A Prova dos 10: Os melhores rótulos de 2020

#diariodaquarentena

O Blog Lupulado apresenta sua lista das melhores cervejas experimentadas em 2020, um ano difícil para muitas pessoas do meio cervejeiro; eventos foram cancelados, bares e restaurantes fechados, estabelecimentos comerciais operando por delivery ou retirada. Particularmente, a necessidade de me manter por meses em casa fez aumentar meu consumo de cerveja e acabei provando muitos rótulos interessantes; foi difícil escolher (apenas) os 10 melhores rótulos. Neste ano, infelizmente, tive que deixar de fora da minha lista final as cervejas feitas em HomeBrew (quero ressaltar que provei muita coisa boa de amigos e amigas que fazem cervejeira caseira);. porém,  optei por contemplar na minha lista apenas cervejas com registro, buscando estimular a profissionalização do meio e também por reconhecimento às cervejarias que correram atrás do MAPA.

É importante destacar mais critérios que foram adotados para eleger os melhores rótulos de 2020. Primeiro, considerei apenas cervejas efetivamente provadas neste ano; ela pode até ter sido concebida em 2019, 2018, ou outro ano, porém a minha primeira degustação deve ter ocorrido obrigatoriamente em 2020. Outros critérios observados são a “inovação”, isto é, os aspectos acrescentados pelo rótulo às características típicas do estilo, e “originalidade”, aquilo que pode ser considerado o diferencial da cerveja. O último aspecto considerado nesta análise é mais subjetivo, partindo do meu gosto pessoal, que envolve experiências prévias e minha preferência por determinados estilos. Cabe destacar também que lista abaixo não traduz uma espécie de ranking, ou seja, elencando da melhor à pior cerveja; meu intuito é apenas apontar os dez melhores rótulos que provei em 2020, sem qualquer tipo de ordenação entre eles.

As 10 melhores cervejas experimentadas em 2020:

Entomology (Dádiva e Quatro graus). American Oat Strong Ale com 9,5% de álcool. Espuma fina, coloração dourada e turva, por causa da adição de aveia. Notas herbais e coco no aroma; na boca um corpo alto com certa viscosidade licorosidade. Uma cerva de alta complexidade, que se destacou entre as outras que provei em 2020!

Comfort Triple Cream IPA (Quatro Graus): Experimentei logo no início do ano, em Janeiro, aqui em Salvador. Pude degustar outras vezes em minhas férias de verão e no carnaval no Rio. Confira a resenha no Blog.

Mindu Klooster (MinduBier): Belgian Tripel da cervejaria baiana MinduBier, que arrebentou no critério “inovação” ao acrescentar aromas e sabores incríveis de amendoim e paçoca. Confira a resenha no Blog.

Rainha da Cevada Preta com Hortelã (Calundu): Outra cerveja feita na Bahia, trata-se de uma Dry-Stout com alta drinkabilidade, que apresenta uma nota de menta muito bem inserida ao final do gole, tornando-a especial entre outras do estilo. Confira a resenha no Blog.

Dank Therapy, da cervejaria Bold.

Dank Theraphy (Bold): No auge do isolamento social, em meio ao fechamento de 14 dias do comércio no meu bairro em Salvador, encontrei esta cerveja maravilhosa para celebrar meu aniversário em 24 de junho; foram 5 litros degustados sozinho em casa. É uma double NE IPA com perfil Dank e notas de frutas amarelas, características proporcionadas pela inserção de um lúpulo novo, que se tornaria um dos “queridinhos” de 2020: o Strata.

Oxford, double IPA da cervejaria Proa

Moon Waves (Moondri): O IPA Day da Kombita de 2020 foi online, mas trouxe esta IPA maravilhosa do Paraná. American com amargor na medida, aromas e sabores cítricos, com notas bem originais, que remetem à casa de limão.

Oxford (Proa): Me interessei quando vi esta cerveja da Proa em um app para delivery. Ao buscar informações sobre este rótulo no Untappd, vi que era edição limitada e não estava mais em produção. Garanti logo minha prova e fui feliz: Double IPA muito fácil de beber, cremosa, seca, com notas de pinho e caramelo!

IPA Bahia da Cervejaria NordHaus, em Juazeiro-BA.

IPA Bahia (Nordhaus): Nas margens do Rio São Francisco, em Juazeiro da Bahia, funciona o brewpub desta cervejaria, que já foi pauta aqui no Blog. A IPA Bahia tem como protagonista o cacau, seguido com notas de caramelo que fazem certa referência à escola inglesa.

Yellow Cab (Croma): Juicy IPA com aroma  de frutas amarelas, especialmente maracujá e melão, com um toque de aveia. Corpo sedoso, amargor no ponto e levemente licorosa.

EverBlend (EverBrew): Esta NEIPA traz aromas e sabores compilados de três outras cervejas do mesmo estilo lançadas pela cervejaria: EverMaine, EverMass e Evermont. O resultado é um cerveja de corpo aveludado, alto amargor e aroma intenso de frutas amarelas.

 

Bossa Nova Haze: Novo tesouro de Jacobina

O município de Jacobina, situado na Chapada Diamantina, Bahia, ganhou fama nacional como “a Cidade do Ouro” por conta das minas descobertas na região, nos idos do século XVIII. Anos mais tarde, a exploração do ouro cessou e o ecoturismo passou a atrair a atenção de pessoas interessadas em conhecer cachoeiras, lagos e serras que circundam a cidade. Atualmente, outro tipo de tesouro foi descoberto nas ruas de Jacobina: a Cerveja Artesanal.

Bossa Nova Haze: Espuma cremosa, amarga e resfrescante

No último Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco, realizado em Petrolina em novembro do ano passado, a cervejaria jacobinense HopDevils fez sucesso entre os presentes com sua NEIPA. Em fevereiro deste ano, a HopDevils lançou a Bossa Nova Haze, produzida a partir da base criada para aquela cerveja que encantou o público no Festival. “Sim, as receitas são muito próximas. A base de maltes é a mesma e ambas são fermentadas com levedura Vermont. A diferença fica por conta do lúpulo Mosaic Cryo usado na Haze IPA, que me pareceu ser mais dank e resinoso que o Mosaic em pellet”, disse o cervejeiro da HopDevils, Pedro Varjão. “Na Haze foi utilizado um único dry-hopping, ao fim da fermentação, o que resultou num aroma mais “cru” de lúpulo, sem tanta ação de biotransformação”, complementou.

Predro Varjão exibe a Bossa Nova Haze

A história da cervejaria HopDevils remonta a 2014, em um lugar distante de Jacobina. Naquele ano, três amigos universitários, na cidade de Campinas- SP, decidiram começar a fazer cerveja por conta própria. “Éramos estudantes, com pouco dinheiro e apreciadores do estilo IPA. Decidimos então nos aventurar na produção de nossas próprias cervejas. Os amigos foram se formando na universidade e eu acabei assumindo a produção sozinho. Regressei à minha Terra Natal, que é Jacobina, e continuei no homebrew sempre buscando aperfeiçoar os detalhes das receitas. Hoje tenho um grande parceiro, Rafael Filho, com quem tenho desenhado planos para expansão e abertura de um negócio cervejeiro maior”, explicou Pedro.

A Bossa Nova Haze apresenta espuma bem cremosa e aroma frutado, remetendo a frutas como pêssego e abacaxi. Outra característica peculiar do estilo Haze IPA que a cerveja traz é a sua coloração, turva e parda. Na sensação de boca, um corpo viscoso e licoroso, como pede uma boa Haze IPA, com o álcool bem perceptível no retrogosto, apesar do teor alcóolico médio (6,8 ABV). Possui amargor alto (60 IBU) provocado uma total carga de 20 g/l de lúpulos Citra e Mosaic Cryo. “Adicionamos esses lúpulos nos estágios de first wort hopping (amargor), whirpool (aroma) e TDH. Utilizamos também a levedura clássica Vermont Ale”, explicou Pedro. A cerveja Bossa Nova Haze pode ser encontrada na Wine House Jacobina ou via direct no instragram da cervejaria HopDevils.

Juazeiro recebe sua primeira fábrica de cerveja artesanal

Foi inaugurado no último dia 06 o primeiro Brew Pub, e consequentemente a primeira fábrica de cerveja artesanal, na cidade de Juazeiro, Bahia. A Cervejaria NordHaus funciona nas instalações da novíssima “Vila Bossa Nova”, um complexo de estabelecimentos situado na orla do Rio São Francisco, que fica próximo ao monumento do Vaporzinho. Brew Pub é um tipo de fábrica que vende a cerveja no próprio local de produção; trata-se de uma forma de garantir que a cerveja fabricada por lá esteja sempre fresca, sem sofrer os desgastes típicos do transporte e do armazenamento de garrafas ou latas.  A capacidade de produção da fábrica da NordHaus chega a 24 mil litros; seis estilos podem ser encontrados nas torneiras: Pilsen Weiss, Lager, Red Lager, IPA e Imperial Stout.

O cervejeiro da NordHaus, Emerson Castro.

“Contratamos um consultor renomado, o mestre cervejeiro Ilceu Dimer, que aperfeiçoou as nossas receitas. Nesta primeira semana, notamos que a IPA foi uma das cervejas mais pedidas pelos clientes; a Red Lager também teve uma procura muito boa. ”, disse o cervejeiro Emerson Castro, um dos sócios da NordHaus. A IPA Nordhaus é bem seca e cremosa, lembrando as IPAs americanas, razoável teor alcoólico (5,5% ABV) com amargor moderado (50 IBU). Já a red lager, além da cor avermelhada, apresenta notas suaves de caramelo, pouco amargor e  baixo teor alcoólico.  Junto dos pedidos nas mesas, o público dispõe de um modo self-service, isto é, eles e elas podem tirar diretamente o chopp nas torneiras, que é controlado por um sistema operacional especifico. O litro de chopp no sistema self-service custa entre R$ 20 – 35 reais. A Nordhaus dispõe também de uma loja com produtos temáticos, como Growlers, bonés, camisetas, copos etc.

Acima, régua de degustação com Pilsen, Lager, Red Lager e Imperial Stout. Abaixo, a IPA da Nordhaus.

“No primeiro momento,vamos trabalhar com torneiras e a produção da casa. Em janeiro, estaremos disponibilizando as primeiras cervejas engarrafadas. Em fevereiro, pretendemos abrir a casa para cervejarias ciganas. Queremos também fazer eventos com os demais cervejeiros do Vale do São Francisco, como o Oktober Fest que acontece anualmente na HausBier, em Petrolina”, falou Emerson, que também é sócio da HausBier junto de seus cunhados, os empresários Ubaldo e Ubiratan Rios, e dos sobrinhos cervejeiros, Mancell e Birinha Rios. A família também é responsável pelo funcionamento da NordHaus.”A NordHaus nos dá a oportunidade de produzir e oferecer nossas próprias cervejas, visto que a HausBier é uma franquia e por isso devemos seguir obrigatoriamente a receitas deles”, explicou Emerson.

Tanques na fábrica da NordHaus.

Outro aspecto destacado pelo cervejeiro foi contratação dos colaboradores que trabalham na cervejaria. “O pessoal chegou aqui para fazer a reforma e instalar os equipamentos neste casarão, que data de 1892. A maioria ficou desempregada quando concluímos a obra, aí eu perguntei se eles queriam continuar, se estavam afim de aprender novas funções etc. Investimos na capacitação deles. Os colaboradores e as colaboradoras que você está vendo aí agora, trabalhando como garçons, garçonetes, atendentes, na cozinha etc., foram os mesmos que me ajudaram a construir a fábrica”, finalizou Emerson.

Serviço:

Cervejaria NordHaus

Vila Bossa Nova, Orla 2, Juazeiro, Bahia

Funcionamento: De segunda a sexta depois de 17h /Sábados e domingo a partir de 12h.

Veja algumas imagens  e  vídeos do que rolou por lá no último final de semana!

Os cervejeiros Marcos “Kiko” Vianna (esq), Mancell Rios e Edinho Galvão saboreando os estilos da NordHaus

O cervejeiro Ubiratan “Birinha” Rios nas torneiras da NordHaus.

O empresário Ubaldo Rios (centro) e o cervejeiro Diógenes Batista (dir.

Lupulado cercado pelos amigos Marcos “Kiko” Vianna (dir) e jornalistas Fávio Ciro e Luiz Hélio Alves (esq).

Com os amigos de longa data, agora colaboradores da NordHaus, Alessandro (esq) e Danilo

 

Prefeito de Juazeiro, Paulo Bonfim (esq), e o Deputado Estadual-BA, Zó, prestigiando a NordHaus e a Vila Bossa Nova.

Roda de chorinho aos domingos, a partir das 14h, com o grupo Matingueiros.

Beba Local: Vai começar o III Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco

No próximo sábado (09) acontece em Petrolina a terceira edição do “Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco”, um evento que reflete o cenário cervejeiro da região. Como nos anos anteriores, a festa acontecerá na Chácara Millenium funcionando no sistema de “torneiras abertas”, isto é, o cervejeiro pode degustar à vontade os rótulos servidos no festival. Até agora, 23 cervejarias da região já confirmaram presença, disponibilizando mais de 20 rótulos de 15 estilos  diferentes de cerveja. Ainda dá tempo de conseguir seu ingresso.

“O Festival é uma forma incentivar o público do Vale do São Francisco a nos procurar e começar a fazer cerveja artesanal. Neste ano teremos novos cervejeiros participantes”, disse Felipe Zoby, membro do coletivo Cervejeiros do Vale, os organizadores do evento, que esperam por volta de 300 participantes em 2019. “A gente também fez uma mudança no horário, começando a partir das 14h por conta do calor; procuramos também revezar as bandas que irão se apresentar no evento(neste ano serão Doctor Blues e The Odd Folks) e fizemos uma parceria com o Gelo & Sal, atualmente um dos restaurantes preferidos da galera, que terá exclusividade nos pratos oferecidos para harmonização com as cervejas”, complementou Zoby.

Felipe Zoby com o prêmio de melhor cerveja pelo voto popular na edição passada do Festival de Cerveja Artesanal do vale do São Francisco-

A tap list preparada para o III Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco apresenta estilos conhecidos do publico da região, como Lager, APA, IPA, Witbier etc., e outros que ainda não haviam marcado presença nas edições anteriores, como a Kveik Farmhouse Ale e a Dark Strong Ale. Outros destaques na tap list são a maior oferta de New England IPA (NEIPA), com três rótulos de três cervejarias distintas, e uma cerveja colaborativa estilo Saison, feita com uva Vitória. “Neste ano, a minha cervejaria (Maribondo Sam) está apostando numa edição da Padim Cicerista, que criamos especialmente para o festival, envelhecida com chips de carvalho; será a primeira vez que serviremos ela em barril, sem refermentação em garrafa!”, finalizou Zoby, que foi o grande vencedor no voto popular na edição do ano passado com uma porter de chocolate e menta.

Paranorama da Chrácara Millenium, durante a edição passada do Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco”.

 

Os ingressos para o festival podem ser adquiridos pelo preço inicial de R$100 através do link no Sympla ou nos pontos de venda: Empório Saint Anthony, RockDog, Hamburgueria 961, Doutorado do Chopp, em Petrolina; Top Distribuidora e Gelo & Sal, em Juazeiro.

Flor do Umbuzeiro: Gravetero lança nova cerveja com adjunto original da Caatinga

A cervejaria Gravetero, vinculada aos trabalhadores da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (COOPERCUC),  região do Sertão do São Francisco – BA, lançou novo rótulo da sua série de cervejas com a adição de Umbu, fruta típica do Semiárido Brasileiro. Trata-se da “Cerveja de Umbu Belgium Pale Ale”, que passa a integrar o catálogo da Gravetero ao lado a Saison Farmhouse de Umbu da Gravetero, que estampou a primeira matéria publicada no blog Lupulado.

“As nossas cervejas utilizam insumos e adjuntos de pequenos produtores, especialmente o Umbu; no caso da saison, a receita leva maltes fornecidos pelos pequenos produtores de Picada Café-RS, com o auxílio de uma cooperativa parceira, a Coopernatural. Já esta Belgium utiliza insumos e adjuntos produzidos na Bahia; procuramos apoiar os (sic.) catadeiros e catadeiras de Umbu da região de Canudos, Uauá e Curaçá, sempre respeitando a sociobiodiversidade da caatinga”, explicou o cervejeiro Emanuel Messias, responsável pelas cervejas de Umbu da Gravetero.

 

A Belgium Pale Ale entrega no aroma notas cítricas originais do Umbu, combinadas ao dulçor típico das cervejas belgas trapistas. Outro aspecto interessante é a sua espuma suave, formada por bolhas finas que remetem à outro aspecto semelhante percebido em cervejas trapista e abadia, que foram analisadas anteriormente aqui no blog. “Sempre gostei e apreciei a escola belga e suas cervejas, não apenas pela ousadia na criação de receitas, mas também pela inovação no uso de alguns adjuntos. Quando estou criando uma receita, pesquiso intensamente as variedades de lúpulos, maltes e leveduras, que possam estar dentro desses estilos”, revelou o cervejeiro.

Esta novidade da Gravetero apresentou também uma sensação de boca aveludada, cor acobreada e opaca, amargor médio (21 IBU) e razoável teor alcoólico (ABV 5,4) Como não poderia deixar de ser, a cerveja foi harmonizada com um bode assado típico do Vale do São Francisco. “Quando falamos em cervejas artesanais, sempre destacamos a possibilidade de percorrer uma imensa aventura sensorial. A escola belga se destaca pela criatividade e sabores complexos, sendo uma inspiração para mim; aí resolvi arriscar e inovar com adição de Umbu, uma fruta exclusiva do bioma caatinga”, finalizou Emanuel Messias.

 

A  Cerveja de Umbu Belgium Pale Ale” pode ser encontrada com certa facilidade nas lojas especializadas em cerveja artesanal, dentre elas: Empório do Vinho e Central da Caatinga (Juazeiro); Supermercado Regente, Lorena Conveniência, Casa do Vinho, Hotel Lazar e Mini-Mercado Frutos da Terra (Petrolina); Empório Castano e Quitanda do baianinha (Salvador); além das lojas da COOPERCUC em Uauá, Canudos e Curaçá.

Mais um festival na rota cervejeira do Vale

Aconteceu na última sexta-feira (03) a 3 Edição do Alpha Bier Festival, no condomínio Terras Alphaville, em Petrolina – PE. Da mesma forma que nas edições anteriores, cervejarias artesanais e cervejeiros de panela do Vale do São Francisco puderam expor seus rótulos para os moradores do condomínio e convidados. Cinco produtores de cerveja artesanal da região participaram do evento, expondo 16 rótulos diferentes servidos em torneiras e garrafas.

Público faz fila para experimentar os rótulos no III Alpha Bier

A Doutorado do Chopp, uma das maiores cervejarias artesanais da região, levou seus quatro rótulos tradicionais – Weiss, Session, APA e IPA. A NaTora HmB apresentou a versão em garrafa da Single Hop (APA), além da Chacrett (WitBier) e a Dêmonia (Brown IPA) nas torneiras. A Buquê de Mandacaru levou uma WitBier com limão Siciliano, também na torneira.

Cecilia (NaTora HmB) e Vânia (Buquê de Mandacaru).

A Maribondo Sam ofereceu em garrafa a Padim Cicerista (Abadia), nas torneiras uma NEIPA, uma Blonde Ale com laranja e a porter Chocomenta, que foi vencedora do II Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco, realizado ano passado.

Wal Maribondo e Felipe Zoby (Maribondo Sam)

A Cervejaria Quincas disponibilizou nas torneiras uma Blond Ale; em garrafas uma WitBier e a Du Quincas, uma session IPA feita com extrato de lúpulo Du Pappi, tópico de um post que gerou grande repercussão aqui no Lupulado. “O público do festival aprovou a nossa Du Quincas; as garrafas se esgotaram em menos de duas horas! Pretendemos continuar experimentando nas próximas brassagens e seguir fazendo mais cervejas com extrato de lúpulo”, disse Ricardo Monteiro, cervejeiro na Quincas. (NOTA DO EDITOR: alguns dias atrás, durante uma resenha no Bahia Malte, famosa casa de insumos em Salvador, comentávamos sobre o uso de extrato de lúpulo na produção cervejeira. Foi lugar comum considerar que muitas cervejarias no Brasil recorrem ao extrato de lúpulo, afinal um dos seus principais benefícios seria a “perda zero” na hora da adição, que deste modo pode ser feita no envase. O Du Pappi é um mix de lúpulos de aroma e amargor; a fórmula, no entanto, permanece secreta. Porém, seria incrível se eles lançassem extratos trazendo apenas um tipo de lúpulo, especificado em cada frasco – extrato de mosaic, extrato de centennial, extrato de citra etc. Grato ao amigo Chico de BH e ao staff do Bahia Malte por esta conversa!).

Guilherme, Caio Petrus e Ricardo (Cervejaria Quincas)

A maioria das cervejas disponíveis no evento esgotou ao longo da noite, comprovando o sucesso da empreitada. “Na edição anterior, compareceu muito mais gente do que imaginávamos. O número de cervejarias participantes aumentou. No primeiro ano era apenas algumas mesas e cervejas para degustação. Ano passado estiveram aqui três cervejarias; nesta edição, entraram mais duas cervejarias, ampliando este número para cinco. Temos também mais opções de comida para harmonização”, comentou Wal Maribondo, cervejeiro na Maribondo Sam. Além da Hamburgueria 961, que esteve na edição anterior, neste ano os presentes puderam degustar a culinária árabe do Khabab. A música ao vivo ficou por conta da banda Dubaia.

Área do show com a banda Dubaia.

Para o administrador do condomínio Terras Alphaville de Petrolina, Yuri Leite, “um evento como este ajuda a aumentar a visibilidade do condomínio em meio aos outros, pois somos o primeiro e único a realizar um Festival de Cerveja Artesanal, que é um sucesso. Ano passado foram 300 pessoas presentes. Neste ano a expectativa é receber um pouco mais. Acredito que consolidamos o Alpha Bier na rota cervejeira do Vale do São Francisco. O planejamento é repetir este festival, em principio, anualmente”.

Publico na área da piscina.

Para o morador do Terras AlphaVille, Paulo Bories, “este tipo de evento é bacana para entrosar, pois permite que a gente conheça outros moradores. Geralmente, a turma que vem para festas assim é tudo gente boa. Os rótulos servidos aqui também são excelentes”.

Paulo Bories aprovou o Festival Alpha Bier

Extrato de Lúpulo serve de insumo para produção de cerveja artesanal

Atualizado às 7:20 h de 23/03/2019.

Cervejeiros de panela em Petrolina estão experimentando uma alternativa para produção de cerveja artesanal: Utilizar extrato de lúpulo. A proposta consiste em trabalhar com o “Du Pappi”, que já foi abordado em reportagem publicada anteriormente no Blog Lupulado. Este produto é composto por lúpulos de aroma e de amargor obtidos através da extração por CO2. O extrato é envasado em frascos de 15 ml, que são esterilizados e possuem tampa em forma de conta-gotas. Normalmente, o cervejeiro usa o Du Pappi pingando de 3 a 5 gotas em um copo de 300 ml, conferindo mais aroma, espuma e amargor à cerveja.

Caio Petrus (esq.), Ricardo Monteiro e o extrato de lúpulo Du Pappi

Os responsáveis por esta empreitada são os cervejeiros Caio Petrus e Ricardo Monteiro, da Cervejaria Artesanal Quincas, localizada em Petrolina. “A nossa ideia é apresentar o resultado desta experiência no III Alpha Bier Festival, evento que será realizado no próximo dia 03 de maio no Condomínio Terras Alphaville em Petrolina. Pretendemos levar pelo menos três estilos de cerveja produzidos com extrato de Lúpulo”, disse Ricardo, que também é representante da marca Du Pappi na região do Vale do São Francisco.

O gerente comercial da marca Du Pappi, Luiz Coqueiro, que é filho do cervejeiro Laert Coqueiro, criador do produto, ressaltou que jamais deve-se utilizar o extrato de Lúpulo na etapa da fervura, pois os óleos essenciais são extremamente voláteis e podem afetar o aroma. Por outro lado, diz ele, o lúpulo de amargor do Du Pappi já é isomerizado, ou seja, não precisa sofrer ação térmica. “Obrigatoriamente o extrato deve ser adicionado na fase fria; se quiser ter menos trabalho, você pode inserir o lúpulo junto das leveduras, por conta da temperatura e da proteção antibacterial que o lúpulo dá; se você não quiser ter perda alguma, coloca na hora do envase. Particularmente, prefiro adicionar o Du Pappi junto da levedura”, observou Luiz. “A nossa formula reúne lúpulos que são os mesmos utilizados por cervejarias artesanais conhecidas. O extrato de lúpulo é mais eficiente pois diminui bastante a perda na produção, além da praticidade de usar o Du Pappi, proporcionada pelo seu formato e embalagem”, complementou.

Provando a Du Quinca, a Cerveja do Mês de Março

No último final de semana, o Lupulado foi convidado por Caio e Ricardo para experimentar a cerveja “Du Quinca”, uma Session IPA criada por eles com a adição do Du Pappi. Por sinal, o nome da cerveja é resultado da síntese entre “Du Pappi” e “Cervejaria Quincas”. A Du Quinca é a primeira cerveja artesanal produzida com extrato de lúpulo no Vale do São Francisco.

Du Quinca: A primeira cerveja feita com extrato de lúpulo no Vale do São Francisco

“A nossa receita foi inspirada na Session IPA da Cervejaria BrewHub, de João Pessoa – PB. A gente  substituiu os lúpulos Amarillo, Citra, El Dorado e Nugget pelo Du Pappi, que foi adicionado na fase fria, durante a fermentação. A tiragem foi de 20 litros e usamos dois frascos de Du Pappi (proporção de 15ml de extrato para cada 10 litros de cerveja), adicionados junto com o fermento. Na próxima experiência, vamos utilizar 1 frasco de Du Pappi na fermentação e outro no envase”, explicou Caio.

A Session IPA Du Quinca (4,6 ABV e IBU 35) apresentou uma característica que remete aos efeitos provocados pela aplicação das gotinhas Du Pappi na cerveja: A espuma densa, cremosa e persistente. De cor dourada e opaca, a cerveja apresenta aroma com notas marcantes de aveia, que também são bem presentes durante do gole; o sabor da aveia acaba sobressaindo ao cítrico, que muitas vezes aparece no estilo Session IPA. Esta é  outra caraterística trazida pelo uso do Du Pappi, que possui lúpulos menos cítricos.

Outro plano da Du Quinca, harmonizada com salaminho e queijo curado.

Como pede o estilo Session IPA, a Du Quinca é uma cerveja bem refrescante e leve, pouco retrogosto e com espuma cremosa provocada pelo Du Pappi, tornando-se uma bebida ideal para ser degustada por um bom tempo em dias de calor. As cervejas produzidas com lúpulo Du Pappi estarão à disposição do público cervejeiro no III Alpha Bier Festival, evento que será realizado no Condomínio Terras AlphaVille.

Informações sobre o Lúpulo Du Pappi podem ser obtidas diretamente com o representante comercial da marca no Vale do São Francisco, Ricardo Monteiro, através do contato 87 98111-3396 (whatsapp).

 

Potência Premiada: Conheça Belicosa, a Cerveja do Mês.

Faz algum tempo que o Vale do São Francisco deixou de ser conhecido apenas pelos vinhos que produz. A boa qualidade das cervejas feitas na região somada à agenda de eventos tratam da cultura cervejeira (festivais de cerveja artesanal, rodas de conversa com cervejeiros, workshops de análise sensorial com off-flavor e até mesmo um bloco de carnaval) contribuiram para aumentar o interesse do público local pelas cervejas artesanais geradas no vale. A seção “Cerveja do Mês” de fevereiro apresenta a Belicosa, uma American IPA feita em Petrolina pelos cervejeiros de panela Murilo Caldas e Marcos “Kiko” Vianna.

“O nome Belicosa tem sua origem no sentido de ‘bélico’, uma referência à ‘potência da cerveja’. Isso é pelo fato de, no momento de fazê-la, o dry-hop que a gente usa é de 6.2 gramas de lúpulo por litro. A nossa intenção era fazer uma cerveja no estilo que a gente gosta, uma IPA bem seca, com menos caramelo e mais frutada”, disse o cervejeiro Marcos Vianna. Desta  maneira, a Belicosa consegue proporcionar um sabor mais cítrico do que adocicado, tornando-se uma IPA mais refrescante, sem deixar de ser intensa e bem equilibrada , ideal para regiões de clima muito quente como o Vale do São Francisco.

Marcos “Kiko” Vianna e a sua American IPA Belicosa.

O Lupulado testou a Belicosa em duas ocasiões: A primeira no Empório Saint-Anthony, logo após o envase na semana passada; a segunda aconteceu 4 dias depois. No intervalo, a cerveja permaneceu  armazenada em um Growler (1L) sob refrigeração de 4 graus. A cerveja sofreu quase nenhuma alteração em função deste armazenamento e do transporte, apesar de ter percorrido uma distância pequena (5km). A única diferença percebida foi na espuma, que na segunda situação ficou um pouco mais densa frente a primeira.

A Belicosa apresentou uma cor acobreada e o corpo mais claro que normalmente apresentam outras American IPA, em decorrência do pouco uso de maltes especiais (apenas 5%). Outro fator que chamou atenção foi o teor alcoólico (ABV 7,3%), que pareceu bem escamoteado em meio ao aroma frutado e as notas cítricas no sabor. “Isto foi intencional na hora de elaborar a receita; a gente deixou tanto a cor e quanto teor alcoólico no limite que o estilo pede”, revelou Marcos.

Esta combinação resultou em uma cerveja bem equilibrada, com aroma intenso e refrescante, sabor frutado com notas cítricas que se espalham pela boca e permanecerem por alguns instantes após o gole. A Belicosa possui amargor médio para alto (IBU 58) e um gosto bem seco, que consegue se sobressair ao álcool.

A potência da Belicosa: refrescante e equilibrada.

Em abril de 2018, Belicosa recebeu os prêmios de Melhor IPA e Best of Show  no único concurso promovido pela ACErvA- PE, núcleo do Vale do São Francisco. A cerveja pode ser encontrada nas torneiras do Empório Saint Anthony enquanto durar o estoque. Esta brassagem produziu 60 litros e o envase aconteceu no início da semana que passou.

Bloco mistura frevo, folia e cerveja artesanal nas ruas de Petrolina

O movimento cervejeiro do Vale do São Francisco ganhará mais uma expansão na próxima semana. No sábado (16/2) acontecerá o primeiro desfile do bloco “Tu Weiss Cair na Minha IPA”, organizado pela Associação dos Cervejeiros Artesanais de Pernambuco (ACervA-PE), núcleo do Sertão. A festa começa às 15h em frente a Cervejaria & Petiscaria Biére, na rua Lucas Roberto de Araújo, próximo ao Condomínio Sol Nascente em Petrolina. O bloco irá realizar o percurso até a pracinha, na mesma rua, onde permacerá por alguns minutos até retornar ao ponto da concentração.  “No total, teremos quase seis horas de som, divididas entre DJ e a apresentação da Orquestra Frevo do Bolinha (veja video abaixo), ambos tocando ritmos como frevo, axé, marchinha e outras canções do carnaval de rua”, disse o cervejeiro Igor Veras Silani, um dos organizadores do evento.

Para matar a sede dos foliões, doze cervejarias artesanais confirmaram presença nas torneiras do bloco: Maribondo Sam, Na Tora, GALK, Buquê de Mandacaru, Puro Is Malte, Quimera, Vale Brewer, Família Sabores, Seu Quincas, Doutorado do Chopp, Haus Bier, além da própria ACervA – PE. O repertório varia desde estilos mais leves, como Weiss e Witbier, aos mais encorpados, como Imperial IPA, Porter e Stout. O bloco funcionará no sistema de “torneiras abertas”, distribuindo mais de 500 litros de chopp para os participantes. “Nosso intuito é sempre difundir o movimento cervejeiro. Desta vez, vamos procurar trazer as origens do frevo e do carnaval de rua de Pernambuco, associadas ao movimento cervejeiro artesanal, que em Petrolina ainda é novo. Este é o primeiro ano que estamos fazendo um bloco temático de cerveja artesanal aqui na cidade.”, explicou Igor, destacando o sentido do nome “Queda 1” usado pelos organizadores para se referir à primeira edição do bloco. “A ideia é que existam outras ‘Quedas’ a partir desta ‘Queda 1,. A depender do resultado desse projeto, quem sabe não repetimos em breve”, complementou o cervejeiro.

 

Os cervejeiros Guilherme (à esquerda), Cecília Vasconcellos, Waldner Maribondo, Vânia Sampaio e Igor Silani reunidos na organização do Bloco.

Um aspecto que chamou a atenção foi a localização no espaço público escolhida para o desfile do bloco. Naquela vizinhança, funciona até hojen a Biére, que há mais de 5 anos foi estabelecido como um dos primeiros redutos dos cervejeiros artesanais do Vale do São Francisco. “Cerca de três anos atrás houve uma festa de carnaval lá que foi bem bacana e sempre tivemos desejo de repetir. Daí pela disponibilidade e amizade que temos com o pessoal da Biére, escolhemos usar aquele espaço novamente para fazer a Queda 1 do ‘Tu Weiss Cair na Minha IPA’”, disse outra organizadora do bloco, a cervejeira Maria Cecília Vasconcellos.

Os ingressos para o bloco “Tu Weiss Cair na Minha IPA” custam R$80,00 e podem ser adquiridos através do link ou em pontos de venda como o Rock Dog., Doutorado do Chopp e na Biére. Para se servir à vontade de chopp artesanal durante o bloco, o folião ganhará camisa, tirante e caneca customizados para o evento.

 

 

Conheça a Tirana: New England IPA original da caatinga

A edição de dezembro de 2018 do Bazar da Praça, feira de rua realizada em Petrolina-PE, reservou uma novidade para os clientes além das roupas, acessórios e outros itens de vestuário expostos no local. Algumas cervejarias do Vale do São Francisco disponibilizaram rótulos para apreciação e, dentre eles, uma cerveja em especial chamou a atenção: a “Tirana”, uma New England India Pale Ale (NE IPA) produzida artesanalmente pela cervejaria Lunga’s Beer, localizada em Petrolina.

Produção do estilo NE IPA é algo que praticamente não existe no Vale do São Francisco, onde as cervejarias locais já desenvolveram estilos como Lager, Pilsen, IPA, Witbier, Rauchbier, Brown IPA, Stout etc. Segundo o cervejeiro da Lunga’s Beer, Pablo Ferreira, o principal obstáculo talvez seja o fato das receitas exigirem insumos mais difíceis de adquirir e que são usados em escalas maiores frente outros estilos. “Salvo alguma eventual experiência isolada de um cervejeiro de panela, acho que a Tirana é de fato a primeira NE IPA produzida aqui no Vale do São Francisco. Sou fascinado pela escola americana e pelos lúpulos daquele país. Por isso, fiquei decidido a tentar fazer uma cerveja dessas”, disse Pablo, que apontou a EvertMont, da cervejaria Everbrew, como sua New England IPA favorita.

Pablo Ferreira, cervejeiro da Lunga’s Beer, com a NE IPA Tirana

A origem do estilo NE IPA remonta a 1993, quando o cervejeiro Tod Mott brassou um IPA “agressivamente lupulada” para uma cervejaria chamada Harpoon Brewery, localizada na região da Nova Inglaterra (New England). Situada na costa leste dos Estados Unidos, a área envolve os estados de Connecticut, New Hampshire, Rhode Island, Maine, Massachusetts e Vermont. Neste estado, por sinal, é o berço da Heady Topper, comumente considerada a melhor NE IPA do mundo. “As New Elgland IPA procuram escapar das características tradicionais das West Coast IPAs, estilo criado na região da Califórnia, que carrega em si muitos traços da IPA inglesa, como malte caramelo, dulçor, etc. Tecnicamente, a carga de lúpulo nas NE IPAs é feita no final da fervura justamente para ter maior quantidade de sabor e aroma. Antes, os cervejeiros faziam adição no meio da fervura, o que hoje já sabemos que não funciona muito. Se o cervejeiro quiser prevalecer sabor e aroma é necessário fazer adições tardias, principalmente no final e na pós-fervura, com a cerveja já fria; em uma receita de New England IPA pode-se adicionar até 25 gramas por litro só de dry-hopping”, revelou Pablo.

Outro aspecto destacado pelo cervejeiro na produção da Tirana é o tipo de levedura utilizado na brassagem. “Na New England IPA são utilizados insumos que dão características mais frutadas. A levedura decanta menos seu conteúdo para baixo do fermentador, o que deixa a cerveja mais turva, um visual característico deste estilo. Assim, a turbidez ocorre tanto em função do lúpulo como também da levedura”, contou o cervejeiro da Lunga’s beer

Dissecando a Tirana

Para realizar a análise da New England IPA da Lunga’s Beer, provamos a cerveja em dois momentos distintos, afim de apurar ao máximo suas características sensoriais. O primeiro foi diretamente na torneira instalada no Bazar da Praça; o segundo foi realizado  logo no dia seguinte, usando um growler para armazenar e transportar a bebida.

A Tirana apresentou as características típicas do estilo NE IPA, como a tradicional cor amarelada e turva, além da formação de espuma baixa, densa e cremosa. Amargor médio para alto (IBU 65) e o aroma com notas de mamão, melão, melancia, pêra e maracujá pareceram intensamente combinados, promovendo paladar com traços de trigo e aveia, amargor e suculência. O retrogosto bem seco e alcoólico (6,7% ABV), com alta presença de lúpulos que sobraram no final do gole. “Na NE IPA podemos adicionar adjuntos como malte de trigo, trigo em flocos, aveia e até centeio, que possuem uma carga de proteína maior, alterando a cor e elevando o corpo, deixando mais viscoso, pesado e licoroso no sentido da textura, não do álcool”, argumentou Pablo. O cervejeiro ainda destacou que os  insumos necessários para brassar uma NE IPA ainda são caros e as receitas pedem uso em grande quantidade, limitando a demanda à cervejeiros que já consomem e pesquisam sobre o estilo. “Com a tirana, eu quis fazer uma New England IPA bem tradicional, até mesmo para apresentar o estilo a alguns cervejeiros do Vale do São Francisco. Depois que o público daqui estiver mais acostumado à NE IPA, pretendo colocar em práticas outras receitas nas quais inovamos um pouco mais para além do tradicional”, revelou.

Quando indagado sobre harmonização, Pablo mostrou-se um tanto cético. “Não gosto muito de harmonizar para não perder as características sensoriais que o estilo NE IPA oferece, como amargor, aroma frutado, refrescância e cremosidade. Porém, pode-se harmonizar com pratos fortes, tipo carne vermelha e de caça, bacon, hambúrguer, cheddar, comida mexicana e indiana”, concluiu Pablo. Outras informações sobre a Tirana e outros rótulos artesanais da Lunga’s Beer podem ser obtidas com o próprio cervejeiro através da conta da cervejaria no Instagram.

Referências: https://beerandbrewing.com/the-ipas-of-new-england/