Pega Visão: Itapuã, uma juicy IPA genuinamente baiana

A seção “Cerveja do Mês” do blog mudou de nome e função. A partir de agora será uma coluna com periodicidade aleatória intitulada “Pega Visão”. No bom “baianês”, “pega visão” é uma gíria que remete a “dar conselho” ou simplesmente chamar atenção de alguém para algo. Inspirada neste sentido, a coluna “Pega Visão” tem como proposta comentar e recomendar rótulos aos leitores do Lupulado.

Itapuã: corpo aveludado e cremoso

Em sua estreia, Pega Visão apresenta a cerveja Itapuã, da micro-cervejaria soteropolitana Água de Meninos. Lançada em março deste ano, a Itapuã se insere no estilo Juicy IPA, que assim como New England IPA, Vermont IPA, Hazy IPA, dentre outros, trazem amargor e turbidez como características essenciais.

A Itapuã apresentou amargor médio (IBU 36), cor clara e opaca. Boa formação de espuma, corpo aveludado e cremoso. Por sinal, a espuma cremosa e bem formada pode ficar ainda mais visível quando a cerveja é nova. O aroma da Itapuã remete à frutas cítricas e tropicais. Menos alcoólica que a maioria (ABV 5%), esta Juicy IPA traz notas marcantes de tapioca, que foi adicionada durante a etapa da fervura.

“Segundo especialistas, não há muita distinção entre esses estilos. Buscamos, com esta Juicy IPA, ampliar nossa produção, que conta também com a Amargosa (Double IPA), Ribeira (Rye IPA) e a Sertão (Ale Speciality Beer com licuri e mel de cacau)”, contou o sócio da Cervejaria Agua de Meninos, Abdon Menezes.

De acordo com Abdon, a proposta da cervejaria Água de Meninos é justamente manter a identidade baiana no seu conceito. “Foi inspirado neste sentido de pertencimento que surgiu a proposta de homenagear bairros, cidades e demais localidades na Bahia com nossos rótulos. O próprio nome Água de Meninos remete a uma localidade histórica para os soteropolitanos, com mar calmo e ideal para banho, que já abrigou uma feira famosa nos anos 1960”, revelou.

A Itapuã, que homenageia o famoso bairro de Salvador imortalizado na música de Vinícius de Moraes, e os outros rótulos da Cervejaria Água de Meninos podem ser encontrados em mais de 40 pontos de venda na capital e no interior da Bahia, incluindo Amargosa, Cruz das Almas, Cachoeira, e Feira de Santana. O contato com a cervejaria pode ser feito pelo whatsapp (71) 98793-0200.

Cerveja artesanal e solidariedade na tarde de sábado em Salvador

Acontece no próximo sábado (13) na Vitrine da Cerveja, em Salvador, a segunda edição do “Chopp Solidário”. Desta vez, o evento será em prol do Asilo São Lázaro, instituição dedicada à assistência social de idosos moradores de rua ou abandonados pelos familiares na região metropolitana da capital. “A opção por ajudar o Asilo São Lázaro foi imperativa, pois a casa sofreu um assalto no mês passado e precisa de todo apoio para se recuperar”, disse o proprietário da Vitrine da Cerveja, Claiton Santos.

O sistema funcionará da seguinte maneira: Entre 12h e 17h, ou enquanto durarem as cervejas destinadas à ação, os clientes poderão trocar 1KG de alimento não perecível (exceto sal) por 300ml de chopp produzido pelas cervejarias solidárias à causa. Até o momento, confirmaram presença as cervejarias Sotera, Feyh Bier, Mindu Bier e Three Monkeys Beer. “É importante que o cervejeiro venha participar no sábado. Na edição do ano passado, por exemplo, apareceu um cliente com 40KG de alimentos; ele não consumiu 40 copos de chopp, mas usou a consciência para beber o suficiente e doar todos os mantimentos que levou para a causa. Foi bem legal”, complementou Claiton.

Claiton Santos (à direita) e o staff do Vitrine da Cerveja convocam para a II Edição do Chopp Solidário.

“Acho que o meio cervejeiro, seguindo a cultura de colaboração e sustentabilidade social, pode cumprir um papel muito importante para a cidade. Podemos nos unir para ajudar em causas comuns, como fizeram várias cervejarias de São Paulo através do projeto ‘Manchinha´, por exemplo. Revoltados com o assassinato brutal e covarde de um cãozinho por um funcionário de uma rede de supermercados, cervejarias se juntaram para criar rótulos e doar o lucro para instituições de acolhimento aos animais vítimas de maus tratos. Essa iniciativa é bem bacana e apoiada por toda a sociedade”, disse o cervejeiro da Mindu Bier, Gustavo Martins. Sobre as razões que motivaram o engajamento da cervejaria na causa do Asilo São Lázaro, Gustavo ressaltou: “Sempre estamos preocupados em fazer o bem. Acreditamos que essa energia positiva sempre volta pra gente de outras formas”.

Entenda a situação do Asilo São Lázaro

Na madrugada do último dia 24 de março, bandidos invadiram as instalações do Asilo São Lázaro, que fica no Jardim Nova Esperança, em Salvador, e saquearam a seção onde eram armazenados os suprimentos. Grande parte dos alimentos foi roubada e o resto deixado apodrecendo ao ar livre. O prejuízo total foi de cerca de 300 KG entre mantimentos roubados e estragados, uma carga suficiente para alimentar por um mês e meio a população assistida pelo Asilo. “Deus escreve certo por linhas tortas, pois o Asilo precisa da atenção de toda sociedade; nossa situação ganhou maiores proporções em função deste incidente. Temos problemas graves de segurança e precisamos de uma reforma urgente no telhado. Graças a Deus, esse roubo tocou o coração de muitas pessoas, que estão se mobilizando para nos ajudar”, relatou uma das responsáveis pelo Asilo, Vanda Luz.

Até momento, de acordo com Vanda, foram arrecadados quase 200 KG de alimentos. O Asilo São Lázaro também recebe doações através de outros canais:

Banco do Brasil:

Agência 460-06

Conta-corrente: 207407-9

CNPJ 32.700.841/0001-06

Telefone: (71) 33934448. Falar com Vanda ou Fátima.

Mesmo depois de acabada a segunda edição do “Chopp Solidário” , a Vitrine da Cerveja continuará recebendo doações até as 21h do próximo sábado (13).  O endereço é Alameda Benevento, 245, Pituba, Salvador.

 

Extrato de Lúpulo serve de insumo para produção de cerveja artesanal

Atualizado às 7:20 h de 23/03/2019.

Cervejeiros de panela em Petrolina estão experimentando uma alternativa para produção de cerveja artesanal: Utilizar extrato de lúpulo. A proposta consiste em trabalhar com o “Du Pappi”, que já foi abordado em reportagem publicada anteriormente no Blog Lupulado. Este produto é composto por lúpulos de aroma e de amargor obtidos através da extração por CO2. O extrato é envasado em frascos de 15 ml, que são esterilizados e possuem tampa em forma de conta-gotas. Normalmente, o cervejeiro usa o Du Pappi pingando de 3 a 5 gotas em um copo de 300 ml, conferindo mais aroma, espuma e amargor à cerveja.

Caio Petrus (esq.), Ricardo Monteiro e o extrato de lúpulo Du Pappi

Os responsáveis por esta empreitada são os cervejeiros Caio Petrus e Ricardo Monteiro, da Cervejaria Artesanal Quincas, localizada em Petrolina. “A nossa ideia é apresentar o resultado desta experiência no III Alpha Bier Festival, evento que será realizado no próximo dia 03 de maio no Condomínio Terras Alphaville em Petrolina. Pretendemos levar pelo menos três estilos de cerveja produzidos com extrato de Lúpulo”, disse Ricardo, que também é representante da marca Du Pappi na região do Vale do São Francisco.

O gerente comercial da marca Du Pappi, Luiz Coqueiro, que é filho do cervejeiro Laert Coqueiro, criador do produto, ressaltou que jamais deve-se utilizar o extrato de Lúpulo na etapa da fervura, pois os óleos essenciais são extremamente voláteis e podem afetar o aroma. Por outro lado, diz ele, o lúpulo de amargor do Du Pappi já é isomerizado, ou seja, não precisa sofrer ação térmica. “Obrigatoriamente o extrato deve ser adicionado na fase fria; se quiser ter menos trabalho, você pode inserir o lúpulo junto das leveduras, por conta da temperatura e da proteção antibacterial que o lúpulo dá; se você não quiser ter perda alguma, coloca na hora do envase. Particularmente, prefiro adicionar o Du Pappi junto da levedura”, observou Luiz. “A nossa formula reúne lúpulos que são os mesmos utilizados por cervejarias artesanais conhecidas. O extrato de lúpulo é mais eficiente pois diminui bastante a perda na produção, além da praticidade de usar o Du Pappi, proporcionada pelo seu formato e embalagem”, complementou.

Provando a Du Quinca, a Cerveja do Mês de Março

No último final de semana, o Lupulado foi convidado por Caio e Ricardo para experimentar a cerveja “Du Quinca”, uma Session IPA criada por eles com a adição do Du Pappi. Por sinal, o nome da cerveja é resultado da síntese entre “Du Pappi” e “Cervejaria Quincas”. A Du Quinca é a primeira cerveja artesanal produzida com extrato de lúpulo no Vale do São Francisco.

Du Quinca: A primeira cerveja feita com extrato de lúpulo no Vale do São Francisco

“A nossa receita foi inspirada na Session IPA da Cervejaria BrewHub, de João Pessoa – PB. A gente  substituiu os lúpulos Amarillo, Citra, El Dorado e Nugget pelo Du Pappi, que foi adicionado na fase fria, durante a fermentação. A tiragem foi de 20 litros e usamos dois frascos de Du Pappi (proporção de 15ml de extrato para cada 10 litros de cerveja), adicionados junto com o fermento. Na próxima experiência, vamos utilizar 1 frasco de Du Pappi na fermentação e outro no envase”, explicou Caio.

A Session IPA Du Quinca (4,6 ABV e IBU 35) apresentou uma característica que remete aos efeitos provocados pela aplicação das gotinhas Du Pappi na cerveja: A espuma densa, cremosa e persistente. De cor dourada e opaca, a cerveja apresenta aroma com notas marcantes de aveia, que também são bem presentes durante do gole; o sabor da aveia acaba sobressaindo ao cítrico, que muitas vezes aparece no estilo Session IPA. Esta é  outra caraterística trazida pelo uso do Du Pappi, que possui lúpulos menos cítricos.

Outro plano da Du Quinca, harmonizada com salaminho e queijo curado.

Como pede o estilo Session IPA, a Du Quinca é uma cerveja bem refrescante e leve, pouco retrogosto e com espuma cremosa provocada pelo Du Pappi, tornando-se uma bebida ideal para ser degustada por um bom tempo em dias de calor. As cervejas produzidas com lúpulo Du Pappi estarão à disposição do público cervejeiro no III Alpha Bier Festival, evento que será realizado no Condomínio Terras AlphaVille.

Informações sobre o Lúpulo Du Pappi podem ser obtidas diretamente com o representante comercial da marca no Vale do São Francisco, Ricardo Monteiro, através do contato 87 98111-3396 (whatsapp).

 

Da torneira para a lata: Conheça o Crowler, alternativa para portabilidade de cerveja artesanal

Um aspecto percebido na cultura cervejeira é a preferência de parte dos consumidores por cervejas servidas “na torneira”, que tecnicamente seriam mais “frescas”, isto é, produzidas e envasadas há pouco tempo, portanto não sofreram muito prejuízo em decorrência de condições de armazenamento e transporte. Desta forma, um barril conectado à torneira pode ser visto como mecanismo legitimador, atestando para o cervejeiro que aquela cerveja encontra-se fresca.

Em vez de comprar cerveja engarrafada, que eventualmente já teria sofrido impactos em função da estocagem, exposição à luz etc., o consumidor pode optar por adquirir a cerveja fresca diretamente das torneiras nos estabelecimentos comerciais. Para isto, ele dispõe de ferramentas especificas que facilitam consumir e transportar ; a mais famosa delas é o Growler, que já foi tópico em um post publicado ano passado aqui no Lupulado. Os Growlers são recipientes criados para que o cervejeiro armazene momentaneamente um ou dois litros de cerveja tirados da torneira, para levar e beber onde quiser. Nos últimos cinco anos, eles ganharam a companhia de um novo aliado nesta tarefa: o Crowler.

Deu sede? Crowler e o consumo de cerveja artesanal

A explicação para o nome Crowler é simples e técnica: Trata-se da síntese entre “can”, que significa “lata” em Inglês, e Growler. Nesta perspectiva, o Crowler não seria como um Growler de alumínio, mas latas que são enchidas e fechadas em minutos, sob demanda, que teriam a mesma finalidade para armazenamento e transporte de cerveja.

 

Enchendo o Crowler na torneira da Vitrine da Cerveja, em Salvador.

“A vantagem do Crowler é que você pode levar cerveja fresca da torneira para casa sem a necessidade de estar com o Growler em mãos. Para o proprietário do estabelecimento é indiferente (despachar em Growler ou Crowler), tanto faz. Porém  o Growler tem um aspecto cultural mais interessante. O lado ruim é que muita gente esquece o Growler em casa quando chega aqui (no estabelecimento). Inclusive, teve uma época em que eu emprestava Growlers porque realmente a turma esquece de trazer; então, o Crowler aparece como antídoto para esta situação”, destacou o cervejeiro Claiton Santos, proprietário da “Vitrine da Cerveja”, estabelecimento que é referência no ramo de cervejas artesanais em Salvador.

Claiton Santos da Vitrine da Cerveja.

No vídeo a seguir, feito na Vitrine da Cerveja, registramos como é o processo de encher e fechar um Crowler.

Alguns apontamentos sobre o Crowler.

A máquina de fechar Crowlers custa em média 7 mil reais. Para o consumidor, cada lata sai por cerca de 4 reais, acrescidos ao custo da cerveja. Por conta da sua capacidade entre 500ml e 1000ml, os Crowlers facilitaram a vida do consumidor, que pode levar mais de um estilo de cerveja artesanal, diferente do que ocorre com os Growlers. Alguns Crowlers possuem ainda tampa com “boca” semelhante às tradicionais latinhas de alumínio; outros podem ser abertos em toda a dimensão da lata, otimizando as tarefas de servir e compartilhar a cerveja.

Estilo de lata com a boca totalmente aberta: Facilita nas tarefas de servir e compartilhar a cerveja

Os Crowlers possuem tamanho menor, maior portabilidade, são descartáveis e recicláveis. Além disso, eles são enchidos e fechados sob demanda, evitando que ocorra degradação da cerveja em função do estoque, como percebemos na situação do golpe de luz, ou ainda na entrada de oxigênio na garrafa. Sem falar que os Crowlers não possuem impedimento para acesso em determinados locais como ocorre em situações com recipientes de vidro, por exemplo, beber aquela cerveja artesanal fresquinha na piscina do condomínio ou do clube.

Potência Premiada: Conheça Belicosa, a Cerveja do Mês.

Faz algum tempo que o Vale do São Francisco deixou de ser conhecido apenas pelos vinhos que produz. A boa qualidade das cervejas feitas na região somada à agenda de eventos tratam da cultura cervejeira (festivais de cerveja artesanal, rodas de conversa com cervejeiros, workshops de análise sensorial com off-flavor e até mesmo um bloco de carnaval) contribuiram para aumentar o interesse do público local pelas cervejas artesanais geradas no vale. A seção “Cerveja do Mês” de fevereiro apresenta a Belicosa, uma American IPA feita em Petrolina pelos cervejeiros de panela Murilo Caldas e Marcos “Kiko” Vianna.

“O nome Belicosa tem sua origem no sentido de ‘bélico’, uma referência à ‘potência da cerveja’. Isso é pelo fato de, no momento de fazê-la, o dry-hop que a gente usa é de 6.2 gramas de lúpulo por litro. A nossa intenção era fazer uma cerveja no estilo que a gente gosta, uma IPA bem seca, com menos caramelo e mais frutada”, disse o cervejeiro Marcos Vianna. Desta  maneira, a Belicosa consegue proporcionar um sabor mais cítrico do que adocicado, tornando-se uma IPA mais refrescante, sem deixar de ser intensa e bem equilibrada , ideal para regiões de clima muito quente como o Vale do São Francisco.

Marcos “Kiko” Vianna e a sua American IPA Belicosa.

O Lupulado testou a Belicosa em duas ocasiões: A primeira no Empório Saint-Anthony, logo após o envase na semana passada; a segunda aconteceu 4 dias depois. No intervalo, a cerveja permaneceu  armazenada em um Growler (1L) sob refrigeração de 4 graus. A cerveja sofreu quase nenhuma alteração em função deste armazenamento e do transporte, apesar de ter percorrido uma distância pequena (5km). A única diferença percebida foi na espuma, que na segunda situação ficou um pouco mais densa frente a primeira.

A Belicosa apresentou uma cor acobreada e o corpo mais claro que normalmente apresentam outras American IPA, em decorrência do pouco uso de maltes especiais (apenas 5%). Outro fator que chamou atenção foi o teor alcoólico (ABV 7,3%), que pareceu bem escamoteado em meio ao aroma frutado e as notas cítricas no sabor. “Isto foi intencional na hora de elaborar a receita; a gente deixou tanto a cor e quanto teor alcoólico no limite que o estilo pede”, revelou Marcos.

Esta combinação resultou em uma cerveja bem equilibrada, com aroma intenso e refrescante, sabor frutado com notas cítricas que se espalham pela boca e permanecerem por alguns instantes após o gole. A Belicosa possui amargor médio para alto (IBU 58) e um gosto bem seco, que consegue se sobressair ao álcool.

A potência da Belicosa: refrescante e equilibrada.

Em abril de 2018, Belicosa recebeu os prêmios de Melhor IPA e Best of Show  no único concurso promovido pela ACErvA- PE, núcleo do Vale do São Francisco. A cerveja pode ser encontrada nas torneiras do Empório Saint Anthony enquanto durar o estoque. Esta brassagem produziu 60 litros e o envase aconteceu no início da semana que passou.

Bloco mistura frevo, folia e cerveja artesanal nas ruas de Petrolina

O movimento cervejeiro do Vale do São Francisco ganhará mais uma expansão na próxima semana. No sábado (16/2) acontecerá o primeiro desfile do bloco “Tu Weiss Cair na Minha IPA”, organizado pela Associação dos Cervejeiros Artesanais de Pernambuco (ACervA-PE), núcleo do Sertão. A festa começa às 15h em frente a Cervejaria & Petiscaria Biére, na rua Lucas Roberto de Araújo, próximo ao Condomínio Sol Nascente em Petrolina. O bloco irá realizar o percurso até a pracinha, na mesma rua, onde permacerá por alguns minutos até retornar ao ponto da concentração.  “No total, teremos quase seis horas de som, divididas entre DJ e a apresentação da Orquestra Frevo do Bolinha (veja video abaixo), ambos tocando ritmos como frevo, axé, marchinha e outras canções do carnaval de rua”, disse o cervejeiro Igor Veras Silani, um dos organizadores do evento.

Para matar a sede dos foliões, doze cervejarias artesanais confirmaram presença nas torneiras do bloco: Maribondo Sam, Na Tora, GALK, Buquê de Mandacaru, Puro Is Malte, Quimera, Vale Brewer, Família Sabores, Seu Quincas, Doutorado do Chopp, Haus Bier, além da própria ACervA – PE. O repertório varia desde estilos mais leves, como Weiss e Witbier, aos mais encorpados, como Imperial IPA, Porter e Stout. O bloco funcionará no sistema de “torneiras abertas”, distribuindo mais de 500 litros de chopp para os participantes. “Nosso intuito é sempre difundir o movimento cervejeiro. Desta vez, vamos procurar trazer as origens do frevo e do carnaval de rua de Pernambuco, associadas ao movimento cervejeiro artesanal, que em Petrolina ainda é novo. Este é o primeiro ano que estamos fazendo um bloco temático de cerveja artesanal aqui na cidade.”, explicou Igor, destacando o sentido do nome “Queda 1” usado pelos organizadores para se referir à primeira edição do bloco. “A ideia é que existam outras ‘Quedas’ a partir desta ‘Queda 1,. A depender do resultado desse projeto, quem sabe não repetimos em breve”, complementou o cervejeiro.

 

Os cervejeiros Guilherme (à esquerda), Cecília Vasconcellos, Waldner Maribondo, Vânia Sampaio e Igor Silani reunidos na organização do Bloco.

Um aspecto que chamou a atenção foi a localização no espaço público escolhida para o desfile do bloco. Naquela vizinhança, funciona até hojen a Biére, que há mais de 5 anos foi estabelecido como um dos primeiros redutos dos cervejeiros artesanais do Vale do São Francisco. “Cerca de três anos atrás houve uma festa de carnaval lá que foi bem bacana e sempre tivemos desejo de repetir. Daí pela disponibilidade e amizade que temos com o pessoal da Biére, escolhemos usar aquele espaço novamente para fazer a Queda 1 do ‘Tu Weiss Cair na Minha IPA’”, disse outra organizadora do bloco, a cervejeira Maria Cecília Vasconcellos.

Os ingressos para o bloco “Tu Weiss Cair na Minha IPA” custam R$80,00 e podem ser adquiridos através do link ou em pontos de venda como o Rock Dog., Doutorado do Chopp e na Biére. Para se servir à vontade de chopp artesanal durante o bloco, o folião ganhará camisa, tirante e caneca customizados para o evento.

 

 

Especial de férias: Workshop celebra cultivo de lúpulo na região serrana do Rio

Conhecida no cenário cervejeiro nacional por abrigar grandes cervejarias industriais, como a Bohemia e a Itaipava, a região serrana do Rio de Janeiro está se destacando também pela oferta de insumos. Além da famosa qualidade da água mineral proveniente de fontes localizadas em cidades como Friburgo, Guapimirin, Petrópolis e Teresópolis, produtores da serra estão cultivando lúpulo. A ampla maioria dos cervejeiros do Brasil costuma importar este insumo de países como Estados Unidos e Inglaterra; no entanto, a partir deste ano espera-se que esse público possa adquirir lúpulos cultivados em território nacional. De olho nesta tendência, cervejeiros fluminenses realizarão nos próximos dias 26 e 27 de janeiro, no Centro Cervejeiro da Serra, na Serra do Capim, em Teresópolis – RJ, o “1o Workshop Nacional de Plantio de Lúpulo”. O evento é estruturado em uma série de apresentações que discutirão aspectos sobre o cultivo do insumo no Brasil, envolvendo temas como “Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo”, “A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo”, dentre outros (confira a programação completa e perfil dos facilitadores no final da matéria). As inscrições para o evento se esgotaram em poucas horas.

“O cultivo do Lúpulo é bem recente no Brasil. As primeiras mudas foram legalizadas pela MAPA em outubro e novembro de 2018, graças ao trabalho da Tereza Yoshiko (da Lúpulos Ninkasi, o primeiro viveiro autorizado para produção e comercialização de lúpulos no Brasil). É uma cultura nova e a tropicalização da planta está sendo muito boa”, afirmou a cervejeira Ana Pampillón, uma das organizadoras do workshop. Ana atua no ramo de cultivo de lúpulo desde 2018, trabalhando para aproximar o produtor do mercado de cervejas especiais. “A ideia deste workshop surgiu após nossa legalização (como produtores de lúpulo), pois tivemos muita procura de produtores, investidores, cervejarias etc. Resolvemos então realizar um evento para expor nossas ideias de modo mais prático e eficiente, ao lado de estudiosos que pudessem complementar nosso trabalho, e também criar uma rede de relacionamento entre produtores e cervejarias”, complementou.

Alguns lúpulos importados disponíveis no Lamas, loja especializada no centro do Rio de Janeiro. Foto: Luiz Adolfo Andrade

Como é sabido, o cultivo de lúpulo se relaciona à regiões com baixa temperatura e incidência solar propícia, como a Alemanha, Inglaterra, dentre outras. Ao ser indagada sobre quais tipos de lúpulo podem ser cultivados no Brasil, Ana Pampillón foi taxativa: “Por princípio, apenas aqueles legalizados e autorizados pelo MAPA”. Na Lúpulos Ninkasi, por exemplo, a maior produção tem sido de lúpulos Cascade (confira neste video).“O aumento e diversificação na produção de lúpulos certamente irá impactar a produção de cerveja no Brasil, pois teremos o diferencial de trabalharmos mais com lúpulo fresco, aproveitando melhor as caraterísticas físicas e químicas da flor. O clima temperado pode trazer mais colheitas, ao lado do chamado “Terroir”, isto é, o aroma do lúpulo passa a ter características do que está sendo plantado por perto. Por exemplo, em uma fazenda com vocação para goiaba, os lúpulos plantados por lá terão essas notas de goiaba e assim por diante”, concluiu Ana, destacando que já existem cervejarias fazendo de forma experimental cervejas com insumos 100% nacionais. O Lupulado apurou que a Cervejaria Búzios prepara para fevereiro deste ano a brassagem das duas primeiras cervejas que serão totalmente produzidas com insumos do Brasil: a “Brasilian Pale Ale” e a “8 horas Session IPA”, a ser feita com lúpulo fresco colhido em até oito horas antes da adição.

SÁBADO (26/01)

8:00h às 9:00h – Credenciamento no Centro Cervejeiro da Serra (Serra do Capim, Teresópolis-RJ)

9:00h às 9:30h – Abertura e apresentação do workshop. (Ana Cláudia Pampillón)

9:30h   às   10:10h -A formação da Associação dos produtores de lúpulo do Brasil (APROLÚPULO). (Alexander Cruz)

10:20h às 11:00h – Principais cultivares. (Max Raffaele)

11:10h às 11:50h – Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo. (Pablo Sotomayor)

12:00h às   12:40h – Viveiro, mudas e propagação de mudas. (Teresa Yoshiko)

12:50h às 14:50h – Almoço

15:00h às 15:30h – A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo. (José Hilário Cordeiro Neto)

15:40h às 16:40h – O panorama setorial cervejeiro no Brasil e perspectivas para o mercado de lúpulo. (Eduardo Fernandes Marcusso)

16:50h às 17:30h – Do Campo ao Copo – geração de valor do produto final. (Diego Gomes)

17:40h às 18:00h- Encerramento (Ana Cláudia Pampillón)

18:00h – Beer Break -Degustação na Micro

21:00h – Jantar harmonizado na fazenda com o Chef Gustavo Fonseca e o sommelier José Padilha

DOMINGO (27/01)

8:00h – Café da manhã especial

9:00h – Visita técnica na plantação de lúpulo (fazenda)

11:00h – Visita técnica no Viveiro do lúpulos Ninkasi

13:00h – Todos liberados

FACILITADORES:

EDUARDO FERNANDES MARCUSSO

Formado em Geografia pela UNESP/Campus Rio Claro, Mestre em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFSCar/Campus Sorocaba e Doutorando em Geografia pela UnB, com a tese intitulada de “Os Territórios da Cerveja”, é Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja e servidor público federal do MAPA, atuando na Coordenação Geral de Vinhos e Bebidas, tendo publicados diversos estudos sobre cerveja pelo ministério e na área acadêmica.

PABLO SOTOMAYOR

Cultiva lúpulos em uma área de aproximadamente 300 metros quadrados no quintal de sua casa em Brasília.O cultivo é orgânico e certificado pelo sistema participativo – OPAC Cerrado e vêm obtendo bons resultados de produtividade de qualidade. Algumas plantas chegam a produzir até 500g de lúpulo seco por colheita, e algumas já foram colhidas três vezes num período de 11 meses.Análises físico químicas realizadas em universidades apontam para um produto de qualidade, com homogeneidade na maturação das flores, alta concentração de ácidos alfa e de óleos essenciais. Em 2019 ampliará o cultivo para uma área de 4 mil metros quadrados.

ALEXANDER CREUZ

Formado em administração de empresas, pós graduado em marketing e finanças, técnico em agronegócio, produtor de lúpulos em Lages/SC (Lúpulos Serrana). Atual presidente de Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (APROLÚPULO)

MAX RAFFAELE

Formado na Universidade da Florida em engenharia civil e também em Biologia.Formado na Mercer College , Nova Jersey em agrimensura (topógrafo).Proprietário e presidente há 24anos da empresa A-1 Land Surveys (A1LS.com) nos EUA.Técnico em Cultivo de Lúpulo pela Universidade de Minnesota State. Técnico em Criação e Cultivo de Lúpulo no Gorst Valley Farms. Proprietário da empresa Hops Brasil com produção de Lúpulo na Lupulandia, Penha, SP. Sócio de HopSP com duas produções de lúpulo em São José de Rio Preto e Guzolandia (SP)

DIEGO GOMES

Engenheiro apaixonado pela indústria de transformação, pós graduado em gestão empresarial, defensor do crescimento da participação do setor secundário no PIB e no desenvolvimento da educação, Diego é mestre cervejeiro e malteiro formado pela Doemens Akademie na Alemanha. Iniciou sua jornada em cervejaria em janeiro 2002 atuando desde estagiário de manutenção a diretor industrial do Grupo Petrópolis. Atualmente é responsável pelo planejamento da estratégia das áreas de transformação do GP, liderando os executivos envolvidos pela construção da filosofia do “campo” ao “copo” dentro do Grupo Petrópolis.

TERESA YOSHIKO

Técnica em agropecuária formada pela UFF, atua há 26 anos na área agrícola. Proprietária do viveiro Ninkasi que tem capacidade de propagação de 10.000 mudas de lúpulo mensais, e o primeiro viveiro com certificado de registro para o cultivo de lúpulo no Brasil.

JOSÉ HILÁRIO CORDEIRO NETO

Técnico Agrícola formado pela Escola Técnica Federal de Rio Pomba em 2002. Curso de projetos e equipamento para irrigação Rain Bird em 2007.Trabalha com Irrigação desde 2004. (IRRIGAR SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO)

JOSÉ PADILHA

Sommelier de cervejas pela Doemens Akademie e Mestre em Estilos pelo Siebel Institute. Consultor de cervejarias, docente da Escola Superior de Cerveja e Malte, expert em cerveja da rede Zona Sul, apresentador da coluna Carta de Cerveja da Band News, head sommelier do The Beer Planet e jurado de concursos nacionais e internacionais.

GUSTAVO FONSECA

Carioca, cozinheiro com 12 anos de experiência, já trabalhou com chefs como Alex Atala, no premiado D.O.M..Formou-se em gastronomia em Buenos Aires, período em que trabalhou com cozinheiros de todo o mundo, adquirindo e trocando experiências com grandes profissionais.Hoje se dedica a seu trabalho autoral em menus degustação para eventos e restaurantes, além de produção e conteúdo de gastronomia para fotografia e televisão, como o “Perto do Fogo”, do chef Felipe Bronze para o canal GNT.

ANA CLÁUDIA PAMPILLÓN

Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja (ICB), cervejeira artesanal, turismóloga e coordenadora da Rota Cervejeira RJ. Atuante no mercado de cultivo do lúpulo desde o início de 2018 com o objetivo de aproximar o produtor de lúpulo ao mercado de cervejas especiais.

Especial de férias: Lei do Artesão e Cervejarias na Grande BH

Belo Horizonte é capital do estado de Minas Gerais. Fundada em 1897, atualmente, possui cerca de 2,5 milhões de habitantes. Sua região metropolitana abarca 34 municípios, totalizando população de 6 milhões. Dentre essas cidades, que compõem a grande BH, está a pequena Nova Lima, com 95 mil habitantes. No universo cervejeiro, ela chama atenção por conta de uma lei municipal publicada em 2012, conhecida como “Pró-Artesão”,  que regulamentou um programa para favorecer a produção artesanal de tecidos, cosméticos, cerâmica, alimentos e… cerveja! Em pesquisa publicada no ano de 2017, das 41 cervejarias registradas em Minas Gerais, 15 são estabelecidas na região de Nova Lima, elevando o município à alcunha de “cinturão da cevada”.

No mês de setembro de 2018, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, trilhou caminho semelhante ao sancionar a lei municipal 475/18, que já seguiu para publicação no diário municipal. O principal objetivo dessa lei é diminuir a burocracia para produção de cerveja, beneficiando sobretudo os chamados “cervejeiros de panela”. Com ela, fica permitida a produção de cerveja fora do complexo industrial de BH, favorecendo fábricas menores com até 720 mts2 e a instalação de Brewpubs – locais onde cervejeiros podem fabricar e vender sua própria produção. Ao portal da Prefeitura de Belo Horizonte, o prefeito Kalil declarou que esta lei vai promover diversos benefícios, como geração de empregos, criação de empresas e consequente recolhimento de mais impostos ao município, além contribuir para elevar BH ao patamar de importante pólo cervejeiro no país.“A Pró-Artesão é uma ferramenta interessante para viabilizar a produção de cerveja em áreas mais residenciais. A lógica dessa lei consiste em viabilizar a produção cerveja em locais menores e em zonas que não sejam distritos industriais. Porém é importante ressaltar que, mesmo com ela, permanecem as obrigações para a empresa, especialmente para conseguir registrar uma cervejaria, mesmo que caseira”, comentou Bruno Parreiras, cervejeiro na KÜD, umas das cervejarias instaladas em Nova Lima, município que serviu de inspiração para o prefeito Kalil sancionar a lei em BH.

Fábrica da cervejaria KÜD no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima – MG.

Além da Lei Municipal “Pró – Artesão”, Nova Lima oferece também infraestrutura adequada para beneficiar pequenas cervejarias, como é o caso do Mercado Cervejeiro, no bairro Jardim Canadá.

Saboreando a Bollywood da Cervejaria Trinca, enquanto o Mercado Cervejeiro de Nova Lima começa mais um dia de funcionamento,

“Para a gente é importante participar do Mercado Cervejeiro, especialmente aqui em Nova Lima onde existem varias cervejarias, grandes e pequenas, já instaladas. Somos uma cervejaria pequena, artesanal e relativamente nova, portanto este projeto é importante para nos associarmos a outras marcas já consolidadas no mercado, como a Capa Preta, Krug, Falke, dentre ouras cervejarias”, disse Leandro Neves, cervejeiro na Trinca, que ocupa um dos stands no Mercado Cervejeiro.

Tap wall do stand da Trinca no Mercado Cervejeiro

Enquanto apresentava a deliciosa White IPA Bollywood, um dos carros-chefes da sua  produção, Leandro  contou um pouco mais sobre a Trinca, reforçando que, no Brasil, fazer cerveja pode ser também um negócio de família. “A Trinca foi fundada em 2014 por três sócios da mesma família, que permanecem até hoje – eu, minha mulher Luísa e o nosso primo Marcelo”, revelou Leandro.

Leandro Neves cervejeiro na Trinca.

 

Kashmir da KÜD 

A fábrica da cervejaria KÜD (sigla para Krieg Über Durst, em alemão “luta pela sede”) foi um dos locais visitados em Nova Lima. Um dos sócios e cervejeiros da cervejaria, Bruno Parreiras, fez as vezes de anfitrião e apresentou parte da história da KÜD e suas instalações no Bairro Jardim Canadá. “Somos um poucos mais velhos que a lei Pró-Artesão, ela não nos impactou. A gente começou a fazer cerveja em casa em 2008. A KÜD foi formalmente estabelecida em 2010, funcionando já como pequena indústria. Fomos a primeira cervejaria artesanal a nascer da ACERVA Mineira e a quinta microcervejaria de Belo Horizonte”, revelou.

Mão na Massa: cervejeiro trabalhando nos tanques da fábrica da KÜD para produzir os rótulos abaixo.

A área da fábrica da KÜD divide-se basicamente em três espaços principais. Os tanques apresentam uma característica peculiar: Todos foram batizados com os nomes de bandas de Rock, seguindo um dos conceitos adotados pela cervejaria.

Espaço original da fábrica da KÜD: primeiro lugar de brassagem

Tanques na segunda expansão da fábrica.
Segunda expansão da fábrica

Terceira expansão e novo espaço de brassagem: KÜD fechou 2018 com produção de 30 mil litros no último mês.

“A KÜD nasceu para fazer outro tipo de cerveja, diferente das pilsen e outras cervejas mais leves. Somos inspirados na cultura cervejeira da Inglaterra; um dos nossos rótulos mais procurados é a Kashmir, uma IPA inspirada nas cervejas enviadas pelos ingleses para a Índia na época da colonização, que acabou introduzindo o estilo India Pale Ale”, destacou Parreiras.

A Kashmir é uma cerveja que busca resgatar as características originais do estilo inglês de India Pale Ale. Possui corpo avermelhado, espuma fina e cremosa; amargor médio (45 IBU) e razoável teor alcóolico (6,8% ABV), fazendo da Kashmir uma IPA que não agride o paladar, ideal para ser apreciada por mais tempo. A cerveja chamou a atenção também pelo aroma adocicado, com a presença marcante do caramelo.

Kashmir, um dos carros-chefes da cervejaria KÜD.

Ao final da visita, Bruno revelou desejo de expandir a KÜD para o Nordeste. “Estamos sempre abertos à parceiros no Nordeste. Por exemplo, a cerveja Capiroto, de Vitória da Conquista (Belgian Strong Ale da cervejaria cigana “Cerveja Adamantine”), foi produzida aqui fábrica. Estamos em busca de distribuidores para expandir nossa marca na região Nordeste”, finalizou o cervejeiro, ressaltando que a fábrica da KÜD possui atualmente capacidade de produção de até 30 mil litros.

 

As irmãs da Capa Preta e outras cervejas

Além da cervejaria KÜD, outros locais visitados foram: a famosa Cervejaria Wals, onde também funciona um BrewPub, que fica região de Olhos D’ àgua, bairro anexo à Nova Lima; as Tap Room das cervejarias Koala San Brew e Capa Preta,  instaladas na região de Nova Lima.

Tap Room da Capa Preta

Conhecida por suas cervejas de sabor forte e marcante, como a Melon Collie IPA, a Capa Preta chamou a atenção por conta de dois rótulos em especial: a Pina Colada e Euphoria Juice. O sommelier da Capa Preta, João Victor Galhardo (vídeo abaixo), classificou essas cervejas como “irmãs” porque utilizam a mesma base na receita, com a adição de insumos diferentes. A Euphoria Juice faturou a medalha de ouro e a Pina Colada ficou com a medalha de prata na última edição do World Beer Awards, categoria IPA Special.

 

Deliciosa Milkshake IPA Pina Colada.

O carro-chefe da Capa Preta é a  Melon Collie IPA, mas a Euphoria Juice tem tido boa procura, informou João Victor. Na Bahia, pode-se encontrar alguns rótulos da Capa Preta no site Cerveja Salvador. A Pina Colada, por sua vez, só está disponível nas torneiras  da Tap Room em Nova Lima. A Capa Preta fechou o ano com produção de 35 mil litros no ultimo mês.

Euphoria Juice

A primeira das irmãs da Capa Preta, a Euphoria Juice (7,0% ABV e 60 IBU), provada em lata e nas torneiras da Tap Room, apresentou corpo  turvo, cor amarelo e opaco, espuma cremosa com bolhas finas, um pouco diferente das NE IPAs mais tradicionais. Alto amargor e aroma marcante com notas de lactose e aveia que sobram no final. Apesar do alto teor de ABV, o retrogosto sustenta mais o amargor dos lúpulos que o gosto de álcool.

 

Já a segunda irmã, a Pina Colada, provada em Growler e nas torneiras da Tap Room, adicionou notas de coco e abacaxi ao aroma de lactose e aveia típico da Euphoria Juice. O corpo turvo e opaco, a cor amarelo e a espuma cremosa permanecem os mesmos da irmão mais velha, a Euphoria Juice. O retrogosto, no entanto, traz ao paladar do cervejeiro notas marcantes de coco e críticas do Abacaxi. Recomenda-se seguir a experiência aconselhada pelo sommelier João Victor: Provar a Pina Colada logo depois da beber Euphoria Juice.

Com o sommelier João Victor e um dos socios da Capa Preta, André Bastos. .

Tap Room da Koala San Brew em Nova Lima.

Livin`The Dream, IPA da Koala San Brew

Coconut Grove, IPA da Kola San.

Taste Menu na Cervejaria Wals

Panorama da Cervejaria Wals

*Texto e fotos: Luiz Adolfo Andrade

** Esta matéria não seria possível sem ajuda especial de algumas pessoas.  Ao amigo Fábio Stockler, pela disponibilidade e atenção para nos guiar entre esses locais em Belo Horizonte. Ao cervejeiro da São Sebastião, Daniel Balesteros, pela presteza em nos colocar em contato com todas essas cervejarias. Por um problema de navegação, infelizmente não conseguimos visitar a Fábrica da São Sebastião, na grande BH. Em nossa próxima visita à região, a São Sebastião será parada obrigatória!

 

Conheça a Tirana: New England IPA original da caatinga

A edição de dezembro de 2018 do Bazar da Praça, feira de rua realizada em Petrolina-PE, reservou uma novidade para os clientes além das roupas, acessórios e outros itens de vestuário expostos no local. Algumas cervejarias do Vale do São Francisco disponibilizaram rótulos para apreciação e, dentre eles, uma cerveja em especial chamou a atenção: a “Tirana”, uma New England India Pale Ale (NE IPA) produzida artesanalmente pela cervejaria Lunga’s Beer, localizada em Petrolina.

Produção do estilo NE IPA é algo que praticamente não existe no Vale do São Francisco, onde as cervejarias locais já desenvolveram estilos como Lager, Pilsen, IPA, Witbier, Rauchbier, Brown IPA, Stout etc. Segundo o cervejeiro da Lunga’s Beer, Pablo Ferreira, o principal obstáculo talvez seja o fato das receitas exigirem insumos mais difíceis de adquirir e que são usados em escalas maiores frente outros estilos. “Salvo alguma eventual experiência isolada de um cervejeiro de panela, acho que a Tirana é de fato a primeira NE IPA produzida aqui no Vale do São Francisco. Sou fascinado pela escola americana e pelos lúpulos daquele país. Por isso, fiquei decidido a tentar fazer uma cerveja dessas”, disse Pablo, que apontou a EvertMont, da cervejaria Everbrew, como sua New England IPA favorita.

Pablo Ferreira, cervejeiro da Lunga’s Beer, com a NE IPA Tirana

A origem do estilo NE IPA remonta a 1993, quando o cervejeiro Tod Mott brassou um IPA “agressivamente lupulada” para uma cervejaria chamada Harpoon Brewery, localizada na região da Nova Inglaterra (New England). Situada na costa leste dos Estados Unidos, a área envolve os estados de Connecticut, New Hampshire, Rhode Island, Maine, Massachusetts e Vermont. Neste estado, por sinal, é o berço da Heady Topper, comumente considerada a melhor NE IPA do mundo. “As New Elgland IPA procuram escapar das características tradicionais das West Coast IPAs, estilo criado na região da Califórnia, que carrega em si muitos traços da IPA inglesa, como malte caramelo, dulçor, etc. Tecnicamente, a carga de lúpulo nas NE IPAs é feita no final da fervura justamente para ter maior quantidade de sabor e aroma. Antes, os cervejeiros faziam adição no meio da fervura, o que hoje já sabemos que não funciona muito. Se o cervejeiro quiser prevalecer sabor e aroma é necessário fazer adições tardias, principalmente no final e na pós-fervura, com a cerveja já fria; em uma receita de New England IPA pode-se adicionar até 25 gramas por litro só de dry-hopping”, revelou Pablo.

Outro aspecto destacado pelo cervejeiro na produção da Tirana é o tipo de levedura utilizado na brassagem. “Na New England IPA são utilizados insumos que dão características mais frutadas. A levedura decanta menos seu conteúdo para baixo do fermentador, o que deixa a cerveja mais turva, um visual característico deste estilo. Assim, a turbidez ocorre tanto em função do lúpulo como também da levedura”, contou o cervejeiro da Lunga’s beer

Dissecando a Tirana

Para realizar a análise da New England IPA da Lunga’s Beer, provamos a cerveja em dois momentos distintos, afim de apurar ao máximo suas características sensoriais. O primeiro foi diretamente na torneira instalada no Bazar da Praça; o segundo foi realizado  logo no dia seguinte, usando um growler para armazenar e transportar a bebida.

A Tirana apresentou as características típicas do estilo NE IPA, como a tradicional cor amarelada e turva, além da formação de espuma baixa, densa e cremosa. Amargor médio para alto (IBU 65) e o aroma com notas de mamão, melão, melancia, pêra e maracujá pareceram intensamente combinados, promovendo paladar com traços de trigo e aveia, amargor e suculência. O retrogosto bem seco e alcoólico (6,7% ABV), com alta presença de lúpulos que sobraram no final do gole. “Na NE IPA podemos adicionar adjuntos como malte de trigo, trigo em flocos, aveia e até centeio, que possuem uma carga de proteína maior, alterando a cor e elevando o corpo, deixando mais viscoso, pesado e licoroso no sentido da textura, não do álcool”, argumentou Pablo. O cervejeiro ainda destacou que os  insumos necessários para brassar uma NE IPA ainda são caros e as receitas pedem uso em grande quantidade, limitando a demanda à cervejeiros que já consomem e pesquisam sobre o estilo. “Com a tirana, eu quis fazer uma New England IPA bem tradicional, até mesmo para apresentar o estilo a alguns cervejeiros do Vale do São Francisco. Depois que o público daqui estiver mais acostumado à NE IPA, pretendo colocar em práticas outras receitas nas quais inovamos um pouco mais para além do tradicional”, revelou.

Quando indagado sobre harmonização, Pablo mostrou-se um tanto cético. “Não gosto muito de harmonizar para não perder as características sensoriais que o estilo NE IPA oferece, como amargor, aroma frutado, refrescância e cremosidade. Porém, pode-se harmonizar com pratos fortes, tipo carne vermelha e de caça, bacon, hambúrguer, cheddar, comida mexicana e indiana”, concluiu Pablo. Outras informações sobre a Tirana e outros rótulos artesanais da Lunga’s Beer podem ser obtidas com o próprio cervejeiro através da conta da cervejaria no Instagram.

Referências: https://beerandbrewing.com/the-ipas-of-new-england/

Samereiou está de volta!

A Cervejaria Artesanal Old Chico, de Petrolina – PE, está oferecendo nesta semana a sua saborosa Samereiou nas torneiras do Empório Saint Anthony. Como o próprio nome sugere, esta cerveja é do estilo Summer Ale, com ABV 4,6% e IBU 32, corpo claro e espuma fina. O aroma combina herbal e floral, sendo levemente frutado e espuma com bolhas finas. “Este aroma é uma combinação lúpulos americanos e ingleses, que desenvolvemos a partir de testes realizados alguns meses atrás” disse Paulo Júnior, também conhecido como PJ, cervejeiro da Old Chico.

Paulo Júnior (PJ) cervejeiro da Old Chico.

A Samereiou é uma cerveja que dialoga com o clima quente,  bem saborosa e refrescante. O baixo teor alcóolico e o amargor baixo para médio facilitam sua aceitação por paladares menos exigentes. O resultado final apresentou uma cerveja com boa drinkabilidade, versátil, ideal para ser apreciada por um bom tempo em um dia bem quente.

A cerveja Samereiou: Ideal para dias de calor.

“A base da cerveja possui dois maltes especiais, além dos lúpulos já  mencionados. Usamos também uma levedura neutra para evitar um sabor mais ácido, permitindo que o consumidor aprecie a cerveja por mais tempo, por exemplo, por toda uma tarde. Conseguimos equilibrar um balanço entre álcool, malte e lúpulo, permitindo que o paladar não se canse muito na hora da apreciação. A Samereiou mostra para quem está começando a beber o que é uma cerveja de panela, a ideia é que o consumidor saia dela para outro estilo mais forte, uma IPA por exemplo, ajudando nesta passagem de nível”, contou PJ.

O Empório Saint Anthony possui pioneirismo no ramo de cervejas artesanais No Vale do São Francisco. Funcionando desde 2014 em Petrolina, o Saint Anthony foi o primeiro estabelecimento a trazer para a região rótulos de cervejarias como Dogma, Tupiniquim, Walls, Hocus Pocus, dentre outras. Atualmente, o Saint Anthony pretende aumentar a parceria com as cervejarias locais. “Estamos de portas abertas para as cervejarias da região lançarem suas cervejas por aqui. Até por conta deste pioneirismo, estamos sempre prontos para ajudar, tratando os cervejeiros do Vale do São Francisco como uma grande família”, disse Fernando Nascimento, proprietário do Empório Saint Anthony.

A Samereiou da Old Chico está disponível enquanto durar o estoque no Empório Saint Anthony, que fica na Avenida da Integração ao lado da Havan, em Petrolina. O pint custa R$ 9,90. Segundo Paulo Júnior, a Old Chico tem a pretensão de ser parceria dos pontos de venda, por isso é mais provável que o cervejeiro encontre os rótulos da cervejaria em locais como próprio Saint Anthony. No entanto, a Old Chico também recebe pedidos via grupo da cervejaria no WhatsApp e também pelo seu Instagram.