DE CARONA NO ALL TOGETHER: UNTAPPD E DOGFISH LANÇAM CAMPANHA MUNDIAL BASEADA EM CERVEJA COLABORATIVA

#DIARIODAQUARENTENA

O site de redes sociais Untapdd, em parceria com a cervejaria norte-americana Dogfish, lançou o projeto I Remember My First Check-In para celebrar seu décimo aniversário. Com inspiração no sucesso recente da campanha All Together, a Dogfish criou uma receita base de cervejas no estilo Sour  e compartilhou pela internet. Da mesma forma que a ação da Other Half e Stout Collective, este projeto também possui o intuito de ajudar pessoas em todo o ecossistema que gira em torno das cervejas artesanais.

A receita e o rótulo criados para campanha I Remember My First Check-In podem ser baixados gratuitamente aqui; também neste link,  seguindo a proposta da campanha All Together, as cervejarias participantes encontrarão um mapa mundi para cadastrar seu produto e a data do lançamento. Para participar, a cervejaria deve utilizar esta base para Sour e inserir o adjunto que desejar, desde que seja provido por alguma fazenda ou fornecedor situado até 100 milhas do estabelecimento. As cervejas I Remember My First Check-In devem ser estar disponíveis a partir de 18 de outubro de 2020 e o Untappd irá promover o lançamento dos rótulos através do aplicativo. Os organizadores da campanha pedem aos usuários do Untapdd que marquem os check-ins com hashtag #myfirstcheckin para facilitar identificação das cervejas. Dúvidas sobre a receita, formas de ajuda e uso do rótulo podem ser dirimidas través do e-mail help@untapdd.com

Para celebrar seu aniversário em tempos de isolamento social, o Untappd também irá promover uma festa online através do seu aplicativo; o evento será comandado pelo fundador do Untapdd, Greg Avola, no sábado 24/10, das 15 às 18 horas (horário dos EUA), com discussões de provas de cerveja, apresentações musicais etc. O Untapdd é um site de redes sociais fundado em 2010 nos Estados Unidos por Avola e Tim Mather; a ideia surgiu de conversas pelo twitter entre ambos, visando compartilhar assuntos sobre receitas de cervejas. Enquanto Avola desenvolveu o código e a plataforma do Untappd, Mather fez o design de interface. Em 2016, Avola e Mather anunciaram que o Untappd passou dos 3 milhões de usuários cadastrados. Escrever sobre o projeto I Remember My First Check-In despertou meu interesse em recordar qual foi meu primeiro check-in no Untappd – confira a cerveja e data aqui.

 

ENTRE A MELHORES DO MUNDO: PROA TRAZ DUAS MEDALHAS DO WBA PARA BAHIA

Um dos concursos cervejeiros mais prestigiados no mundo, o World Beer Awards (WBA), publicou ontem a relação com as cervejas premidas na edição WBA 2020 (confira aqui a lista e também a chamada para submissões ao WBA 2021). Neste ano, a competição foi realizada totalmente online e reuniu mais de dois mil rótulos de diferentes países; as cervejas foram distruídas seguindo nove estilos, cada um organizado em categorias de análise (confira o Guia Oficial de Estilos para avaliações na edição 2020). Pela primeira vez na história deste prêmio, uma cervejaria baiana figurou entre as vencedoras: A Cervejaria Proa (Lauro de Freitas) conquistou as medalhas de prata nas categorias “Flavoured Stout/Porter”, com a RIS Caramelo Salgado”, e bronze na “Speciality Experimental”, com a saison Porreta.

Porreta: cerveja premiada da PROA

“Estamos bem felizes com esses prêmios! A Caramelo Salgado é uma Russian Imperial Stout com adição de caramelo e Flor de Sal; equilibramos a alta carga de malte com o amargor de 68 IBU. No aroma, entregamos o caramelo em primeiro plano, seguido de chocolate amargo, café e baunilha. No sabor, notas de caramelo, baunilha, café, chocolate, côco e amadeirado. Escolhemos o lúpulo experimental 472, que junto do caramelo e do sal trouxe alta complexidade para esta cerveja. Já a Porreta tem como protagonista a pimenta-caiena, um ingrediente típico da culinária baiana”, disse a cervejeira da Proa, Débora Lehnen. “Estamos com a Caramelo Salgado no tanque, em maturação; logo mais ela estará disponível na nossa taproom (Pituba) e também no Bar da Fábrica (Lauro de Freitas); já a Porreta está engatada nesses dois lugares, disponível para retirada no local ou delivery (Salvador e Lauro de Freitas), que pode feito diretamente pelo canal de vendas da cervejaria ou pelo app. iFood.

Fonte: Divulgação/PROA Cervejaria

O Blog Lupulado experimentou a Porreta, medalhista de Bronze no WBA 2020, utilizando o serviço de vendas e delivery da taproom da Proa. Na produção deste lote, segundo a cervejaria, foi utilizada uma dose extra de pimenta-caiena.

Fonte: Divulgação/PROA Cervejaria

O aroma traz um perfil condimentado, com notas picantes, florais e frutadas. Cor amarela, visual límpido, sem resíduos, com média formação de espuma e boa carbonatação. Na hora do gole, a cerveja apresenta a presença marcante do ardor da pimenta, seguida de baixo amargor (20 IBU e 5,7% ABV). Curiosamente, a adição de pimenta parece ter aumentado o corpo da cerveja; normalmente, as cervejas do estilo saison apresentam corpo baixo, porém a pimenta usada na Porreta provocou uma sensação de maior preenchimento na boca. A Porreta harmoniza muito bem com pratos da culinária baiana; na degustação, a opção foi por uma carne de bode do sertão da Bahia e feijão Andu.

Harmonização da Porreta com bode assado e feijão andu.

UM MANIFESTO EM FORMA DE CERVEJA

#diáriodaquarentena

A Cervejaria Heilige, de Santa Cruz do Sul – RS, lançou o kit de cervejas SadoMasoQuista para celebrar 10 anos de sua criação. Este projeto apresenta uma face inusitada com nuances de um manifesto, um estilo textual que busca relatar/alertar para problemas e situações correntes (veja o texto completo do manifesto da Heilige no final do post).

De forma criativa, a Heilige procurou elencar nos textos que compõem o manifesto parte dos problemas típicos do processo de fazer cerveja no país, como a incidência de impostos e taxas praticados no meio cervejeiro, que causam aumento de até 60% no preço final do produto, além do alto custo logístico e da burocracia; tudo isto causa desconforto em quem produz cerveja no Brasil, que passa ser concebido de forma irônica como Sadomasoquista. O kit é formado por três cervejas, que são embrulhadas em papel de seda com parte do texto do manifesto da Heilige. Cada rótulo segue um estilo diferente: a SADO é uma Brut Ipa, a MASO é Russian Imperial Stout e a QUISTA é uma Berliner Weiss. Na Bahia, este kit está disponível para Salvador e todo o estado no site Cerveja Salvador.

“Este projeto nasceu em uma manhã de domingo, em novembro de 2019, quando eu participava de um curso de Off-Flavor, em Porto Alegre, junto com um dos fundadores da Heilige, Rodrigo Yung, o cervejeiro Paulo Sarvacinski e a Aline Viecinski, que responde pelo laboratório da fábrica. Comentávamos, na ocasião, que existe muito romantismo quando se pensa em fazer cerveja, mas que por trás também existe um universo de trabalho meio que desconhecido do público. Foi quando surgiu a ideia de comemorar os 10 anos da Cervejaria Heilige para além do lançamento de uma cerveja, mas lançar um manifesto ao mercado cervejeiro. Passamos muita coisa pra chegar até aqui e sabemos que tem mais gente que passa por isto também. Foi nossa maneira de levantar a bandeira e falar ‘estamos juntos’, mesmo nestes tempos de pandemia”, explicou a Sommelière da cervejaria Heilige e uma das idealizadoras do projeto, Juliane Rosa.”A ideia é justamente causar um desafio sensorial que proporcione certa inquietação, fazendo referência aos prazeres e aos incômodos de produzir cerveja no Brasil”, complementou Juliane.

A prova das cervejas começou com um desafio: escolher a ordem dos rótulos para degustação. Normalmente, inicia-se pelo estilo mais leve, seguindo para os mais extremos; porém, a opção feita foi provar seguindo a ordem criada pelos nomes Sado+Maso+Quista. “Esta é a nossa primeira provocação: decidir a ordem para degustação.  A lógica que costumamos seguir é escolher primeiro o estilo mais leve, mas aí propomos uma ordem pelo nome do kit, que não segue esta sequencia ”, disse Juliane. “Nosso cervejeiro Paulo Sarvacinski teve total liberdade de escolha para os estilos. Como se trata de cervejas comemorativas, com edição limitada, a pessoa pode escolher à vontade a sequencia que sentiu mais vontade de fazer”, destacou a Sommelière.

SADO apresentou visual límpido, cor acobreada, espuma cremosa e carbonatação com bolhas finas que fazem referência aos espumantes, como sugere este estilo uma Brut IPA . O aroma entregou em primeiro plano a uva verde, seguidas de notas herbais e de frutas tropicais como abacaxi e maracujá  Muito refrescante, na boca apresentou baixo amargor (28 IBU), corpo médio e teor alcoólico moderado (5,3 ABV).

A MASO apresentou o tradicional visual escuro, fosco, típico do estilo Russian Imperial Stout; baixa formação de espuma e aroma com notas de coco e café torrado. Mesmo licorosa (ABV 11%), com corpo alto e moderadamente amarga (40 IBU), trata-se de uma cerveja bem fácil de beber, que trouxe para a boca notas de madeira, coco e castanha, além de retrogosto adocicado.

Por fim, a Berliner Weiss QUISTA apresentou aromas cítricos, especialmente limão, coloração amarela, espuma cremosa e alta carbonatação. Na boca, proporcionou uma experiência de corpo baixo e muita acidez, com pouco álcool (ABV 3,3%) e amargor (4 IBU).

“Em vez de 4-pack ou 6-pack, pensamos em um kit composto por três cervejas, pois a ideia era ter uma ácida, uma picante e uma extremamente carbonatada. Separadas elas são ótimas e lembram a parte boa do processo, da pessoa faz o que gosta (produzir cerveja) com dedicação e capricho. Juntas, elas impõem um desafio sensorial ao paladar, pois a soma das sensações provocadas por elas causa desconforto, isto é, o cérebro entende o resultado desta operação como uma sensação de incômodo. A proposta é realmente essa – incomodar”, finalizou Juliane.

Confira o texto do manifesto na integra, que vem escrito nas embalagens das cervejas do kit SadoMasoQuista: 

Criar uma marca do zero em qualquer seguimento no Brasil é uma tarefa árdua. As oscilações da economia no mercado brasileiro tornam a tarefa de empreender um desafio enorme.

Em 2015, por meio da pesquisa de Demografia das Empresas o IBGE apresentou que 60% das empresas com pouco mais de 5 anos fecham suas portas. Segundo o instituto das 733,6 mil empresas abertas em 2010, somente 277,2 mil – 37,8% do total sobreviveram até 2015.

Em Janeiro de 2019, o Boa Vista divulgou uma pesquisa apontando que em 2018, 96,5% das empresas do país que entraram em processo de falência eram Pequenas Empresas. Pequenas Empresas que nunca poderão ser grandes, pois acabaram antes.

O cenário da produção de cerveja no Brasil é ainda mais dramático no que concerne os desafios de crescimento. A carga tributária é responsável por até 60% do preço final do produto.
Impostos que incidem sobre a cerveja:

PIS – tabelado por litro/garrafa
Cofins – tabelado por litro/garrafa
IPI – tabelado por litro/garrafa
ICMS – percentual que varia de estado para estado
ICMS-ST (Substituição Tributária) – percentual que varia de estado para estado
Ampara – Fundo de Proteção e Amparo social do RS
IPRJ – imposto de renda para pessoas jurídicas
CSSL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

O ICMS-ST, a chamada Substituição Tributária, no preço de venda, faz com que o mesmo produto tenha tabelas diferentes para cada um dos estados aonde a empresa comercializa a cerveja. Misturando isso a um universo competitivo, em que as grandes redes tem lojas e centros de entregas em vários estados diferentes torna-se uma engenharia e tanto fazer a conta fechar positiva, e ainda permitir a venda para o consumidor.

Seja por Pauta ou Margem de Valor Agregado (MVA) o empresario tem como o maior corrente de mercado as taxas de impostos. Isso acontece pois o produtor é forçado a pagar a tributação pela cadeia inteira, muitos desses impostos são pagos antes mesmo do produto sair da fábrica, ou seja, bem antes da empresa receber pela venda.

Além do vergonhoso custo tributário, não podemos menosprezar o alto custo logístico, intensificado pelas estradas em más condições; além das inúmeras burocracias para registros e liberação de alvarás e a oscilação cambial.

Diante disso, ainda existem poucos fornecedores, custos elevados de equipamentos principalmente comparado a países como EUA e países Europeus onde o fomento dos negócios no segmento recebem uma atenção muito maior. Sem dúvida, a lista é grande.

O resumo desta história é o mesmo para quase todas as cervejarias, trocando apenas alguns personagens. Enfrentar e superar tudo isso é digno de ser chamado de Sadomasoquista, pois apenas gostando de uma dose extra de sofrimento para escolher esse mercado para investir.

É exatamente esse o nome da cerveja, ou melhor das cervejas, que a Cervejaria Heilige produz para celebrar os 10 anos, e sua trajetória de crescimento no mercado Craft. São 3 cervejas: uma ácida, uma picante e uma extremamente carbonatada. Separadas elas são ótimas, e lembram a parte boa de quem faz o que gosta com dedicação e capricho. Juntas elas são um desafio sensorial ao paladar, pois a soma das sensações provocadas pelas 3 causam desconforto. A proposta é realmente essa – Incomodar.

São dez anos de historia da Cervejaria Heilige, de luta constante para levar ao publico um produto de qualidade que justifique passar por todos esses perrengues de quem empreende no Brasil, e a Cervejaria Heilige não quer deixar passar esse momento sem levantar essa bandeira. Não tem romantismo no universo da cerveja. Tem muito esforço e tem historias para contar, e por querer seguir em frente é que esse lançamento vem para desconcertar, tirar do lugar e levantar a discussão.

Com tudo isso a Heilige fez muito nesses 10 anos! Imagina aonde nós, e todas as marcas de cerveja especial, que compõe o mercado nacional de cerveja, vamos chegar se esse cenário for melhor? Seguimos. Vida longa a cerveja especial, vida longa para todos nós para ver o que vem por ai!

ALL TOGETHER: UMA VISÃO DO BRASIL 4 MESES DEPOIS

#DiárioDaQuarentena

Um projeto que vem se destacando no meio cervejeiro durante a quarentena provocada pela Covid19 é o All Together – “Todos Juntos”, em português. Esta ação foi idealizada pela cervejaria norte-americana Other Half para ajudar profissionas que foram afetados pelo fechamento e/ou redução das atividades em bares, taprooms e demais estabelecimentos no ramo. No final de março, a Other Half compartilhou pela internet receita e rótulo da All Togther; qualquer pessoa pode baixar e fazer sua cerveja seguindo essas informações, porém deve se comprometer em reverter parte do lucro em prol de bartenders, garçonetes, garçons, sommeliers, cervejeiros/as, músicos, musicistas e demais colaboradores/as que tiveram trabalho e renda reduzidos em face da pandemia.

Apesar do reconhecido sucesso do All Together, é incerto precisar em níveis mundial e nacional quantas cervejarias efetivamente aderiram à empreitada. O site do projeto mostra em sua interface um mapa com a localização de 855 cervejarias participantes espalhadas por 53 países diferentes; 16 delas funcionam no Brasil. Entretanto, quem segue a atividade das cervejarias brasileiras sabe que existe uma discrepância entre estas informações e a oferta nacional de rótulos “All Together”. EverBrew (Santos-SP), Dogma (São Paulo), BrewLab (Rio de Janeiro) Trilha (São Paulo), e Koala San Brew (Belo Horizonte) são exemplos de cervejarias conhecidas que engajaram no projeto All Together, porém não figuram no mapa; se buscarmos por cervejarias caseiras este número tende a crescer, comprovando que é uma missão difícil contabilizar todas as participantes.

Na tentativa de dirimir esta questão, o Blog Lupulado usou a ferramenta disponível no site do projeto All Togetter para entrar em contato com os organizadores. Fomos atendidos de forma bem amável e solícita por Amy Burns, membro da Stout Collective, estúdio especializado na produção de conteúdo para cervejarias que é parceiro da Other Half neste projeto, criando o design do rótulo da All Together. “É impossível, para nós, rastrear com precisão todas as cervejarias; certamente, sempre existem outras que estão participando. Nós listamos apenas aquelas que se inscrevem através do website do nosso projeto; colocamos todas informações conforme solicitado pela cervejaria”, disse Amy. “Por outro lado, é uma noticia muito boa saber que existe esta adesão ao nosso projeto no Brasil e esperamos que esteja realmente ajudando as pessoas afetadas pela pandemia. Muito obrigada pela parceria e suporte das cervejarias brasileiras! Somos realmente agradecidos! O projeto decolou no mundo todo e isto é ótimo de ver”, complementou.

Mapa no site do projeto All Together, com a localização das cervejarias no Brasil.

No estado da Bahia, apenas a cervejaria cigana MinduBier (Salvador) aparece no mapa acima; entretanto, o Blog apurou que, além da Mindu, a cervejaria caseira HopDevils HomeBrewing (Jacobina) está com o lançamento engatilhado da sua All Together. “Nós fizemos a inscrição e o mapa da All Together já se encontra atualizado com a nossa participação. A cerveja foi envasada ontem; acredito que na semana que vem a All Together da Mindu já estará disponível”, disse o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins. Já o cervejeiro da HopDevils HomeBrewing, Pedro Dourado, revelou que sua All Together estará pronta em 20 dias.

Primeira mão: All Together da MindBier pronta para lançamento.

Provando All Together

O Blog Lupulado fez a prova de quatro cervejas nacionais All Together, que estão disponíveis em Salvador. Duas delas figuram no mapa: a produzida pela Locals, Only (São Carlos-SP) e a colab feita por Japas (São Paulo) e Narcose (Capão da Canoa-RS); já as outras duas não aparecem, lançadas respectivamente por EverBrew e Octopus (Rio de Janeiro). Especialmente no aspecto visual e aroma, fica nítido que estas cervejas são bem parecidas em função do estilo comum (NE IPA) e logicamente por partirem da mesma receita. Porém, o trabalho  seminal dos cervejeiros da Other Half dá margem para criatividade das cervejarias parceiras. “Criamos uma receita mais simples, que utiliza uma base de maltes de custo relativamente baixo e lúpulos mais disponíveis pelo mundo; na verdade são duas receitas, que podem ser utilizadas respectivamente na brassagem de cervejas West Coast IPA e New England IPA”, explicou o cervejeiro Sam Richardson, que fundou a Other Half junto dos colegas Matt Monahan e Andrew Burman, no Brooklin, Nova York, em 2014. Alguns registros que encontramos de outras All Together pelo mundo sinalizam brechas para criatividade de cervejeiros/as parceiros na hora de executar a receita, fugindo um pouco das características desses estilos; são os casos, por exemplo, da Session IPA da Lervig (Noruega) e da Imperial IPA da Modist Brewing Company (Estados Unidos), que é o segundo rotulo desta cervejaria feito dentro da proposta All Together.

Joílson, colaborador na Vitrine da Cerveja, exibe a lata da All Togerther Jappas/Narcose

A colaborativa feita pela Japas e Narcose apresenta aroma carregado de notas cítricas, com proeminência do Maracujá. Cor dourada, visual límpido, sem resíduos e boa formação de espuma. Na boca, sabor marcante do maracujá, baixo amargor (IBU N/A) e um pouco licorosa apesar do teor alcoólico não ser tão alto (ABV 6%). “A Jappas e a Narcose nos orientaram a reverter parte do valor arrecadado com a venda desta cerveja para meus colaboradores aqui da loja; é o que vamos fazer”, disse o diretor comercial da Vitrine da Cerveja, Claiton Santos.

All Together da Jappas e Narcose.

Já a All Together da Locals, Only mostra cor e formação de espuma bem semelhantes à cerveja da Japas e Narcose, porém com resíduos visíveis de aveia. O aroma também é cítrico, mas sem a proeminência do maracujá. Baixo amargor (IBU N/A), corpo macio e menos licorosidade apesar de levemente mais alcoólica que a Jappas/Narcose (ABV 6,2%). Disponível na Vitrine da Cerveja, em Salvador.

All Together da Locals, Only.

A cerveja da Everbrew traz aroma de frutas tropicais, como abacaxi e melão, espuma cremosa, cor amarela e a turbidez típica das NE IPAs. Corpo sedoso, teor alcoólico ligeiramente mais elevado que as anteriores (ABV 6,5) e amargor mais acentuado (IBU 60%); entrega uma combinação muito bem equilibrada entre suculência (juicyness) e amargor. Em sua conta no site de redes sociais Untapdd, a cervejaria EverBrew anunciou que irá reverter parte do valor arrecadado em prol dos músicos que tocam na casa. Também encontrada na Vitrine da Cerveja.

Growler com All Together da Everbrew.

Por fim, a All Together da cervejaria Octopus também apresenta no aroma o perfil cítrico, com notas de melão bem presentes e também um toque gramíneo, traduzindo uma das marcas da interferênciai novadora na receita original; este procedimento é sinalizado pela própria cervejaria Octopus. Na parte visual, apresenta espuma cremosa e a turbidez característica dos estilos NE IPA, porém mais acentuada que nos casos anteriores. Na boca, entrega notas de melão, um corpo sedoso e amargor moderado, com leves notas picantes e condimentadas, revelando mais traços da criatividade da Octopus na elaboração da sua All Together. Disponível no site Cerveja Salvador.

All Together da cervejaria Octopus.

 

QUARENTENA PRODUTIVA: CERVEJARIA MINDUBIER APRESENTA MAIS UM LANÇAMENTO EM JULHO

#diáriodaquarentena atualizado em 23/07 às 20:11

A cervejaria soteropolitana MinduBier lançou ontem a OatBurst, uma NEIPA que carrega em si característica marcante: alta carga de aveia. O próprio nome é uma síntese do inglês “Oatmeal Burst”, que em português pode ser traduzido como “explosão de aveia”.  Este é o terceiro lançamento da MinduBier em menos de um mês; poucos dias atrás, a cervejaria lançou a colab Espelho d’Água e a Klooster, uma Belgium com amendoim. Nestes dias difíceis, a cervejaria sinaliza de forma criativa que é possível prosperar durante a crise provocada pela COVID-19. “O segredo é a estratégia. O público está sedento por novidades; então passamos a focar em lançamentos, porém com lotes únicos”, destacou o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins .

A OatBurst é mais um rótulo adicionado ao portfólio de sazonais da cervejaria; diferente da MinduHaze e da MindCloudy, outras NEIPAS produzidas recentemente pela Mindu a partir da mesma base, a OatBurst seguiu outra linha. “Alterei a base de maltes. Também utilizei uma carga de aveia muito maior que a convencional, além da base com os lúpulos Citra, Mosaic e El Dorado”, disse Gustavo.

Visual turvo da OatBurst

De fato, as altas cargas de aveia e lúpulo protagonizam este lançamento da MinduBier. O aroma é extremamente cítrico e frutado, carregado de notas de maracujá e abacaxi. A cor da cerveja é bem amarelada e sem resíduos, além da turbidez típica em decorrência  da grande adição de aveia (40%). Na hora do gole, a aveia também confere à cerveja um corpo macio e sedoso, acompanhando de um amargor (40 IBU) que escamoteia seu considerável teor alcoólico  (6,6% ABV).  Frente às outras NEIPAs do portfolio da MinduBier, podemos dizer que, na boca, a OatBurst apresenta menos suculência (juicyness) porém entrega amargor mais equilibrado, além de ser um pouco mais resinosa.

“Esta receita faz parte do nosso processo de ciganagem com a cervejaria Dádiva, em Várzea Paulista – SP. O (cervejeiro da Dádiva) Victor Marinho é um parceiro importante, que nos ajuda supervisionando e fazendo adaptações na receita, o que complementa a experiência da ciganagem. Nós mandamos a receita original,  conversamos sobre detalhes sensoriais; em cima dos comentários do Victor, fechamos um piloto”, finalizou Gustavo. A parceria com a Dádiva ajuda também na distribuição da OatBurst, que está disponível em todo Brasil para entregas ou retiradas em lojas. Em Salvador (com envio para toda a Bahia), a cerveja pode ser encontrada tanto em lata quanto chopp nas lojas Cerveja Salvador, Kombita, Vitrine da Cerveja, Chopp Shopdentre outras que estão operando via delivery ou retirada; pode-se ainda pedir diretamente pelos canais de vendas da Cervejaria MinduBier (whastapp: 71 99708 9440).

 

Espelho d’água: Cervejarias se unem para ajudar cooperativa na Bahia

#diáriodaquarentena

Dez cervejarias se uniram para fazer uma boa ação durante a quarentena provocada pela COVID19. Dádiva, Japas, Mafiosa, Augustinus, Quatro Graus, Treze, Cathedral, Orchid, Mindubier e 4Islands (Holanda) lançaram a colab Espelho D’Água, uma American Pale Ale criada para ajudar a Cooperativa Repescar, coletivo formado por pescadoras (es) e catadoras (es) de mariscos que foi bastante afetada pelo fechamento de bares e restaurantes.

Colab Espelho D’Água

A Cooperativa Repescar foi fundada em 2005 no município de Vera Cruz, que fica na borda leste da ilha de Itaparica, distante cerca de 5 km de Salvador. Sua principal fonte de renda vem do fornecimento de peixes e mariscos para estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes; com a suspensão de grande parte das atividades nestes locais, as finanças da Repescar foram profundamente afetadas. Para amenizar esta situação, um percentual do que for arrecadado com a venda da Espelho D’Água será repassado para a cooperativa. “Ficamos muito felizes com o apoio dado por essas cervejarias. A gente vai reverter este valor em cestas básicas, que serão doadas para cerca de 400 famílias de trabalhadores assistidas pela Repescar”, disse o assessor técnico de gestão da Cooperativa Repescar, José Carlos Bezerra, o Zeca.

Pessoal da Cooperativa Repescar durante mais um dia de trabalho em Vera Cruz. Fonte: arquivo pessoal José Carlos Bezerra (Zeca).

Apoiar causas sociais não é algo novo no meio cervejeiro. Durante esta pandemia, por exemplo, o Blog Lupulado destacou o trabalho feito pela cervejaria Mito no Rio de Janeiro. No ano passado, a loja Vitrine da Cerveja, em Salvador, promoveu o evento Chopp Solidário como forma de arrecadar donativos para o Asilo São Lázaro; naquela época, o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins, destacou o potencial do meio cervejeiro para ajudar nas causas sociais, o que ficou comprovado novamente agora com o projeto da Espelho D’ Água. “Desde o início da pandemia estamos tentando viabilizar um projeto para ajudar o meio. Aí encontramos na Dádiva o apoio necessário. Juntaram todas as cervejarias da Distribuidora e bolamos esse rótulo. A escolha em ajudar a Cooperativa Repescar também nos deixou muito felizes, pois foi sugestão da Mindu, após conversa com (chef) Fabrício Lemos, do (Restaurante) Origem. A sugestão da Mindu foi aceita por todas as cervejarias e o rótulo foi pensado justamente para dar apoio à cooperativa”, disse Gustavo.

Alta qualidade: Parte do pescado fornecido pela Cooperativa Repescar. Fonte: José Carlos Bezerra (Zeca).

A Espelho D’Água é uma cerveja leve (5,2% ABV) e bastante aromática, com notas cítricas e de frutas tropicais. Boa formação de espuma, visual límpido e cor dourada. Corpo médio, amargor acentuado (50 IBU) e bem equilibrado com o aroma, com notas de menta no retrogosto. “Ela harmoniza com todos os mariscos; especialmente aratu, ostra e siri caem muito bem com esta cerveja”, recomendou Zeca. Em Salvador, a Espelho D’Água pode ser encontrada em latas e em chopp, nas lojas Cerveja Salvador, Vitrine da Cerveja, Casa Olec, além do canal de vendas da MinduBier.

A cooperativa Repescar está atendendo diretamente clientes interessados em peixes e mariscos através de seu perfil no Instagram; os pedidos também podem ser feitos pelo Goomer. Além das cervejarias, a Repescar está recebendo apoio de outros parceiros, como a ONG Humana Brasil, e também doações, que podem ser feitas através da conta:  Cooperativa de Pescadores e Marisqueiros de Vera Cruz – Banco do Brasil, Agência 3.921-7, Conta: 21.117-6, CNPJ:07.738.722/0001-97

Cooperada em ação na Ilha de Itaparica – BA. Fonte: Arquivo pessoal José Carlos Bezerra (Zeca).

Cooperadas exibindo resultado do trabalho. Fonte: Arquivo pessoal José Carlos Bezerra (Zeca).

 

Da Bélgica para Bahia

#diáriodaquarentena  

Na semana passada, duas cervejarias de Salvador, Bardo e MinduBier, apresentaram respectivamente a Mefisto e Klooster, duas novidades seguindo estilos belgas. Como é sabido, as cervejas da Bélgica são marcadas pelo alto grau qualidade, variedade, complexidade e criatividade, tornando-se referência para outras escolas no mundo. Por exemplo, o país possui seis mosteiros da Ordem Trapista, que produzem os famosos rótulos Orval, Chimay, Rochefort, Westmalle, Ache e Westvleteren. A importância da Bélgica no universo cervejeiro é tão grande que a UNESCO declarou, em 2016, as cervejas belgas como Patrimônio Imaterial da humanidade.

Mefisto é a Belgium Golden Strong Ale da cervejaria Bardo; lançada em em 2017, vem sendo produzida uma vez por ano. A cerveja possui cor acobreada, visual límpido, com espuma densa e persistente. O aroma adocicado e frutado carrega notas florais bem sutis. A sensação de boca é leve, porém licorosa (8,9 ABV), com baixo amargor (28 IBU).  Na hora do gole, via de regra, pode-se sentir o típico dulçor residual do estilo, acompanhando das notas picantes trazidas pela adição de gengibre e semente de coentro.

“Quando nós fechamos a receita, determinamos as principais características em nível de álcool, densidade, o quanto de amargor para equilibrar com este dulçor residual; partimos para a escolha da cepa de leveduras a fim de garantir que a cerveja apresentasse um pouco de fenólico, que é justamente a característica das cepas utilizadas pela escola belga. Aí escolhemos duas especiarias – gengibre e semente de coentro – que no final proporcionaram este resultado marcante, se equilibrando aos compostos da fermentação”, disse o cervejeiro da Bardo, Mateus Magalhães. “A escola belga tem estilos que casam muito bem com certas especiarias. No caso da Mefisto, para dar este diferencial, a gente escolheu adicionar gengibre e semente de coentro; esses adjuntos se misturaram e se equilibraram com todos os compostos gerados pela levedura durante a fermentação. O gengibre e o coentro conferem certo frescor e a gente conseguiu trazer isso para uma cerveja alcoólica, com drinkability bem legal”, complementou.

Outro aspecto que chama atenção na Mefisto é o nome da cerveja, seguindo a mesma linha de outras Belgium Strong Ale, que fazem referência à figura satânica do cristianismo, a exemplo da Lúcifer e da clássica Duvel (que significa “diabo” em Flamenco). “Em nossos rótulos, sempre fazemos muita analogia aos jogos de representação (RPG), mas também trabalhamos com outros conceitos e valores culturais. Pensando justamente na proposta introduzida pela Duvel, inspiramos na literatura para escolher o nome Mefisto, que aparece na obra Fausto, de Goethe.

Também seguindo a linha da escola Belga, a cevejaria MinduBier lançou a Klooster (8,9%ABV e 30IBU), mais um rótulo para seu portfólio de sazonais. Diferente da Mefisto, o nome faz uma referência aos monastérios belgas, onde tradicionalmente algumas cervejas são produzidas naquele país. O estilo também é outro, neste caso, uma Belgium Tripel com adição de amendoim. “Minha proposta, na verdade, não foi avançar no estilo Tripel, nem aprimorar; quem sou eu para mexer no trabalho que os monges fazem tão bem há centenas de anos! Só quis dar uma regionalizada e trazer um pouco do São João e do Nordeste para o estilo Tripel”, explicou o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins.

A Klooster também possui cor acobreada e visual límpido, com espuma persistente e com boa carbonatação. No aroma, um diferencial: além de trazer as tradicionais notas frutadas e condimentadas do estilo, possui presença marcante do amendoim.  A sensação de boca é bem leve, seca entregando logo em primeiro plano o amendoim, proporcionando uma combinação extremamente agradável com o dulçor tradicional do estilo; as notas de amendoim ainda permanecem no retrogosto. “Também foi minha intenção fazer a cerveja bem seca, e realmente o amendoim, que foi torrado na cervejaria, ajudou a quebrar esse dulçor”, disse Gustavo. “A Klooster faz uma harmonização perfeita com amendoim, vale a pena experimentar”, finalizou.

A Mindu Klooster pode ser encontrada nas lojas Cerveja Salvador e Vitrine da Cerveja, na capital da Bahia, além de outras pelo Brasil; também pode ser adquirida pelo canal de vendas da Mindu (Whatsapp: 71 99708 9440). Já a Mefisto está disponível via direct no Instagram da Bardo ou através do canal de vendas da cervejaria (Whatsapp: 71 98826 2791).

“Pacotin” de Minas: cervejaria mineira investe em 4-PACK de IPAs

#diáriodaquarentena

Seguindo a dica do amigo Nélio Castro, do canal Bebendo com Amigos, resolvi testar durante a quarentena o 4-pack de IPAS em latas de 473ml oferecido pela cervejaria Prússia Bier, que fica na pequena cidade de São Gonçalo do Rio Abaixo, distante 80 km da capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. O nome é uma referência ao Reino da Prússia, que antigamente ocupava uma região histórica da Europa, onde hoje estão países expoentes na cultura cervejeira, como Alemanha, Bélgica, República Tcheca, dentre outros. Este 4-pack da Prússia custa apenas R$49,90 e pode ser enviado para todo Brasil.

Os quatro estilos de IPA que compõem o 4-PACK criado pela cervejaria Prússia Bier.

A origem do conceito 4-pack de cervejas é um tanto incerta; segundo o jornal Boston Globe, remonta a 2013, quando pessoas formaram filas em frente da famosa cervejaria The Alchemist, na região de Vermont, Estados Unidos, para comprar a IPA Heady Topper, o primeiro rótulo vendido no formato 4-pack. Esta ação acabou criando um padrão para venda de cerveja, justamente o 4-pack, que na época gerou expectativas no público cervejeiro sobre futuros lançamentos da The Alchemist, envolvendo estilos típicos do estado Vermont, como Juicy, Hazy e New England IPAs dentre deste conceito. Esta passagem fez muitas cervejarias artesanais abaronarem o tradicional formato de 6-pack e partirem para o 4-pack com latas de 473ml, que nos EUA equivale à medida 16-ounce (fl. oz). Ainda de acordo com o jornal, o 4-pack com latas de 473ml também serve para diferenciar o produto das microcervejarias artesanais do formato tradicional adotado pelas cervejarias industriais, que é o pack de 6 latas de 355ml ou 12 fl.oz. Além disto, as latas maiores são visualmente mais atraentes e oferecem mais espaço para a marca ou para criação de trabalhos artísticos.

Abrindo o 4-pack

A cervejaria Prússia Bier surgiu no ano de 2014, em Minas Gerais, pela mão de três amigos, que se tornaram sócios: Douglas Vidal (sócio-proprietário e gerente comercial), Fernando Carvalho (diretor executivo e mestre cervejeiro) e Railton Vidal (gerente de logística). Além das cervejas que compõem este 4-pack, a Prússia tem outros rótulos de linha. “O nosso 4-pack chegou para ficar; é um produto de linha, tanto que a ideia é pegar as nossas outras cervejas e trazer para este formato. Ao longo do ano, teremos o lançamento de outros 4-pack com rótulos sazonais”, disse Fernando Carvalho.

4-Pack de IPAs enviado de Minas Gerais pela Prússia Bier chegou em Salvador cerca de 15 dias depois da compra.

“Quando a gente começou a estudar o mercado de latas para entender o que o consumidor estava buscando e as novas tendências, nós identificamos que era mais interessante um formato menor, como o 4-pack, vendido por valor mais adequado”, contou Fernando. “Ao mesmo tempo, com o nosso 4-pack o cliente pode ter uma experiência mais completa com a marca e com as IPAS, em detrimento a outros pacotes que oferecem a mesma cerveja; desta forma fica mais fácil o consumidor perceber qual sua preferência. No final das contas acaba sendo uma boa experiência tanto para o consumidor quanto para nós, considerando os feedbacks que recebemos”, complementou.

A primeira cerveja degustada foi a Fake IPA.  Uma Session IPA com adição de aveia, que justifica seu visual um pouco turvo. A principal característica desta cerveja remeteu ao contraste criado pela receita entre aroma e amargor; o dry-hopping de lúpulos Azacca, Citra e Amarillo proporcionou aroma acentuado de frutas amarelas, causando logo expectativa por aquela bomba de amargor, mas que foi desfeita após o gole, com maciez na sensação de boca e baixo amargor. Por ser uma cerveja leve, muito aromática, com baixos teor alcoólico e amargor (4,1%ABV e 30 IBU), pode ser uma boa opção para paladares iniciantes no universo das cervejas artesanais.

A Brut IPA De Boa na Lagoa foi o segundo rótulo da degustação. A cerveja trouxe várias referências aos espumantes, como a secura, notas de uva no aroma, formação de bolhas e espuma. Feita com lúpulos Centennial, Citra e Simcoe, a cerveja apresentou amargor moderado (23 IBU) e teor alcoólico elevado (7,1%), porém com pouca licorosidade e sem viscosidade na sensação de boca.

A terceira cerveja da sequencia foi também a mais apreciada: a Newbie. Trata-se de uma NE IPA com um aroma potente de frutas tropicais, entregando abacaxi no primeiro plano, seguido de notas de laranja e kiwi. Coloração amarela, turbidez provocada pela adição de aveia, corpo sedoso e sem resíduos. Teor alcoólico (6,5%ABV) e amargor (45 IBU) acentuados, que somados ao aroma frutado resultou em excelente drinkabilidade.

A última cerveja da degustação foi o carro-chefe da Prússia Bier: a English IPA. Um típico exemplar deste estilo que, via de regra, utilizou lúpulos ingleses e malte de caramelo, proporcionando aroma floral e amargor acentuado(55 IBU e 6,5% ABV). Cor acobreada, visual límpido, gosto caramelado e corpo médio marcam esta cerveja, que foi premiada na Copa Cervezas de América de 2017.

O 4-pack da Prússia Bier pode ser comprado pelo preço promocional (R$ 49,90) via hotsite até o próximo dia 15 de junho. Além das cervejas, pacote inclui um livro com receitas para harmonização. O Blog Lupulado apurou que, em breve, as cervejas da Prússia Bier estarão disponíveis para todo os estado da Bahia no site Cerveja Salvador.

 

 

 

 

Quarentena Defumada: Rauchbier feirense chega em Salvador

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Feira de Santa é o segundo município do Estado da Bahia e a maior cidade do interior do Nordeste. Possui no comércio sua principal atividade econômica e ocupa posição geográfica estratégica, situada no cruzamento das rodovias BR 116 e 101. Em 1919, recebeu de Ruy Barbosa a alcunha de “Princesa do Sertão” justamente por conta da sua localização privilegiada. No comércio de Feira de Santana, o ramo de cervejas artesanais parece bem desenvolvido, dispondo de tudo que se espera encontrar – clientela, lojas especializadas, mercadoria diversificada e, claro, cervejarias. Neste cenário, a Cervejaria Dragórnia desponta com proposta bem original, fundamentada em elementos medievais, que apresenta no seu portfólio  um estilo de cerveja pouco comum Brasil: uma Rauchbier, chamada Dragornia Bamberg Marzen Rauchbier, que carrega em si as características clássicas das cervejas defumadas alemãs.

“A Dragornia nasceu 2013, mas não era exatamente uma cervejaria. Nós éramos três amigos que se uniram para fazer Hidromel e um evento chamado ‘Banquete dos Três Reinos’, que era uma evolução do Jantar Medieval anual que acontecia em Feira de Santana. Nesta época éramos chamados de ‘Taberna Dovahkin’ e lançamos um rótulo de Hidromel especial chamado ‘Dragornia’, mesmo nome que batizamos nosso motoclube. A gente sempre quis fazer cerveja, mas não imaginávamos que viraria um negócio grande, nem nada”, disse o sommelier da Dragornia, Carlos Henrique Kruschewsky.  “Nós adoramos carne de porco e nos nossos jantares medievais a gente fazia um porco inteiro no rolete. Para harmonizar, Rauchbier foi meu estilo favorito por bastante tempo, porém era difícil de encontrar. Foi aí que decidi produzir e comecei um estudo até chegar nesta receita”, revelou.

Companheiros do motoclube Dragornia: Carlos Henrique (esq.), Diego, Renato (sócio da cervejaria), Jordan e Dalmo (Fonte: Carlos Henrique Kruschewsky).

A Dragornia Bamberg Marzen Rauchbier, via de regra, entregou no primeiro plano o aroma de bacon típico do estilo; espuma cremosa, visual clássico na cor âmbar e opaca; notas defumadas no sabor e leve tosta no retrogosto, além 5,3 % de ABV e 28 IBU. “A gente não queria uma Rauchbier carregada demais no bacon. Então optamos por um grist de maltes que nos desse bacon, claro, mas que remetesse também aos embutidos defumados como peito de peru, por exemplo. Todo o processo de “tosta” que você sentiu na cerveja tem a ver com esse grist de maltes que usamos”, revelou Carlos. “A gente queria que nossa Rauchbier seguisse à risca tudo que a Escola Alemã de Cervejas pede; então usamos um blend de lúpulos de origem alemã seguindo a Lei de Pureza de 1516“, complementou o sommelier.

Além da Rauchbier, o portfolio da Cervejaria Dragornia conta com outros três rótulos: uma Weizenbier, uma Imperial IPA e uma America Red Ale, que é seu carro-chefe. As cervejas foram produzidas nas instalações da Cervejaria Berenice, em Lauro de Freitas. Neste ano, os sócios da Cervejaria Dragornia planejavam lançar a própria fábrica e brewpub, em Feira de Santana. Entretanto, veio a crise deflgrada com a COVID19. “O lançamento da nossa fábrica, com todas as certificações necessárias, seria no final de março; tem a forma de um castelo e nós não imaginávamos algo diferente. O lançamento do nosso Brewpub aconteceria ainda neste semestre; a gente planejava lançar também outros três rótulos – um irish Extra Stout, uma APA e uma cerveja que chamamos de Ponta da Ostra. Porém, toda esta situação envolvendo a pandemia nos obrigou a adiar um pouco nossos planos”, lamentou o sommelier

Castelo em Feira de Santana onde será a fábrica e brewpub da Cervejaria Dragornia. (Fonte: Carlos Henrique Kruschewsky).

“Cada rótulo da Dragornia conta uma história, que cinco ou seis anos atrás a gente escrevia para compor os nossos jantares medievais.  Criamos um reino de fantasia com sua própria mitologia. Cada cerveja é associada a uma cidade no universo que criamos – a Rauchbier, por exemplo, é feita na cidade de Laguna – a sua lenda é contada no rótulo…escrevemos um livro de fantasia medieval e uso tudo que ele oferece pra criar nossas cervejas”, finalizou.

Mapa criado pelos socios da Dragornia, base do universo de fantasia medieval que serve de inspiração para criação das cervejas.

Os rótulos da Cervejaria Dragornia, incluindo a Rauchbier, estão disponíveis em Salvador na Barca Viking, que durante a pandemia está atendendo via delivery através do WhatsApp 71 99194-8648.

De olho na Mito: Cervejaria combina sua produção à crítica e ação social

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Junto do Novo Corona Vírus, outro personagem bastante comentado durante esta quarentena é o Presidente da República, Jair Bolsonaro. Sempre muito criticado por suas declarações, seja ignorando os números da doença ou ofendendo diretamente jornalistas e veículos de comunicação, a fama de Bolsonaro extrapolou as fronteiras do Brasil e repercutiu no exterior. Diversas matérias sobre o mau comportamento do Presidente circularam no noticiário internacional ao longo da semana – veja algumas aqui.

Em março deste ano, conheci no Rio de Janeiro a Cervejaria Mito e seus rótulos que fazem sátira com situações políticas, como Golden Shower, Embaixada do Papai, que leva lúpulos americanos, e Comitiva Presidencial, feita com pó de lúpulo em referencia ao episódio de 2019 envolvendo transporte de cocaína em avião da FAB. “A Mito não é uma cervejaria política, nós somos uma cervejaria social. O Bolsonaro é uma figura que consegue ser contra tudo que a gente defende, por isso acaba sendo um tema muito forte em nossas cervejas. A cervejaria não foi feita para ser exclusivamente contra ele; um dia Bolsonaro vai sair, mas esta velha política vai continuar”, explicou o cervejeiro da Mito, Bruno Mesquita. “O pessoal tende a estranhar o nome Mito num primeiro momento, mas depois a galera entende e acaba achando legal. Sobretudo pelo trabalho de ‘formiguinha’ que a gente faz com essas ações, que acabam validando nosso trabalho. A gente critica Bolsonaro, o Sérgio Moro, mas ao mesmo tempo estamos fazendo a nossa parte com atividades sociais; as pessoas reconhecem isto e passam a ver a Cervejaria Mito como um canal que promove boas ações. Isto tem feito a gente se conectar com outras marcas, que nos procuram com ideias para executar”, complementou.

Alguns dos rótulos da Cervejaria Mito.

O conceito de “cerveja social” proposto pela Mito pode ser ilustrado considerando as campanhas realizadas pela cervejaria. Por exemplo, acontece hoje, no Bar do Raoni, em Vila Isabel, Rio de Janeiro, o lançamento da “Desmorona”, uma Red Ale que brinca com a atual situação do Ministério da Justiça. Porém, em virtude do isolamento social, o consumo será no sistema delivery ou take away. Nos dois casos, quem doar 1 kg de alimento ganha 50% de desconto na compra de um litro da Desmorona. Estes alimentos serão doados junto com material de limpeza arrecadado em outro projeto da Mito, envolvendo o segundo lote da cerveja Isolamento Social, feita em colab com a cervejaria Soul Tere, de Teresópolis – RJ. “A gente realizou outras ações também. No Natal do ano passado, lançamos a Christmas 2019; cada garrafa vinha com uma carta escrita por uma criança da comunidade Jardim Gramacho. Distribuímos essas garrafas e a galera aderiu aos pedidos das crianças. A gente foi entregar mais de mil doações na comunidade. Outra ação foi em outubro do ano passado, um evento com cerveja Embaixada do Papai, no Bar Urbanito, no Rio; quem levasse um livro ganhava 50% de desconto na compra de um hambúrguer. Os livros arrecadados foram doados para a biblioteca da Favela da Maré. Em eventos evolvendo harmonizações, os jantares eram feitos por refugiados e metade do valor arrecado com o jantar ia para esses cozinheiros; foi uma forma que encontramos para protestar em detrimento aos políticos contrários às outras culturas, que defendem construção de muros etc.  ”, contou Bruno.

A mito surgiu no Rio de Janeiro em 2014. A origem do nome é uma referência à temas da Mitologia, que serviam de inspiração para criar as cervejas. “Depois disso o projeto ficou em stand by por algum tempo, pois comecei a estudar para entender o comportamento do mercado de cerveja artesanal. Em outubro de 2018, Flávio Bolsonaro lançou uma cerveja chamada Mito e muita gente veio procurar o produto nas páginas da nossa cervejaria. Por compartilhar de valores diferentes do Presidente, eu postei uma piada, que viralizou: ‘Se eu fosse fazer uma cerveja para Bolsonaro, seria uma Golden Shower para harmonizar com a merda que vocês têm na cabeça. Não vendo cerveja de fascista’”, disse Bruno. “Foi aí que eu vi a oportunidade de lançar uma cerveja que compartilhasse estes valores; se a gente de alguma de forma conseguisse associar a venda das nossas cervejas à ações comunitárias, com compromisso social, com selo de sustentabilidade, trabalhar em defesa dos animais… assim nasceu o nosso conceito de cerveja social”, explicou.

 

 

A Golden Shower é um pilsen de cor dourada, espuma persistente e bem límpida. O rótulo é um tanto chamativo, com desenho de uma figura híbrida entre um homem e uma laranja. O aroma traz notas de pão e centeio muito bem equilibradas, com elemento especial: Uma pegada cítrica, que lembra laranja. A cerveja tem baixo amargor e uma sensação de boca bem leve (IBU 16 e ABV 4,9%). “Sim a cor dourada é para fazer exatamente esta brincadeira com o episódio do Golden Shower. Nós queríamos fazer uma pilsen mais cítrica, mas não associar diretamente à laranja; muita gente me pergunta sobre isso também. Nossa intenção era fazer uma pilsen mais lupulada, diferente das outras Pilsen tradicionais. Acabou dando certo”, disse Bruno. “De fato, no rótulo da cerveja é realmente a figura do Queiroz. Falando nisso, cadê ele hein?”, brincou o cervejeiro

A Mito é uma cervejaria cigana, que produz a maior parte das suas cervejas em parceria com a cervejaria Soul Tere. Nos dias de quarentena, as cervejas da Mito podem ser compradas via delivery ou take away de locais onde acontecem as ações sociais, como o Boteco do Raoni, lojas especializadas como Beer Underground e Bros’ Beer, que envia para todo Brasil. Para um futuro próximo, Bruno planeja novas ações envolvendo a Cervejaria Mito. “Quero muito fazer uma Baltic Porter, mas ainda não tenho o projeto fechado. Posso lançar dentro de 2 ou 3 meses, até lá vou pensando melhor no conceito”, revelou o cervejeiro. “E que fique bem claro: Não somos uma cervejaria sobre o Bolsonaro, mas sobre valores. Então podemos ampliar nosso foco para todo este movimento relacionado à extrema direita, que está se espalhando pelo mundo. Não queremos apenas ‘encher linguiça’; queremos fazer boas cervejas com boas ações sociais por trás”, finalizou.