Da torneira para a lata: Conheça o Crowler, alternativa para portabilidade de cerveja artesanal

Um aspecto percebido na cultura cervejeira é a preferência de parte dos consumidores por cervejas servidas “na torneira”, que tecnicamente seriam mais “frescas”, isto é, produzidas e envasadas há pouco tempo, portanto não sofreram muito prejuízo em decorrência de condições de armazenamento e transporte. Desta forma, um barril conectado à torneira pode ser visto como mecanismo legitimador, atestando para o cervejeiro que aquela cerveja encontra-se fresca.

Em vez de comprar cerveja engarrafada, que eventualmente já teria sofrido impactos em função da estocagem, exposição à luz etc., o consumidor pode optar por adquirir a cerveja fresca diretamente das torneiras nos estabelecimentos comerciais. Para isto, ele dispõe de ferramentas especificas que facilitam consumir e transportar ; a mais famosa delas é o Growler, que já foi tópico em um post publicado ano passado aqui no Lupulado. Os Growlers são recipientes criados para que o cervejeiro armazene momentaneamente um ou dois litros de cerveja tirados da torneira, para levar e beber onde quiser. Nos últimos cinco anos, eles ganharam a companhia de um novo aliado nesta tarefa: o Crowler.

Deu sede? Crowler e o consumo de cerveja artesanal

A explicação para o nome Crowler é simples e técnica: Trata-se da síntese entre “can”, que significa “lata” em Inglês, e Growler. Nesta perspectiva, o Crowler não seria como um Growler de alumínio, mas latas que são enchidas e fechadas em minutos, sob demanda, que teriam a mesma finalidade para armazenamento e transporte de cerveja.

 

Enchendo o Crowler na torneira da Vitrine da Cerveja, em Salvador.

“A vantagem do Crowler é que você pode levar cerveja fresca da torneira para casa sem a necessidade de estar com o Growler em mãos. Para o proprietário do estabelecimento é indiferente (despachar em Growler ou Crowler), tanto faz. Porém  o Growler tem um aspecto cultural mais interessante. O lado ruim é que muita gente esquece o Growler em casa quando chega aqui (no estabelecimento). Inclusive, teve uma época em que eu emprestava Growlers porque realmente a turma esquece de trazer; então, o Crowler aparece como antídoto para esta situação”, destacou o cervejeiro Claiton Santos, proprietário da “Vitrine da Cerveja”, estabelecimento que é referência no ramo de cervejas artesanais em Salvador.

Claiton Santos da Vitrine da Cerveja.

No vídeo a seguir, feito na Vitrine da Cerveja, registramos como é o processo de encher e fechar um Crowler.

Alguns apontamentos sobre o Crowler.

A máquina de fechar Crowlers custa em média 7 mil reais. Para o consumidor, cada lata sai por cerca de 4 reais, acrescidos ao custo da cerveja. Por conta da sua capacidade entre 500ml e 1000ml, os Crowlers facilitaram a vida do consumidor, que pode levar mais de um estilo de cerveja artesanal, diferente do que ocorre com os Growlers. Alguns Crowlers possuem ainda tampa com “boca” semelhante às tradicionais latinhas de alumínio; outros podem ser abertos em toda a dimensão da lata, otimizando as tarefas de servir e compartilhar a cerveja.

Estilo de lata com a boca totalmente aberta: Facilita nas tarefas de servir e compartilhar a cerveja

Os Crowlers possuem tamanho menor, maior portabilidade, são descartáveis e recicláveis. Além disso, eles são enchidos e fechados sob demanda, evitando que ocorra degradação da cerveja em função do estoque, como percebemos na situação do golpe de luz, ou ainda na entrada de oxigênio na garrafa. Sem falar que os Crowlers não possuem impedimento para acesso em determinados locais como ocorre em situações com recipientes de vidro, por exemplo, beber aquela cerveja artesanal fresquinha na piscina do condomínio ou do clube.

Bloco mistura frevo, folia e cerveja artesanal nas ruas de Petrolina

O movimento cervejeiro do Vale do São Francisco ganhará mais uma expansão na próxima semana. No sábado (16/2) acontecerá o primeiro desfile do bloco “Tu Weiss Cair na Minha IPA”, organizado pela Associação dos Cervejeiros Artesanais de Pernambuco (ACervA-PE), núcleo do Sertão. A festa começa às 15h em frente a Cervejaria & Petiscaria Biére, na rua Lucas Roberto de Araújo, próximo ao Condomínio Sol Nascente em Petrolina. O bloco irá realizar o percurso até a pracinha, na mesma rua, onde permacerá por alguns minutos até retornar ao ponto da concentração.  “No total, teremos quase seis horas de som, divididas entre DJ e a apresentação da Orquestra Frevo do Bolinha (veja video abaixo), ambos tocando ritmos como frevo, axé, marchinha e outras canções do carnaval de rua”, disse o cervejeiro Igor Veras Silani, um dos organizadores do evento.

Para matar a sede dos foliões, doze cervejarias artesanais confirmaram presença nas torneiras do bloco: Maribondo Sam, Na Tora, GALK, Buquê de Mandacaru, Puro Is Malte, Quimera, Vale Brewer, Família Sabores, Seu Quincas, Doutorado do Chopp, Haus Bier, além da própria ACervA – PE. O repertório varia desde estilos mais leves, como Weiss e Witbier, aos mais encorpados, como Imperial IPA, Porter e Stout. O bloco funcionará no sistema de “torneiras abertas”, distribuindo mais de 500 litros de chopp para os participantes. “Nosso intuito é sempre difundir o movimento cervejeiro. Desta vez, vamos procurar trazer as origens do frevo e do carnaval de rua de Pernambuco, associadas ao movimento cervejeiro artesanal, que em Petrolina ainda é novo. Este é o primeiro ano que estamos fazendo um bloco temático de cerveja artesanal aqui na cidade.”, explicou Igor, destacando o sentido do nome “Queda 1” usado pelos organizadores para se referir à primeira edição do bloco. “A ideia é que existam outras ‘Quedas’ a partir desta ‘Queda 1,. A depender do resultado desse projeto, quem sabe não repetimos em breve”, complementou o cervejeiro.

 

Os cervejeiros Guilherme (à esquerda), Cecília Vasconcellos, Waldner Maribondo, Vânia Sampaio e Igor Silani reunidos na organização do Bloco.

Um aspecto que chamou a atenção foi a localização no espaço público escolhida para o desfile do bloco. Naquela vizinhança, funciona até hojen a Biére, que há mais de 5 anos foi estabelecido como um dos primeiros redutos dos cervejeiros artesanais do Vale do São Francisco. “Cerca de três anos atrás houve uma festa de carnaval lá que foi bem bacana e sempre tivemos desejo de repetir. Daí pela disponibilidade e amizade que temos com o pessoal da Biére, escolhemos usar aquele espaço novamente para fazer a Queda 1 do ‘Tu Weiss Cair na Minha IPA’”, disse outra organizadora do bloco, a cervejeira Maria Cecília Vasconcellos.

Os ingressos para o bloco “Tu Weiss Cair na Minha IPA” custam R$80,00 e podem ser adquiridos através do link ou em pontos de venda como o Rock Dog., Doutorado do Chopp e na Biére. Para se servir à vontade de chopp artesanal durante o bloco, o folião ganhará camisa, tirante e caneca customizados para o evento.

 

 

Especial de férias: Lei do Artesão e Cervejarias na Grande BH

Belo Horizonte é capital do estado de Minas Gerais. Fundada em 1897, atualmente, possui cerca de 2,5 milhões de habitantes. Sua região metropolitana abarca 34 municípios, totalizando população de 6 milhões. Dentre essas cidades, que compõem a grande BH, está a pequena Nova Lima, com 95 mil habitantes. No universo cervejeiro, ela chama atenção por conta de uma lei municipal publicada em 2012, conhecida como “Pró-Artesão”,  que regulamentou um programa para favorecer a produção artesanal de tecidos, cosméticos, cerâmica, alimentos e… cerveja! Em pesquisa publicada no ano de 2017, das 41 cervejarias registradas em Minas Gerais, 15 são estabelecidas na região de Nova Lima, elevando o município à alcunha de “cinturão da cevada”.

No mês de setembro de 2018, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, trilhou caminho semelhante ao sancionar a lei municipal 475/18, que já seguiu para publicação no diário municipal. O principal objetivo dessa lei é diminuir a burocracia para produção de cerveja, beneficiando sobretudo os chamados “cervejeiros de panela”. Com ela, fica permitida a produção de cerveja fora do complexo industrial de BH, favorecendo fábricas menores com até 720 mts2 e a instalação de Brewpubs – locais onde cervejeiros podem fabricar e vender sua própria produção. Ao portal da Prefeitura de Belo Horizonte, o prefeito Kalil declarou que esta lei vai promover diversos benefícios, como geração de empregos, criação de empresas e consequente recolhimento de mais impostos ao município, além contribuir para elevar BH ao patamar de importante pólo cervejeiro no país.“A Pró-Artesão é uma ferramenta interessante para viabilizar a produção de cerveja em áreas mais residenciais. A lógica dessa lei consiste em viabilizar a produção cerveja em locais menores e em zonas que não sejam distritos industriais. Porém é importante ressaltar que, mesmo com ela, permanecem as obrigações para a empresa, especialmente para conseguir registrar uma cervejaria, mesmo que caseira”, comentou Bruno Parreiras, cervejeiro na KÜD, umas das cervejarias instaladas em Nova Lima, município que serviu de inspiração para o prefeito Kalil sancionar a lei em BH.

Fábrica da cervejaria KÜD no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima – MG.

Além da Lei Municipal “Pró – Artesão”, Nova Lima oferece também infraestrutura adequada para beneficiar pequenas cervejarias, como é o caso do Mercado Cervejeiro, no bairro Jardim Canadá.

Saboreando a Bollywood da Cervejaria Trinca, enquanto o Mercado Cervejeiro de Nova Lima começa mais um dia de funcionamento,

“Para a gente é importante participar do Mercado Cervejeiro, especialmente aqui em Nova Lima onde existem varias cervejarias, grandes e pequenas, já instaladas. Somos uma cervejaria pequena, artesanal e relativamente nova, portanto este projeto é importante para nos associarmos a outras marcas já consolidadas no mercado, como a Capa Preta, Krug, Falke, dentre ouras cervejarias”, disse Leandro Neves, cervejeiro na Trinca, que ocupa um dos stands no Mercado Cervejeiro.

Tap wall do stand da Trinca no Mercado Cervejeiro

Enquanto apresentava a deliciosa White IPA Bollywood, um dos carros-chefes da sua  produção, Leandro  contou um pouco mais sobre a Trinca, reforçando que, no Brasil, fazer cerveja pode ser também um negócio de família. “A Trinca foi fundada em 2014 por três sócios da mesma família, que permanecem até hoje – eu, minha mulher Luísa e o nosso primo Marcelo”, revelou Leandro.

Leandro Neves cervejeiro na Trinca.

 

Kashmir da KÜD 

A fábrica da cervejaria KÜD (sigla para Krieg Über Durst, em alemão “luta pela sede”) foi um dos locais visitados em Nova Lima. Um dos sócios e cervejeiros da cervejaria, Bruno Parreiras, fez as vezes de anfitrião e apresentou parte da história da KÜD e suas instalações no Bairro Jardim Canadá. “Somos um poucos mais velhos que a lei Pró-Artesão, ela não nos impactou. A gente começou a fazer cerveja em casa em 2008. A KÜD foi formalmente estabelecida em 2010, funcionando já como pequena indústria. Fomos a primeira cervejaria artesanal a nascer da ACERVA Mineira e a quinta microcervejaria de Belo Horizonte”, revelou.

Mão na Massa: cervejeiro trabalhando nos tanques da fábrica da KÜD para produzir os rótulos abaixo.

A área da fábrica da KÜD divide-se basicamente em três espaços principais. Os tanques apresentam uma característica peculiar: Todos foram batizados com os nomes de bandas de Rock, seguindo um dos conceitos adotados pela cervejaria.

Espaço original da fábrica da KÜD: primeiro lugar de brassagem

Tanques na segunda expansão da fábrica.
Segunda expansão da fábrica

Terceira expansão e novo espaço de brassagem: KÜD fechou 2018 com produção de 30 mil litros no último mês.

“A KÜD nasceu para fazer outro tipo de cerveja, diferente das pilsen e outras cervejas mais leves. Somos inspirados na cultura cervejeira da Inglaterra; um dos nossos rótulos mais procurados é a Kashmir, uma IPA inspirada nas cervejas enviadas pelos ingleses para a Índia na época da colonização, que acabou introduzindo o estilo India Pale Ale”, destacou Parreiras.

A Kashmir é uma cerveja que busca resgatar as características originais do estilo inglês de India Pale Ale. Possui corpo avermelhado, espuma fina e cremosa; amargor médio (45 IBU) e razoável teor alcóolico (6,8% ABV), fazendo da Kashmir uma IPA que não agride o paladar, ideal para ser apreciada por mais tempo. A cerveja chamou a atenção também pelo aroma adocicado, com a presença marcante do caramelo.

Kashmir, um dos carros-chefes da cervejaria KÜD.

Ao final da visita, Bruno revelou desejo de expandir a KÜD para o Nordeste. “Estamos sempre abertos à parceiros no Nordeste. Por exemplo, a cerveja Capiroto, de Vitória da Conquista (Belgian Strong Ale da cervejaria cigana “Cerveja Adamantine”), foi produzida aqui fábrica. Estamos em busca de distribuidores para expandir nossa marca na região Nordeste”, finalizou o cervejeiro, ressaltando que a fábrica da KÜD possui atualmente capacidade de produção de até 30 mil litros.

 

As irmãs da Capa Preta e outras cervejas

Além da cervejaria KÜD, outros locais visitados foram: a famosa Cervejaria Wals, onde também funciona um BrewPub, que fica região de Olhos D’ àgua, bairro anexo à Nova Lima; as Tap Room das cervejarias Koala San Brew e Capa Preta,  instaladas na região de Nova Lima.

Tap Room da Capa Preta

Conhecida por suas cervejas de sabor forte e marcante, como a Melon Collie IPA, a Capa Preta chamou a atenção por conta de dois rótulos em especial: a Pina Colada e Euphoria Juice. O sommelier da Capa Preta, João Victor Galhardo (vídeo abaixo), classificou essas cervejas como “irmãs” porque utilizam a mesma base na receita, com a adição de insumos diferentes. A Euphoria Juice faturou a medalha de ouro e a Pina Colada ficou com a medalha de prata na última edição do World Beer Awards, categoria IPA Special.

 

Deliciosa Milkshake IPA Pina Colada.

O carro-chefe da Capa Preta é a  Melon Collie IPA, mas a Euphoria Juice tem tido boa procura, informou João Victor. Na Bahia, pode-se encontrar alguns rótulos da Capa Preta no site Cerveja Salvador. A Pina Colada, por sua vez, só está disponível nas torneiras  da Tap Room em Nova Lima. A Capa Preta fechou o ano com produção de 35 mil litros no ultimo mês.

Euphoria Juice

A primeira das irmãs da Capa Preta, a Euphoria Juice (7,0% ABV e 60 IBU), provada em lata e nas torneiras da Tap Room, apresentou corpo  turvo, cor amarelo e opaco, espuma cremosa com bolhas finas, um pouco diferente das NE IPAs mais tradicionais. Alto amargor e aroma marcante com notas de lactose e aveia que sobram no final. Apesar do alto teor de ABV, o retrogosto sustenta mais o amargor dos lúpulos que o gosto de álcool.

 

Já a segunda irmã, a Pina Colada, provada em Growler e nas torneiras da Tap Room, adicionou notas de coco e abacaxi ao aroma de lactose e aveia típico da Euphoria Juice. O corpo turvo e opaco, a cor amarelo e a espuma cremosa permanecem os mesmos da irmão mais velha, a Euphoria Juice. O retrogosto, no entanto, traz ao paladar do cervejeiro notas marcantes de coco e críticas do Abacaxi. Recomenda-se seguir a experiência aconselhada pelo sommelier João Victor: Provar a Pina Colada logo depois da beber Euphoria Juice.

Com o sommelier João Victor e um dos socios da Capa Preta, André Bastos. .

Tap Room da Koala San Brew em Nova Lima.

Livin`The Dream, IPA da Koala San Brew

Coconut Grove, IPA da Kola San.

Taste Menu na Cervejaria Wals

Panorama da Cervejaria Wals

*Texto e fotos: Luiz Adolfo Andrade

** Esta matéria não seria possível sem ajuda especial de algumas pessoas.  Ao amigo Fábio Stockler, pela disponibilidade e atenção para nos guiar entre esses locais em Belo Horizonte. Ao cervejeiro da São Sebastião, Daniel Balesteros, pela presteza em nos colocar em contato com todas essas cervejarias. Por um problema de navegação, infelizmente não conseguimos visitar a Fábrica da São Sebastião, na grande BH. Em nossa próxima visita à região, a São Sebastião será parada obrigatória!

 

Conheça a Tirana: New England IPA original da caatinga

A edição de dezembro de 2018 do Bazar da Praça, feira de rua realizada em Petrolina-PE, reservou uma novidade para os clientes além das roupas, acessórios e outros itens de vestuário expostos no local. Algumas cervejarias do Vale do São Francisco disponibilizaram rótulos para apreciação e, dentre eles, uma cerveja em especial chamou a atenção: a “Tirana”, uma New England India Pale Ale (NE IPA) produzida artesanalmente pela cervejaria Lunga’s Beer, localizada em Petrolina.

Produção do estilo NE IPA é algo que praticamente não existe no Vale do São Francisco, onde as cervejarias locais já desenvolveram estilos como Lager, Pilsen, IPA, Witbier, Rauchbier, Brown IPA, Stout etc. Segundo o cervejeiro da Lunga’s Beer, Pablo Ferreira, o principal obstáculo talvez seja o fato das receitas exigirem insumos mais difíceis de adquirir e que são usados em escalas maiores frente outros estilos. “Salvo alguma eventual experiência isolada de um cervejeiro de panela, acho que a Tirana é de fato a primeira NE IPA produzida aqui no Vale do São Francisco. Sou fascinado pela escola americana e pelos lúpulos daquele país. Por isso, fiquei decidido a tentar fazer uma cerveja dessas”, disse Pablo, que apontou a EvertMont, da cervejaria Everbrew, como sua New England IPA favorita.

Pablo Ferreira, cervejeiro da Lunga’s Beer, com a NE IPA Tirana

A origem do estilo NE IPA remonta a 1993, quando o cervejeiro Tod Mott brassou um IPA “agressivamente lupulada” para uma cervejaria chamada Harpoon Brewery, localizada na região da Nova Inglaterra (New England). Situada na costa leste dos Estados Unidos, a área envolve os estados de Connecticut, New Hampshire, Rhode Island, Maine, Massachusetts e Vermont. Neste estado, por sinal, é o berço da Heady Topper, comumente considerada a melhor NE IPA do mundo. “As New Elgland IPA procuram escapar das características tradicionais das West Coast IPAs, estilo criado na região da Califórnia, que carrega em si muitos traços da IPA inglesa, como malte caramelo, dulçor, etc. Tecnicamente, a carga de lúpulo nas NE IPAs é feita no final da fervura justamente para ter maior quantidade de sabor e aroma. Antes, os cervejeiros faziam adição no meio da fervura, o que hoje já sabemos que não funciona muito. Se o cervejeiro quiser prevalecer sabor e aroma é necessário fazer adições tardias, principalmente no final e na pós-fervura, com a cerveja já fria; em uma receita de New England IPA pode-se adicionar até 25 gramas por litro só de dry-hopping”, revelou Pablo.

Outro aspecto destacado pelo cervejeiro na produção da Tirana é o tipo de levedura utilizado na brassagem. “Na New England IPA são utilizados insumos que dão características mais frutadas. A levedura decanta menos seu conteúdo para baixo do fermentador, o que deixa a cerveja mais turva, um visual característico deste estilo. Assim, a turbidez ocorre tanto em função do lúpulo como também da levedura”, contou o cervejeiro da Lunga’s beer

Dissecando a Tirana

Para realizar a análise da New England IPA da Lunga’s Beer, provamos a cerveja em dois momentos distintos, afim de apurar ao máximo suas características sensoriais. O primeiro foi diretamente na torneira instalada no Bazar da Praça; o segundo foi realizado  logo no dia seguinte, usando um growler para armazenar e transportar a bebida.

A Tirana apresentou as características típicas do estilo NE IPA, como a tradicional cor amarelada e turva, além da formação de espuma baixa, densa e cremosa. Amargor médio para alto (IBU 65) e o aroma com notas de mamão, melão, melancia, pêra e maracujá pareceram intensamente combinados, promovendo paladar com traços de trigo e aveia, amargor e suculência. O retrogosto bem seco e alcoólico (6,7% ABV), com alta presença de lúpulos que sobraram no final do gole. “Na NE IPA podemos adicionar adjuntos como malte de trigo, trigo em flocos, aveia e até centeio, que possuem uma carga de proteína maior, alterando a cor e elevando o corpo, deixando mais viscoso, pesado e licoroso no sentido da textura, não do álcool”, argumentou Pablo. O cervejeiro ainda destacou que os  insumos necessários para brassar uma NE IPA ainda são caros e as receitas pedem uso em grande quantidade, limitando a demanda à cervejeiros que já consomem e pesquisam sobre o estilo. “Com a tirana, eu quis fazer uma New England IPA bem tradicional, até mesmo para apresentar o estilo a alguns cervejeiros do Vale do São Francisco. Depois que o público daqui estiver mais acostumado à NE IPA, pretendo colocar em práticas outras receitas nas quais inovamos um pouco mais para além do tradicional”, revelou.

Quando indagado sobre harmonização, Pablo mostrou-se um tanto cético. “Não gosto muito de harmonizar para não perder as características sensoriais que o estilo NE IPA oferece, como amargor, aroma frutado, refrescância e cremosidade. Porém, pode-se harmonizar com pratos fortes, tipo carne vermelha e de caça, bacon, hambúrguer, cheddar, comida mexicana e indiana”, concluiu Pablo. Outras informações sobre a Tirana e outros rótulos artesanais da Lunga’s Beer podem ser obtidas com o próprio cervejeiro através da conta da cervejaria no Instagram.

Referências: https://beerandbrewing.com/the-ipas-of-new-england/

Samereiou está de volta!

A Cervejaria Artesanal Old Chico, de Petrolina – PE, está oferecendo nesta semana a sua saborosa Samereiou nas torneiras do Empório Saint Anthony. Como o próprio nome sugere, esta cerveja é do estilo Summer Ale, com ABV 4,6% e IBU 32, corpo claro e espuma fina. O aroma combina herbal e floral, sendo levemente frutado e espuma com bolhas finas. “Este aroma é uma combinação lúpulos americanos e ingleses, que desenvolvemos a partir de testes realizados alguns meses atrás” disse Paulo Júnior, também conhecido como PJ, cervejeiro da Old Chico.

Paulo Júnior (PJ) cervejeiro da Old Chico.

A Samereiou é uma cerveja que dialoga com o clima quente,  bem saborosa e refrescante. O baixo teor alcóolico e o amargor baixo para médio facilitam sua aceitação por paladares menos exigentes. O resultado final apresentou uma cerveja com boa drinkabilidade, versátil, ideal para ser apreciada por um bom tempo em um dia bem quente.

A cerveja Samereiou: Ideal para dias de calor.

“A base da cerveja possui dois maltes especiais, além dos lúpulos já  mencionados. Usamos também uma levedura neutra para evitar um sabor mais ácido, permitindo que o consumidor aprecie a cerveja por mais tempo, por exemplo, por toda uma tarde. Conseguimos equilibrar um balanço entre álcool, malte e lúpulo, permitindo que o paladar não se canse muito na hora da apreciação. A Samereiou mostra para quem está começando a beber o que é uma cerveja de panela, a ideia é que o consumidor saia dela para outro estilo mais forte, uma IPA por exemplo, ajudando nesta passagem de nível”, contou PJ.

O Empório Saint Anthony possui pioneirismo no ramo de cervejas artesanais No Vale do São Francisco. Funcionando desde 2014 em Petrolina, o Saint Anthony foi o primeiro estabelecimento a trazer para a região rótulos de cervejarias como Dogma, Tupiniquim, Walls, Hocus Pocus, dentre outras. Atualmente, o Saint Anthony pretende aumentar a parceria com as cervejarias locais. “Estamos de portas abertas para as cervejarias da região lançarem suas cervejas por aqui. Até por conta deste pioneirismo, estamos sempre prontos para ajudar, tratando os cervejeiros do Vale do São Francisco como uma grande família”, disse Fernando Nascimento, proprietário do Empório Saint Anthony.

A Samereiou da Old Chico está disponível enquanto durar o estoque no Empório Saint Anthony, que fica na Avenida da Integração ao lado da Havan, em Petrolina. O pint custa R$ 9,90. Segundo Paulo Júnior, a Old Chico tem a pretensão de ser parceria dos pontos de venda, por isso é mais provável que o cervejeiro encontre os rótulos da cervejaria em locais como próprio Saint Anthony. No entanto, a Old Chico também recebe pedidos via grupo da cervejaria no WhatsApp e também pelo seu Instagram.

Dobradinha: cerveja do mês e inauguração de BrewPub

A Doutorado do Chopp, cervejaria localizada em Petrolina – PE, inaugurou no último final de semana seu BrewPub. Além de ampliar o repertório de alternativas para os amantes de cerveja artesanal no Vale do São Francisco, a cervejaria passa a oferecer serviços de growler station e taphouse para os  consumidores da região. Paralelamente ao evento, o blog Lupulado elegeu a cerveja do mês do novembro: a Doctor APA.

Três quadros do ambiente interno da BrewPub da Doutorado do Chopp.

Na inauguração, o BrewPub funcionou com quatro torneiras abertas ao público, que ofereciam três estilos da Doutrado do Chopp (Weiss, APA e IPA) e outro (lager) de uma cervejaria convidada, a Capunga (Paulista-PE).

Tap wall da Doutorado do Chopp.

Cervejeiros do Vale do São Francisco marcando presença: PJ (Old Chico), Wal (Maribondo Sam), Vânia (Buquê de Mandacaru) e Luise (Chiochetta Birrifício). Foto: Paulo Júnior (arquivo pessoal).

Os cervejeiros PJ (OLD Chico), Felipe Zoby (Maribondo Sam), ao centro; Igor e Rodrigo (Doutorado do Chopp), nas laterais. Foto: Paulo Júnior (arquivo pessoal).

“Em breve estaremos operando com 8 ou 12 torneiras, sempre abrindo espaço para cervejarias convidadas. O cliente pode vir até aqui durante a semana, em horário comercial, e aos sábados, pela manhã, que estaremos funcionando para abastecer ou despachar growlers (neste caso, o cervejeiro pode trazer seu próprio recipiente de vidro ou usar vasilhames de plástico que serão disponibilizados pela própria cervejaria). Nas noites de quinta, sexta e sábado, oferecemos nossas cervejas em canecas acompanhadas de opções para harmonização, como burgers e espetinhos”, disse Rodrigo Videres, um dos cervejeiros da Doutorado do Chopp.

Visual da área externa.

O BrewPub funciona anexo à fábrica da Doutorado do Chopp, na avenida da Integração, 1554, em Petrolina. Dois espaços podem ser usados pelo público: o deck na área externa e o ambiente interno, que é climatizado. Os clientes podem também conhecer as instalações da fábrica, se assim desejarem.

Clientes aproveitam para conhecer a fábrica da Doutorado do Chopp.

Doctor APA: A Cerveja do Mês

Tradicionalmente, o blog Lupulado faz a indicação de uma cerveja especial por mês, levando em conta critérios como originalidade, sabor, aroma, localização, dentre outros. Faz tempo que pretendíamos explorar um dos rótulos da Doutorado do Chopp para esta seção. No mês de novembro, aproveitando a inauguração do BrewPub para provar o carro-chefe da cervejaria: a Doctor APA.

Doctor APA: explosão de aromas e sabor marcante.

A Doctor APA é uma cerveja no estilo American Pale Ale, que surgiu de um modo inusitado. “A ideia era fazer uma receita de APA para atender o público que não estava acostumado com a nossa IPA, mais encorpada e forte, figurando como uma espécie de ‘cerveja intermediária’. Quando fomos executar essa receita de APA pela primeira vez, não estávamos com fermento indicado; a única opção à mão era um fermento do tipo S-33. Como não tínhamos outra alternativa, pegamos este fermento e fizemos um jogo de temperatura  para compensar, que nos permitiu usar o insumo sem que os ésteres caracteríticos dele competissem com o aroma e amargor do lúpulo. É uma cerveja que tem boa saída, pois não é tão pesada como a IPA”, contou o cervejeiro da Doutorado do Chopp, Igor Veras Silani. No vídeo abaixo, Igor apresenta o carro- chefe da Doutorado do Chopp.

A cerveja é produzida com lúpulos bem aromáticos, como Mosaic e Cascade, apresentando ABV 5,6% e IBU 35. Justamente por conta deste IBU, a Doctor APA possui com amargor de médio para baixo. Apresenta aroma forte e marcante a partir de uma combinação entre cítrico e floral. Produz espuma densa e cremosa formada por bolhas finas, que se ajusta perfeitamente ao corpo opaco de cor âmbar. O resultado é uma cerveja bem refrescante, com aroma e paladar marcantes com notas citradas, além de leve retrogosto que remete às frutas cítricas. A Doctor APA pode ser encontrada nas torneiras do BrewPub da Doutorado do Chopp, ou na fábrica em barril e garrafa.

Alguns dos cervejeiros da Doutorado do Chopp, de camisa escura (esq. para dir.): Igor, Danilo e Rodrigo.

Alpha Bier Festival

Aconteceu na última sexta-feira (26) a 2a Edição do Alpha Bier Festival sediado no condomínio Terras Alphaville em Petrolina – PE. Realizado pelo segundo ano seguido e com sua terceira edição em planejamento, este festival vem contribuir para o crescimento do cenário cervejeiro da região, que já conta com eventos tradicionais como o Oktober Fest da Haus Bier, o Festival de Cervejeiros do Vale do São Francisco, dentre outros.

Moradores do AlphaVille em Petrolina e convidados prestigiam evento

Moradores do AlphaVille em Petrolina e convidados prestigiam a segunda edição do Alpha Bier Festival.

Neste ano, o Alpha Bier Festival reuniu associados do condomínio, seus familiares, convidados, mestres cervejeiros e apreciadores de cerveja artesanal.  Para harmonização, a hamburgueria 961 ofereceu cinco opções de burgers e o som ficou por contra da atração local “Temir e Banda”. A Vintage Tattoo e Barber Shop disponibilizou aos presentes serviço gratuito de barbearia além de realizar agendamento de outros, por exemplo de tatuador. “É o primeiro condomínio na região a fazer um festival assim. Um dos objetivos é familiarizar o público, neste caso os associados do Alphaville e convidados, com a cultura da cerveja artesanal”, disse o cervejeiro da Maribondo Sam Felipe Zoby.

Os cervejeiros da Maribondo Sam Felipe Zoby e Wal Maribondo (esq.).

Três cervejarias do Vale do São Francisco estiveram presentes, cada uma disponibilizando rótulos na torneira e em garrafa. A Na Tora HmB apresentou a witbier Chacrett (torneira) e a Demônia (garrafa). A cervejaria Doutorado do Chopp levou em garrafa seus quatro rótulos tradicionais – Weiss, Session, APA e IPA – sendo que o primeiro e o último também estavam disponíveis na torneira.

Da direita para esquerda: Lucyo e Rodrigo (Doutorado do Chopp), Ricardo (Du Pappi) e Caio.

A Maribondo Sam disponibilizou nas torneiras os estilos blonde ale “Alpha Blonde” e weiss com gengibre; na garrafa, ofereceu as cervejas Maribondo APA e IPA, além da trappist Padim Cicerista. “Procuramos mesclar a oferta trazendo estilos como IPA e APA, para satisfazer um público mais exigente, e outros mais leves, procurando atender justamente a parcela que não tem tanto hábito de consumir cerveja artesanal, mas aprecia regularmente as opções industriais servidas na maioria dos bares da região. Desta maneira, realizar um festival dentro de um condomínio é também uma forma de estimular os cervejeiros da região a produzir visando o público ainda sem tanto conhecimento da cultura cervejeira”, complementou Zoby.

Rômulo (dir.), cervejeiro na Apache Beer, ajuda o público na escolha dos rótulos.

Para o publicitário do Terras Alphaville, Yuri Leite, a segunda edição do Alpha Bier Festival é mais um evento dentre outros que ocorrem regularmente no condomínio. “Percebi que vários dos nossos associados eram cervejeiros; houve portanto o interesse mútuo de realizar o nosso próprio festival. A rede Alphaville no Brasil tem a preocupação de criar eventos voltados para o bem-estar de nossos associados”, destacou Leite.

Chapa quente: Hambúrgueres fazem harmonização com as cervejas artesanais

A associada Rosângela Jacó disse que o festival é muito interessante para complementar o lazer do morador. “Aqui já temos outros eventos, mas uma situação como esta é muito legal pois estimula uma interação entre os moradores”, destacou Rosângela. Para outro associado, Luiz Roma, “um evento como este, além de contribuir para nosso bem-estar, fortalece o sentido de comunidade, de companheirismo, algo que tem sido perdido hoje em dia”.

Os organizadores do Alpha Bier Festival informaram que entre 250 e 300 pessoas compareceram ao evento, consumindo cerca de 250 litros de cerveja. A terceira edição do Festival, ainda sem data oficial, deverá acontecer no primeiro semestre de 2019.

Oktober Fest no Vale do São Francisco

A HausBier promoverá a quarta edição do Oktober Fest nos dias 20 e 21 deste mês em Petrolina – PE. Situada no centro da cidade, bem na margem do Rio são Francisco, a conhecida microcervejaria promete uma festa que combinará elementos culturais do sertão, como gastronomia e estilos de cerveja artesanal, à proposta do tradicional evento iniciado em Munique, na Alemanha, há mais de dois séculos atrás.

Projeto do lounge e stands das cervejarias para o Oktober Fest 2018 na HausBier. Fonte: Ubiratan Rios

Na edição de 2018, o cervejeiro poderá encontrar os tradicionais estilos da HausBier, como Pilsen, Lager e Schwarzbier, além da criação mais recente: o chopp American Lager. Paralelamente à esta oferta, outras cervejarias locais também disponibilizarão seus rótulos no evento, dentre elas a NaTora HmB, Maribondo Sam, Quimera, Vale Brewer, e Number´s Beer. Para harmonização, opções regionais e outros pratos recentemente inaugurados no cardápio da casa. “O evento proporcionou uma inovação na cena cervejeira do Vale do São Francisco, trazendo desde 2015 sabores e aromas tradicionais de uma festa alemã para a região. Além disso, ajudamos também no crescimento das cervejarias artesanais locais, que irão oferecer suas cervejas no evento”, disse o cervejeiro da HausBier Ubiratan Rios.

Chopp American Lager: Criação mais recente da Hausbier. Foto: Luiz Adolfo Andrade.

O cervejeiro da Maribondo Sam, Felipe Zoby, destacou que este tipo de evento incentiva o consumo e a produção de cerveja no Vale do São Francisco. “A Oktober Fest só tem a engrandecer o nosso sertão, pois traz para público novos estilos de cerveja ainda pouco difundidos aqui no Vale, ao mesmo tempo em que propaga a tão cultuada festa alemã, regada com bastante comida típica e muita cerveja artesanal”, afirmou. Zoby também enfatizou a parceria de outras cervejarias locais com a HausBier: “A HausBier sempre se manteve parceira e atenta aos anseios dos cervejeiros caseiros, incentivando nossa produção e nos apoiando nesses eventos”. A Maribondo Sam tem um ano de fundação e irá debutar no Oktober Fest 2018 com as cervejas Maribondo American Pale Ale e a Maribondo American India Pale Ale. Outras cervejarias locais, que já foram pauta no Lupulado, também irão participar; é o caso da NaTora HmB, com torneiras da Demônia (Brown IPA) e da Chacrett (Witbier) e da Quimera, trazendo a Camaleoa (APA) e Beer o’ Clock (ESB).

Projeto dos palcos para as atrações do Oktober Fest 2018. Fonte Ubiratan Rios.

A quarta edição do Okctober Fest da HausBier começa às 13 h do próximo sábado (20/10) e se estende até o domingo (21/10). A entrada é gratuita com cobrança de couvert destinada aos artistas da região que irão de apresentar (confira a programação aqui). O publico poderá comprar as cervejas através de fichas vendidas no evento, além de poder adquirir também o copo personalizado. A infraestrutura que está sendo montada na microcervejaria HausBier foi projetada para criar um ambiente agradável e diversificado com stands para as cervejarias, palco para shows, sofás, parque infantil e espaço gourmet.

Como ficará o espaço na HausBier durante o Oktober Fest 2018. Fonte: Ubiratan Rios.

Fábrica da Doutorado do Chopp abre portas e torneiras

Em 2012, um grupo de amigos apreciadores de bons rótulos começou a pesquisar sobre como produzir cerveja de forma artesanal no Vale do São Francisco. O hobby foi conquistando mais adeptos até que nasceu uma confraria chamada Doutorado do Chopp. A partir a divulgação feita por familiares e conhecidos, vieram os pedidos para comercialização e com isso a necessidade de criar uma microcervejaria. “No começo éramos um grupo de amigos, todos médicos, daí surgiu o nome Doutorado do Chopp. Com o tempo, alguns membros entraram e outros saíram. Atualmente somos em cinco, três médicos e dois engenheiros”, conta Lúcyo Diniz, um dos sócios.

Os cervejeiros da Doutorado do Chopp (da esq. para dir.): Danilo, Marcelo, Rodrigo, Igor e Lúcyo.

Nesta semana, a Doutorado do Chopp deu mais um passo importante em sua trajetória. A microcervejaria, que até então só comercializava cerveja por meio de delivery ou vendas em pontos específicos, abriu as portas da sua fábrica em Petrolina (PE) para os apreciadores de cerveja artesanal experimentarem seus rótulos direto na fonte. Ainda de acordo com Diniz, a ideia deste evento foi um meio de chamar a atenção dos consumidores da região, deixando a marca ainda mais visível. O cervejeiro revelou também que, futuramente, o objetivo é que o lugar funcione como um food park nos finais de semana.

Público presente ao evento de inauguração da Doutorado do Chopp.

A microcervejaria dispõe de capacidade para produção de 1.500 litros. No evento de abertura, o serviço funcionou como uma espécie de “rodízio de cerveja”. Pagando valor individual, os clientes receberam uma caneca personalizada para experimentar à vontade os quatro estilos produzidos pela Doutorado do Chopp – Weiss, Session, APA e IPA. Aproximadamente 200 pessoas compareceram à inauguração da fábrica, consumindo cerca de 300 litros de cerveja distribuídos igualmente entre os estilos.

Outro panorama do público no evento de inauguração da Doutorado do Chopp.

Segundo outro cervejeiro da Doutorado do Chopp, Igor Silani, os dois primeiros estilos (weiss e session) são mais convencionais e buscam atrair o consumidor que está acostumado com a cerveja mainstreaming do mercado; já os estilos APA e IPA são voltados para o consumidor mais seleto e exigente. “Estes rótulos são mais lupulados e aromáticos, são as grandes apostas da casa”, concluiu Silani.

Instalações da microcervejaria Doutorado do Chopp

Os presentes aprovaram a iniciativa da Doutorado do Chopp. Para a engenheira ambiental Luise Chiochetta, a cidade precisava de um ambiente diferenciado. “Não é um espaço muito grande o que resulta em algo bem intimista e pela qualidade da cerveja eu acredito que será um grande sucesso”, disse.

De acordo com a universitária Tatiane Schmidt, o sistema de torneiras abertas funcionou perfeitamente e os colaboradores trataram muito bem os clientes enquanto serviam as cervejas; o ambiente ficou bastante agradável sobretudo pelo nível do som e da localização. “Experimentei os rótulos APA e IPA, que estavam impecáveis em aroma e sabor; a caneca personalizada foi um diferencial”, finalizou Tatiane.

Caneca do evento com a Doctor IPA, carro chefe da Doutorado do Chopp. Foto: Luiz Adolfo Andrade.

A microcevejaria Doutorado do Chopp funciona na Av. da Integração, 1554, em Petrolina, Pernambuco. Depois do sucesso na inauguração da fábrica, os cervejeiros estão pensando em quais dias o espaço vai funcionar para degustação. Existe também o desejo pela manutenção do sistema de “torneiras abertas” pelo menos uma vez na semana.

*Texto e fotos: Nina Dourado.

**Edição e fotos: Luiz Adolfo Andrade.