Samereiou está de volta!

A Cervejaria Artesanal Old Chico, de Petrolina – PE, está oferecendo nesta semana a sua saborosa Samereiou nas torneiras do Empório Saint Anthony. Como o próprio nome sugere, esta cerveja é do estilo Summer Ale, com ABV 4,6% e IBU 32, corpo claro e espuma fina. O aroma combina herbal e floral, sendo levemente frutado e espuma com bolhas finas. “Este aroma é uma combinação lúpulos americanos e ingleses, que desenvolvemos a partir de testes realizados alguns meses atrás” disse Paulo Júnior, também conhecido como PJ, cervejeiro da Old Chico.

Paulo Júnior (PJ) cervejeiro da Old Chico.

A Samereiou é uma cerveja que dialoga com o clima quente,  bem saborosa e refrescante. O baixo teor alcóolico e o amargor baixo para médio facilitam sua aceitação por paladares menos exigentes. O resultado final apresentou uma cerveja com boa drinkabilidade, versátil, ideal para ser apreciada por um bom tempo em um dia bem quente.

A cerveja Samereiou: Ideal para dias de calor.

“A base da cerveja possui dois maltes especiais, além dos lúpulos já  mencionados. Usamos também uma levedura neutra para evitar um sabor mais ácido, permitindo que o consumidor aprecie a cerveja por mais tempo, por exemplo, por toda uma tarde. Conseguimos equilibrar um balanço entre álcool, malte e lúpulo, permitindo que o paladar não se canse muito na hora da apreciação. A Samereiou mostra para quem está começando a beber o que é uma cerveja de panela, a ideia é que o consumidor saia dela para outro estilo mais forte, uma IPA por exemplo, ajudando nesta passagem de nível”, contou PJ.

O Empório Saint Anthony possui pioneirismo no ramo de cervejas artesanais No Vale do São Francisco. Funcionando desde 2014 em Petrolina, o Saint Anthony foi o primeiro estabelecimento a trazer para a região rótulos de cervejarias como Dogma, Tupiniquim, Walls, Hocus Pocus, dentre outras. Atualmente, o Saint Anthony pretende aumentar a parceria com as cervejarias locais. “Estamos de portas abertas para as cervejarias da região lançarem suas cervejas por aqui. Até por conta deste pioneirismo, estamos sempre prontos para ajudar, tratando os cervejeiros do Vale do São Francisco como uma grande família”, disse Fernando Nascimento, proprietário do Empório Saint Anthony.

A Samereiou da Old Chico está disponível enquanto durar o estoque no Empório Saint Anthony, que fica na Avenida da Integração ao lado da Havan, em Petrolina. O pint custa R$ 9,90. Segundo Paulo Júnior, a Old Chico tem a pretensão de ser parceria dos pontos de venda, por isso é mais provável que o cervejeiro encontre os rótulos da cervejaria em locais como próprio Saint Anthony. No entanto, a Old Chico também recebe pedidos via grupo da cervejaria no WhatsApp e também pelo seu Instagram.

Dobradinha: cerveja do mês e inauguração de BrewPub

A Doutorado do Chopp, cervejaria localizada em Petrolina – PE, inaugurou no último final de semana seu BrewPub. Além de ampliar o repertório de alternativas para os amantes de cerveja artesanal no Vale do São Francisco, a cervejaria passa a oferecer serviços de growler station e taphouse para os  consumidores da região. Paralelamente ao evento, o blog Lupulado elegeu a cerveja do mês do novembro: a Doctor APA.

Três quadros do ambiente interno da BrewPub da Doutorado do Chopp.

Na inauguração, o BrewPub funcionou com quatro torneiras abertas ao público, que ofereciam três estilos da Doutrado do Chopp (Weiss, APA e IPA) e outro (lager) de uma cervejaria convidada, a Capunga (Paulista-PE).

Tap wall da Doutorado do Chopp.

Cervejeiros do Vale do São Francisco marcando presença: PJ (Old Chico), Wal (Maribondo Sam), Vânia (Buquê de Mandacaru) e Luise (Chiochetta Birrifício). Foto: Paulo Júnior (arquivo pessoal).

Os cervejeiros PJ (OLD Chico), Felipe Zoby (Maribondo Sam), ao centro; Igor e Rodrigo (Doutorado do Chopp), nas laterais. Foto: Paulo Júnior (arquivo pessoal).

“Em breve estaremos operando com 8 ou 12 torneiras, sempre abrindo espaço para cervejarias convidadas. O cliente pode vir até aqui durante a semana, em horário comercial, e aos sábados, pela manhã, que estaremos funcionando para abastecer ou despachar growlers (neste caso, o cervejeiro pode trazer seu próprio recipiente de vidro ou usar vasilhames de plástico que serão disponibilizados pela própria cervejaria). Nas noites de quinta, sexta e sábado, oferecemos nossas cervejas em canecas acompanhadas de opções para harmonização, como burgers e espetinhos”, disse Rodrigo Videres, um dos cervejeiros da Doutorado do Chopp.

Visual da área externa.

O BrewPub funciona anexo à fábrica da Doutorado do Chopp, na avenida da Integração, 1554, em Petrolina. Dois espaços podem ser usados pelo público: o deck na área externa e o ambiente interno, que é climatizado. Os clientes podem também conhecer as instalações da fábrica, se assim desejarem.

Clientes aproveitam para conhecer a fábrica da Doutorado do Chopp.

Doctor APA: A Cerveja do Mês

Tradicionalmente, o blog Lupulado faz a indicação de uma cerveja especial por mês, levando em conta critérios como originalidade, sabor, aroma, localização, dentre outros. Faz tempo que pretendíamos explorar um dos rótulos da Doutorado do Chopp para esta seção. No mês de novembro, aproveitando a inauguração do BrewPub para provar o carro-chefe da cervejaria: a Doctor APA.

Doctor APA: explosão de aromas e sabor marcante.

A Doctor APA é uma cerveja no estilo American Pale Ale, que surgiu de um modo inusitado. “A ideia era fazer uma receita de APA para atender o público que não estava acostumado com a nossa IPA, mais encorpada e forte, figurando como uma espécie de ‘cerveja intermediária’. Quando fomos executar essa receita de APA pela primeira vez, não estávamos com fermento indicado; a única opção à mão era um fermento do tipo S-33. Como não tínhamos outra alternativa, pegamos este fermento e fizemos um jogo de temperatura  para compensar, que nos permitiu usar o insumo sem que os ésteres caracteríticos dele competissem com o aroma e amargor do lúpulo. É uma cerveja que tem boa saída, pois não é tão pesada como a IPA”, contou o cervejeiro da Doutorado do Chopp, Igor Veras Silani. No vídeo abaixo, Igor apresenta o carro- chefe da Doutorado do Chopp.

A cerveja é produzida com lúpulos bem aromáticos, como Mosaic e Cascade, apresentando ABV 5,6% e IBU 35. Justamente por conta deste IBU, a Doctor APA possui com amargor de médio para baixo. Apresenta aroma forte e marcante a partir de uma combinação entre cítrico e floral. Produz espuma densa e cremosa formada por bolhas finas, que se ajusta perfeitamente ao corpo opaco de cor âmbar. O resultado é uma cerveja bem refrescante, com aroma e paladar marcantes com notas citradas, além de leve retrogosto que remete às frutas cítricas. A Doctor APA pode ser encontrada nas torneiras do BrewPub da Doutorado do Chopp, ou na fábrica em barril e garrafa.

Alguns dos cervejeiros da Doutorado do Chopp, de camisa escura (esq. para dir.): Igor, Danilo e Rodrigo.

Trapistinha do Sertão

A “Cerveja do Mês” de novembro escolhida pelo Lupulado é um dos rótulos mais interessantes produzidos no Vale do São Francisco. A Padim Cicerista é uma criação da Maribondo Sam, cervejaria artesanal localizada em Petrolina, que foi inspirada nas famosas cervejas Trapistas. “A receita foi elaborada em 2017 e a nossa intenção era de fato se aproximar o máximo possível das Trappistes Roquefort 8, que é uma das nossas preferidas. A ideia da Padim Cicerista veio exatamente por conta da impossibilidade de usar o nome Trapista; assim, criamos Cicerista para fazer uma referência ao Padre Cícero, um ícone no nordeste brasileiro”, disse o cervejeiro da Maribondo Sam Waldner Maribondo.

Padim Cicerista da Maribondo Sam (Foto: Luiz Adolfo Andrade)

Como é sabido, a origem do nome Trapista remonta ao ano de 1662; a expressão surgiu no mosteiro cisterciense de Nôtre-Dame de La Trappe, na França, pela mão de Armand-Jean Le Bouthillier de Rancé, fundador da Ordem Trappista ou Ordem Cisterciense. Estas cervejas, essencialmente, passam por um rígido processo de produção e controle nos mosteiros da ordem trapista. Em 1997, a International Trappist Association (ITA) foi criada para supervisionar a produção dessas cervejas; atualmente, apenas onze mosteiros no mundo, sendo seis deles localizados na Bélgica, podem produzir cervejas consideradas trapistas.

“As cervejas Trapistas são produzidas pela Ordem Cisterciense da Estrita Observância (OCSO). Podem ser brassadas apenas pelos Monges Trapistas, como se fossem uma ‘Denominação de Origem Controlada’, para fazer analogia à classificação dos vinhos. Por isso rotulamos nossa Padim Cicerista como sendo Cerveja de Abadia em vez de Trapista, pois é produzida fora das dependências de um mosteiro pertencente à OCSO. Na descrição informamos que é uma cerveja no tipo Trappist apenas para facilitar a identificação do público, visto que esta classificação é mais conhecida que a outra.”, destacou Felipe Zoby, outro cervejeiro na Maribondo Sam.

Os segredos da Padim

A análise sensorial da Padim Cicerista foi realizada em dois momentos distintos. No primeiro, provamos apenas a cerveja. No segundo, feito alguns dias depois, harmonizamos a Padim Cicerista com carne de Bode e um mix de queijos artesanais da Serra da Canastra, composto por quatro estilos: prato, parmesão, roquefort e reino. Logo após degustar a cerveja, provamos a trapista Orval para fazer uma comparação entre a cerveja da Abadia feita no semiárido brasileiro e uma clássica trapista belga.

Harmonização da Padim Cicerista com mix de queijos. (Foto: Luiz Adolfo Andrade)

Nesta análise, a Padim Cicerista apresentou corpo marrom opaco, espuma fina e aroma caramelado, tostado e frutado, dotado de frutas secas como passas e ameixa, além de sabor suavemente adocicado proveniente da adição de Candy Sugar. A cerveja é classificada como estilo Belgian Dark Strong Ale e possui IBU 30 e ABV 8%. “Na primeira receita, tentamos fazer nosso próprio Candy Sugar, caramelizando açúcar lentamente. Hoje, compramos Candy Sugar belga (açúcar de beterraba em forma de cristais)”, afirmou Zoby.

Harmonização da Orval com mix de queijo e carne de bode. (Foto: Luiz Adolfo Andrade)

O final doce e o aroma frutado, somados ao baixo amargor de 30 IBU, fazem da Padim uma excelente pedida para regiões de clima quente como o semiárido. A carne de bode acrescentou mais um toque sertanejo ao paladar, enquanto os queijos remeteram à harmonização clássica com cervejas trapistas.

Copo com a Padim Cicerista (Foto: Luiz Adolfo Andrade)

Logos após terminar a garrafa da Padim, passamos à prova da Orval, uma das trapistas mais famosas. Esta Orval apresentou o tradicional sabor seco, diferente da Padim Cicerista, e a carbonatação que lhe é peculiar, bem acima da cerveja sertaneja. Por outro lado, a coloração marrom opaco da Orval e a espuma formada por bolhas, mesmo que mais densa, criou uma relação de proximidade com a Padim. “Já dizia a velha máxima: Toda Cerveja Trapista é de Abadia, mas nem toda cerveja de Abadia é Trapista”, enfatizou Zoby. “É importante esclarecer que Abadia ou Trapista não são estilos de cerveja, mas uma denominação de acordo com a tradição cervejeira oriunda dos monastérios. A Orval, uma das melhores Trapista do mundo, é do estilo Belgian Specialty Ale, enquanto a Padim é do estilo Belgian Dark Strong Ale. Nossas referências são a Trappistes Rochefort 8 e a Chimay Blue“,finalizou.

Copo com a Orval (Foto: Luiz Adolfo Andrade)

A Maribondo Sam é uma das cervejas confirmadas para II Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco. A Padim Cicerista, no entanto, não estará disponível no evento. Elas podem ser adquiridas sob encomenda através de direct message pelo Instagram da Maribondo Sam.

II Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco

Restam poucos dias para a segunda edição do Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco. O evento acontecerá na Chácara Milenium (Estrada das Pedrinhas, Km 2, próximo da Vila Vitória) no dia 17 de novembro a partir das 13 h. No total, 34 cervejeiros da região estarão oferecendo suas criações no sistema “torneiras abertas”: O ingresso dá direito a uma caneca especial e o participante pode se servir à vontade. Até agora foram inscritos 27 rótulos de 22 estilos diferentes de cerveja; no final, o público escolherá os três melhores rótulos servidos no Festival.

A maioria das cervejarias locais já confirmou presença no evento, como a Vale Brewer, Carranca Chapada, Na Tora HmB, Old Chico, Maribondo Sam, Apache’s Beer, Quimera, Number´s Beer, dentre outras. “Além de promover a união entre os cervejeiros da região, este festival é também uma oportunidade para provar vários estilos de cerveja produzidos no Vale do São Francisco. Também é um momento ímpar de interação, no qual o público pode trocar experiências diretamente com o cervejeiro sobre as especificidades de cada rótulo. Este festival oferece a chance de fugir do habitual, colocando o público em contato com receitas não muito comuns, por exemplo, cervejas com adição de frutas, baunilha e até melaço de algaroba”, disse o cervejeiro na Apache’s Beer, Rômulo Bezerra que é um dos organizadores do Festival.

Rômulo Bezerra, cervejeiro na Apache’s Beer. Foto: Luiz Adolfo Andrade

Para Rômulo, a grande novidade na edição deste ano é o maior engajamento de mulheres cervejeiras. “Além da confraria Puro Is`Malte, formada somente por mulheres, esposas de amigos cervejeiros foram pegando gosto pela arte de fazer cerveja e vão levar rótulos próprios para degustação no evento”, revelou.  O petrolinense Thiago Almeida esteve na primeira edição do festival realizada em outubro do ano passado e destacou como ponto alto naquela ocasião o acesso do público às cervejas . “O sistema que eles fizeram para servir as cervejas foi bem organizado, facilitou bastante a circulação do público, bem como a distribuição dos stands das cervejarias que ficaram lado a lado no espaço da chácara. Já fui em outros festivais em Salvador, nos quais foi muito mais complicado para a gente conseguir circular e se servir”, disse Almeida.

Cervejeiros do Vale do São Francisco interagem com público na primeira edição do Festival. Fonte: Rômulo Bezerra/Fotos: Kaio Cads.

O Festival de Cervejas Artesanais do Vale do São Francisco surgiu com o intuito de arrecadar fundos para investir na capacitação dos cervejeiros da região. “A ideia é trazer para cá cursos importantes para atualização profissional do cervejeiro, que são comumente ofertados de forma mais ostensiva nas capitais. Ano passado, o sucesso do festival superou as expectativas e a arrecadação permitiu que a gente trouxesse dois cursos de formação para o Vale”, destacou Rômulo, que confirmou o interesse na realização da terceira edição do festival em 2019 e a criação de uma agenda de eventos para cervejeiros no Vale do São Francisco. “Com certeza o Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco é um evento que vai pegar no calendário da região, a exemplo de outros que caíram no gosto do público, como o Moto Chico”, complementou Thiago Almeida.

Público cervejeiro vai ao delírio na primeira edição do Festival. Fonte Rômulo Bezerra/ Foto: Kaio Cads.

Para harmonização com os rótulos no II Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco, algumas opções de foodtrucks e bikes já estão confirmadas, dentre elas Beer Side (hambúrguer artesanal), Rock Dog (cachorro-quente gourmet), Empadaria do Vale (empadas e tartaletes gourmet) e Vanzo’s (espetinhos, drinks alcoólicos e não alcoólicos). As bandas Dubaia e Classic Rock Club Band fazem o som para embalar os goles. Os ingressos custam 100 reais (primeiro lote) e podem ser adquiridos no St Anthony Beer & Burgers, Beer Side , Vanzo’s Beer e no Rock Dog. O II Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco é promovido de forma independente pelos Cervejeiros do Vale, com patrocínio da Sanauto Peças e Serviços e apoio da Pulp Audiovisual e Conteúdo, Petro Hop, St. Anthony, Beer & Burgers, Rock Dog e Acerva-PE.

Alpha Bier Festival

Aconteceu na última sexta-feira (26) a 2a Edição do Alpha Bier Festival sediado no condomínio Terras Alphaville em Petrolina – PE. Realizado pelo segundo ano seguido e com sua terceira edição em planejamento, este festival vem contribuir para o crescimento do cenário cervejeiro da região, que já conta com eventos tradicionais como o Oktober Fest da Haus Bier, o Festival de Cervejeiros do Vale do São Francisco, dentre outros.

Moradores do AlphaVille em Petrolina e convidados prestigiam evento

Moradores do AlphaVille em Petrolina e convidados prestigiam a segunda edição do Alpha Bier Festival.

Neste ano, o Alpha Bier Festival reuniu associados do condomínio, seus familiares, convidados, mestres cervejeiros e apreciadores de cerveja artesanal.  Para harmonização, a hamburgueria 961 ofereceu cinco opções de burgers e o som ficou por contra da atração local “Temir e Banda”. A Vintage Tattoo e Barber Shop disponibilizou aos presentes serviço gratuito de barbearia além de realizar agendamento de outros, por exemplo de tatuador. “É o primeiro condomínio na região a fazer um festival assim. Um dos objetivos é familiarizar o público, neste caso os associados do Alphaville e convidados, com a cultura da cerveja artesanal”, disse o cervejeiro da Maribondo Sam Felipe Zoby.

Os cervejeiros da Maribondo Sam Felipe Zoby e Wal Maribondo (esq.).

Três cervejarias do Vale do São Francisco estiveram presentes, cada uma disponibilizando rótulos na torneira e em garrafa. A Na Tora HmB apresentou a witbier Chacrett (torneira) e a Demônia (garrafa). A cervejaria Doutorado do Chopp levou em garrafa seus quatro rótulos tradicionais – Weiss, Session, APA e IPA – sendo que o primeiro e o último também estavam disponíveis na torneira.

Da direita para esquerda: Lucyo e Rodrigo (Doutorado do Chopp), Ricardo (Du Pappi) e Caio.

A Maribondo Sam disponibilizou nas torneiras os estilos blonde ale “Alpha Blonde” e weiss com gengibre; na garrafa, ofereceu as cervejas Maribondo APA e IPA, além da trappist Padim Cicerista. “Procuramos mesclar a oferta trazendo estilos como IPA e APA, para satisfazer um público mais exigente, e outros mais leves, procurando atender justamente a parcela que não tem tanto hábito de consumir cerveja artesanal, mas aprecia regularmente as opções industriais servidas na maioria dos bares da região. Desta maneira, realizar um festival dentro de um condomínio é também uma forma de estimular os cervejeiros da região a produzir visando o público ainda sem tanto conhecimento da cultura cervejeira”, complementou Zoby.

Rômulo (dir.), cervejeiro na Apache Beer, ajuda o público na escolha dos rótulos.

Para o publicitário do Terras Alphaville, Yuri Leite, a segunda edição do Alpha Bier Festival é mais um evento dentre outros que ocorrem regularmente no condomínio. “Percebi que vários dos nossos associados eram cervejeiros; houve portanto o interesse mútuo de realizar o nosso próprio festival. A rede Alphaville no Brasil tem a preocupação de criar eventos voltados para o bem-estar de nossos associados”, destacou Leite.

Chapa quente: Hambúrgueres fazem harmonização com as cervejas artesanais

A associada Rosângela Jacó disse que o festival é muito interessante para complementar o lazer do morador. “Aqui já temos outros eventos, mas uma situação como esta é muito legal pois estimula uma interação entre os moradores”, destacou Rosângela. Para outro associado, Luiz Roma, “um evento como este, além de contribuir para nosso bem-estar, fortalece o sentido de comunidade, de companheirismo, algo que tem sido perdido hoje em dia”.

Os organizadores do Alpha Bier Festival informaram que entre 250 e 300 pessoas compareceram ao evento, consumindo cerca de 250 litros de cerveja. A terceira edição do Festival, ainda sem data oficial, deverá acontecer no primeiro semestre de 2019.

Oktober Fest no Vale do São Francisco

A HausBier promoverá a quarta edição do Oktober Fest nos dias 20 e 21 deste mês em Petrolina – PE. Situada no centro da cidade, bem na margem do Rio são Francisco, a conhecida microcervejaria promete uma festa que combinará elementos culturais do sertão, como gastronomia e estilos de cerveja artesanal, à proposta do tradicional evento iniciado em Munique, na Alemanha, há mais de dois séculos atrás.

Projeto do lounge e stands das cervejarias para o Oktober Fest 2018 na HausBier. Fonte: Ubiratan Rios

Na edição de 2018, o cervejeiro poderá encontrar os tradicionais estilos da HausBier, como Pilsen, Lager e Schwarzbier, além da criação mais recente: o chopp American Lager. Paralelamente à esta oferta, outras cervejarias locais também disponibilizarão seus rótulos no evento, dentre elas a NaTora HmB, Maribondo Sam, Quimera, Vale Brewer, e Number´s Beer. Para harmonização, opções regionais e outros pratos recentemente inaugurados no cardápio da casa. “O evento proporcionou uma inovação na cena cervejeira do Vale do São Francisco, trazendo desde 2015 sabores e aromas tradicionais de uma festa alemã para a região. Além disso, ajudamos também no crescimento das cervejarias artesanais locais, que irão oferecer suas cervejas no evento”, disse o cervejeiro da HausBier Ubiratan Rios.

Chopp American Lager: Criação mais recente da Hausbier. Foto: Luiz Adolfo Andrade.

O cervejeiro da Maribondo Sam, Felipe Zoby, destacou que este tipo de evento incentiva o consumo e a produção de cerveja no Vale do São Francisco. “A Oktober Fest só tem a engrandecer o nosso sertão, pois traz para público novos estilos de cerveja ainda pouco difundidos aqui no Vale, ao mesmo tempo em que propaga a tão cultuada festa alemã, regada com bastante comida típica e muita cerveja artesanal”, afirmou. Zoby também enfatizou a parceria de outras cervejarias locais com a HausBier: “A HausBier sempre se manteve parceira e atenta aos anseios dos cervejeiros caseiros, incentivando nossa produção e nos apoiando nesses eventos”. A Maribondo Sam tem um ano de fundação e irá debutar no Oktober Fest 2018 com as cervejas Maribondo American Pale Ale e a Maribondo American India Pale Ale. Outras cervejarias locais, que já foram pauta no Lupulado, também irão participar; é o caso da NaTora HmB, com torneiras da Demônia (Brown IPA) e da Chacrett (Witbier) e da Quimera, trazendo a Camaleoa (APA) e Beer o’ Clock (ESB).

Projeto dos palcos para as atrações do Oktober Fest 2018. Fonte Ubiratan Rios.

A quarta edição do Okctober Fest da HausBier começa às 13 h do próximo sábado (20/10) e se estende até o domingo (21/10). A entrada é gratuita com cobrança de couvert destinada aos artistas da região que irão de apresentar (confira a programação aqui). O publico poderá comprar as cervejas através de fichas vendidas no evento, além de poder adquirir também o copo personalizado. A infraestrutura que está sendo montada na microcervejaria HausBier foi projetada para criar um ambiente agradável e diversificado com stands para as cervejarias, palco para shows, sofás, parque infantil e espaço gourmet.

Como ficará o espaço na HausBier durante o Oktober Fest 2018. Fonte: Ubiratan Rios.

De frente para Frankenstein

A Cerveja do Mês de outubro escolhida pelo Lupulado é a Frankenstein, uma special bitter com erva mate e camomila que carrega em si características interessantes para climas quentes como o do Vale do São Francisco. Elaborada no início deste ano, a receita é criação da Quimera, cervejaria caseira localizada em Petrolina – PE. O cervejeiro da Quimera , Tiago Oliveira, contou que o processo de criação da Frankenstein partiu de um acontecimento inusitado: “Sem querer, um colega cervejeiro moeu de uma vez só os maltes pedidos para duas receitas diferentes. Como não teria o que fazer com estes insumos, ele os ofereceu em nosso network para quem quisesse aproveitar e eu aceitei. No momento em que parei para analisar o material, percebi que eram maltes de receitas bem discrepantes. Assim, precisei pensar numa solução para casar esses maltes misturados em uma receita que fizesse sentido; em seguida, adicionei maltes de finalização para arredondar o sabor, completando com leveduras e lúpulos ingleses”, disse Tiago, justificando que esta é a razão para o nome “Frankenstein”. Semelhante ao personagem icônico da ficção científica, a cerveja surgiu de maneira totalmente experimental, envolvendo aproveitamento de insumos pré-estabelecidos aleatoriamente, por acidente, somado à aplicação de conceitos e ajustes de acordo com as convicções do cervejeiro durante a brassagem.

Tiago revelou alguns dilemas encontrados ao longo do processo de criação da Frankenstein: “O grande desafio foi fazer uma previsão da quantidade de amargor que o mate iria adicionar, para poder compensar nos lúpulos. O cuidado principal não foi nem pela camomila, mas por conta do mate, que costuma dar amargor. Existem receitas, por exemplo, que utilizam mate e outras ervas como forma de aumentar o amargor. A camomila foi mais sutil; porém eu precisei reduzir no amargor dos lúpulos para que o mate, quando entrasse na mistura, não ficasse amargo demais para quantidade de malte que tinha no material que aproveitamos.

Analisando a criação

O primeiro contato do Lupulado com a Frankenstein aconteceu no Encontro de Cervejeiros do Vale do São Francisco, realizado em 28 de julho deste ano em Petrolina – veja cobertura do evento no Lupulado. Na ocasião, experimentamos a cerveja em barril através das torneiras no stand da Quimera. Nesta semana, realizamos análise sensorial provando a cerva engarrafada. Esta versão da Frankeinstein possui corpo levemente opaco e sem resíduos, com 38 de IBU e 4,9% de ABV (a embarrilhada que foi servida no Festival de Julho apresentou 4,5%). Bela coloração puxada para o âmbar, que remete à outras bebidas com as mesmas ervas usadas na cerveja, como chá gelado de mate e o chá de camomila.

A espuma branca se forma gradativamente através bolhas finas, criando colarinho de tamanho médio que que retém satisfatoriamente um aroma bem distribuído entre erva mate e camomila. O paladar também é bastante equilibrado, combinando gosto mais suave ao amargor médio típico das cervejas estilo special bitter, apresentando notas bem perceptíveis que carregam a essência levemente doce da erva mate e da camomila. Segundo Tiago Oliveira, a ideia de acrescentar mate à mistura surgiu como forma de “abrasileirar” a receita. “A gente buscou o que poderia usar de ingrediente extra para deixar a cerveja ainda mais diversa; já tínhamos lúpulos ingleses, alguns americanos, aí acabamos adicionando uma característica nossa. O resultado ficou como nós planejamos: Uma cerveja extremamente refrescante cujo gosto lembra as bebidas com erva mate, como o Tereré do sul do país e os mates gelados do Rio de Janeiro.

Para efeito de comparação entre a Frankenstein na torneira e a engarrafada, a versão experimentada no encontro em julho apresentou um corpo mais claro, carbonatação mais baixa e maior presença no paladar da erva mate do que a camomila. Tiago explicou: “Eu acho que mudou mesmo um pouco na carbonatação. A cerveja de barril, com carbonatação forçada, fica mais aveludada, mais cremosa. Forma-se assim uma espuma mais grossa, que retém mais aroma. Na versão de barril, o aroma vem disfarçado embaixo da espuma. Na hora de engolir, talvez essa discrepância entre sabor e aroma fique mais perceptível; isto justifica o  sabor do mate ser sentido somente no final do gole, porque o aroma estava presente, porém encoberto na espuma. Fora isso, fizemos um pequeno ajuste diminuindo a quantidade do mate na receita original, a partir do feedback no Festival em junho; na segunda leva, usamos um pouco menos de mate para produzir a mesma cerveja”. O resultado final, tanto na garrafa quanto na torneira, revelou uma cerveja com baixo teor alcoólico, saborosa e bem refrescante, ideal para regiões de clima quente.

Stand da Quimera com torneira da Frankenstein,no Encontro de Cervejeiros do Vale do São Francisco.

Como sugestão para harmonização, Tiago recomendou aquilo que geralmente combina com cervejas estilo bitter: carnes assadas e comidas bem temperadas como as culinárias árabe e turca, além pratos com kebab e coelho. Inicialmente, na época do festival, a Frankenstein foi pensada para ser tiragem única. “Mas isto foi o pensamento inicial. Em seguida, produzi outra tiragem em garrafas, das quais eu ainda tenho algumas unidades para oferecer. Se houver demanda, obviamente eu posso replicar a receita e produzir algumas cervejas sob encomenda”, finalizou Tiago.

Texto e fotos: Luiz Adolfo Andrade

Fábrica da Doutorado do Chopp abre portas e torneiras

Em 2012, um grupo de amigos apreciadores de bons rótulos começou a pesquisar sobre como produzir cerveja de forma artesanal no Vale do São Francisco. O hobby foi conquistando mais adeptos até que nasceu uma confraria chamada Doutorado do Chopp. A partir a divulgação feita por familiares e conhecidos, vieram os pedidos para comercialização e com isso a necessidade de criar uma microcervejaria. “No começo éramos um grupo de amigos, todos médicos, daí surgiu o nome Doutorado do Chopp. Com o tempo, alguns membros entraram e outros saíram. Atualmente somos em cinco, três médicos e dois engenheiros”, conta Lúcyo Diniz, um dos sócios.

Os cervejeiros da Doutorado do Chopp (da esq. para dir.): Danilo, Marcelo, Rodrigo, Igor e Lúcyo.

Nesta semana, a Doutorado do Chopp deu mais um passo importante em sua trajetória. A microcervejaria, que até então só comercializava cerveja por meio de delivery ou vendas em pontos específicos, abriu as portas da sua fábrica em Petrolina (PE) para os apreciadores de cerveja artesanal experimentarem seus rótulos direto na fonte. Ainda de acordo com Diniz, a ideia deste evento foi um meio de chamar a atenção dos consumidores da região, deixando a marca ainda mais visível. O cervejeiro revelou também que, futuramente, o objetivo é que o lugar funcione como um food park nos finais de semana.

Público presente ao evento de inauguração da Doutorado do Chopp.

A microcervejaria dispõe de capacidade para produção de 1.500 litros. No evento de abertura, o serviço funcionou como uma espécie de “rodízio de cerveja”. Pagando valor individual, os clientes receberam uma caneca personalizada para experimentar à vontade os quatro estilos produzidos pela Doutorado do Chopp – Weiss, Session, APA e IPA. Aproximadamente 200 pessoas compareceram à inauguração da fábrica, consumindo cerca de 300 litros de cerveja distribuídos igualmente entre os estilos.

Outro panorama do público no evento de inauguração da Doutorado do Chopp.

Segundo outro cervejeiro da Doutorado do Chopp, Igor Silani, os dois primeiros estilos (weiss e session) são mais convencionais e buscam atrair o consumidor que está acostumado com a cerveja mainstreaming do mercado; já os estilos APA e IPA são voltados para o consumidor mais seleto e exigente. “Estes rótulos são mais lupulados e aromáticos, são as grandes apostas da casa”, concluiu Silani.

Instalações da microcervejaria Doutorado do Chopp

Os presentes aprovaram a iniciativa da Doutorado do Chopp. Para a engenheira ambiental Luise Chiochetta, a cidade precisava de um ambiente diferenciado. “Não é um espaço muito grande o que resulta em algo bem intimista e pela qualidade da cerveja eu acredito que será um grande sucesso”, disse.

De acordo com a universitária Tatiane Schmidt, o sistema de torneiras abertas funcionou perfeitamente e os colaboradores trataram muito bem os clientes enquanto serviam as cervejas; o ambiente ficou bastante agradável sobretudo pelo nível do som e da localização. “Experimentei os rótulos APA e IPA, que estavam impecáveis em aroma e sabor; a caneca personalizada foi um diferencial”, finalizou Tatiane.

Caneca do evento com a Doctor IPA, carro chefe da Doutorado do Chopp. Foto: Luiz Adolfo Andrade.

A microcevejaria Doutorado do Chopp funciona na Av. da Integração, 1554, em Petrolina, Pernambuco. Depois do sucesso na inauguração da fábrica, os cervejeiros estão pensando em quais dias o espaço vai funcionar para degustação. Existe também o desejo pela manutenção do sistema de “torneiras abertas” pelo menos uma vez na semana.

*Texto e fotos: Nina Dourado.

**Edição e fotos: Luiz Adolfo Andrade.

Cerveja do mês: Demônia

A seção “Cerveja do Mês” de agosto traz um rótulo original do Vale do São Francisco: a Demônia. Desenvolvida pela cervejaria NaTora HmB, esta cerveja carrega em si doses de pioneirismo e uma história um tanto inusitada. No mês maio de 2016, em uma das brassagens da Assum Preto, uma Black IPA da NaTora HmB, quando foram proceder à etapa de engarrafamento, os cervejeiros perceberam que algo diferente tinha ocorrido: O líquido havia ficado na cor marrom, em vez da conhecida coloração preta da Assum. “A gente ficou meio sem saber o que fazer pois o resultado final tinha ficado bacana, com as mesmas características que ela tem hoje. Foi então que decidimos mudar o nome; reunimos um grupo de amigos para testa-la e um deles sugeriu chamar a cerveja de ‘Demônia’, em referência ao seu sabor mais forte. E assim ela surgiu: em virtude de um erro na receita, chegamos a um resultado com ótima drinkability”, explicou Maria Cecília Vasconcellos, engenheira agrônoma e cervejeira na NaTora HmB. “Depois a gente investigou e constatou que uma das lojas onde compramos os insumos tinha enviado o malte errado, que originalmente era para dar a coloração preta típica da Assum”, justificou.

Em 2017, depois de aperfeiçoar a receita da Demônia, a NaTora HmB obteve o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A cerveja tornou-se a primeira da região a ter este tipo de credencial. Isto permite que a Demônia possa ser comercializada em qualquer estabelecimento do Brasil. “Este registro abriu muitas portas para a gente…espero que sirva de incentivo para outros cervejeiros artesanais buscarem a formalidade, pois o alcance do produto passa a ser muito maior”, argumentou Cecília.

Ao analisar as características da Demônia, os cervejeiros da NaTora perceberam que a cerveja era compatível com a classificação “Brown Ipa”, segundo a última atualização do BJCP de 2015. “O estilo Brown IPA surgiu de uma variação das Brown Ale, porém mais lupulada. Para nossa sorte, a gente percebeu que a Demônia se encaixava nesta classificação, que é oficial. Portanto, a gente não perdeu a receita e o erro se transformou em regra; a Demônia passou a ser a nossa cerveja mais solicitada e a gente não fez mais a Assum Preto”, complementou Cecília.

Evocando a Demônia

Nota-se que a Demônia é uma cerveja bem equilibrada desde o momento de servir. Seu corpo apresenta tonalidade escura e opaca, formando-se lentamente através de bolhas finas que se incorporam à espuma de cor cremosa. O aroma, que possui certa persistência, me parece uma sinergia entre o adocicado (caramelo) e o torrado, com uma puxada maior para o primeiro, provavelmente em função da combinação de maltes. O gosto amargo (70 IBU) e teor alcóolico de 7,5 % me fizeram pensar na Demônia como a cerveja ideal para encerrar uma sequência ou harmonização. O retro-gosto provoca bom amargor, fazendo seu aroma permanecer por alguns instantes mesmo após terminar a garrafa.

Via de regra, recomenda-se harmonizar uma Brown IPA como a Demônia com uma carne apimentada, hambúrguer ou petisco picante. Entretanto, Cecília sugere outras harmonizações da sua cerveja com kafta e com carneiro, que é uma carne regional e de mais personalidade. Outra dica da cervejeira é harmonizar a Demônia com alguma sobremesa, por exemplo um sorvete de creme.

A cerveja Demônia pode ser encontrada com facilidade no Vale do São Francisco em lojas especializadas como Empório Saint Anthony (Petrolina) e Top Distribuidora (Juazeiro).