Tradicional evento cervejeiro acontece na versão “pocket”

Consolidado como principal evento de cervejas artesanais do estado da Bahia, a Pilsner Fest investe em uma nova proposta: Pilsner Pocket. Esta edição irá acontecer no próximo sábado (15/04) a partir das 16h na Casa Rosa, situada no bairro Rio Vermelho, em Salvador. “Além de trazer um conceito diferenciado e uma experiência única, desta vez, a opção por um espaço fechado se deu em função das chuvas que ocorrem constantemente no mês de abril; assim, a Pilsner Pocket irá acontecer em um local ‘à prova de chuvas’”, disse um dos organizadores do evento, Alessandro Canella. Vale recordar que as edições do Pilsner Fest ocorreram na AABB, um local predominantemente aberto. “O termo ‘pocket’ faz referência a um pacote, que é exatamente o que queremos oferecer: um ambiente exclusivo e aconchegante, com cervejarias especiais, atrações musicais e gastronômicas para garantir a satisfação de todos os participantes. O Pilsner Pocket foi criado pensando em levar o melhor do nosso evento para todas e  todos, incluindo pessoas que moram na região do Rio Vermelho e que ainda não tiveram a oportunidade de participar das edições anteriores na AABB”, complementou Canella.

Alessandro Canella

Outro aspecto inédito da Pilsner Pocket, frente as edições anteriores da Pilsner Fest, é a disponibilidade de algumas máquinas de automação de chopp da empresa baiana de tecnologia AI.CERV. Além desta novidade, a Pilsner Pocket contará com quatro atrações musicais no melhor estilo “tributo”, tocando covers de Ed Sheeran, Pink Floyd, Coldplay e Red Hot Chili Peppers, ao lado das melhores cervejarias artesanais da Bahia. Tudo isto harmonizado com opções gastronômicas de primeira qualidade. Ingressos para a Pilsner Pocket, com desconto especial para os leitores do Blog Lupulado, podem ser encontrados aqui.

Adeus ano velho: Meu top-10 de cervejas em 2021

Ao final de cada ano, como de praxe, publico aqui no Blog Lupulado uma lista com as dez melhores cervejas que provei nos últimos 12 meses. Um dos critérios de escolha permanece imperativo: O rótulo pode até ter sido lançado em outro período, mas a minha primeira degustação deve ter acontecido no ano em questão (confira outros critérios de 2020, que segui para eleição em 2021) . No meu ponto de vista, o ano de 2021 foi pior que 2020 em face do agravamento da Pandemia da Covid-19 e do negacionismo de parte dos nossos governantes. Por exemplo, a partir de março do ano passado os números de casos e mortes causados pela doença aumentaram vertiginosamente, chegando à picos de 5 mil mortes diárias no Brasil. O resultado foi aumentar o isolamento social em 2021. Na prática só voltei a circular pela cidade a partir de agosto do ano passado, quando tomei a segunda dose da vacina. Em setembro fiz minha primeira viagem depois de meses. Os bares foram obrigados novamente a suspender suas atividades presenciais de março a junho de 2020 e os eventos de cerveja artesanal em Salvador só foram retomados a partir de dezembro passado.

No Mercy: Colab entre Dogma e Spartacus, para mim a melhor cerveja que provei em 2021.

Portanto, da mesma forma que em 2020, no ano passado eu bebi predominantemente em casa, usando os serviços de delivery dos PDVs. Eu acabei também bebendo mais: Segundo meu relatório anual do untapdd, foram 1460 check-ins em 2021. Por outro lado, variei pouco nos estilos e provei menos rótulos, uma vez que o consumo por growlers e latas não ajuda muito neste processo, ao contrário das torneiras, bootle- sharing (BS) e tasting menu, formas que tradicionalmente prefiro consumir cerveja artesanal nos bares e tap room.  Na minha lista de preferências em 2021, aparecem mais rótulos com lúpulos que resenhei recentemente aqui no Blog, como o Strata e o Zappa. Entretanto, preciso destacar outras strains que me agradaram bastante em 2021 e que eu não me recordava de ter experimentado em outros anos, como Talus, Lotus e Denali. A seguir, apresento minha lista dos 10 melhores rótulos que provei em 2021.

Ippadicted: Outra grande cerveja de 2021, que no rótulo estampa o rosto do blogueireiro referenciado nesta colar.

Começo destacando duas cervejas colaborativas da Dogma (São Paulo-SP). A primeira delas é a No Mercy, uma Double Hazy IPA feita em colab com a Cervejaria Spartacus (Juiz de Fora-MG), que apresenta perfil cítrico e resinoso, com um retrogosto sensacional de morango, utilizando um blend dos lúpulos Strata, Idaho Gem, El Dorado e Mosaic. A segunda é a Hazy IPA Ipaddicted, feita pela Dogma em colab com a cervejaria francesa La Superbe em referência ao blogueiro homônimo à cerveja. Traz um blend dos lúpulos Mosaic, Strata e Zappa, resultando em um perfil cítrico, com o dank do segundo lúpulo bem combinado às notas herbais do terceiro.

Com a Juicy IPA Breeze Blocks, cervejaria Everbrew (Santos-SP) apresenta um trabalho interessante combinando os lúpulos Strata e Nelson Sauvin, que proporciona um corpo sedoso e perfil dank, com notas de maracujá, pêra e uvas. Outra cerveja que se destacou no meu paladar em 2021 foi o Single Hop de Zappa da série Hop Attack, da cervejaria Satélite (São Paulo – SP).

Seguindo nesta linha de cervejas lupuladas, a cervejaria Tábuas (Campinas-SP) lançou a New England IPA Pétala, com um blend dos lúpulos Strata e Bravo, proporcionando um corpo aveludado com notas marcantes de maracujá e morango.

A cervejaria Spartacus (Juiz de Fora – MG) também nos brindou com a belíssima Hope, uma cerveja de visual turvo com muito maracujá e abacaxi no aroma e no sabor, fruto de combinação dos lúpulos Citra e Galaxy. O nome deste rótulo, por sua vez, estimula minha crença de que dias melhores virão em 2022.

Os rótulos das cervejarias baianas também marcam presença na minha lista de melhores de 2021. O grande destaque, para mim, foi a West Coast IPA Boonville, da cervejaria 3 Barcaças (Ilhéus-BA); uma WC bem raiz, cítrica e sequinha, com teor alcoólico moderado.

Outra cerveja que teve destaque no meu ano foi a NE APA da MinduBier (Salvador-BA), feita com os lúpulos Zappa, Comet e Centennial de Moxee, que integrou o projeto Brewing Love Project (confira a resenha dela aqui).

Um dos meus destaques de 2021 veio do exterior: Urban Fog, uma Hazy IPA colaborativa entre as cervejarias Mikkeller (Dinamarca) e Brewdog (Escócia), que proporciona notas frutadas bem marcantes, especialmente de toranja.

Por fim, já no apagar das luzes, nos últimos dias de dezembro eu provei The World is Changing, da Carioca Brewing (Rio de Janeiro-RJ), que definitivamente ganhou seu lugar fechando meu Top-10 de 2021. Uma NE IPA com blend dos lúpulos Strata, Lótus e Denale, que proporciona um perfil frutado, com presença marcante de morango e amargor bem agradável.

Este foi meu Top-10 de 2021! Como já disse, foi uma escolha difícil! Quais cervejas você incluiria nesta lista? Que o ano de 2022 seja melhor para todos nós!

A Hora do Strata: Saiba mais sobre o lúpulo que se tornou um dos mais apreciados no Brasil

#diáriodaquarentena

Faz um certo tempo que venho trabalhando na análise do lúpulo que mais me impressionou nos últimos meses: o Strata. Este insumo foi desenvolvido no estado americano de Oregon pela Indie Hops, em parceria com a Universidade do Estado de Oregon (Oregon State University – OSU). De modo geral, Strata é uma terminologia em inglês que faz referência às múltiplas camadas que podemos perceber em alguma coisa; na Geologia, por exemplo, refere-se à camada ou séries de camadas encontradas em uma rocha no solo; na Sociologia, serve para definir as castas ou níveis sociais (social strata). Na cultura cervejeira, o nome Strata foi introduzido para vislumbrar as camadas de aroma e sabor que a complexibilidade deste lúpulo pode criar.

Single Hop com Strata da cervejaria 4 Árvores.

Para escrever este post, em meio ao isolamento social provocado pela pandemia da COVID-19, passei cerca de 9 meses provando e estudando cervejas feitas com Strata. Em março de 2021, realizei uma entrevista com um dos fundadores da Indie Hops, Jim Sollberg, que me revelou outras particularidades deste lúpulo, além de algumas novidades para o Brasil. Foi impossível listar todos os rótulos com Strata que experimentei até o momento; a seguir, destaco algumas destas cervejas, intercaladas com depoimentos dados com exclusividade por Jim Solberg ao Blog Lupulado.

Da esquerda para direita: Jim Solberg, Roger Worthington e Matt Sage, da IndieHops. Criadores do lúpulo Strata. Fonte: IndieHops

Da origem ao lançamento: um hiato de quase dez anos

O surgimento do Strata remonta a 2009. Porém, este lúpulo só chegou ao mercado no final de 2018. No Brasil, a primeira cerveja que provei com Strata foi a Dank Therapy, da cervejaria Bold Brewing, em junho de 2020. Por que tanto tempo se passou entre a primeira safra do lúpulo e seu lançamento oficial?

Dank Therapy, da Bold Brewing: Juicy IPA com blend de Strata, Simcoe, Chinook e Columbus.

“A primeira safra do Strata foi de fato em 2009. Por causa de muitas temporadas que um lúpulo leva para se estabelecer, não tivemos outra colheita até 2012, quando começamos a avaliar o perfil da cerveja e o potencial de mercado do Strata. O resultado positivo foi imediato. Então avançamos para estágios que foram realizados nos viveiros em duas das nossas principais fazendas; isto significa que efetivamente plantamos nestes viveiros em 2013. Como em Oregon não temos colheita no mesmo ano do plantio, então só podemos colher nestes viveiros em 2014. Porém, esta colheita  nos deu lúpulos suficientes para fazer ‘brassagens piloto´ com alguns clientes, durante a primavera e o verão de 2014/15, que causaram novamente uma boa impressão sobre o potencial do Strata. Então decidimos ir logo para o último teste comercial: Plantamos em pequenos campos, que produziram a quantidade necessária de lúpulo para ser processada por nossas maquinas de colheita e secagem em larga escala, além do nosso próprio pellet mill. Plantamos em 2015 para colher em 2016. Isto foi suficiente para vendermos no mercado como uma espécie de ‘teste comercial’; novamente, o feedback foi altamente positivo, então nós decidimos plantar em campos comerciais com cerca de 80 acres, em 2017, e a nossa primeira colheita comercial foi em 2018”, explicou Jim. “O lançamento oficial do Strata foi durante o outono de 2018. O processo leva muito tempo, com certeza, mas é importante avaliar minuciosamente os lúpulos novos para entender suas características sensoriais e peculiaridades do seu cultivo ”, complementou.

Fragments of Time, da cervejaria Dogma: Juicy Double IPA com blend de Citra, Mosaic e Strata

A origem do Strata é bem inusitada. Jim revelou que tudo começou acidentalmente em um pequeno campo de plantação na Universidade do Estado de Oregon. “O Strata é fruto da combinação do lúpulo alemão Perle (mãe) e um pai que ainda desconhecemos. Nós costumamos trabalhar em parceria com Universidade do Estado de Oregon para realizar parte dos processos de criação e reprodução de plantas em nosso programa de desenvolvimento de lúpulo. Em 2009, havia um pequeno campo na OSU, que era usado para pesquisas com o lúpulo Perle. O nosso profissional responsável pela parte de melhoramento de plantas, Shaun Townsend, resolveu colher sementes de Perle abertas naquele campo, que haviam sido polinizadas, para cultiva-las e ver o que poderia ser obtido (neste caso, eles conseguiram obter o Strata). Naquele campo na OSU, existem muitas plantas “macho” experimentais e atualmente nós estamos realizando testes genéticos para saber qual delas polinizou o Strata; por enquanto, dizemos apenas que “foi o cara que chegou primeiro”, explicou o bem-humorado Jim.

Stratify, Juicy IPA Single Hop da cervejaria Croma.

Características sensoriais

Depois da primeira prova, percebi que outras cervejarias do Brasil começaram a utilizar o Strata nas suas brassagens, seja em um blend com outros lúpulos, a exemplo da já citada Dank Therapy e da Fragments of Time (cervejaria Dogma), ou em cervejas single hop, como a Stratify, da Croma, e a Strata, da cervejaria 4 Árvores. Dentre as principais características sensoriais do Strata, na minha experiência sobressaiu o aroma proeminente de frutas cítricas, especialmente maracujá, e o intenso perfil dank; evidentemente, a depender do estilo e de adjuntos utilizados na produção da cerveja, estes aspectos podem variar em maior ou menor grau. Para Jim Solberg, os principais aspectos sensoriais do Strata são “ uma deliciosa combinação de aromas e sabores frutados, que resultam nestas notas de maracujá que você percebeu, mas também inserem algo interessante de morango, combinados ao aroma doce e frutado de cannabis. Um de nossos clientes chama isto de rock concert cannabis, nós achamos uma ótima descrição! Serve bem para combinar o perfil frutado ao final limpo proporcionado no paladar. Isto é tão importante quanto o aspecto suave desses aromas e sabores do lúpulo. Eu acho que este é um fator um pouco oculto, mas quando você tem sabores e aromas que são mais suaves, em vez de intensos, você consegue algo que as pessoas definitivamente amam”.

Ostara da 4 Árvores: Uma American Pale Ale com os lúpulos Bravo e Strata.

Disponibilidade no Brasil e próximos lançamentos

Durante a nossa conversa, Jim falou também sobre a aceitação e distribuição do lúpulo Strata no Brasil. “Estamos muito felizes em saber que Strata foi bem recebido no Brasil, não somente porque isto expande nossos negócios, mas porque mostra que a cultura da cerveja artesanal está viva e funcionando no Brasil, e também se espalhando pelo mundo. Para atingir estes mercados em crescimento, nós da Indie Hops trabalhamos com distribuidores locais, que conhecem cada contexto e assim tornam-se aptos a representar da melhor maneira a qualidade dos nossos lúpulos, como o Strata”.

Double Vulture #1 da Cervejaria Abutres: Double NE IPA com blend de Strata, Bravo Gem e Amarillo

A empresa responsável pela distribuição do Strata no Brasil é HopsCompanyEu conversei com um dos sócios, Thiago Galbeno, que me explicou um pouco mais sobre a disponibilidade do Strata por aqui. “Selecionamos os lotes de Strata em conjunto com a Indie Hops, buscando sempre os lotes de maior destaque sensorial. O lúpulo viaja dos EUA até o Brasil em cadeia refrigerada. Por aqui, comercializamos o Strata nas embalagens originais de 5kg da Indie Hops. Enviamos para todo o  Brasil. Temos uma opção de frete aéreo que o cliente pode receber o produto em cerca de 2 horas, a depender do estado”, disse Galbeno.

Thiago Galbeno (esq.) e Eugênio Pretto da HopsCompany. Fonte: Thiago Galbeno

Para saber sobre como adquirir o lúpulo Srata, interessados/as podem contactar Thiago através do email vendas@hopscompany.com ou pelo WhatsApp 51 92000-9247. “No dia 18/03 chegou um lote novinho de Strata direto da IndieHops. Não vendemos apenas os lúpulos, o nosso serviço inclui também assistência para nossa clientela, explicando coisas, dirimindo dúvidas etc.”, complemento Galbeno, que foi cervejeiro na Cervejaria Perro Libre.

Abusto, NE IPA da Cervejaria Tábuas com os lúpulos Strata, Citra, Mosaic e Centennial.

Entretanto, ao acessar a lista de clientes de Strata no site da Hops Company, percebi que não constam cervejarias baianas na relação, isto é, ainda não existem rótulos da Bahia feitos com lúpulo Strata. Porém, o Blog lupulado apurou que cervejaria MinduBier assinou contrato com a HopsCompany para aquisição do Strata. “É verdade. Fechamos contrato com eles para fornecimento do Strata e outros lúpulos bem bacanas da fazenda dos EUA. Acredito que ainda neste ano lançaremos alguma novidade”, confirmou o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins.

Crystal Sequence, da Infected Brewing: blend de Strata, Comet e Columbus.

Para finalizar, Jim Solberg revelou informações sobre o próximos lançamentos da IndieHops. “O Strata estará disponível para as cervejarias por muitos anos. Desenvolver lúpulos de forma profissional é caro e leva tempo, então nós somente lançamos novos lúpulos no mercado quando estamos certos de que eles terão boa aceitação e longa vida comercial. Nós temos lúpulos novos em nossa linha de desenvolvimento atualmente. Lançaremos em breve um lúpulo que estamos chamando de IH033. Este lupulo foi criado especialmente para alimentar o mercado de cervejas lager. Trata-se um de lúpulo genuíno para o estilo, com baixo alfa-acido, bem “clean” para deixar sobressair aromas e sabores da fermentação e do malte, para então finalizar a cerveja com características frutadas e florais do lúpulo, como lascas de limão, grama seca e flores silvestres. O IH033 traz ainda um toque sutil de canela picante no final, que limpa o paladar e convida para mais um gole. Muitas cervejas interessantes utilizam este lúpulo, que deixa o amargor próximo do 20 IBUs e a lupulagem pode ocorrer no whirlpool e no dry hopping. Continua nobre e clássico como os Bavarian lager hops, mas a caraterística spicy/grassy é reduzida e realocada com mais frutado e floral. Nosso parceiro HopsCompany terá este lúpulo em breve para introduzi-lo no Brasil”, concluiu Jim. Algumas cervejas brasileiras feitas com Strata podem ser encontradas nas lojas especializadas de Salvador, como Vitrine da Cerveja, Kombita, Cerveja Salvador, Chopp Shopp, dentre outras.

EverDank, da Cervejaria Everbrew.

 

 

 

 

 

Cervejaria Baiana realiza experiência sensorial com terpenos


#diáriodaquarentena

Um dos meus passatempos preferidos durante o árduo período de isolamento social provocado pela Covid19 consiste na busca por novas experiências sensoriais ligadas à cerveja artesanal. Na última semana, a cervejaria MinduBier promoveu a MinduBier Terpene Experience, uma degustação ajustada para ser feita em casa. A proposta foi combinar Terpenos específicos à uma cerveja escolhida como “base” para a experiência, que foi realizada da seguinte maneira: A MinduBier ofereceu três rótulos para base – MinduStart (lager), MinduIPA (IPA) e CocoBerry (sour) – e disponibilizou um conjunto de 11 Terpenos; uma vez definidos a base e seu respectivo Terpeno, a mistura era preparada e envasada em garrafas de 500ml, que eram entregues em domicílio.

 

Mas…o que são Terpenos?

Terpenos são óleos que produzem os aromas nas plantas – sim, todas as plantam possuem seus Terpenos! Estes aromas possuem funções importantes para as plantas, servindo tanto para afugentar pragas quanto para atrair insetos, que ajudam nos processos de polinização. Neste escopo, podemos afirmar que os Terpenos figuram como uma das características pelas quais concebemos as plantas como seres vivos.

A degustação proporcionada  pela Mindu utilizou Terpenos com perfil canábico; muita gente que acredita que a cannabis é próxima dos lúpulos utilizados nas brassagens, embora do ponto de vista biológico não sejam tão semelhantes assim. Porém, tanto lúpulo quanto cannabis  possuem características similares em termos físicos e químicos, que se tornam mais percepitiveis quando são combinadas , proporcionando experiências sensoriais bem agradáveis (confira uma explicação mais detalhada aqui).

Gustavo Martins, cervejeiro da MinduBier e idealizador do projeto da Terpene Experience, com Terpeno OG Kush e a MinduIPA. (Fonte: Arquivo MinduBier)

“No Brasil, por conta da legislação vigente, esses Terpenos não podem ser obtidos diretamente da cannabis; eles são extraídos de outras plantas, depois isolados para serem combinados em um blend (o chamado “perfil terpênico”), que emula as variedades canábicas existentes no mundo. Basicamente, um Terpeno pode alterar o aroma da cerveja; porém, em algumas vezes, eles modificam também o sabor, a depender do Terpeno utilizado”, disse o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins. “Inclusive, é importante destacar que os aromas da cerveja vindos do lúpulo são resultados dos Terpenos do lúpulo; daí, quando adicionamos esses blends de perfil canábico, eles se misturam aos terpenos dos lúpulos da cerveja. Já o amargor vem de outros óleos, que são os iso-alfa-ácidos e outros compostos, como beta-ácidos e humolinonas”, explicou.

Como foi minha experiência terpênica

Recebi em casa três garrafas de 500ml, cada uma contendo a cerveja MinduBier combinada a um tipo dos três Terpenos que escolhi: Jack Herrer, OG Kush e Lemon Skunk. É importante destacar que a degustação destas misturas foi intercalada com provas da MinduIPA sem adição dos Terpenos – procedimento que chamamos de “controle”. Isto permite que as alterações provocadas pela adição dos Terpenos sejam percebidas e identificadas com mais facilidade. De modo geral, a experiência foi interessante para interagir com as características sensoriais destes óleos e saber como reconhece-las em outras cervejas, que foram feitas originalmente com a adição desses Terpenos.

A MinduIPA é uma American IPA bem lupulada (dry-hop de Amarillo, Cascade, Citra, Mosaic e Galaxy), aroma floral e levemente frutado, com médio amargor (50 IBU). O primeiro dos Terpenos que provei, o Jack Herrer, aumentou o perfil cítrico da cerveja, além de adicionar notas de pinho mais perceptiveis ao lado das florais; o amargor foi mantido, porém apresentou inusitadas notas terrosas.

O segundo Terpeno foi o Lemon Skank, que apresentou perfil menos cítrico que o anterior, porém realçou as notas herbais da cerveja. Já o terceiro Terpeno, OG Kush, potencializou os traços florais e cíticos, deixando a cerveja também mais resinosa. “Sim. Este resinoso que você percebeu veio deste Terpeno”, afirmou Gustavo, que aproveitou para revelar o próximo lançamento da MinduBier: a West Kush “É uma West Coast IPA com adição do Terpeno OG Kush feita diretamente no tanque. Estará disponível agora no final de fevereiro”, finalizou Gustavo.

A Prova dos 10: Os melhores rótulos de 2020

#diariodaquarentena

O Blog Lupulado apresenta sua lista das melhores cervejas experimentadas em 2020, um ano difícil para muitas pessoas do meio cervejeiro; eventos foram cancelados, bares e restaurantes fechados, estabelecimentos comerciais operando por delivery ou retirada. Particularmente, a necessidade de me manter por meses em casa fez aumentar meu consumo de cerveja e acabei provando muitos rótulos interessantes; foi difícil escolher (apenas) os 10 melhores rótulos. Neste ano, infelizmente, tive que deixar de fora da minha lista final as cervejas feitas em HomeBrew (quero ressaltar que provei muita coisa boa de amigos e amigas que fazem cervejeira caseira);. porém,  optei por contemplar na minha lista apenas cervejas com registro, buscando estimular a profissionalização do meio e também por reconhecimento às cervejarias que correram atrás do MAPA.

É importante destacar mais critérios que foram adotados para eleger os melhores rótulos de 2020. Primeiro, considerei apenas cervejas efetivamente provadas neste ano; ela pode até ter sido concebida em 2019, 2018, ou outro ano, porém a minha primeira degustação deve ter ocorrido obrigatoriamente em 2020. Outros critérios observados são a “inovação”, isto é, os aspectos acrescentados pelo rótulo às características típicas do estilo, e “originalidade”, aquilo que pode ser considerado o diferencial da cerveja. O último aspecto considerado nesta análise é mais subjetivo, partindo do meu gosto pessoal, que envolve experiências prévias e minha preferência por determinados estilos. Cabe destacar também que lista abaixo não traduz uma espécie de ranking, ou seja, elencando da melhor à pior cerveja; meu intuito é apenas apontar os dez melhores rótulos que provei em 2020, sem qualquer tipo de ordenação entre eles.

As 10 melhores cervejas experimentadas em 2020:

Entomology (Dádiva e Quatro graus). American Oat Strong Ale com 9,5% de álcool. Espuma fina, coloração dourada e turva, por causa da adição de aveia. Notas herbais e coco no aroma; na boca um corpo alto com certa viscosidade licorosidade. Uma cerva de alta complexidade, que se destacou entre as outras que provei em 2020!

Comfort Triple Cream IPA (Quatro Graus): Experimentei logo no início do ano, em Janeiro, aqui em Salvador. Pude degustar outras vezes em minhas férias de verão e no carnaval no Rio. Confira a resenha no Blog.

Mindu Klooster (MinduBier): Belgian Tripel da cervejaria baiana MinduBier, que arrebentou no critério “inovação” ao acrescentar aromas e sabores incríveis de amendoim e paçoca. Confira a resenha no Blog.

Rainha da Cevada Preta com Hortelã (Calundu): Outra cerveja feita na Bahia, trata-se de uma Dry-Stout com alta drinkabilidade, que apresenta uma nota de menta muito bem inserida ao final do gole, tornando-a especial entre outras do estilo. Confira a resenha no Blog.

Dank Therapy, da cervejaria Bold.

Dank Theraphy (Bold): No auge do isolamento social, em meio ao fechamento de 14 dias do comércio no meu bairro em Salvador, encontrei esta cerveja maravilhosa para celebrar meu aniversário em 24 de junho; foram 5 litros degustados sozinho em casa. É uma double NE IPA com perfil Dank e notas de frutas amarelas, características proporcionadas pela inserção de um lúpulo novo, que se tornaria um dos “queridinhos” de 2020: o Strata.

Oxford, double IPA da cervejaria Proa

Moon Waves (Moondri): O IPA Day da Kombita de 2020 foi online, mas trouxe esta IPA maravilhosa do Paraná. American com amargor na medida, aromas e sabores cítricos, com notas bem originais, que remetem à casa de limão.

Oxford (Proa): Me interessei quando vi esta cerveja da Proa em um app para delivery. Ao buscar informações sobre este rótulo no Untappd, vi que era edição limitada e não estava mais em produção. Garanti logo minha prova e fui feliz: Double IPA muito fácil de beber, cremosa, seca, com notas de pinho e caramelo!

IPA Bahia da Cervejaria NordHaus, em Juazeiro-BA.

IPA Bahia (Nordhaus): Nas margens do Rio São Francisco, em Juazeiro da Bahia, funciona o brewpub desta cervejaria, que já foi pauta aqui no Blog. A IPA Bahia tem como protagonista o cacau, seguido com notas de caramelo que fazem certa referência à escola inglesa.

Yellow Cab (Croma): Juicy IPA com aroma  de frutas amarelas, especialmente maracujá e melão, com um toque de aveia. Corpo sedoso, amargor no ponto e levemente licorosa.

EverBlend (EverBrew): Esta NEIPA traz aromas e sabores compilados de três outras cervejas do mesmo estilo lançadas pela cervejaria: EverMaine, EverMass e Evermont. O resultado é um cerveja de corpo aveludado, alto amargor e aroma intenso de frutas amarelas.

 

PROSPERANDO NA PANDEMIA: REFERÊNCIA EM E-COMMERCE NA CAPITAL, CERVEJA SALVADOR INAUGURA SUA LOJA FÍSICA

#diáriodaquarentena

Uma tendência durante a pandemia da Covid19 foi o crescimento do e-commerce, visto que estabelecimentos comerciais ficaram impedidos de receber clientes para evitar aglomerações e, consequente, a transmissão do novo coronavírus. Para seguir determinações de autoridades sanitárias, bares, lojas, restaurantes etc. se viram forçados a realizar vendas online e por retirada (take way), além de implementar e/ou ampliar serviços de delivery. Curiosamente, a loja virtual de cervejas artesanais, Cerveja Salvador, seguiu sentido oposto e inaugurou nesta semana sua loja física, que fica na Av. Juracy Marques Júnior (conhecida como Rua do Canal), 504, no Rio Vermelho, na capital da Bahia.

A loja fisica Cerveja Salvador abre as portas para o público.

“Meu principal motivador para montar a loja física foi a falta de espaço que eu tinha em casa. Desde antes da pandemia eu já estava procurando um local que se encaixasse no meu orçamento para montar um centro de distribuição, mas sem ainda pensar exatamente em ser uma loja física. Eu já alimentava há algum tempo a ideia de ter um centro de distribuição, pois sempre usei o espaço de casa para meu negócio. Eu considerava que em algum momento ia precisar sair de lá para um local onde pudesse armazenar as cervejas, além de embalar e despachar as entregas, sem esquecer a atualização do site”, disse o diretor comercial da Cerveja Salvador, Alex Pires. “Muita gente também me perguntava pelo WhatsApp se eu tinha uma loja física da Cerveja Salvador; apesar de fazermos entregas grátis e às vezes até no mesmo dia, temos clientes que já disseram gostar de visitar a loja para escolher pessoalmente a cerveja, conversar e tirar duvidas sobre rótulos etc.”, complementou.

Alex Pires, gerente comercial da Loja Cerveja Salvador

“Com a Pandemia, aumentou em quase 200% o fluxo no site Cerveja Salvador, o que consequentemente fez crescer a necessidade de ter um estoque maior, tornando impraticável continuar usando meu espaço em casa. Eu já estava atrás de um local para usar como centro de distribuição e nas minhas buscas eu acabei achando este ponto, que é bem grande e com um custo menor do que outros locais com dimensões mais reduzidas. Além de instalar uma câmara fria, aqui eu poso também ter mais geladeiras e prateleiras, colocar um balcão com cadeira para clientes degustarem cervejas… isto me me motivou para criar a loja física Cerveja Salvador”, explicou Alex, que aproveitou para lembrar que os descontos e vantagens dos sócios do Clube Cerveja Salvador também valem na loja física.

Parafraseando a linguagem do futebol, podemos dizer que Alex “joga nas 11” no time da Cerveja Salvador: Ele quem seleciona e encomenda os rótulos, cuida do estoque, faz o atendimento aos clientes e até as entregas em domicílio, além de ter programado a primeira versão do site da loja. “O negócio online te da uma flexibilidade que na loja física você não tem. Eu tenho três anos de loja virtual e nunca deixei de viajar, de curtir o final de semana. O site trabalha 24 horas por dia para mim fazendo o serviço de vendas, o que me dá flexibilidade de cuidar de outras coisas da minha rotina. A minha ideia era continuar fazendo na loja o que eu fazia online, de casa,. Transferi toda minha estação de trabalho para cá, além de contratar um colaborador para me ajudar com as entregas e embalagens”, explicou Alex, que é formado em “Sistemas para Internet” e “Ciência e Tecnologia” pela UFBA.

Alex mostra a câmera fria da Loja Cerveja Salvador.

Cerveja Salvador completa três anos de funcionamento em 07 de janeiro do ano que vem. Neste mês de novembro, a loja atinge a marca de 5 mil entregas realizadas; no começo, atendendo apenas Salvador e região metropolitana; hoje, enviando para todo o Brasil. A loja física Cerveja Salvador funciona no endereço supra citado de segunda a sexta, das 9h às 18h. Na loja, clientes podem encontrar até 140 rótulos de cerca de 30 cervejarias diferentes. “No momento, estamos trabalhando apenas com garrafas e latas em horário comercial; quem sabe, no futuro, instalamos alguma torneira para servir chope também”, finalizou.

 

DE CARONA NO ALL TOGETHER: UNTAPPD E DOGFISH LANÇAM CAMPANHA MUNDIAL BASEADA EM CERVEJA COLABORATIVA

#DIARIODAQUARENTENA

O site de redes sociais Untapdd, em parceria com a cervejaria norte-americana Dogfish, lançou o projeto I Remember My First Check-In para celebrar seu décimo aniversário. Com inspiração no sucesso recente da campanha All Together, a Dogfish criou uma receita base de cervejas no estilo Sour  e compartilhou pela internet. Da mesma forma que a ação da Other Half e Stout Collective, este projeto também possui o intuito de ajudar pessoas em todo o ecossistema que gira em torno das cervejas artesanais.

A receita e o rótulo criados para campanha I Remember My First Check-In podem ser baixados gratuitamente aqui; também neste link,  seguindo a proposta da campanha All Together, as cervejarias participantes encontrarão um mapa mundi para cadastrar seu produto e a data do lançamento. Para participar, a cervejaria deve utilizar esta base para Sour e inserir o adjunto que desejar, desde que seja provido por alguma fazenda ou fornecedor situado até 100 milhas do estabelecimento. As cervejas I Remember My First Check-In devem ser estar disponíveis a partir de 18 de outubro de 2020 e o Untappd irá promover o lançamento dos rótulos através do aplicativo. Os organizadores da campanha pedem aos usuários do Untapdd que marquem os check-ins com hashtag #myfirstcheckin para facilitar identificação das cervejas. Dúvidas sobre a receita, formas de ajuda e uso do rótulo podem ser dirimidas través do e-mail help@untapdd.com

Para celebrar seu aniversário em tempos de isolamento social, o Untappd também irá promover uma festa online através do seu aplicativo; o evento será comandado pelo fundador do Untapdd, Greg Avola, no sábado 24/10, das 15 às 18 horas (horário dos EUA), com discussões de provas de cerveja, apresentações musicais etc. O Untapdd é um site de redes sociais fundado em 2010 nos Estados Unidos por Avola e Tim Mather; a ideia surgiu de conversas pelo twitter entre ambos, visando compartilhar assuntos sobre receitas de cervejas. Enquanto Avola desenvolveu o código e a plataforma do Untappd, Mather fez o design de interface. Em 2016, Avola e Mather anunciaram que o Untappd passou dos 3 milhões de usuários cadastrados. Escrever sobre o projeto I Remember My First Check-In despertou meu interesse em recordar qual foi meu primeiro check-in no Untappd – confira a cerveja e data aqui.

 

UM MANIFESTO EM FORMA DE CERVEJA

#diáriodaquarentena

A Cervejaria Heilige, de Santa Cruz do Sul – RS, lançou o kit de cervejas SadoMasoQuista para celebrar 10 anos de sua criação. Este projeto apresenta uma face inusitada com nuances de um manifesto, um estilo textual que busca relatar/alertar para problemas e situações correntes (veja o texto completo do manifesto da Heilige no final do post).

De forma criativa, a Heilige procurou elencar nos textos que compõem o manifesto parte dos problemas típicos do processo de fazer cerveja no país, como a incidência de impostos e taxas praticados no meio cervejeiro, que causam aumento de até 60% no preço final do produto, além do alto custo logístico e da burocracia; tudo isto causa desconforto em quem produz cerveja no Brasil, que passa ser concebido de forma irônica como Sadomasoquista. O kit é formado por três cervejas, que são embrulhadas em papel de seda com parte do texto do manifesto da Heilige. Cada rótulo segue um estilo diferente: a SADO é uma Brut Ipa, a MASO é Russian Imperial Stout e a QUISTA é uma Berliner Weiss. Na Bahia, este kit está disponível para Salvador e todo o estado no site Cerveja Salvador.

“Este projeto nasceu em uma manhã de domingo, em novembro de 2019, quando eu participava de um curso de Off-Flavor, em Porto Alegre, junto com um dos fundadores da Heilige, Rodrigo Yung, o cervejeiro Paulo Sarvacinski e a Aline Viecinski, que responde pelo laboratório da fábrica. Comentávamos, na ocasião, que existe muito romantismo quando se pensa em fazer cerveja, mas que por trás também existe um universo de trabalho meio que desconhecido do público. Foi quando surgiu a ideia de comemorar os 10 anos da Cervejaria Heilige para além do lançamento de uma cerveja, mas lançar um manifesto ao mercado cervejeiro. Passamos muita coisa pra chegar até aqui e sabemos que tem mais gente que passa por isto também. Foi nossa maneira de levantar a bandeira e falar ‘estamos juntos’, mesmo nestes tempos de pandemia”, explicou a Sommelière da cervejaria Heilige e uma das idealizadoras do projeto, Juliane Rosa.”A ideia é justamente causar um desafio sensorial que proporcione certa inquietação, fazendo referência aos prazeres e aos incômodos de produzir cerveja no Brasil”, complementou Juliane.

A prova das cervejas começou com um desafio: escolher a ordem dos rótulos para degustação. Normalmente, inicia-se pelo estilo mais leve, seguindo para os mais extremos; porém, a opção feita foi provar seguindo a ordem criada pelos nomes Sado+Maso+Quista. “Esta é a nossa primeira provocação: decidir a ordem para degustação.  A lógica que costumamos seguir é escolher primeiro o estilo mais leve, mas aí propomos uma ordem pelo nome do kit, que não segue esta sequencia ”, disse Juliane. “Nosso cervejeiro Paulo Sarvacinski teve total liberdade de escolha para os estilos. Como se trata de cervejas comemorativas, com edição limitada, a pessoa pode escolher à vontade a sequencia que sentiu mais vontade de fazer”, destacou a Sommelière.

SADO apresentou visual límpido, cor acobreada, espuma cremosa e carbonatação com bolhas finas que fazem referência aos espumantes, como sugere este estilo uma Brut IPA . O aroma entregou em primeiro plano a uva verde, seguidas de notas herbais e de frutas tropicais como abacaxi e maracujá  Muito refrescante, na boca apresentou baixo amargor (28 IBU), corpo médio e teor alcoólico moderado (5,3 ABV).

A MASO apresentou o tradicional visual escuro, fosco, típico do estilo Russian Imperial Stout; baixa formação de espuma e aroma com notas de coco e café torrado. Mesmo licorosa (ABV 11%), com corpo alto e moderadamente amarga (40 IBU), trata-se de uma cerveja bem fácil de beber, que trouxe para a boca notas de madeira, coco e castanha, além de retrogosto adocicado.

Por fim, a Berliner Weiss QUISTA apresentou aromas cítricos, especialmente limão, coloração amarela, espuma cremosa e alta carbonatação. Na boca, proporcionou uma experiência de corpo baixo e muita acidez, com pouco álcool (ABV 3,3%) e amargor (4 IBU).

“Em vez de 4-pack ou 6-pack, pensamos em um kit composto por três cervejas, pois a ideia era ter uma ácida, uma picante e uma extremamente carbonatada. Separadas elas são ótimas e lembram a parte boa do processo, da pessoa faz o que gosta (produzir cerveja) com dedicação e capricho. Juntas, elas impõem um desafio sensorial ao paladar, pois a soma das sensações provocadas por elas causa desconforto, isto é, o cérebro entende o resultado desta operação como uma sensação de incômodo. A proposta é realmente essa – incomodar”, finalizou Juliane.

Confira o texto do manifesto na integra, que vem escrito nas embalagens das cervejas do kit SadoMasoQuista: 

Criar uma marca do zero em qualquer seguimento no Brasil é uma tarefa árdua. As oscilações da economia no mercado brasileiro tornam a tarefa de empreender um desafio enorme.

Em 2015, por meio da pesquisa de Demografia das Empresas o IBGE apresentou que 60% das empresas com pouco mais de 5 anos fecham suas portas. Segundo o instituto das 733,6 mil empresas abertas em 2010, somente 277,2 mil – 37,8% do total sobreviveram até 2015.

Em Janeiro de 2019, o Boa Vista divulgou uma pesquisa apontando que em 2018, 96,5% das empresas do país que entraram em processo de falência eram Pequenas Empresas. Pequenas Empresas que nunca poderão ser grandes, pois acabaram antes.

O cenário da produção de cerveja no Brasil é ainda mais dramático no que concerne os desafios de crescimento. A carga tributária é responsável por até 60% do preço final do produto.
Impostos que incidem sobre a cerveja:

PIS – tabelado por litro/garrafa
Cofins – tabelado por litro/garrafa
IPI – tabelado por litro/garrafa
ICMS – percentual que varia de estado para estado
ICMS-ST (Substituição Tributária) – percentual que varia de estado para estado
Ampara – Fundo de Proteção e Amparo social do RS
IPRJ – imposto de renda para pessoas jurídicas
CSSL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

O ICMS-ST, a chamada Substituição Tributária, no preço de venda, faz com que o mesmo produto tenha tabelas diferentes para cada um dos estados aonde a empresa comercializa a cerveja. Misturando isso a um universo competitivo, em que as grandes redes tem lojas e centros de entregas em vários estados diferentes torna-se uma engenharia e tanto fazer a conta fechar positiva, e ainda permitir a venda para o consumidor.

Seja por Pauta ou Margem de Valor Agregado (MVA) o empresario tem como o maior corrente de mercado as taxas de impostos. Isso acontece pois o produtor é forçado a pagar a tributação pela cadeia inteira, muitos desses impostos são pagos antes mesmo do produto sair da fábrica, ou seja, bem antes da empresa receber pela venda.

Além do vergonhoso custo tributário, não podemos menosprezar o alto custo logístico, intensificado pelas estradas em más condições; além das inúmeras burocracias para registros e liberação de alvarás e a oscilação cambial.

Diante disso, ainda existem poucos fornecedores, custos elevados de equipamentos principalmente comparado a países como EUA e países Europeus onde o fomento dos negócios no segmento recebem uma atenção muito maior. Sem dúvida, a lista é grande.

O resumo desta história é o mesmo para quase todas as cervejarias, trocando apenas alguns personagens. Enfrentar e superar tudo isso é digno de ser chamado de Sadomasoquista, pois apenas gostando de uma dose extra de sofrimento para escolher esse mercado para investir.

É exatamente esse o nome da cerveja, ou melhor das cervejas, que a Cervejaria Heilige produz para celebrar os 10 anos, e sua trajetória de crescimento no mercado Craft. São 3 cervejas: uma ácida, uma picante e uma extremamente carbonatada. Separadas elas são ótimas, e lembram a parte boa de quem faz o que gosta com dedicação e capricho. Juntas elas são um desafio sensorial ao paladar, pois a soma das sensações provocadas pelas 3 causam desconforto. A proposta é realmente essa – Incomodar.

São dez anos de historia da Cervejaria Heilige, de luta constante para levar ao publico um produto de qualidade que justifique passar por todos esses perrengues de quem empreende no Brasil, e a Cervejaria Heilige não quer deixar passar esse momento sem levantar essa bandeira. Não tem romantismo no universo da cerveja. Tem muito esforço e tem historias para contar, e por querer seguir em frente é que esse lançamento vem para desconcertar, tirar do lugar e levantar a discussão.

Com tudo isso a Heilige fez muito nesses 10 anos! Imagina aonde nós, e todas as marcas de cerveja especial, que compõe o mercado nacional de cerveja, vamos chegar se esse cenário for melhor? Seguimos. Vida longa a cerveja especial, vida longa para todos nós para ver o que vem por ai!

ALL TOGETHER: UMA VISÃO DO BRASIL 4 MESES DEPOIS

#DiárioDaQuarentena

Um projeto que vem se destacando no meio cervejeiro durante a quarentena provocada pela Covid19 é o All Together – “Todos Juntos”, em português. Esta ação foi idealizada pela cervejaria norte-americana Other Half para ajudar profissionas que foram afetados pelo fechamento e/ou redução das atividades em bares, taprooms e demais estabelecimentos no ramo. No final de março, a Other Half compartilhou pela internet receita e rótulo da All Togther; qualquer pessoa pode baixar e fazer sua cerveja seguindo essas informações, porém deve se comprometer em reverter parte do lucro em prol de bartenders, garçonetes, garçons, sommeliers, cervejeiros/as, músicos, musicistas e demais colaboradores/as que tiveram trabalho e renda reduzidos em face da pandemia.

Apesar do reconhecido sucesso do All Together, é incerto precisar em níveis mundial e nacional quantas cervejarias efetivamente aderiram à empreitada. O site do projeto mostra em sua interface um mapa com a localização de 855 cervejarias participantes espalhadas por 53 países diferentes; 16 delas funcionam no Brasil. Entretanto, quem segue a atividade das cervejarias brasileiras sabe que existe uma discrepância entre estas informações e a oferta nacional de rótulos “All Together”. EverBrew (Santos-SP), Dogma (São Paulo), BrewLab (Rio de Janeiro) Trilha (São Paulo), e Koala San Brew (Belo Horizonte) são exemplos de cervejarias conhecidas que engajaram no projeto All Together, porém não figuram no mapa; se buscarmos por cervejarias caseiras este número tende a crescer, comprovando que é uma missão difícil contabilizar todas as participantes.

Na tentativa de dirimir esta questão, o Blog Lupulado usou a ferramenta disponível no site do projeto All Togetter para entrar em contato com os organizadores. Fomos atendidos de forma bem amável e solícita por Amy Burns, membro da Stout Collective, estúdio especializado na produção de conteúdo para cervejarias que é parceiro da Other Half neste projeto, criando o design do rótulo da All Together. “É impossível, para nós, rastrear com precisão todas as cervejarias; certamente, sempre existem outras que estão participando. Nós listamos apenas aquelas que se inscrevem através do website do nosso projeto; colocamos todas informações conforme solicitado pela cervejaria”, disse Amy. “Por outro lado, é uma noticia muito boa saber que existe esta adesão ao nosso projeto no Brasil e esperamos que esteja realmente ajudando as pessoas afetadas pela pandemia. Muito obrigada pela parceria e suporte das cervejarias brasileiras! Somos realmente agradecidos! O projeto decolou no mundo todo e isto é ótimo de ver”, complementou.

Mapa no site do projeto All Together, com a localização das cervejarias no Brasil.

No estado da Bahia, apenas a cervejaria cigana MinduBier (Salvador) aparece no mapa acima; entretanto, o Blog apurou que, além da Mindu, a cervejaria caseira HopDevils HomeBrewing (Jacobina) está com o lançamento engatilhado da sua All Together. “Nós fizemos a inscrição e o mapa da All Together já se encontra atualizado com a nossa participação. A cerveja foi envasada ontem; acredito que na semana que vem a All Together da Mindu já estará disponível”, disse o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins. Já o cervejeiro da HopDevils HomeBrewing, Pedro Dourado, revelou que sua All Together estará pronta em 20 dias.

Primeira mão: All Together da MindBier pronta para lançamento.

Provando All Together

O Blog Lupulado fez a prova de quatro cervejas nacionais All Together, que estão disponíveis em Salvador. Duas delas figuram no mapa: a produzida pela Locals, Only (São Carlos-SP) e a colab feita por Japas (São Paulo) e Narcose (Capão da Canoa-RS); já as outras duas não aparecem, lançadas respectivamente por EverBrew e Octopus (Rio de Janeiro). Especialmente no aspecto visual e aroma, fica nítido que estas cervejas são bem parecidas em função do estilo comum (NE IPA) e logicamente por partirem da mesma receita. Porém, o trabalho  seminal dos cervejeiros da Other Half dá margem para criatividade das cervejarias parceiras. “Criamos uma receita mais simples, que utiliza uma base de maltes de custo relativamente baixo e lúpulos mais disponíveis pelo mundo; na verdade são duas receitas, que podem ser utilizadas respectivamente na brassagem de cervejas West Coast IPA e New England IPA”, explicou o cervejeiro Sam Richardson, que fundou a Other Half junto dos colegas Matt Monahan e Andrew Burman, no Brooklin, Nova York, em 2014. Alguns registros que encontramos de outras All Together pelo mundo sinalizam brechas para criatividade de cervejeiros/as parceiros na hora de executar a receita, fugindo um pouco das características desses estilos; são os casos, por exemplo, da Session IPA da Lervig (Noruega) e da Imperial IPA da Modist Brewing Company (Estados Unidos), que é o segundo rotulo desta cervejaria feito dentro da proposta All Together.

Joílson, colaborador na Vitrine da Cerveja, exibe a lata da All Togerther Jappas/Narcose

A colaborativa feita pela Japas e Narcose apresenta aroma carregado de notas cítricas, com proeminência do Maracujá. Cor dourada, visual límpido, sem resíduos e boa formação de espuma. Na boca, sabor marcante do maracujá, baixo amargor (IBU N/A) e um pouco licorosa apesar do teor alcoólico não ser tão alto (ABV 6%). “A Jappas e a Narcose nos orientaram a reverter parte do valor arrecadado com a venda desta cerveja para meus colaboradores aqui da loja; é o que vamos fazer”, disse o diretor comercial da Vitrine da Cerveja, Claiton Santos.

All Together da Jappas e Narcose.

Já a All Together da Locals, Only mostra cor e formação de espuma bem semelhantes à cerveja da Japas e Narcose, porém com resíduos visíveis de aveia. O aroma também é cítrico, mas sem a proeminência do maracujá. Baixo amargor (IBU N/A), corpo macio e menos licorosidade apesar de levemente mais alcoólica que a Jappas/Narcose (ABV 6,2%). Disponível na Vitrine da Cerveja, em Salvador.

All Together da Locals, Only.

A cerveja da Everbrew traz aroma de frutas tropicais, como abacaxi e melão, espuma cremosa, cor amarela e a turbidez típica das NE IPAs. Corpo sedoso, teor alcoólico ligeiramente mais elevado que as anteriores (ABV 6,5) e amargor mais acentuado (IBU 60%); entrega uma combinação muito bem equilibrada entre suculência (juicyness) e amargor. Em sua conta no site de redes sociais Untapdd, a cervejaria EverBrew anunciou que irá reverter parte do valor arrecadado em prol dos músicos que tocam na casa. Também encontrada na Vitrine da Cerveja.

Growler com All Together da Everbrew.

Por fim, a All Together da cervejaria Octopus também apresenta no aroma o perfil cítrico, com notas de melão bem presentes e também um toque gramíneo, traduzindo uma das marcas da interferênciai novadora na receita original; este procedimento é sinalizado pela própria cervejaria Octopus. Na parte visual, apresenta espuma cremosa e a turbidez característica dos estilos NE IPA, porém mais acentuada que nos casos anteriores. Na boca, entrega notas de melão, um corpo sedoso e amargor moderado, com leves notas picantes e condimentadas, revelando mais traços da criatividade da Octopus na elaboração da sua All Together. Disponível no site Cerveja Salvador.

All Together da cervejaria Octopus.

 

QUARENTENA PRODUTIVA: CERVEJARIA MINDUBIER APRESENTA MAIS UM LANÇAMENTO EM JULHO

#diáriodaquarentena atualizado em 23/07 às 20:11

A cervejaria soteropolitana MinduBier lançou ontem a OatBurst, uma NEIPA que carrega em si característica marcante: alta carga de aveia. O próprio nome é uma síntese do inglês “Oatmeal Burst”, que em português pode ser traduzido como “explosão de aveia”.  Este é o terceiro lançamento da MinduBier em menos de um mês; poucos dias atrás, a cervejaria lançou a colab Espelho d’Água e a Klooster, uma Belgium com amendoim. Nestes dias difíceis, a cervejaria sinaliza de forma criativa que é possível prosperar durante a crise provocada pela COVID-19. “O segredo é a estratégia. O público está sedento por novidades; então passamos a focar em lançamentos, porém com lotes únicos”, destacou o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins .

A OatBurst é mais um rótulo adicionado ao portfólio de sazonais da cervejaria; diferente da MinduHaze e da MindCloudy, outras NEIPAS produzidas recentemente pela Mindu a partir da mesma base, a OatBurst seguiu outra linha. “Alterei a base de maltes. Também utilizei uma carga de aveia muito maior que a convencional, além da base com os lúpulos Citra, Mosaic e El Dorado”, disse Gustavo.

Visual turvo da OatBurst

De fato, as altas cargas de aveia e lúpulo protagonizam este lançamento da MinduBier. O aroma é extremamente cítrico e frutado, carregado de notas de maracujá e abacaxi. A cor da cerveja é bem amarelada e sem resíduos, além da turbidez típica em decorrência  da grande adição de aveia (40%). Na hora do gole, a aveia também confere à cerveja um corpo macio e sedoso, acompanhando de um amargor (40 IBU) que escamoteia seu considerável teor alcoólico  (6,6% ABV).  Frente às outras NEIPAs do portfolio da MinduBier, podemos dizer que, na boca, a OatBurst apresenta menos suculência (juicyness) porém entrega amargor mais equilibrado, além de ser um pouco mais resinosa.

“Esta receita faz parte do nosso processo de ciganagem com a cervejaria Dádiva, em Várzea Paulista – SP. O (cervejeiro da Dádiva) Victor Marinho é um parceiro importante, que nos ajuda supervisionando e fazendo adaptações na receita, o que complementa a experiência da ciganagem. Nós mandamos a receita original,  conversamos sobre detalhes sensoriais; em cima dos comentários do Victor, fechamos um piloto”, finalizou Gustavo. A parceria com a Dádiva ajuda também na distribuição da OatBurst, que está disponível em todo Brasil para entregas ou retiradas em lojas. Em Salvador (com envio para toda a Bahia), a cerveja pode ser encontrada tanto em lata quanto chopp nas lojas Cerveja Salvador, Kombita, Vitrine da Cerveja, Chopp Shopdentre outras que estão operando via delivery ou retirada; pode-se ainda pedir diretamente pelos canais de vendas da Cervejaria MinduBier (whastapp: 71 99708 9440).