DOSE DUPLA DE CALUNDU: CERVEJARIA CIGANA LANÇA RAINHA DA CEVADA PRETA

A cervejaria baiana Calundu lançou dois rótulos para celebrar seu primeiro aniversário, comemorado no último dia 14 de setembro. Partindo de uma mesma base para o estilo Dry Stout, os cervejeiros utilizaram dois adjuntos, café e hortelã, para conceber duas cervejas distintas com o nome Rainha da Cevada Preta. “A nossa ideia original era fazer uma Dry Stout com menta. Entretanto, como eu adoro café, acabei sugerindo usar esta mesma base para fazer dois rótulos do mesmo estilo: Rainha da Cevada Preta com hortelã e a Rainha da Cevada Preta com café”, revelou o cervejeiro da Calundu, Danilo Dias.

“A escolha pelo estilo Dry Stout se deu em função do conceito que traçamos para o início dos trabalhos com a Calundu: Produzir cervejas que são conhecidas como ‘cervejas de entrada’ ou ‘cervejas de passagem’, isto é, cervejas mais leves para auxiliar pessoas que desejam migrar dos rótulos industriais para os artesanais e estilos mais extremos, proporcionando uma transição mais agradável para o paladar”, explicou Danilo. “Pensamos também em oferecer o prazer típico das cervejas artesanais pretas, para quem não está acostumado”, complementou Danilo. O processo de brassagem da Rainha da Cevada Preta foi feito de forma cigana na cervejaria Feyh Bier, em Lauro de Freitas-BA. Além dela, a Calundu possui em seu portfólio as cervejas Xêro-Mole (Summer Ale) e Largudoce (American IPA).

A primeira da prova foi a Rainha da Cevada Preta com café. Via de regra, apresentou a cor preta típica do estilo Dry Stout, com espuma baixa e cremosa. Aroma de malte torrado com notas marcantes de café. Na boca, além da forte presença do café, que permaneceu no retrogosto, entregou um corpo baixo e amargor moderado (38 IBU e 4,5% ABV).

Logo em seguida foi a vez da a Rainha da Cevada Preta com hortelã. No aroma, o café perdeu um pouco do protagonismo ao se misturar com as notas de cacau. Na sensação de boca, o mesmo corpo leve , porém desta vez o sabor de café se misturou às notas de chocolate amargo, tudo combinando muito bem com a menta, comprovando a boa inserção da hortelã feita pelos cervejeiros da Calundu (38 IBU e 4,5% ABV). Como impressão final, ficou a sensação de que a Rainha da Cevada Preta com hortelã trouxe algo diferente do que se vê normalmente em cervejas no estilo Dry Stout.

ALL TOGETHER: UMA VISÃO DO BRASIL 4 MESES DEPOIS

#DiárioDaQuarentena

Um projeto que vem se destacando no meio cervejeiro durante a quarentena provocada pela Covid19 é o All Together – “Todos Juntos”, em português. Esta ação foi idealizada pela cervejaria norte-americana Other Half para ajudar profissionas que foram afetados pelo fechamento e/ou redução das atividades em bares, taprooms e demais estabelecimentos no ramo. No final de março, a Other Half compartilhou pela internet receita e rótulo da All Togther; qualquer pessoa pode baixar e fazer sua cerveja seguindo essas informações, porém deve se comprometer em reverter parte do lucro em prol de bartenders, garçonetes, garçons, sommeliers, cervejeiros/as, músicos, musicistas e demais colaboradores/as que tiveram trabalho e renda reduzidos em face da pandemia.

Apesar do reconhecido sucesso do All Together, é incerto precisar em níveis mundial e nacional quantas cervejarias efetivamente aderiram à empreitada. O site do projeto mostra em sua interface um mapa com a localização de 855 cervejarias participantes espalhadas por 53 países diferentes; 16 delas funcionam no Brasil. Entretanto, quem segue a atividade das cervejarias brasileiras sabe que existe uma discrepância entre estas informações e a oferta nacional de rótulos “All Together”. EverBrew (Santos-SP), Dogma (São Paulo), BrewLab (Rio de Janeiro) Trilha (São Paulo), e Koala San Brew (Belo Horizonte) são exemplos de cervejarias conhecidas que engajaram no projeto All Together, porém não figuram no mapa; se buscarmos por cervejarias caseiras este número tende a crescer, comprovando que é uma missão difícil contabilizar todas as participantes.

Na tentativa de dirimir esta questão, o Blog Lupulado usou a ferramenta disponível no site do projeto All Togetter para entrar em contato com os organizadores. Fomos atendidos de forma bem amável e solícita por Amy Burns, membro da Stout Collective, estúdio especializado na produção de conteúdo para cervejarias que é parceiro da Other Half neste projeto, criando o design do rótulo da All Together. “É impossível, para nós, rastrear com precisão todas as cervejarias; certamente, sempre existem outras que estão participando. Nós listamos apenas aquelas que se inscrevem através do website do nosso projeto; colocamos todas informações conforme solicitado pela cervejaria”, disse Amy. “Por outro lado, é uma noticia muito boa saber que existe esta adesão ao nosso projeto no Brasil e esperamos que esteja realmente ajudando as pessoas afetadas pela pandemia. Muito obrigada pela parceria e suporte das cervejarias brasileiras! Somos realmente agradecidos! O projeto decolou no mundo todo e isto é ótimo de ver”, complementou.

Mapa no site do projeto All Together, com a localização das cervejarias no Brasil.

No estado da Bahia, apenas a cervejaria cigana MinduBier (Salvador) aparece no mapa acima; entretanto, o Blog apurou que, além da Mindu, a cervejaria caseira HopDevils HomeBrewing (Jacobina) está com o lançamento engatilhado da sua All Together. “Nós fizemos a inscrição e o mapa da All Together já se encontra atualizado com a nossa participação. A cerveja foi envasada ontem; acredito que na semana que vem a All Together da Mindu já estará disponível”, disse o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins. Já o cervejeiro da HopDevils HomeBrewing, Pedro Dourado, revelou que sua All Together estará pronta em 20 dias.

Primeira mão: All Together da MindBier pronta para lançamento.

Provando All Together

O Blog Lupulado fez a prova de quatro cervejas nacionais All Together, que estão disponíveis em Salvador. Duas delas figuram no mapa: a produzida pela Locals, Only (São Carlos-SP) e a colab feita por Japas (São Paulo) e Narcose (Capão da Canoa-RS); já as outras duas não aparecem, lançadas respectivamente por EverBrew e Octopus (Rio de Janeiro). Especialmente no aspecto visual e aroma, fica nítido que estas cervejas são bem parecidas em função do estilo comum (NE IPA) e logicamente por partirem da mesma receita. Porém, o trabalho  seminal dos cervejeiros da Other Half dá margem para criatividade das cervejarias parceiras. “Criamos uma receita mais simples, que utiliza uma base de maltes de custo relativamente baixo e lúpulos mais disponíveis pelo mundo; na verdade são duas receitas, que podem ser utilizadas respectivamente na brassagem de cervejas West Coast IPA e New England IPA”, explicou o cervejeiro Sam Richardson, que fundou a Other Half junto dos colegas Matt Monahan e Andrew Burman, no Brooklin, Nova York, em 2014. Alguns registros que encontramos de outras All Together pelo mundo sinalizam brechas para criatividade de cervejeiros/as parceiros na hora de executar a receita, fugindo um pouco das características desses estilos; são os casos, por exemplo, da Session IPA da Lervig (Noruega) e da Imperial IPA da Modist Brewing Company (Estados Unidos), que é o segundo rotulo desta cervejaria feito dentro da proposta All Together.

Joílson, colaborador na Vitrine da Cerveja, exibe a lata da All Togerther Jappas/Narcose

A colaborativa feita pela Japas e Narcose apresenta aroma carregado de notas cítricas, com proeminência do Maracujá. Cor dourada, visual límpido, sem resíduos e boa formação de espuma. Na boca, sabor marcante do maracujá, baixo amargor (IBU N/A) e um pouco licorosa apesar do teor alcoólico não ser tão alto (ABV 6%). “A Jappas e a Narcose nos orientaram a reverter parte do valor arrecadado com a venda desta cerveja para meus colaboradores aqui da loja; é o que vamos fazer”, disse o diretor comercial da Vitrine da Cerveja, Claiton Santos.

All Together da Jappas e Narcose.

Já a All Together da Locals, Only mostra cor e formação de espuma bem semelhantes à cerveja da Japas e Narcose, porém com resíduos visíveis de aveia. O aroma também é cítrico, mas sem a proeminência do maracujá. Baixo amargor (IBU N/A), corpo macio e menos licorosidade apesar de levemente mais alcoólica que a Jappas/Narcose (ABV 6,2%). Disponível na Vitrine da Cerveja, em Salvador.

All Together da Locals, Only.

A cerveja da Everbrew traz aroma de frutas tropicais, como abacaxi e melão, espuma cremosa, cor amarela e a turbidez típica das NE IPAs. Corpo sedoso, teor alcoólico ligeiramente mais elevado que as anteriores (ABV 6,5) e amargor mais acentuado (IBU 60%); entrega uma combinação muito bem equilibrada entre suculência (juicyness) e amargor. Em sua conta no site de redes sociais Untapdd, a cervejaria EverBrew anunciou que irá reverter parte do valor arrecadado em prol dos músicos que tocam na casa. Também encontrada na Vitrine da Cerveja.

Growler com All Together da Everbrew.

Por fim, a All Together da cervejaria Octopus também apresenta no aroma o perfil cítrico, com notas de melão bem presentes e também um toque gramíneo, traduzindo uma das marcas da interferênciai novadora na receita original; este procedimento é sinalizado pela própria cervejaria Octopus. Na parte visual, apresenta espuma cremosa e a turbidez característica dos estilos NE IPA, porém mais acentuada que nos casos anteriores. Na boca, entrega notas de melão, um corpo sedoso e amargor moderado, com leves notas picantes e condimentadas, revelando mais traços da criatividade da Octopus na elaboração da sua All Together. Disponível no site Cerveja Salvador.

All Together da cervejaria Octopus.

 

QUARENTENA PRODUTIVA: CERVEJARIA MINDUBIER APRESENTA MAIS UM LANÇAMENTO EM JULHO

#diáriodaquarentena atualizado em 23/07 às 20:11

A cervejaria soteropolitana MinduBier lançou ontem a OatBurst, uma NEIPA que carrega em si característica marcante: alta carga de aveia. O próprio nome é uma síntese do inglês “Oatmeal Burst”, que em português pode ser traduzido como “explosão de aveia”.  Este é o terceiro lançamento da MinduBier em menos de um mês; poucos dias atrás, a cervejaria lançou a colab Espelho d’Água e a Klooster, uma Belgium com amendoim. Nestes dias difíceis, a cervejaria sinaliza de forma criativa que é possível prosperar durante a crise provocada pela COVID-19. “O segredo é a estratégia. O público está sedento por novidades; então passamos a focar em lançamentos, porém com lotes únicos”, destacou o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins .

A OatBurst é mais um rótulo adicionado ao portfólio de sazonais da cervejaria; diferente da MinduHaze e da MindCloudy, outras NEIPAS produzidas recentemente pela Mindu a partir da mesma base, a OatBurst seguiu outra linha. “Alterei a base de maltes. Também utilizei uma carga de aveia muito maior que a convencional, além da base com os lúpulos Citra, Mosaic e El Dorado”, disse Gustavo.

Visual turvo da OatBurst

De fato, as altas cargas de aveia e lúpulo protagonizam este lançamento da MinduBier. O aroma é extremamente cítrico e frutado, carregado de notas de maracujá e abacaxi. A cor da cerveja é bem amarelada e sem resíduos, além da turbidez típica em decorrência  da grande adição de aveia (40%). Na hora do gole, a aveia também confere à cerveja um corpo macio e sedoso, acompanhando de um amargor (40 IBU) que escamoteia seu considerável teor alcoólico  (6,6% ABV).  Frente às outras NEIPAs do portfolio da MinduBier, podemos dizer que, na boca, a OatBurst apresenta menos suculência (juicyness) porém entrega amargor mais equilibrado, além de ser um pouco mais resinosa.

“Esta receita faz parte do nosso processo de ciganagem com a cervejaria Dádiva, em Várzea Paulista – SP. O (cervejeiro da Dádiva) Victor Marinho é um parceiro importante, que nos ajuda supervisionando e fazendo adaptações na receita, o que complementa a experiência da ciganagem. Nós mandamos a receita original,  conversamos sobre detalhes sensoriais; em cima dos comentários do Victor, fechamos um piloto”, finalizou Gustavo. A parceria com a Dádiva ajuda também na distribuição da OatBurst, que está disponível em todo Brasil para entregas ou retiradas em lojas. Em Salvador (com envio para toda a Bahia), a cerveja pode ser encontrada tanto em lata quanto chopp nas lojas Cerveja Salvador, Kombita, Vitrine da Cerveja, Chopp Shopdentre outras que estão operando via delivery ou retirada; pode-se ainda pedir diretamente pelos canais de vendas da Cervejaria MinduBier (whastapp: 71 99708 9440).

 

Espelho d’água: Cervejarias se unem para ajudar cooperativa na Bahia

#diáriodaquarentena

Dez cervejarias se uniram para fazer uma boa ação durante a quarentena provocada pela COVID19. Dádiva, Japas, Mafiosa, Augustinus, Quatro Graus, Treze, Cathedral, Orchid, Mindubier e 4Islands (Holanda) lançaram a colab Espelho D’Água, uma American Pale Ale criada para ajudar a Cooperativa Repescar, coletivo formado por pescadoras (es) e catadoras (es) de mariscos que foi bastante afetada pelo fechamento de bares e restaurantes.

Colab Espelho D’Água

A Cooperativa Repescar foi fundada em 2005 no município de Vera Cruz, que fica na borda leste da ilha de Itaparica, distante cerca de 5 km de Salvador. Sua principal fonte de renda vem do fornecimento de peixes e mariscos para estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes; com a suspensão de grande parte das atividades nestes locais, as finanças da Repescar foram profundamente afetadas. Para amenizar esta situação, um percentual do que for arrecadado com a venda da Espelho D’Água será repassado para a cooperativa. “Ficamos muito felizes com o apoio dado por essas cervejarias. A gente vai reverter este valor em cestas básicas, que serão doadas para cerca de 400 famílias de trabalhadores assistidas pela Repescar”, disse o assessor técnico de gestão da Cooperativa Repescar, José Carlos Bezerra, o Zeca.

Pessoal da Cooperativa Repescar durante mais um dia de trabalho em Vera Cruz. Fonte: arquivo pessoal José Carlos Bezerra (Zeca).

Apoiar causas sociais não é algo novo no meio cervejeiro. Durante esta pandemia, por exemplo, o Blog Lupulado destacou o trabalho feito pela cervejaria Mito no Rio de Janeiro. No ano passado, a loja Vitrine da Cerveja, em Salvador, promoveu o evento Chopp Solidário como forma de arrecadar donativos para o Asilo São Lázaro; naquela época, o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins, destacou o potencial do meio cervejeiro para ajudar nas causas sociais, o que ficou comprovado novamente agora com o projeto da Espelho D’ Água. “Desde o início da pandemia estamos tentando viabilizar um projeto para ajudar o meio. Aí encontramos na Dádiva o apoio necessário. Juntaram todas as cervejarias da Distribuidora e bolamos esse rótulo. A escolha em ajudar a Cooperativa Repescar também nos deixou muito felizes, pois foi sugestão da Mindu, após conversa com (chef) Fabrício Lemos, do (Restaurante) Origem. A sugestão da Mindu foi aceita por todas as cervejarias e o rótulo foi pensado justamente para dar apoio à cooperativa”, disse Gustavo.

Alta qualidade: Parte do pescado fornecido pela Cooperativa Repescar. Fonte: José Carlos Bezerra (Zeca).

A Espelho D’Água é uma cerveja leve (5,2% ABV) e bastante aromática, com notas cítricas e de frutas tropicais. Boa formação de espuma, visual límpido e cor dourada. Corpo médio, amargor acentuado (50 IBU) e bem equilibrado com o aroma, com notas de menta no retrogosto. “Ela harmoniza com todos os mariscos; especialmente aratu, ostra e siri caem muito bem com esta cerveja”, recomendou Zeca. Em Salvador, a Espelho D’Água pode ser encontrada em latas e em chopp, nas lojas Cerveja Salvador, Vitrine da Cerveja, Casa Olec, além do canal de vendas da MinduBier.

A cooperativa Repescar está atendendo diretamente clientes interessados em peixes e mariscos através de seu perfil no Instagram; os pedidos também podem ser feitos pelo Goomer. Além das cervejarias, a Repescar está recebendo apoio de outros parceiros, como a ONG Humana Brasil, e também doações, que podem ser feitas através da conta:  Cooperativa de Pescadores e Marisqueiros de Vera Cruz – Banco do Brasil, Agência 3.921-7, Conta: 21.117-6, CNPJ:07.738.722/0001-97

Cooperada em ação na Ilha de Itaparica – BA. Fonte: Arquivo pessoal José Carlos Bezerra (Zeca).

Cooperadas exibindo resultado do trabalho. Fonte: Arquivo pessoal José Carlos Bezerra (Zeca).

 

Da Bélgica para Bahia

#diáriodaquarentena  

Na semana passada, duas cervejarias de Salvador, Bardo e MinduBier, apresentaram respectivamente a Mefisto e Klooster, duas novidades seguindo estilos belgas. Como é sabido, as cervejas da Bélgica são marcadas pelo alto grau qualidade, variedade, complexidade e criatividade, tornando-se referência para outras escolas no mundo. Por exemplo, o país possui seis mosteiros da Ordem Trapista, que produzem os famosos rótulos Orval, Chimay, Rochefort, Westmalle, Ache e Westvleteren. A importância da Bélgica no universo cervejeiro é tão grande que a UNESCO declarou, em 2016, as cervejas belgas como Patrimônio Imaterial da humanidade.

Mefisto é a Belgium Golden Strong Ale da cervejaria Bardo; lançada em em 2017, vem sendo produzida uma vez por ano. A cerveja possui cor acobreada, visual límpido, com espuma densa e persistente. O aroma adocicado e frutado carrega notas florais bem sutis. A sensação de boca é leve, porém licorosa (8,9 ABV), com baixo amargor (28 IBU).  Na hora do gole, via de regra, pode-se sentir o típico dulçor residual do estilo, acompanhando das notas picantes trazidas pela adição de gengibre e semente de coentro.

“Quando nós fechamos a receita, determinamos as principais características em nível de álcool, densidade, o quanto de amargor para equilibrar com este dulçor residual; partimos para a escolha da cepa de leveduras a fim de garantir que a cerveja apresentasse um pouco de fenólico, que é justamente a característica das cepas utilizadas pela escola belga. Aí escolhemos duas especiarias – gengibre e semente de coentro – que no final proporcionaram este resultado marcante, se equilibrando aos compostos da fermentação”, disse o cervejeiro da Bardo, Mateus Magalhães. “A escola belga tem estilos que casam muito bem com certas especiarias. No caso da Mefisto, para dar este diferencial, a gente escolheu adicionar gengibre e semente de coentro; esses adjuntos se misturaram e se equilibraram com todos os compostos gerados pela levedura durante a fermentação. O gengibre e o coentro conferem certo frescor e a gente conseguiu trazer isso para uma cerveja alcoólica, com drinkability bem legal”, complementou.

Outro aspecto que chama atenção na Mefisto é o nome da cerveja, seguindo a mesma linha de outras Belgium Strong Ale, que fazem referência à figura satânica do cristianismo, a exemplo da Lúcifer e da clássica Duvel (que significa “diabo” em Flamenco). “Em nossos rótulos, sempre fazemos muita analogia aos jogos de representação (RPG), mas também trabalhamos com outros conceitos e valores culturais. Pensando justamente na proposta introduzida pela Duvel, inspiramos na literatura para escolher o nome Mefisto, que aparece na obra Fausto, de Goethe.

Também seguindo a linha da escola Belga, a cevejaria MinduBier lançou a Klooster (8,9%ABV e 30IBU), mais um rótulo para seu portfólio de sazonais. Diferente da Mefisto, o nome faz uma referência aos monastérios belgas, onde tradicionalmente algumas cervejas são produzidas naquele país. O estilo também é outro, neste caso, uma Belgium Tripel com adição de amendoim. “Minha proposta, na verdade, não foi avançar no estilo Tripel, nem aprimorar; quem sou eu para mexer no trabalho que os monges fazem tão bem há centenas de anos! Só quis dar uma regionalizada e trazer um pouco do São João e do Nordeste para o estilo Tripel”, explicou o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins.

A Klooster também possui cor acobreada e visual límpido, com espuma persistente e com boa carbonatação. No aroma, um diferencial: além de trazer as tradicionais notas frutadas e condimentadas do estilo, possui presença marcante do amendoim.  A sensação de boca é bem leve, seca entregando logo em primeiro plano o amendoim, proporcionando uma combinação extremamente agradável com o dulçor tradicional do estilo; as notas de amendoim ainda permanecem no retrogosto. “Também foi minha intenção fazer a cerveja bem seca, e realmente o amendoim, que foi torrado na cervejaria, ajudou a quebrar esse dulçor”, disse Gustavo. “A Klooster faz uma harmonização perfeita com amendoim, vale a pena experimentar”, finalizou.

A Mindu Klooster pode ser encontrada nas lojas Cerveja Salvador e Vitrine da Cerveja, na capital da Bahia, além de outras pelo Brasil; também pode ser adquirida pelo canal de vendas da Mindu (Whatsapp: 71 99708 9440). Já a Mefisto está disponível via direct no Instagram da Bardo ou através do canal de vendas da cervejaria (Whatsapp: 71 98826 2791).

Quarentena Defumada: Rauchbier feirense chega em Salvador

#diáriodaquarentena

Feira de Santa é o segundo município do Estado da Bahia e a maior cidade do interior do Nordeste. Possui no comércio sua principal atividade econômica e ocupa posição geográfica estratégica, situada no cruzamento das rodovias BR 116 e 101. Em 1919, recebeu de Ruy Barbosa a alcunha de “Princesa do Sertão” justamente por conta da sua localização privilegiada. No comércio de Feira de Santana, o ramo de cervejas artesanais parece bem desenvolvido, dispondo de tudo que se espera encontrar – clientela, lojas especializadas, mercadoria diversificada e, claro, cervejarias. Neste cenário, a Cervejaria Dragórnia desponta com proposta bem original, fundamentada em elementos medievais, que apresenta no seu portfólio  um estilo de cerveja pouco comum Brasil: uma Rauchbier, chamada Dragornia Bamberg Marzen Rauchbier, que carrega em si as características clássicas das cervejas defumadas alemãs.

“A Dragornia nasceu 2013, mas não era exatamente uma cervejaria. Nós éramos três amigos que se uniram para fazer Hidromel e um evento chamado ‘Banquete dos Três Reinos’, que era uma evolução do Jantar Medieval anual que acontecia em Feira de Santana. Nesta época éramos chamados de ‘Taberna Dovahkin’ e lançamos um rótulo de Hidromel especial chamado ‘Dragornia’, mesmo nome que batizamos nosso motoclube. A gente sempre quis fazer cerveja, mas não imaginávamos que viraria um negócio grande, nem nada”, disse o sommelier da Dragornia, Carlos Henrique Kruschewsky.  “Nós adoramos carne de porco e nos nossos jantares medievais a gente fazia um porco inteiro no rolete. Para harmonizar, Rauchbier foi meu estilo favorito por bastante tempo, porém era difícil de encontrar. Foi aí que decidi produzir e comecei um estudo até chegar nesta receita”, revelou.

Companheiros do motoclube Dragornia: Carlos Henrique (esq.), Diego, Renato (sócio da cervejaria), Jordan e Dalmo (Fonte: Carlos Henrique Kruschewsky).

A Dragornia Bamberg Marzen Rauchbier, via de regra, entregou no primeiro plano o aroma de bacon típico do estilo; espuma cremosa, visual clássico na cor âmbar e opaca; notas defumadas no sabor e leve tosta no retrogosto, além 5,3 % de ABV e 28 IBU. “A gente não queria uma Rauchbier carregada demais no bacon. Então optamos por um grist de maltes que nos desse bacon, claro, mas que remetesse também aos embutidos defumados como peito de peru, por exemplo. Todo o processo de “tosta” que você sentiu na cerveja tem a ver com esse grist de maltes que usamos”, revelou Carlos. “A gente queria que nossa Rauchbier seguisse à risca tudo que a Escola Alemã de Cervejas pede; então usamos um blend de lúpulos de origem alemã seguindo a Lei de Pureza de 1516“, complementou o sommelier.

Além da Rauchbier, o portfolio da Cervejaria Dragornia conta com outros três rótulos: uma Weizenbier, uma Imperial IPA e uma America Red Ale, que é seu carro-chefe. As cervejas foram produzidas nas instalações da Cervejaria Berenice, em Lauro de Freitas. Neste ano, os sócios da Cervejaria Dragornia planejavam lançar a própria fábrica e brewpub, em Feira de Santana. Entretanto, veio a crise deflgrada com a COVID19. “O lançamento da nossa fábrica, com todas as certificações necessárias, seria no final de março; tem a forma de um castelo e nós não imaginávamos algo diferente. O lançamento do nosso Brewpub aconteceria ainda neste semestre; a gente planejava lançar também outros três rótulos – um irish Extra Stout, uma APA e uma cerveja que chamamos de Ponta da Ostra. Porém, toda esta situação envolvendo a pandemia nos obrigou a adiar um pouco nossos planos”, lamentou o sommelier

Castelo em Feira de Santana onde será a fábrica e brewpub da Cervejaria Dragornia. (Fonte: Carlos Henrique Kruschewsky).

“Cada rótulo da Dragornia conta uma história, que cinco ou seis anos atrás a gente escrevia para compor os nossos jantares medievais.  Criamos um reino de fantasia com sua própria mitologia. Cada cerveja é associada a uma cidade no universo que criamos – a Rauchbier, por exemplo, é feita na cidade de Laguna – a sua lenda é contada no rótulo…escrevemos um livro de fantasia medieval e uso tudo que ele oferece pra criar nossas cervejas”, finalizou.

Mapa criado pelos socios da Dragornia, base do universo de fantasia medieval que serve de inspiração para criação das cervejas.

Os rótulos da Cervejaria Dragornia, incluindo a Rauchbier, estão disponíveis em Salvador na Barca Viking, que durante a pandemia está atendendo via delivery através do WhatsApp 71 99194-8648.

DIÁRIO DA QUARENTENA: DEGUSTAÇÃO DE CERVEJAS COM KVEIK

Nestes dias de quarenta, o Blog Lupulado irá publicar uma série de resenhas sobre as cervejas que degustamos durante o período de confinamento. A primeira matéria aborda rótulos que utilizam a levedura Kveik. O número de marcas no Brasil, que optaram por usar este insumo, cresceu vertiginosamente nos últimos dois anos.

 

Desafio lançado na quarentena: Sequencia de cervejas com levedura Kveik

Historicamente, Kveik é uma das muitas terminologias adotadas da Noruega para se referir às leveduras, dentre elas as cultivadas em  pequenas fazendas onde cervejas são produzidas de forma artesanal, as chamadas Norwegian Farmhouse Brewery. Com o passar dos anos, Kveik passou a ser o nome usado para designar as leveduras provenientes dessas fazendas, carregando em si traços culturais heterogêneos e relacionados às comunidades.  A heterogeneidade pode ser percebida considerando que a Kveik possui diversas linhagens, normalmente conectadas pelo nome à família ou fazenda que a produziu; é o caso da “Voss Kveik”, usada na produção da Nibelungo, rótulo da cervejaria Motim que já foi tópico aqui no Blog Lupulado. .A sua relação cultural com as comunidades emerge deste aspecto, pois a Kveik é um produto de agricultura familiar e os segredos de cultivo, armazenamento e uso eram passados de geração para geração. Existem registros datados de 1621 documentando que, na Noruega, a Kveik era armazenada em anéis de madeira, chamados Kveikstokkers, capazes de conservar a levedura por até um ano.

Outro fator cultural importante na Noruega e alguns países vizinhos (exceto a Dinamarca), que estimula a produção caseira  e familiar de cerveja, é o rigor no comércio de bebidas no país. Nos supermercados e cervejarias, só é permitido venda de rótulos com até 4,6% de ABV; caso a pessoa deseje uma cerveja mais forte, deve comprar nas taprooms ou nas lojas do governo chamadas Vinmonopolet, onde a política de vendas é extremamente rigorosa e controlada. Desta forma, as cervejarias norueguesas costumam vender também insumos para produção de cerveja, além produtos temáticos; portanto é comum encontrar clientes nesses locais em busca de lúpulos, maltes, leveduras etc.

Sede da cervejaria Lervig em Stavanger, Noruega.

Atualmente, a Kveik pode ser encontrada tranquilamente no Brasil. O cervejeiro da Motim, Salo Maldonado, disse anteriormente em entrevista ao Blog Lupulado que “hoje em dia é fácil adquirir nas lojas de insumos e fornecedores. Os dois maiores fornecedores de leveduras líquidas estão com pelo menos uma linhagem de Kveik em produção”. Para o gerente de vendas da Bahia Malte, Alan Reis, “a oferta das Kveik no Brasil tem melhorado bastante nos dias atuais; na Bahia Malte trabalhamos com duas cepas, a Hornidal e a Voss, que estão sempre disponíveis por aqui na loja”.

Degustando Staerk Bayer, um dark lager com 9,5% de ABV e 32 IBU na Taproom da Cervejaria Mack Bryggeri em Tromsø, Noruega.

“As Kveik representam certa facilidade para os cervejeiros, porque não precisam de um controle tão especifico de temperatura, o que  permite diversificar os ambientes de fermentação. Por exemplo, a sala da sua casa pode se tornar um ambiente de fermentação, já que o range de temperatura dela é mais alto… o tempo de atenuação desta levedura na cerveja é bem mais rápido também. Aqui na Bahia Malte, a gente já soube de casos de cervejas que atenuaram em 2 dias, fazendo o tempo de produção diminuir e permitindo que os cervejeiros produzam mais levas em intervalos menores”, complementou Alan.

Tiago Lima, cervejeiro da Bionica HomeBrew, exibindo duas novas criações.

Recentemente, cervejeiro da Biônica HomeBrew, Tiago Lima, usou este insumo disponível na Bahia Malte em algumas de suas receitas, todas feitas em casa.. “Ao todo fiz seis cervejas usando Kveik, dentre elas uma IPA combinando lúpulos citra e mosaic com a Kveik; duas stouts com a mesma base, sendo uma com essência de côco; fiz também a Supreme, umas das mais pedidas, em que usei café da Chapada Diamantina. Fiz também um experimento com duas APAs, uma mais seca, frutada e a outra mais amarga, cítrica”, disse Tiago. “Fermentei todas essas cervejas na mesma temperatura, 26 graus. Para mim, esta levedura é a melhor em eficiência alcoólica; a cerveja também fica sem off-flavor, ou pelo menos os off ficam bem menos perceptíveis. Algumas cervejas ficam mais secas que o esperado, porém este é um fator que pode ser corrigido e não chega a ser um aspecto negativo”, concluiu.

Abrindo latas e garrafas com Kveik

As cervejas abaixo foram escolhidas a partir do estoque que eu tenho em casa, considerando apenas um parâmetro: O uso da levedura Kveik . Alguns dos rótulos a seguir podem ser encontrados em lojas online, como a Vitrine da Cerveja (Salvador), Cerveja Salvador (toda Bahia), BeerMind (todo Brasil),  Beer Underground (RJ), MotimHideout (RJ), além da própria Bahia Malte(Salvador); estes e outros estabelecimentos dedicados à cerveja artesanal estão fazendo entregas em domicílio durante a quarentena provocada pela COVID-19. Os dois copos foram escolhidos para homenagear duas cervejarias que visitei na Noruega: Lervig, que fica na cidade de Stavanger, e Mack Mikrobryggeri, localizada em Tromsø.

Nibelungo, Collab entre as cervejarias Motim e Cevaderia

Iniciei a sequencia provando a Supreme, da Biônica HomeBrew; Brown Ale com coloração escura,  bem maltada e leve (6,1%ABV); amargor médio (33 IBU) e com notas de café da Chapada Diamantina bem presentes tanto no aroma quanto no gole. A segunda cerveja da foi outra bem leve, a NE APA Nibelungo (5,6ABV e 35 IBU), collab das cervejaria Motim e Cevaderia, que foi tópico aqui no Blog Lupulado.

Supreme, da cervejaria baiana Bionica Homebrew

A terceira cerveja foi a Ovrebust (6,7 ABV e 40 IBU), uma kveik IPA da cervejaria Thirsty Hawks, que também apareceu no Blog Lupulado durante nossa cobertura do Mondial de La Biere Rio – 2019; vencedora da medalha de ouro naquela edição, a Ovrebust apresentou sua tradicional coloração turva, além de resíduos de aveia; cerveja bem sucada, cremosa, corpo aveludado, aroma trazendo notas de melão, laranja e abacaxi.

Ovrebust, que ganhou medalha de ouro no Mondial de Lá Biere no Rio de Janeiro de 2019.

A Avrake, Kveik Juicy IPA também feita pela Thirsty Hawks, foi a quarta cerveja que provamos. Apresentou aquele aroma proeminente de lúpulo Mosaic, com adição de citra e denali; bem cremosa, cor turva, corpo sedoso, amargor acentuado (45 IBU), cremosa, suculenta com gosto de Maracujá e Toranja, boa drinkability além da aveia sobrando no retrogosto. (6,5 ABV).

Avrake da Thirsty Hawkins

O quinto rótulo da sequencia foi o que mais surpreendeu:  a cerveja Fuça, uma Kveik Juice Rye IPA, da cervejaria Latido Ale House. Como o nome atesta, esta cerveja levou malte de centeio, além da adição de dois lúpulos, loral e ekuanot, em duplo dry-hop. No aroma, notas de laranja e tangerina, com maior presença da primeira, cor turva e amargor acentuado (50 IBU). O aspecto mais interessante desta cerveja foi a sensação de boca, viscosa e licorosa (7% ABV).

Grata surpresa: Fuça, uma criação da cervejaria latido (RJ)

Referências:

http://www.milkthefunk.com/wiki/Kveik

 

 

UTILIDADE PÚBLICA: Preparamos uma lista de delivery em Salvador para lupular sua missão de isolamento social

Última atualização: 26/03, às 09:07

Nestes tempos de quarentena por conta do novo corona vírus, o Blog Lupulado publica uma lista de lojas que fazem entrega em domicílio, o chamado delivery, de insumos e cerveja artesanal, na cidade de Salvador (algumas atendem Lauro de Freitas também). Este conteúdo estará em constante atualização, no intuito de facilitar a vida de seguidores e seguidoras, listando serviços úteis para produzir e beber cerveja artesanal em casa, contribuindo para que oatual momento de isolamento social, que é importante para o combater o surto do COVID-19, seja o menos difícil possível. Outra intenção com esta lista é estimular que pessoas comprem dos pequenos estabelecimentos voltados para nichos específicos como o mercado de cerveja artesanal; trata-se também de uma forma de contribuir para a economia local, ameaçada com a crise provocada pelo corona vírus.

Delivery de cerveja artesanal: Ajudando a manter a harmonia nos tempos de isolamento social

Existem quatro tipos de embalagem que chopes e cervejas artesanais são normalmente vendidos e entregues: growlers, garrafas, latas (que inclui também os crowlers), barril (neste caso é preciso ter equipamento como chopeira e cilindro de CO2). Abaixo segue a lista de lojas e serviços de entrega de insumos e cerveja artesanal. Alguns oferecem facilidades e promoções como descontos, entrega grátis, growlers descartáveis etc.

Loja

O que vai encontrar

Telefone/Whatsapp

Bahia Malte

Latas, garrafas, chope e insumos

(71) 3043-6359

Cerveja Salvador

Latas, chope e garrafas

(71) 99970-4327

Cervejaria Híbrida

Chope

(71) 98512-0466

Vitrine da Cerveja

Chope, latas e garrafas

(71) 2137-0669/ (71) 99235-4990 ou pelo site  Cerveja Salvador

Casa OLEC

Latas, garrafas, chope e insumos

(71) 98182-8183

Kombita

 Chope

Pedidos pelo site Cerveja Salvador

Chopp Shop

Chope

Pedidos pelo site Cerveja Salvador

Cervejaria Calundu Chope e garrafas (71) 98878-3020 / (71) 99105-8469 (71)/ 99609-1716
Choperia Salvador Chope (71) 99112-9794 ou(71) 99994-6362

Cervejaria 2 de Julho

Garrrafas

(71) 98867-4181

Cervejaria Proa

Chope

(71) 992266850

Cervejaria Mascarenhas

Chope e cerveja

(71) 988765475/ (71) 99701 4280/ (71) 99155 9206

Cervejaria MinduBier

Cerveja

(71) 99708 9440

 

Prestigie também as cervejas produzidas na Bahia.

Do feijão à cerveja: Irecê recebe sua primeira loja especializada em rótulos artesanais

Quem reside na região de Irecê ou viaja pela famosa “rota do feijão” na Bahia pode encontrar uma nova alternativa para adquirir cervejas artesanais. A loja Cervejaria Premium é a primeira do ramo a funcionar na região. Oferecendo desde rótulos internacionais, como a cerveja Guinness, passando por cervejarias nacionais (Invicta, Blondine, Baden Baden etc.), baianas (MinduBier, FeyhBier dentre outras) e locais (MM, Confraria Clandestina e Genuína Fulô), a carta da Premium é formada por 74 rótulos disponíveis em latas, garrafas e três torneiras.

Marcos Balisa, proprietário da Cervejaria Premiun.

“Sou daqui de Irecê, passei mais de vinte anos morando em São Paulo e Minas Gerais. Recentemente, decidi voltar para minha terra natal e percebi que cidade não tinha uma loja especializada em cerveja artesanal; foi aí que decidi criar a Cervejaria Premium”, disse o proprietário Marcos Balisa, que inaugurou a loja em agosto do ano passado. “Antes disso, era possível encontrar eventualmente uma ou outra cerveja artesanal disponível em bares ou restaurantes da região, até mesmo na Chapada Diamantina. Somos primeira loja do ramo a funcionar por aqui”, complementou.

Torneiras e parte dos rótulos disponíveis na Premiun.

Durante o tempo em que viveu fora da Bahia, Marcos buscou aperfeiçoar seu conhecimento provando e estudando rótulos de cervejarias famosas de São Paulo, como a Dogma, e internacionais, como a Guiness, uma de suas preferidas. “Ao montar o negócio, percebi que o grande público aqui de Irecê precisava de uma ‘cerveja de passagem’, isto é, aquela que atende o sujeito acostumado às marcas industriais, mas que nutre o desejo de beber as artesanais; por isso, entendi ser importante disponibilizar cervejas ‘puro malte’, como a Heineken e Einsenbahn, para ajudar na transição do paladar de iniciantes que pretendem migrar das cervejas comuns para as artesanais”, argumentou Balisa.

Visual da MarokIPA, criação da Cervejaria MM, de Barra do Mendes, região de Irecê.

O empresário ressaltou que a Premium possui também outras pretensões , por exemplo, servir de espaço para eventos locais ou mesmo para conversas e troca de experiências entre cervejeiros de Irecê e região. “Tem muita gente talentosa fazendo cerveja por aqui, como Fladio (Cervejaria MM), Breno (FuskIPA), Menandro (Confraria Clandestina) e Danilo (Genuína Fulô). A minha ideia é também criar um ambiente para reunir essa turma, fazer parcerias para disponibilizar as cervejas deles nas torneiras daqui” revelou Marcos, enquanto me apresentava provas dos chopps MarokaAPA e MarokIPA da MM, que estavam conectados; provamos também em garrafa a NE IPA e IPA com Galaxy da Confraria Clandestina

IPA com Galaxy, criação da Confraria Clandestina, de Irecê.

A cervejaria Premiun funciona na Avenida 1 de Janeiro número 448, em frente ao Mercadinho do Coração, no centro de Irecê, aberta de terça a domingo das 14h até o último cliente. Além da carta citada acima, a Premium oferece opções de harmonização como burguers, porções de mini-hamburguer, picanha, contra-filé dentre outros.

Lupulado sendo recebido por Marcos Balisa.

 

Juazeiro recebe sua primeira fábrica de cerveja artesanal

Foi inaugurado no último dia 06 o primeiro Brew Pub, e consequentemente a primeira fábrica de cerveja artesanal, na cidade de Juazeiro, Bahia. A Cervejaria NordHaus funciona nas instalações da novíssima “Vila Bossa Nova”, um complexo de estabelecimentos situado na orla do Rio São Francisco, que fica próximo ao monumento do Vaporzinho. Brew Pub é um tipo de fábrica que vende a cerveja no próprio local de produção; trata-se de uma forma de garantir que a cerveja fabricada por lá esteja sempre fresca, sem sofrer os desgastes típicos do transporte e do armazenamento de garrafas ou latas.  A capacidade de produção da fábrica da NordHaus chega a 24 mil litros; seis estilos podem ser encontrados nas torneiras: Pilsen Weiss, Lager, Red Lager, IPA e Imperial Stout.

O cervejeiro da NordHaus, Emerson Castro.

“Contratamos um consultor renomado, o mestre cervejeiro Ilceu Dimer, que aperfeiçoou as nossas receitas. Nesta primeira semana, notamos que a IPA foi uma das cervejas mais pedidas pelos clientes; a Red Lager também teve uma procura muito boa. ”, disse o cervejeiro Emerson Castro, um dos sócios da NordHaus. A IPA Nordhaus é bem seca e cremosa, lembrando as IPAs americanas, razoável teor alcoólico (5,5% ABV) com amargor moderado (50 IBU). Já a red lager, além da cor avermelhada, apresenta notas suaves de caramelo, pouco amargor e  baixo teor alcoólico.  Junto dos pedidos nas mesas, o público dispõe de um modo self-service, isto é, eles e elas podem tirar diretamente o chopp nas torneiras, que é controlado por um sistema operacional especifico. O litro de chopp no sistema self-service custa entre R$ 20 – 35 reais. A Nordhaus dispõe também de uma loja com produtos temáticos, como Growlers, bonés, camisetas, copos etc.

Acima, régua de degustação com Pilsen, Lager, Red Lager e Imperial Stout. Abaixo, a IPA da Nordhaus.

“No primeiro momento,vamos trabalhar com torneiras e a produção da casa. Em janeiro, estaremos disponibilizando as primeiras cervejas engarrafadas. Em fevereiro, pretendemos abrir a casa para cervejarias ciganas. Queremos também fazer eventos com os demais cervejeiros do Vale do São Francisco, como o Oktober Fest que acontece anualmente na HausBier, em Petrolina”, falou Emerson, que também é sócio da HausBier junto de seus cunhados, os empresários Ubaldo e Ubiratan Rios, e dos sobrinhos cervejeiros, Mancell e Birinha Rios. A família também é responsável pelo funcionamento da NordHaus.”A NordHaus nos dá a oportunidade de produzir e oferecer nossas próprias cervejas, visto que a HausBier é uma franquia e por isso devemos seguir obrigatoriamente a receitas deles”, explicou Emerson.

Tanques na fábrica da NordHaus.

Outro aspecto destacado pelo cervejeiro foi contratação dos colaboradores que trabalham na cervejaria. “O pessoal chegou aqui para fazer a reforma e instalar os equipamentos neste casarão, que data de 1892. A maioria ficou desempregada quando concluímos a obra, aí eu perguntei se eles queriam continuar, se estavam afim de aprender novas funções etc. Investimos na capacitação deles. Os colaboradores e as colaboradoras que você está vendo aí agora, trabalhando como garçons, garçonetes, atendentes, na cozinha etc., foram os mesmos que me ajudaram a construir a fábrica”, finalizou Emerson.

Serviço:

Cervejaria NordHaus

Vila Bossa Nova, Orla 2, Juazeiro, Bahia

Funcionamento: De segunda a sexta depois de 17h /Sábados e domingo a partir de 12h.

Veja algumas imagens  e  vídeos do que rolou por lá no último final de semana!

Os cervejeiros Marcos “Kiko” Vianna (esq), Mancell Rios e Edinho Galvão saboreando os estilos da NordHaus

O cervejeiro Ubiratan “Birinha” Rios nas torneiras da NordHaus.

O empresário Ubaldo Rios (centro) e o cervejeiro Diógenes Batista (dir.

Lupulado cercado pelos amigos Marcos “Kiko” Vianna (dir) e jornalistas Fávio Ciro e Luiz Hélio Alves (esq).

Com os amigos de longa data, agora colaboradores da NordHaus, Alessandro (esq) e Danilo

 

Prefeito de Juazeiro, Paulo Bonfim (esq), e o Deputado Estadual-BA, Zó, prestigiando a NordHaus e a Vila Bossa Nova.

Roda de chorinho aos domingos, a partir das 14h, com o grupo Matingueiros.