Quarentena Defumada: Rauchbier feirense chega em Salvador

#diáriodaquarentena

Feira de Santa é o segundo município do Estado da Bahia e a maior cidade do interior do Nordeste. Possui no comércio sua principal atividade econômica e ocupa posição geográfica estratégica, situada no cruzamento das rodovias BR 116 e 101. Em 1919, recebeu de Ruy Barbosa a alcunha de “Princesa do Sertão” justamente por conta da sua localização privilegiada. No comércio de Feira de Santana, o ramo de cervejas artesanais parece bem desenvolvido, dispondo de tudo que se espera encontrar – clientela, lojas especializadas, mercadoria diversificada e, claro, cervejarias. Neste cenário, a Cervejaria Dragórnia desponta com proposta bem original, fundamentada em elementos medievais, que apresenta no seu portfólio  um estilo de cerveja pouco comum Brasil: uma Rauchbier, chamada Dragornia Bamberg Marzen Rauchbier, que carrega em si as características clássicas das cervejas defumadas alemãs.

“A Dragornia nasceu 2013, mas não era exatamente uma cervejaria. Nós éramos três amigos que se uniram para fazer Hidromel e um evento chamado ‘Banquete dos Três Reinos’, que era uma evolução do Jantar Medieval anual que acontecia em Feira de Santana. Nesta época éramos chamados de ‘Taberna Dovahkin’ e lançamos um rótulo de Hidromel especial chamado ‘Dragornia’, mesmo nome que batizamos nosso motoclube. A gente sempre quis fazer cerveja, mas não imaginávamos que viraria um negócio grande, nem nada”, disse o sommelier da Dragornia, Carlos Henrique Kruschewsky.  “Nós adoramos carne de porco e nos nossos jantares medievais a gente fazia um porco inteiro no rolete. Para harmonizar, Rauchbier foi meu estilo favorito por bastante tempo, porém era difícil de encontrar. Foi aí que decidi produzir e comecei um estudo até chegar nesta receita”, revelou.

Companheiros do motoclube Dragornia: Carlos Henrique (esq.), Diego, Renato (sócio da cervejaria), Jordan e Dalmo (Fonte: Carlos Henrique Kruschewsky).

A Dragornia Bamberg Marzen Rauchbier, via de regra, entregou no primeiro plano o aroma de bacon típico do estilo; espuma cremosa, visual clássico na cor âmbar e opaca; notas defumadas no sabor e leve tosta no retrogosto, além 5,3 % de ABV e 28 IBU. “A gente não queria uma Rauchbier carregada demais no bacon. Então optamos por um grist de maltes que nos desse bacon, claro, mas que remetesse também aos embutidos defumados como peito de peru, por exemplo. Todo o processo de “tosta” que você sentiu na cerveja tem a ver com esse grist de maltes que usamos”, revelou Carlos. “A gente queria que nossa Rauchbier seguisse à risca tudo que a Escola Alemã de Cervejas pede; então usamos um blend de lúpulos de origem alemã seguindo a Lei de Pureza de 1516“, complementou o sommelier.

Além da Rauchbier, o portfolio da Cervejaria Dragornia conta com outros três rótulos: uma Weizenbier, uma Imperial IPA e uma America Red Ale, que é seu carro-chefe. As cervejas foram produzidas nas instalações da Cervejaria Berenice, em Lauro de Freitas. Neste ano, os sócios da Cervejaria Dragornia planejavam lançar a própria fábrica e brewpub, em Feira de Santana. Entretanto, veio a crise deflgrada com a COVID19. “O lançamento da nossa fábrica, com todas as certificações necessárias, seria no final de março; tem a forma de um castelo e nós não imaginávamos algo diferente. O lançamento do nosso Brewpub aconteceria ainda neste semestre; a gente planejava lançar também outros três rótulos – um irish Extra Stout, uma APA e uma cerveja que chamamos de Ponta da Ostra. Porém, toda esta situação envolvendo a pandemia nos obrigou a adiar um pouco nossos planos”, lamentou o sommelier

Castelo em Feira de Santana onde será a fábrica e brewpub da Cervejaria Dragornia. (Fonte: Carlos Henrique Kruschewsky).

“Cada rótulo da Dragornia conta uma história, que cinco ou seis anos atrás a gente escrevia para compor os nossos jantares medievais.  Criamos um reino de fantasia com sua própria mitologia. Cada cerveja é associada a uma cidade no universo que criamos – a Rauchbier, por exemplo, é feita na cidade de Laguna – a sua lenda é contada no rótulo…escrevemos um livro de fantasia medieval e uso tudo que ele oferece pra criar nossas cervejas”, finalizou.

Mapa criado pelos socios da Dragornia, base do universo de fantasia medieval que serve de inspiração para criação das cervejas.

Os rótulos da Cervejaria Dragornia, incluindo a Rauchbier, estão disponíveis em Salvador na Barca Viking, que durante a pandemia está atendendo via delivery através do WhatsApp 71 99194-8648.

De olho na Mito: Cervejaria combina sua produção à crítica e ação social

#diáriodaquarentena

Junto do Novo Corona Vírus, outro personagem bastante comentado durante esta quarentena é o Presidente da República, Jair Bolsonaro. Sempre muito criticado por suas declarações, seja ignorando os números da doença ou ofendendo diretamente jornalistas e veículos de comunicação, a fama de Bolsonaro extrapolou as fronteiras do Brasil e repercutiu no exterior. Diversas matérias sobre o mau comportamento do Presidente circularam no noticiário internacional ao longo da semana – veja algumas aqui.

Em março deste ano, conheci no Rio de Janeiro a Cervejaria Mito e seus rótulos que fazem sátira com situações políticas, como Golden Shower, Embaixada do Papai, que leva lúpulos americanos, e Comitiva Presidencial, feita com pó de lúpulo em referencia ao episódio de 2019 envolvendo transporte de cocaína em avião da FAB. “A Mito não é uma cervejaria política, nós somos uma cervejaria social. O Bolsonaro é uma figura que consegue ser contra tudo que a gente defende, por isso acaba sendo um tema muito forte em nossas cervejas. A cervejaria não foi feita para ser exclusivamente contra ele; um dia Bolsonaro vai sair, mas esta velha política vai continuar”, explicou o cervejeiro da Mito, Bruno Mesquita. “O pessoal tende a estranhar o nome Mito num primeiro momento, mas depois a galera entende e acaba achando legal. Sobretudo pelo trabalho de ‘formiguinha’ que a gente faz com essas ações, que acabam validando nosso trabalho. A gente critica Bolsonaro, o Sérgio Moro, mas ao mesmo tempo estamos fazendo a nossa parte com atividades sociais; as pessoas reconhecem isto e passam a ver a Cervejaria Mito como um canal que promove boas ações. Isto tem feito a gente se conectar com outras marcas, que nos procuram com ideias para executar”, complementou.

Alguns dos rótulos da Cervejaria Mito.

O conceito de “cerveja social” proposto pela Mito pode ser ilustrado considerando as campanhas realizadas pela cervejaria. Por exemplo, acontece hoje, no Bar do Raoni, em Vila Isabel, Rio de Janeiro, o lançamento da “Desmorona”, uma Red Ale que brinca com a atual situação do Ministério da Justiça. Porém, em virtude do isolamento social, o consumo será no sistema delivery ou take away. Nos dois casos, quem doar 1 kg de alimento ganha 50% de desconto na compra de um litro da Desmorona. Estes alimentos serão doados junto com material de limpeza arrecadado em outro projeto da Mito, envolvendo o segundo lote da cerveja Isolamento Social, feita em colab com a cervejaria Soul Tere, de Teresópolis – RJ. “A gente realizou outras ações também. No Natal do ano passado, lançamos a Christmas 2019; cada garrafa vinha com uma carta escrita por uma criança da comunidade Jardim Gramacho. Distribuímos essas garrafas e a galera aderiu aos pedidos das crianças. A gente foi entregar mais de mil doações na comunidade. Outra ação foi em outubro do ano passado, um evento com cerveja Embaixada do Papai, no Bar Urbanito, no Rio; quem levasse um livro ganhava 50% de desconto na compra de um hambúrguer. Os livros arrecadados foram doados para a biblioteca da Favela da Maré. Em eventos evolvendo harmonizações, os jantares eram feitos por refugiados e metade do valor arrecado com o jantar ia para esses cozinheiros; foi uma forma que encontramos para protestar em detrimento aos políticos contrários às outras culturas, que defendem construção de muros etc.  ”, contou Bruno.

A mito surgiu no Rio de Janeiro em 2014. A origem do nome é uma referência à temas da Mitologia, que serviam de inspiração para criar as cervejas. “Depois disso o projeto ficou em stand by por algum tempo, pois comecei a estudar para entender o comportamento do mercado de cerveja artesanal. Em outubro de 2018, Flávio Bolsonaro lançou uma cerveja chamada Mito e muita gente veio procurar o produto nas páginas da nossa cervejaria. Por compartilhar de valores diferentes do Presidente, eu postei uma piada, que viralizou: ‘Se eu fosse fazer uma cerveja para Bolsonaro, seria uma Golden Shower para harmonizar com a merda que vocês têm na cabeça. Não vendo cerveja de fascista’”, disse Bruno. “Foi aí que eu vi a oportunidade de lançar uma cerveja que compartilhasse estes valores; se a gente de alguma de forma conseguisse associar a venda das nossas cervejas à ações comunitárias, com compromisso social, com selo de sustentabilidade, trabalhar em defesa dos animais… assim nasceu o nosso conceito de cerveja social”, explicou.

 

 

A Golden Shower é um pilsen de cor dourada, espuma persistente e bem límpida. O rótulo é um tanto chamativo, com desenho de uma figura híbrida entre um homem e uma laranja. O aroma traz notas de pão e centeio muito bem equilibradas, com elemento especial: Uma pegada cítrica, que lembra laranja. A cerveja tem baixo amargor e uma sensação de boca bem leve (IBU 16 e ABV 4,9%). “Sim a cor dourada é para fazer exatamente esta brincadeira com o episódio do Golden Shower. Nós queríamos fazer uma pilsen mais cítrica, mas não associar diretamente à laranja; muita gente me pergunta sobre isso também. Nossa intenção era fazer uma pilsen mais lupulada, diferente das outras Pilsen tradicionais. Acabou dando certo”, disse Bruno. “De fato, no rótulo da cerveja é realmente a figura do Queiroz. Falando nisso, cadê ele hein?”, brincou o cervejeiro

A Mito é uma cervejaria cigana, que produz a maior parte das suas cervejas em parceria com a cervejaria Soul Tere. Nos dias de quarentena, as cervejas da Mito podem ser compradas via delivery ou take away de locais onde acontecem as ações sociais, como o Boteco do Raoni, lojas especializadas como Beer Underground e Bros’ Beer, que envia para todo Brasil. Para um futuro próximo, Bruno planeja novas ações envolvendo a Cervejaria Mito. “Quero muito fazer uma Baltic Porter, mas ainda não tenho o projeto fechado. Posso lançar dentro de 2 ou 3 meses, até lá vou pensando melhor no conceito”, revelou o cervejeiro. “E que fique bem claro: Não somos uma cervejaria sobre o Bolsonaro, mas sobre valores. Então podemos ampliar nosso foco para todo este movimento relacionado à extrema direita, que está se espalhando pelo mundo. Não queremos apenas ‘encher linguiça’; queremos fazer boas cervejas com boas ações sociais por trás”, finalizou.

 

A Prova da Start: Confira o lançamento da MinduBier

#diáriodaquarentena

O isolamento social criado para combater a COVID19 está colocando à prova as emoções humanas, muitas vezes modificando nosso comportamento em casa e a forma como percebemos o mundo. No início de março, pouco antes de iniciar este confinamento, a cervejaria cigana de Salvador, MinduBier, preparava uma novidade para adicionar ao seu portfólio de cervejas sazonais. Ao contrário dos outros estilos produzidos recentemente pela cervejaria (MinduHaze, MinduCloudy; Power Shot, dentre outros), o plano seria lançar uma cerveja de iniciação, uma lager bem leve e suave, para agradar sobretudo iniciantes. Com o avanço da doença, o anúncio ficou para depois.

Após assimilar essa mudança, há duas semanas a MinduBier lançou pela internet a MinduStart. “O nome vem do sentido de iniciação mesmo, de começo. Normalmente, quando uma pessoa começa a beber cerveja, inicia com estilos mais leves. Fizemos uma releitura de um estilo de iniciação, com a personalidade que merece”, explicou o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins. “A MinduStart estava com planejamento para ser lançada em vários locais … infelizmente, ficou pronta uma semana antes de iniciar o isolamento social. Então decidi fazer a venda pela internet. Hoje ela é uma cerveja exclusiva do canal de vendas da MinduBier ”, complementou.

O visual da MinduStart é semelhante ao de outras cervejas lager mais conhecidas, como a Heineken, apresentando cor amarela clara, espuma bem persistente, límpida e sem resíduos. No aroma, notas de pão e centeio; na boca, uma sensação bem leve (5,2% ABV), porém com um pouco mais de corpo frente às lager comuns e um delicado amargor, que é percebido no final (IBU 10). “Usei Malte Pilsen e um pouco de CaraPils. Na lupulagem, utilizei apenas lúpulo para amargor, pois a minha ideia foi justamente destacar o corpo da cerveja”, acrescentou Gustavo. O resultado foi uma cerveja bem equilibrada, sem qualquer off-favor, por exemplo, aqueles típicos de cervejas lager, como diacetil, mofo, metálico e o lightstruck, que tornou-se um case clássico da Heineken.

Foi impossível não fazer uma comparação da MinduStart com a german pilsen MinduPils, outra cerveja leve do portfólio da MinduBier. “A MinduPils tem uma característica forte de lúpulos nobres alemães e é um pouco mais amarga. A receita da MinduPils, por utilizar lúpulos nobres em maior quantidade, acaba se tornando mais cara. A ideia da MinduStart foi produzir uma cerveja leve e refrescante, porém a um preço mais baixo”, destacou Gustavo.


Quem quiser provar a MinduStart basta chamar pelo Whatsapp (71) 99708-9440 ou acessar este link. Toda semana, a MinduBier tem feito promoções para compra de cervejas pela internet, como desconto progressivo, brindes etc. A MinduStart está disponível em chope, sendo envasada por sistema de contrapressão no dia da entrega; deste modo, a cerveja chega sempre bem fresca e com mais durabilidade.

O sabor que veio do sul: Em tempos de liberdade restrita, beba Freedom

#DiárioDaQuarentena #Covid-19

Liberdade é um desejo hipodérmico do ser humano e também um direito garantido por lei no Brasil. Infelizmente, nas últimas semanas, a nossa liberdade tem sofrido restrições por conta da pandemia da COVID-19. Para amenizar um pouco meu isolamento social, resolvi escrever sobre uma das minhas cervejas preferidas e que traz “liberdade” no nome: Freedom, que significa liberdade em inglês.

A Freedom é uma American India Pale Ale produzida pela cervejaria gaúcha Vintage Craft Beer, situada em Porto Alegre – RS.  Por outro lado, o nome da cerveja faz uma referência ao rock. “Aqui na empresa só toca rock and roll; e dos mais antigos, como Creedence, Johnny Cash e o maior guitarrista de todos os tempos: Jimi Hendrix. No caso da nossa cerveja, Freedom é uma homenagem à música que Jimi Hendrix escreveu e gravou poucos meses antes de morrer”, explicou Eduardo, cervejeiro da Vintage.

Growler com Freedom, American IPA da Vintage Craft Beer.

Esta cerveja chama atenção por diversos aspectos. Primeiro, pela facilidade com pode ser encontrada em Salvador; segundo, pelo seu preço, bem em conta em comparação à outras cervejas que veem de longe. Por exemplo, a lata de 473ml custa entre 25-28 reais nas lojas online Cerveja Salvador e Vitrine da Cerveja, que também vende o litro do chope Freedom por 45 reais. (Nota: não custa lembrar que ambos os estabelecimentos estão operando com delivery de cerveja e chopp nestes dias de quarentena!). “É a cerveja mais vendida da loja. Posso te dizer que é nossa torneira fixa”, disse o diretor comercial da Vitrine da Cerveja, Claiton Santos, lembrando que, certa vez ,a Freedom foi embarrilada na terça-feira, em Porto Alegre, e no sábado as/os clientes já estavam provando a cerveja, na loja, em Salvador. “Ficamos muitos felizes em saber que a cerva tem boa aceitação aí em Salvador. O fato do chope chegar sempre fresco é também mérito da loja, pois sempre que um lote está ficando pronto ela já compra em boa quantidade”, disse Eduardo. Já diretor comercial da loja Cerveja Salvador, Alex Pires, destacou a presteza no atendimento do pessoal da cervejaria Vintage. “Eles foram muito atenciosos com a gente e entregaram o pedido com agilidade considerável. A Vintage foi destaque do nosso Clube, em março, com a Freedom integrando a seleção de rótulos do mês passado”, destacou Alex.

Lata com Freedom da Vintage Craft Beer

O terceiro aspecto que a Freedom se destaca , claro, reside na qualidade da cerveja. A prova foi feita de duas formas: primeiro degustamos a cerveja na lata para, em seguida, partir para o chope servido em growler. Em linhas gerais, a Freedom entrega aquilo que se espera de uma boa American IPA: aroma floral, bem lupulada, amarga e seca. A cerveja em lata, além do aroma floral, apresentou também notas cítricas, que não ficaram tão perceptíveis no chope. “Após o envase, as nossas latas ficam armazenadas na câmara fria até a hora do envio para o cliente, visando garantir maior frescor. Isto pode ter ocorrido porque aumentamos um pouco mais a carbonatação da cerva antes do envase, o que pode resultar em uma percepção mais ácida ou cítrica da bebida”, revelou Eduardo.

Além do aroma floral e cítrico, nas duas situações a Freedom apresentou coloração de cobre e um visual bem límpido. Na boca, uma sensação macia, corpo médio, além do amargor intenso (IBU 62) e equilibrado, combinado ao final seco característico do estilo American IPA. Teor alcoólico moderado (6,2% ABV) e, no retrogosto, além de permanecer o tradicional amargor proporcionado pelos lúpulos americanos, pode-se perceber também algumas notas florais. “Utilizamos os lúpulos Comumbus, Citra, Cascade e El Dorado. A técnica que seguimos foi a late hopping, adição tardia, isto é, toda a lupulagem foi feita nos 30 minutos finais da fervura – 30min , 20 min, 10 min , 5 min”, finalizou Eduardo.

DIÁRIO DA QUARENTENA: DEGUSTAÇÃO DE CERVEJAS COM KVEIK

Nestes dias de quarenta, o Blog Lupulado irá publicar uma série de resenhas sobre as cervejas que degustamos durante o período de confinamento. A primeira matéria aborda rótulos que utilizam a levedura Kveik. O número de marcas no Brasil, que optaram por usar este insumo, cresceu vertiginosamente nos últimos dois anos.

 

Desafio lançado na quarentena: Sequencia de cervejas com levedura Kveik

Historicamente, Kveik é uma das muitas terminologias adotadas da Noruega para se referir às leveduras, dentre elas as cultivadas em  pequenas fazendas onde cervejas são produzidas de forma artesanal, as chamadas Norwegian Farmhouse Brewery. Com o passar dos anos, Kveik passou a ser o nome usado para designar as leveduras provenientes dessas fazendas, carregando em si traços culturais heterogêneos e relacionados às comunidades.  A heterogeneidade pode ser percebida considerando que a Kveik possui diversas linhagens, normalmente conectadas pelo nome à família ou fazenda que a produziu; é o caso da “Voss Kveik”, usada na produção da Nibelungo, rótulo da cervejaria Motim que já foi tópico aqui no Blog Lupulado. .A sua relação cultural com as comunidades emerge deste aspecto, pois a Kveik é um produto de agricultura familiar e os segredos de cultivo, armazenamento e uso eram passados de geração para geração. Existem registros datados de 1621 documentando que, na Noruega, a Kveik era armazenada em anéis de madeira, chamados Kveikstokkers, capazes de conservar a levedura por até um ano.

Outro fator cultural importante na Noruega e alguns países vizinhos (exceto a Dinamarca), que estimula a produção caseira  e familiar de cerveja, é o rigor no comércio de bebidas no país. Nos supermercados e cervejarias, só é permitido venda de rótulos com até 4,6% de ABV; caso a pessoa deseje uma cerveja mais forte, deve comprar nas taprooms ou nas lojas do governo chamadas Vinmonopolet, onde a política de vendas é extremamente rigorosa e controlada. Desta forma, as cervejarias norueguesas costumam vender também insumos para produção de cerveja, além produtos temáticos; portanto é comum encontrar clientes nesses locais em busca de lúpulos, maltes, leveduras etc.

Sede da cervejaria Lervig em Stavanger, Noruega.

Atualmente, a Kveik pode ser encontrada tranquilamente no Brasil. O cervejeiro da Motim, Salo Maldonado, disse anteriormente em entrevista ao Blog Lupulado que “hoje em dia é fácil adquirir nas lojas de insumos e fornecedores. Os dois maiores fornecedores de leveduras líquidas estão com pelo menos uma linhagem de Kveik em produção”. Para o gerente de vendas da Bahia Malte, Alan Reis, “a oferta das Kveik no Brasil tem melhorado bastante nos dias atuais; na Bahia Malte trabalhamos com duas cepas, a Hornidal e a Voss, que estão sempre disponíveis por aqui na loja”.

Degustando Staerk Bayer, um dark lager com 9,5% de ABV e 32 IBU na Taproom da Cervejaria Mack Bryggeri em Tromsø, Noruega.

“As Kveik representam certa facilidade para os cervejeiros, porque não precisam de um controle tão especifico de temperatura, o que  permite diversificar os ambientes de fermentação. Por exemplo, a sala da sua casa pode se tornar um ambiente de fermentação, já que o range de temperatura dela é mais alto… o tempo de atenuação desta levedura na cerveja é bem mais rápido também. Aqui na Bahia Malte, a gente já soube de casos de cervejas que atenuaram em 2 dias, fazendo o tempo de produção diminuir e permitindo que os cervejeiros produzam mais levas em intervalos menores”, complementou Alan.

Tiago Lima, cervejeiro da Bionica HomeBrew, exibindo duas novas criações.

Recentemente, cervejeiro da Biônica HomeBrew, Tiago Lima, usou este insumo disponível na Bahia Malte em algumas de suas receitas, todas feitas em casa.. “Ao todo fiz seis cervejas usando Kveik, dentre elas uma IPA combinando lúpulos citra e mosaic com a Kveik; duas stouts com a mesma base, sendo uma com essência de côco; fiz também a Supreme, umas das mais pedidas, em que usei café da Chapada Diamantina. Fiz também um experimento com duas APAs, uma mais seca, frutada e a outra mais amarga, cítrica”, disse Tiago. “Fermentei todas essas cervejas na mesma temperatura, 26 graus. Para mim, esta levedura é a melhor em eficiência alcoólica; a cerveja também fica sem off-flavor, ou pelo menos os off ficam bem menos perceptíveis. Algumas cervejas ficam mais secas que o esperado, porém este é um fator que pode ser corrigido e não chega a ser um aspecto negativo”, concluiu.

Abrindo latas e garrafas com Kveik

As cervejas abaixo foram escolhidas a partir do estoque que eu tenho em casa, considerando apenas um parâmetro: O uso da levedura Kveik . Alguns dos rótulos a seguir podem ser encontrados em lojas online, como a Vitrine da Cerveja (Salvador), Cerveja Salvador (toda Bahia), BeerMind (todo Brasil),  Beer Underground (RJ), MotimHideout (RJ), além da própria Bahia Malte(Salvador); estes e outros estabelecimentos dedicados à cerveja artesanal estão fazendo entregas em domicílio durante a quarentena provocada pela COVID-19. Os dois copos foram escolhidos para homenagear duas cervejarias que visitei na Noruega: Lervig, que fica na cidade de Stavanger, e Mack Mikrobryggeri, localizada em Tromsø.

Nibelungo, Collab entre as cervejarias Motim e Cevaderia

Iniciei a sequencia provando a Supreme, da Biônica HomeBrew; Brown Ale com coloração escura,  bem maltada e leve (6,1%ABV); amargor médio (33 IBU) e com notas de café da Chapada Diamantina bem presentes tanto no aroma quanto no gole. A segunda cerveja da foi outra bem leve, a NE APA Nibelungo (5,6ABV e 35 IBU), collab das cervejaria Motim e Cevaderia, que foi tópico aqui no Blog Lupulado.

Supreme, da cervejaria baiana Bionica Homebrew

A terceira cerveja foi a Ovrebust (6,7 ABV e 40 IBU), uma kveik IPA da cervejaria Thirsty Hawks, que também apareceu no Blog Lupulado durante nossa cobertura do Mondial de La Biere Rio – 2019; vencedora da medalha de ouro naquela edição, a Ovrebust apresentou sua tradicional coloração turva, além de resíduos de aveia; cerveja bem sucada, cremosa, corpo aveludado, aroma trazendo notas de melão, laranja e abacaxi.

Ovrebust, que ganhou medalha de ouro no Mondial de Lá Biere no Rio de Janeiro de 2019.

A Avrake, Kveik Juicy IPA também feita pela Thirsty Hawks, foi a quarta cerveja que provamos. Apresentou aquele aroma proeminente de lúpulo Mosaic, com adição de citra e denali; bem cremosa, cor turva, corpo sedoso, amargor acentuado (45 IBU), cremosa, suculenta com gosto de Maracujá e Toranja, boa drinkability além da aveia sobrando no retrogosto. (6,5 ABV).

Avrake da Thirsty Hawkins

O quinto rótulo da sequencia foi o que mais surpreendeu:  a cerveja Fuça, uma Kveik Juice Rye IPA, da cervejaria Latido Ale House. Como o nome atesta, esta cerveja levou malte de centeio, além da adição de dois lúpulos, loral e ekuanot, em duplo dry-hop. No aroma, notas de laranja e tangerina, com maior presença da primeira, cor turva e amargor acentuado (50 IBU). O aspecto mais interessante desta cerveja foi a sensação de boca, viscosa e licorosa (7% ABV).

Grata surpresa: Fuça, uma criação da cervejaria latido (RJ)

Referências:

http://www.milkthefunk.com/wiki/Kveik

 

 

UTILIDADE PÚBLICA: Preparamos uma lista de delivery em Salvador para lupular sua missão de isolamento social

Última atualização: 26/03, às 09:07

Nestes tempos de quarentena por conta do novo corona vírus, o Blog Lupulado publica uma lista de lojas que fazem entrega em domicílio, o chamado delivery, de insumos e cerveja artesanal, na cidade de Salvador (algumas atendem Lauro de Freitas também). Este conteúdo estará em constante atualização, no intuito de facilitar a vida de seguidores e seguidoras, listando serviços úteis para produzir e beber cerveja artesanal em casa, contribuindo para que oatual momento de isolamento social, que é importante para o combater o surto do COVID-19, seja o menos difícil possível. Outra intenção com esta lista é estimular que pessoas comprem dos pequenos estabelecimentos voltados para nichos específicos como o mercado de cerveja artesanal; trata-se também de uma forma de contribuir para a economia local, ameaçada com a crise provocada pelo corona vírus.

Delivery de cerveja artesanal: Ajudando a manter a harmonia nos tempos de isolamento social

Existem quatro tipos de embalagem que chopes e cervejas artesanais são normalmente vendidos e entregues: growlers, garrafas, latas (que inclui também os crowlers), barril (neste caso é preciso ter equipamento como chopeira e cilindro de CO2). Abaixo segue a lista de lojas e serviços de entrega de insumos e cerveja artesanal. Alguns oferecem facilidades e promoções como descontos, entrega grátis, growlers descartáveis etc.

Loja

O que vai encontrar

Telefone/Whatsapp

Bahia Malte

Latas, garrafas, chope e insumos

(71) 3043-6359

Cerveja Salvador

Latas, chope e garrafas

(71) 99970-4327

Cervejaria Híbrida

Chope

(71) 98512-0466

Vitrine da Cerveja

Chope, latas e garrafas

(71) 2137-0669/ (71) 99235-4990 ou pelo site  Cerveja Salvador

Casa OLEC

Latas, garrafas, chope e insumos

(71) 98182-8183

Kombita

 Chope

Pedidos pelo site Cerveja Salvador

Chopp Shop

Chope

Pedidos pelo site Cerveja Salvador

Cervejaria Calundu Chope e garrafas (71) 98878-3020 / (71) 99105-8469 (71)/ 99609-1716
Choperia Salvador Chope (71) 99112-9794 ou(71) 99994-6362

Cervejaria 2 de Julho

Garrrafas

(71) 98867-4181

Cervejaria Proa

Chope

(71) 992266850

Cervejaria Mascarenhas

Chope e cerveja

(71) 988765475/ (71) 99701 4280/ (71) 99155 9206

Cervejaria MinduBier

Cerveja

(71) 99708 9440

 

Prestigie também as cervejas produzidas na Bahia.

Bossa Nova Haze: Novo tesouro de Jacobina

O município de Jacobina, situado na Chapada Diamantina, Bahia, ganhou fama nacional como “a Cidade do Ouro” por conta das minas descobertas na região, nos idos do século XVIII. Anos mais tarde, a exploração do ouro cessou e o ecoturismo passou a atrair a atenção de pessoas interessadas em conhecer cachoeiras, lagos e serras que circundam a cidade. Atualmente, outro tipo de tesouro foi descoberto nas ruas de Jacobina: a Cerveja Artesanal.

Bossa Nova Haze: Espuma cremosa, amarga e resfrescante

No último Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco, realizado em Petrolina em novembro do ano passado, a cervejaria jacobinense HopDevils fez sucesso entre os presentes com sua NEIPA. Em fevereiro deste ano, a HopDevils lançou a Bossa Nova Haze, produzida a partir da base criada para aquela cerveja que encantou o público no Festival. “Sim, as receitas são muito próximas. A base de maltes é a mesma e ambas são fermentadas com levedura Vermont. A diferença fica por conta do lúpulo Mosaic Cryo usado na Haze IPA, que me pareceu ser mais dank e resinoso que o Mosaic em pellet”, disse o cervejeiro da HopDevils, Pedro Varjão. “Na Haze foi utilizado um único dry-hopping, ao fim da fermentação, o que resultou num aroma mais “cru” de lúpulo, sem tanta ação de biotransformação”, complementou.

Predro Varjão exibe a Bossa Nova Haze

A história da cervejaria HopDevils remonta a 2014, em um lugar distante de Jacobina. Naquele ano, três amigos universitários, na cidade de Campinas- SP, decidiram começar a fazer cerveja por conta própria. “Éramos estudantes, com pouco dinheiro e apreciadores do estilo IPA. Decidimos então nos aventurar na produção de nossas próprias cervejas. Os amigos foram se formando na universidade e eu acabei assumindo a produção sozinho. Regressei à minha Terra Natal, que é Jacobina, e continuei no homebrew sempre buscando aperfeiçoar os detalhes das receitas. Hoje tenho um grande parceiro, Rafael Filho, com quem tenho desenhado planos para expansão e abertura de um negócio cervejeiro maior”, explicou Pedro.

A Bossa Nova Haze apresenta espuma bem cremosa e aroma frutado, remetendo a frutas como pêssego e abacaxi. Outra característica peculiar do estilo Haze IPA que a cerveja traz é a sua coloração, turva e parda. Na sensação de boca, um corpo viscoso e licoroso, como pede uma boa Haze IPA, com o álcool bem perceptível no retrogosto, apesar do teor alcóolico médio (6,8 ABV). Possui amargor alto (60 IBU) provocado uma total carga de 20 g/l de lúpulos Citra e Mosaic Cryo. “Adicionamos esses lúpulos nos estágios de first wort hopping (amargor), whirpool (aroma) e TDH. Utilizamos também a levedura clássica Vermont Ale”, explicou Pedro. A cerveja Bossa Nova Haze pode ser encontrada na Wine House Jacobina ou via direct no instragram da cervejaria HopDevils.

Nibelungo: Uma cerveja inspirada na cultura nórdica

As cervejarias cariocas Motim e Cevaderia lançaram novo rótulo no mercado: a Nibelungo. Esta cerveja segue o estilo New England American Pale Ale (NE APA) e tem como característica marcante o uso da levedura Voss Kveik. O nome é referência ao “Anel de Nibelungo”, um item mágico que, segundo a mitologia nórdica, era capaz de conferir grande poder a quem o usasse. Recentemente, tem crescido no Brasil o número de cervejas feitas com leveduras do tipo Kveik, que são utilizadas há muitos anos por cervejeiros de países como a Noruega, Finlândia, dentre outros do norte da Europa, e atualmente podem ser encotradas com certa facilidade por aqui. “Hoje em dia é fácil adquirir nas lojas de insumos e fornecedores. Os dois maiores fornecedores de leveduras líquidas estão com pelo menos uma linhagem de Kveik em produção. No nosso caso, decidimos usar Voss Kveik para mencionar a origem da linhagem, como forma de homenagear e agradecer aos produtores locais do norte da Europa, que disponibilizaram a levedura para exploração e eventual comercialização. Fizemos referência ao Anel de Nibelungo porque, tradicionalmente, os fazendeiros usavam anéis de madeira com a levedura seca para iniciar suas fermentações. É uma homenagem nossa à cultura nórdica também”, disse o cervejeiro da Motim, Salo Maldonado.

Nibelungo degustada na Tap Room da Motim

“Esta cerveja é resultado de um experimento dividido em duas partes. A primeira explorou o Kveik como uma levedura capaz de bio transformação quando entra  em contato com lúpulo na fase de fermentação, daí seu uso em uma NE APA. Na segunda faze, exploramos seu uso para uma fermentação mista; colocamos a Nibelungo em um barril para ver se instalaria uma fermentação com leveduras selvagens e como seria essa interação”, complementou Salo.

A Nibelungo apresenta a turbidez características do estilo NE APA e uma espuma bem cremosa. O aroma bastante cítrico com notas de abacaxi, laranja e maracujá, que podem ser percebidas também na hora do gole. “Estas notas cítricas e de frutas foram provenientes do lúpulo e da levedura. A Voss Kveik costuma apresentar esse éster de laranja, que foi complementado pela combinação dos lúpulos”, revelou o cervejeiro. O amargor médio (IBU 35) e o teor alcoólico relativamente baixo (ABV 5,4) fazem da Nibelungo uma cerveja perfeita para dias quentes, podendo ser apreciada por longos períodos. Seu corpo médio provoca uma sedosa sensação de boca. “Usamos os lúpulos Columbus (somente fervura), Mosaic e El Dorado. Estes dois foram utilizados no whirpool, após o final da fervura, e no Dry-Hopping, quando usamos uma carga de 14g/l, que eu considero alta”, finalizou.

Inicialmente, a Nibelungo surgiu como rótulo sazonal, mas pode ser que ela venha a entrar na linha de produção das cervejarias Motim e Cevaderia. Ela está sendo distribuída para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. No Rio, pode ser encontrada a Tap Room da Motim (Copacabana) e em lojas especializadas, como Beer Underground (Centro) Beer Mind (Barra da Tijuca), dentre outras que também fazem fazem venda online e podem enviar para demais regiões do Brasil.

VAI TER LÚPULO NA AVENIDA: no mês do carnaval, MinduBier apresenta dois lançamentos

Neste mês, a cervejaria soteropolitana MinduBier incluiu mais dois rótulos em seu portfólio de cervejas sazonais. O primeiro é a Triple Juicy IPA Power Shot, que esteve  nas torneiras do MinduDay, evento realizado na Casa Olec, em Salvador, no início de fevereiro. O segundo é a MinduCloudy, uma New England Double India Pale Ale que está disponível a partir desta semana.“A Power Shot é um rótulo colaborativo feita em parceria com a cervejaria paulistana Croma. A MinduCloudy é o segundo rótulo da nossa série de Double Dry-Hopped NEDIPAs; mantivemos a mesma base da MinduHazy (que já foi tópico aqui no Blog Lupulado), porém trocamos os lúpulos Simcoe, Mosaic e Citra por Galaxy, Amarillo e Huel Mellon. Tudo feito com doses absurdas destes lúpulos”, disse o cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins.

Gustavo exibe a Mindu Cloudy

É importante assinalar que as duas cervejas estavam bem frescas, pois tinham sido envasadas há pouquíssimo tempo, questão de dias; isto foi um fator importante para boa apreciação das cervas. Primeiro foi a vez da Power Shot (ABV 10, 7% e IBU N/I). No aroma, uma pancada de frutas tropicais, com notas de coco entregues no primeiro plano. Na parte visual, esta cerveja tem a aparência bem turva, espuma cremosa e persistente. Sensação de boca sedosa, porém com certa licorosidade provocada em parte pelo álcool; pouco amarga, com muitas notas de coco e também madeira na hora do gole. “Este foi um resultado interessante e surpreendente, pois as notas de coco vieram do lúpulo Sabro, que usamos junto do Galaxy e do Citra”, complementou Gustavo.

Power Shot: colab entre Mindu e Croma.

É importante assinalar que as duas cervejas estavam bem frescas, pois tinham sido envasadas há pouquíssimo tempo, questão de dias; isto foi um fator importante para boa apreciação das cervas. Primeiro foi a vez da Power Shot (ABV 10, 7% e IBU N/I). No aroma, uma pancada de frutas tropicais, com notas de coco entregues no primeiro plano. Na parte visual, esta cerveja tem a aparência bem turva, espuma cremosa e persistente. Sensação de boca sedosa, porém com certa licorosidade provocada em parte pelo álcool;, pouco amarga com muitas notas de coco e também madeira na hora do gole. “Este foi um resultado interessante e surpreendente, pois as notas de coco vieram do lúpulo Sabro, que usamos junto do Galaxy e do Citra”, complementou Gustavo.

Mindu Cloudy, segundo rótulo da série de Double Dry-Hopped NEDIPAs da Min

Em seguida, foi a vez da Mindu Cloudy (ABV 7,9% e IBU 50). No aroma, notas marcantes de frutas cítricas, melão, maracujá e pêssego, características adicionadas tipicamente pelo lúpulo Galaxy, que também traz amargor mais potente na hora do gole. De aparência turma, com espuma muito cremosa, proporcionando uma textura sedosa à cerveja. As cervejas Power Shot e MinduCloudy estão sendo distribuídas para todo Brasil. Em Salvador, os dois rótulos podem ser encontrados em lojas do ramo, dentre elas Vitrine da Cerveja e Cerveja Salvador, além de tap room como a Kombita. Mais informações podem ser obtidos via direct pelo perfil da MinduBier no Instagram.

Quatro Graus amplia série Comfort: Confira este lançamento na coluna #PegaVisão

No início de Janeiro, a cervejaria carioca Quatro Graus lançou o terceiro rótulo da sua série Comfort: a Triple Cream IPA. O primeiro rótulo da série foi a Comfort Double IPA; o segundo foi a Comfort Stout, uma RIS com adição de cacau e café.  “Os rótulos da série Comfort têm como premissa básica trazer bons sentimentos, boas lembranças e relaxamento. A proposta consiste em prover cervejas que não são tão potentes como os nossos rótulos mais conhecidos, por exemplo a Black Anthrax, mas que trazem muito sabor, textura e camadas em estilos já tradicionais.”, disse o cervejeiro da Quatro Graus, Marlos Monçores.

Salvador ao fundo e a Comfort Triple Cream IPA

Outro aspecto que chama atenção neste lançamento da Quatro Graus é o estilo, descrito como Triple Cream IPA, que não figura na style guideliness da BJCP. “Mesmo não sendo um estilo reconhecido, algumas cervejarias já usaram essa denominação, principalmente fora do Brasil. Gostamos de batizar nossas cervejas de acordo a sensação que cada uma delas nos traz, algo para além do estilo. Uma triple IPA nem sempre é cremosa e tem corpo aveludado. Esse foi o nosso foco na hora de preparar a receita e por isso colocamos no nome, deixando claro para todos e todas o que queremos de experiência”, explicou Marlos.

Testando a Comfort Triple Cream IPA  

A cerveja emanou aroma intenso, cítrico e frutado, com presença forte de frutas amarelas como melão, abacaxi e manga. Apresentou espuma cremosa e suculenta, além de coloração bem turva em função dos maltes e da adição de aveia. “Exato! Esta receita, especificamente, leva uma adição grande de aveia e isso contribui sim para sua turbidez e cor”, confirmou Monçores.

Visual turvo e a espuma cremosa da Comfort Triple Cream IPA

A Comfort Triple Cream IPA foi produzida com uma carga pesada de 5 lúpulos diferentes (Citra, Simcoe, El Dorado, Amarillo e Mosaic), que proporcionaram uma sensação de boca bem forte e aveludada. A cerveja também é bem alcoólica 10,2%, apesar desta característica não aparecer nos momentos do gole e do retrogosto; pelo contrário, o resultado é de fato uma sensação refrescante e de relaxamento.Um detalhe interessante é a informação relativa ao seu IBU; constava na lata a hastag #IBUisalie, que em inglês significa “IBU é uma mentira”. “De nada vale o IBU sem o contexto dos outros fatores, que interferem na degustação da cerveja. Por exemplo, temos cervejas super maltadas e com características bem doces, com mais de 150 IBU. Tem muita gente que acredita que IBU é a quantidade de amargor da cerveja e, por isso, preferimos dizer que IBU é uma mentira”, finalizou Marlos.

A Comfort Triple Cream IPA da Quatro Graus pode ser encontrada com certa facilidade, em latas, nas lojas online Bro’s Beer, Hop Hunters, Hop Pack Beer Shop e Hoppi;  chopp e lata em lojas físicas, dentre elas Beer Mind, Empório Santa Oliva, Craft Beer, Narreal (Rio de Janeiro) e Vitrine da Cerveja (Salvador).