácidos alfa e de óleos essenciais. Em 2019 ampliará o cultivo para uma área de 4 mil metros quadrados.

ALEXANDER CREUZ

Formado em administração de empresas, pós graduado em marketing e finanças, técnico em agronegócio, produtor de lúpulos em Lages/SC (Lúpulos Serrana). Atual presidente de Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (APROLÚPULO)

MAX RAFFAELE

Formado na Universidade da Florida em engenharia civil e também em Biologia.Formado na Mercer College , Nova Jersey em agrimensura (topógrafo).Proprietário e presidente há 24anos da empresa A-1 Land Surveys (A1LS.com) nos EUA.Técnico em Cultivo de Lúpulo pela Universidade de Minnesota State. Técnico em Criação e Cultivo de Lúpulo no Gorst Valley Farms. Proprietário da empresa Hops Brasil com produção de Lúpulo na Lupulandia, Penha, SP. Sócio de HopSP com duas produções de lúpulo em São José de Rio Preto e Guzolandia (SP)

DIEGO GOMES

Engenheiro apaixonado pela indústria de transformação, pós graduado em gestão empresarial, defensor do crescimento da participação do setor secundário no PIB e no desenvolvimento da educação, Diego é mestre cervejeiro e malteiro formado pela Doemens Akademie na Alemanha. Iniciou sua jornada em cervejaria em janeiro 2002 atuando desde estagiário de manutenção a diretor industrial do Grupo Petrópolis. Atualmente é responsável pelo planejamento da estratégia das áreas de transformação do GP, liderando os executivos envolvidos pela construção da filosofia do “campo” ao “copo” dentro do Grupo Petrópolis.

TERESA YOSHIKO

Técnica em agropecuária formada pela UFF, atua há 26 anos na área agrícola. Proprietária do viveiro Ninkasi que tem capacidade de propagação de 10.000 mudas de lúpulo mensais, e o primeiro viveiro com certificado de registro para o cultivo de lúpulo no Brasil.

JOSÉ HILÁRIO CORDEIRO NETO

Técnico Agrícola formado pela Escola Técnica Federal de Rio Pomba em 2002. Curso de projetos e equipamento para irrigação Rain Bird em 2007.Trabalha com Irrigação desde 2004. (IRRIGAR SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO)

JOSÉ PADILHA

Sommelier de cervejas pela Doemens Akademie e Mestre em Estilos pelo Siebel Institute. Consultor de cervejarias, docente da Escola Superior de Cerveja e Malte, expert em cerveja da rede Zona Sul, apresentador da coluna Carta de Cerveja da Band News, head sommelier do The Beer Planet e jurado de concursos nacionais e internacionais.

GUSTAVO FONSECA

Carioca, cozinheiro com 12 anos de experiência, já trabalhou com chefs como Alex Atala, no premiado D.O.M..Formou-se em gastronomia em Buenos Aires, período em que trabalhou com cozinheiros de todo o mundo, adquirindo e trocando experiências com grandes profissionais.Hoje se dedica a seu trabalho autoral em menus degustação para eventos e restaurantes, além de produção e conteúdo de gastronomia para fotografia e televisão, como o “Perto do Fogo”, do chef Felipe Bronze para o canal GNT.

ANA CLÁUDIA PAMPILLÓN

Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja (ICB), cervejeira artesanal, turismóloga e coordenadora da Rota Cervejeira RJ. Atuante no mercado de cultivo do lúpulo desde o início de 2018 com o objetivo de aproximar o produtor de lúpulo ao mercado de cervejas especiais.