Bossa Nova Haze: Novo tesouro de Jacobina

O município de Jacobina, situado na Chapada Diamantina, Bahia, ganhou fama nacional como “a Cidade do Ouro” por conta das minas descobertas na região, nos idos do século XVIII. Anos mais tarde, a exploração do ouro cessou e o ecoturismo passou a atrair a atenção de pessoas interessadas em conhecer cachoeiras, lagos e serras que circundam a cidade. Atualmente, outro tipo de tesouro foi descoberto nas ruas de Jacobina: a Cerveja Artesanal.

Bossa Nova Haze: Espuma cremosa, amarga e resfrescante

No último Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco, realizado em Petrolina em novembro do ano passado, a cervejaria jacobinense HopDevils fez sucesso entre os presentes com sua NEIPA. Em fevereiro deste ano, a HopDevils lançou a Bossa Nova Haze, produzida a partir da base criada para aquela cerveja que encantou o público no Festival. “Sim, as receitas são muito próximas. A base de maltes é a mesma e ambas são fermentadas com levedura Vermont. A diferença fica por conta do lúpulo Mosaic Cryo usado na Haze IPA, que me pareceu ser mais dank e resinoso que o Mosaic em pellet”, disse o cervejeiro da HopDevils, Pedro Varjão. “Na Haze foi utilizado um único dry-hopping, ao fim da fermentação, o que resultou num aroma mais “cru” de lúpulo, sem tanta ação de biotransformação”, complementou.

Predro Varjão exibe a Bossa Nova Haze

A história da cervejaria HopDevils remonta a 2014, em um lugar distante de Jacobina. Naquele ano, três amigos universitários, na cidade de Campinas- SP, decidiram começar a fazer cerveja por conta própria. “Éramos estudantes, com pouco dinheiro e apreciadores do estilo IPA. Decidimos então nos aventurar na produção de nossas próprias cervejas. Os amigos foram se formando na universidade e eu acabei assumindo a produção sozinho. Regressei à minha Terra Natal, que é Jacobina, e continuei no homebrew sempre buscando aperfeiçoar os detalhes das receitas. Hoje tenho um grande parceiro, Rafael Filho, com quem tenho desenhado planos para expansão e abertura de um negócio cervejeiro maior”, explicou Pedro.

A Bossa Nova Haze apresenta espuma bem cremosa e aroma frutado, remetendo a frutas como pêssego e abacaxi. Outra característica peculiar do estilo Haze IPA que a cerveja traz é a sua coloração, turva e parda. Na sensação de boca, um corpo viscoso e licoroso, como pede uma boa Haze IPA, com o álcool bem perceptível no retrogosto, apesar do teor alcóolico médio (6,8 ABV). Possui amargor alto (60 IBU) provocado uma total carga de 20 g/l de lúpulos Citra e Mosaic Cryo. “Adicionamos esses lúpulos nos estágios de first wort hopping (amargor), whirpool (aroma) e TDH. Utilizamos também a levedura clássica Vermont Ale”, explicou Pedro. A cerveja Bossa Nova Haze pode ser encontrada na Wine House Jacobina ou via direct no instragram da cervejaria HopDevils.

Quatro Graus amplia série Comfort: Confira este lançamento na coluna #PegaVisão

No início de Janeiro, a cervejaria carioca Quatro Graus lançou o terceiro rótulo da sua série Comfort: a Triple Cream IPA. O primeiro rótulo da série foi a Comfort Double IPA; o segundo foi a Comfort Stout, uma RIS com adição de cacau e café.  “Os rótulos da série Comfort têm como premissa básica trazer bons sentimentos, boas lembranças e relaxamento. A proposta consiste em prover cervejas que não são tão potentes como os nossos rótulos mais conhecidos, por exemplo a Black Anthrax, mas que trazem muito sabor, textura e camadas em estilos já tradicionais.”, disse o cervejeiro da Quatro Graus, Marlos Monçores.

Salvador ao fundo e a Comfort Triple Cream IPA

Outro aspecto que chama atenção neste lançamento da Quatro Graus é o estilo, descrito como Triple Cream IPA, que não figura na style guideliness da BJCP. “Mesmo não sendo um estilo reconhecido, algumas cervejarias já usaram essa denominação, principalmente fora do Brasil. Gostamos de batizar nossas cervejas de acordo a sensação que cada uma delas nos traz, algo para além do estilo. Uma triple IPA nem sempre é cremosa e tem corpo aveludado. Esse foi o nosso foco na hora de preparar a receita e por isso colocamos no nome, deixando claro para todos e todas o que queremos de experiência”, explicou Marlos.

Testando a Comfort Triple Cream IPA  

A cerveja emanou aroma intenso, cítrico e frutado, com presença forte de frutas amarelas como melão, abacaxi e manga. Apresentou espuma cremosa e suculenta, além de coloração bem turva em função dos maltes e da adição de aveia. “Exato! Esta receita, especificamente, leva uma adição grande de aveia e isso contribui sim para sua turbidez e cor”, confirmou Monçores.

Visual turvo e a espuma cremosa da Comfort Triple Cream IPA

A Comfort Triple Cream IPA foi produzida com uma carga pesada de 5 lúpulos diferentes (Citra, Simcoe, El Dorado, Amarillo e Mosaic), que proporcionaram uma sensação de boca bem forte e aveludada. A cerveja também é bem alcoólica 10,2%, apesar desta característica não aparecer nos momentos do gole e do retrogosto; pelo contrário, o resultado é de fato uma sensação refrescante e de relaxamento.Um detalhe interessante é a informação relativa ao seu IBU; constava na lata a hastag #IBUisalie, que em inglês significa “IBU é uma mentira”. “De nada vale o IBU sem o contexto dos outros fatores, que interferem na degustação da cerveja. Por exemplo, temos cervejas super maltadas e com características bem doces, com mais de 150 IBU. Tem muita gente que acredita que IBU é a quantidade de amargor da cerveja e, por isso, preferimos dizer que IBU é uma mentira”, finalizou Marlos.

A Comfort Triple Cream IPA da Quatro Graus pode ser encontrada com certa facilidade, em latas, nas lojas online Bro’s Beer, Hop Hunters, Hop Pack Beer Shop e Hoppi;  chopp e lata em lojas físicas, dentre elas Beer Mind, Empório Santa Oliva, Craft Beer, Narreal (Rio de Janeiro) e Vitrine da Cerveja (Salvador).

Pega Visão: Conheça dois novos rótulos da MinduBier

A semana que antecedeu as festas de final de ano foi celebrada com lançamento em dose dupla da cervejaria soteropolitana MinduBier. Conhecida pelo slogan “baianamente artesanal”, a Mindu lançou a Double New England IPA MinduHaze e a Russian Imperial Stout CumaRIS, com produção de 2.000 e 1.000 litros, respectivamente. “Hoje separamos nosso portfólio em rótulos de linha e sazonais. A MinduHaze e a CumaRIS são sazonais, enquanto a MinduIPA e Mindu Summer, por exemplo, são de linha, produzidas de forma ostensiva. O plano é ter todo mês pelo menos um lançamento sazonal”, disse o cervejeiro da Mindu, Gustavo Martins. O portfólio da cervejaria conta com outros rótulos exclusivos e colaborativos, dentre eles a conhecida MinduIPA, a MinduPils, MinduSummer, a Salted Caramel Peanut Cake, colab com a cervejaria 5 Elementos e recentemente premida no Slowbrew com a medalha de prata etc.

O cervejeiro da MinduBier, Gustavo Martins, apresentando suas duas novas criações: MinduHaze e CumaRIS.

A MinduHaze e a CumaRIS foram produzidas em uma parceria com a cervejaria Dádiva, em um modelo que vai além da já conhecida ciganagem. “A Dádiva contribui também com a equipe de vendas em toda a rede de clientes que a cervejaria possui. Desta forma, podemos distribuir as cervejas para diversos estados do Brasil”, revelou o Gustavo, que é autor destas receitas, exclusivas da MinduBier. “Esses dois rótulos vêm para mostrar para todo o Brasil do que somos capazes”, complementou o cervejeiro.

Rótulos da MinduBier: a conhecida MinduIPA e as sazonais MindHuaze e CumaRIS.

CumaRIS

Bem escura, cremosa, o aroma entrega a presença do cumaru logo no primeiro plano, seguido de notas de café, cacau e licuri. A sensação de boca é reforçada pelo acréscimo de lactose, deixando a cerveja bem encorpada. Aliado a esta composição, a CumaRIS traz alto amargor (80 IBU) e elevado teor alcoólico (12,5 %ABV). Por conta do estilo e da presença do licuri, a comparação com a LicuRIS, outra RIS do portfólio da Mindu, tornou-se inevitável. “São cervejas completamente diferentes. A LicuRIS é uma collab com as cervejarias Dádiva e Augustinos. Discutimos o grist juntos e a produção foi toda em colaboração. A LicuRIS tem como protagonista o licuri, nosso famoso coquinho do interior da Bahia. Já a CumaRIS é uma receita exclusiva da Mindu que traz o cumaru como ingrediente principal, além do cacau, café e, também, o licuri”, destacou Gustavo.

Visual da CumaRIS

MinduHaze

Já a MinduHaze, via de regra, apresenta a coloração turva típica das New England IPA. O aroma é marcante, frutado, cítrico, com forte presença de notas de maracujá e abacaxi. O primeiro gole revela amargor acentuado, causado pela carga de lúpulos utilizados e por conta do duplo dry-hop. Além deste amargor  (50 IBU), a MinduHaze também  apresenta considerável teor alcoólico (ABV 7,9%), justificando sua classificação como double imperial NE IPA.

Visual da MinduHaze

Um aspecto curioso foi a diferença no aroma da MinduHaze quando provamos esta cerveja em lata, oqual pareceu mais acentuado do que a servida na torneira. “Talvez o recipiente influencie de alguma forma, pois o liquido é o mesmo. Inclusive nem a CumaRIS e nem a MinduHaze foram pasteurizadas”, finalizou.

Turbidez da MinduHaze, típica do estilo NE IPA.

As duas novidades da MinduBier podem ser encontradas em latas e torneiras nos principais pontos de venda em Salvador, como as lojas Vitrine da Cerveja e Cerveja Salvador, além de outras casas especializadas  em cerveja artesanal pelo Brasil.

 

Beba Local: Vai começar o III Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco

No próximo sábado (09) acontece em Petrolina a terceira edição do “Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco”, um evento que reflete o cenário cervejeiro da região. Como nos anos anteriores, a festa acontecerá na Chácara Millenium funcionando no sistema de “torneiras abertas”, isto é, o cervejeiro pode degustar à vontade os rótulos servidos no festival. Até agora, 23 cervejarias da região já confirmaram presença, disponibilizando mais de 20 rótulos de 15 estilos  diferentes de cerveja. Ainda dá tempo de conseguir seu ingresso.

“O Festival é uma forma incentivar o público do Vale do São Francisco a nos procurar e começar a fazer cerveja artesanal. Neste ano teremos novos cervejeiros participantes”, disse Felipe Zoby, membro do coletivo Cervejeiros do Vale, os organizadores do evento, que esperam por volta de 300 participantes em 2019. “A gente também fez uma mudança no horário, começando a partir das 14h por conta do calor; procuramos também revezar as bandas que irão se apresentar no evento(neste ano serão Doctor Blues e The Odd Folks) e fizemos uma parceria com o Gelo & Sal, atualmente um dos restaurantes preferidos da galera, que terá exclusividade nos pratos oferecidos para harmonização com as cervejas”, complementou Zoby.

Felipe Zoby com o prêmio de melhor cerveja pelo voto popular na edição passada do Festival de Cerveja Artesanal do vale do São Francisco-

A tap list preparada para o III Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco apresenta estilos conhecidos do publico da região, como Lager, APA, IPA, Witbier etc., e outros que ainda não haviam marcado presença nas edições anteriores, como a Kveik Farmhouse Ale e a Dark Strong Ale. Outros destaques na tap list são a maior oferta de New England IPA (NEIPA), com três rótulos de três cervejarias distintas, e uma cerveja colaborativa estilo Saison, feita com uva Vitória. “Neste ano, a minha cervejaria (Maribondo Sam) está apostando numa edição da Padim Cicerista, que criamos especialmente para o festival, envelhecida com chips de carvalho; será a primeira vez que serviremos ela em barril, sem refermentação em garrafa!”, finalizou Zoby, que foi o grande vencedor no voto popular na edição do ano passado com uma porter de chocolate e menta.

Paranorama da Chrácara Millenium, durante a edição passada do Festival de Cerveja Artesanal do Vale do São Francisco”.

 

Os ingressos para o festival podem ser adquiridos pelo preço inicial de R$100 através do link no Sympla ou nos pontos de venda: Empório Saint Anthony, RockDog, Hamburgueria 961, Doutorado do Chopp, em Petrolina; Top Distribuidora e Gelo & Sal, em Juazeiro.

Lupulado no Mondial de La Biére Rio 2019.

Mais de 100 expositores, dentre eles cervejarias do Brasil e do exterior, participam da sétima edição do Mondial de La Bière, um dos maiores eventos cervejeiros do Brasil que acontece anualmente desde 2013. No total,  cerca de 1.080 cervejas de diversos estilos estão disponíveis para degustação. Dentre elas, 396 rótulos disputaram o MBeer Contest Brazil,  uma famosa competição interna feita a partir de uma avaliação às cegas.  Em 2019, a abertura do evento foi no último dia 04 e os trabalhos se estendem até hoje (08), ou seja, ainda dá tempo para visitar! As entradas custam R$50 (meia), R$ 100 (inteira), R$ 55 (com um quilo de alimento não perecível) e podem ser adquiridas na bilheteria a partir das 12h . A exemplo da última edição, o evento acontece nos armazéns 2, 3 e 4 no Pier Mauá, zona portuária do Rio.

O Blog Lupulado esteve no Mondial de la Bière Rio na quinta-feira (05). É impossível provar todos os rótulos disponíveis em um único dia, mesmo chegando logo na abertura dos portões, às 16h. Como de praxe, elaborei um roteiro buscando provar os rótulos premiados na edição do MBeer Contest Brazil 2019  além de degustar minhas cervejas preferidas.

A primeira parada foi no stand da Cervejaria Wonderland, que é parte americana, parte brasileira, e foi a grande vencedora do MBeer Brazil Contest  2019. Chegando lá, pude reencontrar a simpática Anna Lewis junto de seu marido, Chad Lewis, e de Pedro Fraga, que juntos integram o time de cervejeiros da Wonderland. Em 2018, a cervejaria foi uma das medalhistas de ouro no Mondial de La Bière Rio, com a Gone Mad; neste ano, a Wonderland faturou a medalha de Platina, o prêmio principal, com a Timeless Porter.

Pedro Fraga, Anna e Chad Lewis: cervejeiros da Wonderland, grande vencedora do MBeer Contest Brazil 2019,

A Timeless é uma cerveja no estilo American Porter, com lactose e caramelo, que sobressai no aroma e na sensação de boca; o retrogosto traz notas de café e chocolate. Possui 6,3% de ABV e 25 IBU, ou seja, amargor leve e o teor alcoólico um pouco maior que as tradicionais English Porter. “Sim o teor alcoólico é um pouco mais elevado que as Porter inglesas, mas não impõe uma percepção grande do álcool. Aliás, este é um dos motivos para classificar a Timeless dentro do estilo American Porter; a outra razão é a presença marcante do caramelo, escapando das características das English Porter”, disse Pedro Fraga.

A grande vencedora do Mondial de La Bière Rio 2019, Timeless Porter, com a medalha de platina

“Quase não inscrevemos a Timeless na competição deste ano, pois notei que nas últimas edições alguns estilos que estavam mais em voga, como a Catharina Sour, foram premiados. Esta medalha de platina traduz o esforço que a gente vem fazendo desde 2014, quando nos conhecemos. Investimos muito em receitas e testes para lançar oficialmente a Cervejaria Wonderland em 2018. Este prêmio representa um estágio a mais que a gente alcançou”, complementou Pedro.

Lucas Schuabb, da Thirsty Hawks exibindo a premiada Ovrebust

A minha segunda parada foi no stand da cervejaria Thirsty Hawks, de Niterói-RJ. O objetivo era provar a Ovrebust, umas das medalhistas de ouro do Mondial de La Bière Rio 2019. Trata-se de uma Juicy IPA razoavelmente alcoólica (6,7% ABV) e médio amargor (40 IBU), feita com uma das leveduras do momento, a Kveik. “A gente fica sempre atento às novas tendências e demandas. Com a receita da Ovrebrust, procuramos inovar no âmbito das New England usando a levedura Kveik, típica da Noruega. Na época dos testes era mais difícil de acha-la, mas aí com o tempo a gente conseguiu encontrar um volume que permitia produzir em larga escala”, disse Lucas Schuabb, um dos cervejeiros da Thirsty Hawks. Lucas revelou um aspecto inusitado: “a gente publicou uma foto da Ovrebust em nossa conta no Instagram. Aí apareceu uma família cervejeira norueguesa com o mesmo nome fazendo contato com a gente, querendo provar a nossa receita. Vamos mandar algumas Ovrebust para eles!”.

Fernando Cabaleiro, cervejeiro na BrewLab.

Outra cervejaria que vistei neste ano foi BrewLab, também de Niterói, que carrega em si um forte caráter experimental; prova disto é a sua série de New England Pale Ale chamada Haze Baze, estilo semelhante porém menos alcoólico e com menos amargor que as NEIPA. “Lançamos uma base para esta cerveja, produzimos 1.500 litros e criamos uma série de rótulos fazendo experimentações com adjuntos – manga, framboesa, côco etc. Foi uma estratégia para conseguir criar 6 cervejas diferentes usando a mesma produção”, revelou o cervejeiro da BrewLab, Fernando Cabaleiro.

Com o amigo Fabrizio Ruiz, cervejeiro da Farra Bier.

Não poderia deixar de visitar o stand da Cervejaria Farra Bier, um das minhas preferidas e que funciona na cidade do Rio de Janeiro. Provei a novidade El Colacho, uma Sour IPA bem alcoólica (8% ABV) e com médio amargor (55 IBU), que traz notas cítricas típicas do estilo Sour. Pude degustar ainda nas torneiras da Farra outras criações do cervejeiro Fabrízio Ruiz, como a NEIPA Holi, um dos meus rótulos preferidos.

Durante esta passagem pelo Mondial de Biére Rio 2019, visitei ainda o stand da cervejaria Overhop, onde experimentei outro rotulo vencedor da medalha de ouro, a Gravioh-la-la, uma Catharina Sour com adição de graviola. Passei ainda pelo stand da Three Monkeys, que também faturou a medalha de ouro com a Sour Ale “I´m Sour Baby”; entretanto, meu desejo foi matar a saudade de dois rótulos que aprecio bastante: a NE APA Galaxy Detox e a Strawberry Milk Way IPA, com lactose e morango.

Outro stand visitado foi o da cervejaria mineira Capa Preta, uma das minhas preferidas, onde provei mais uma vez a deliciosa NE IPA Pina Colada. Este rótulo utiliza a mesma base da Euphoria Juicy, mas só pode ser encontrada nas torneiras da TapRoom da Capa Preta em Belo Horizonte. Por fim, visitei o stand Du Pappi, do meu amigo Luiz Coqueiro, filho do mestre cervejeiro Laert Coqueiro, criador das Gotinhas Du Pappi. Luiz me apresentou seu lançamento: uma versão das gotinhas Du Pappi com aroma de Maracujá.

Infelizmente, como já disse, não deu para provar todos as cervejas em um só dia no Mondial, mas consegui encontrar todos os rótulos que pretendia. A única nota particularmente triste no Mondial de La Biére Rio 2019 foi a ausência de cervejarias do Nordeste do Brasil; ano passado, havia apenas a Ekaut, de Pernambuco, representando as cervejarias nordestinas. Neste ano, não encontrei uma sequer. Que venha o Mondial de La Bière Rio 2020 !

Flor do Umbuzeiro: Gravetero lança nova cerveja com adjunto original da Caatinga

A cervejaria Gravetero, vinculada aos trabalhadores da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (COOPERCUC),  região do Sertão do São Francisco – BA, lançou novo rótulo da sua série de cervejas com a adição de Umbu, fruta típica do Semiárido Brasileiro. Trata-se da “Cerveja de Umbu Belgium Pale Ale”, que passa a integrar o catálogo da Gravetero ao lado a Saison Farmhouse de Umbu da Gravetero, que estampou a primeira matéria publicada no blog Lupulado.

“As nossas cervejas utilizam insumos e adjuntos de pequenos produtores, especialmente o Umbu; no caso da saison, a receita leva maltes fornecidos pelos pequenos produtores de Picada Café-RS, com o auxílio de uma cooperativa parceira, a Coopernatural. Já esta Belgium utiliza insumos e adjuntos produzidos na Bahia; procuramos apoiar os (sic.) catadeiros e catadeiras de Umbu da região de Canudos, Uauá e Curaçá, sempre respeitando a sociobiodiversidade da caatinga”, explicou o cervejeiro Emanuel Messias, responsável pelas cervejas de Umbu da Gravetero.

 

A Belgium Pale Ale entrega no aroma notas cítricas originais do Umbu, combinadas ao dulçor típico das cervejas belgas trapistas. Outro aspecto interessante é a sua espuma suave, formada por bolhas finas que remetem à outro aspecto semelhante percebido em cervejas trapista e abadia, que foram analisadas anteriormente aqui no blog. “Sempre gostei e apreciei a escola belga e suas cervejas, não apenas pela ousadia na criação de receitas, mas também pela inovação no uso de alguns adjuntos. Quando estou criando uma receita, pesquiso intensamente as variedades de lúpulos, maltes e leveduras, que possam estar dentro desses estilos”, revelou o cervejeiro.

Esta novidade da Gravetero apresentou também uma sensação de boca aveludada, cor acobreada e opaca, amargor médio (21 IBU) e razoável teor alcoólico (ABV 5,4) Como não poderia deixar de ser, a cerveja foi harmonizada com um bode assado típico do Vale do São Francisco. “Quando falamos em cervejas artesanais, sempre destacamos a possibilidade de percorrer uma imensa aventura sensorial. A escola belga se destaca pela criatividade e sabores complexos, sendo uma inspiração para mim; aí resolvi arriscar e inovar com adição de Umbu, uma fruta exclusiva do bioma caatinga”, finalizou Emanuel Messias.

 

A  Cerveja de Umbu Belgium Pale Ale” pode ser encontrada com certa facilidade nas lojas especializadas em cerveja artesanal, dentre elas: Empório do Vinho e Central da Caatinga (Juazeiro); Supermercado Regente, Lorena Conveniência, Casa do Vinho, Hotel Lazar e Mini-Mercado Frutos da Terra (Petrolina); Empório Castano e Quitanda do baianinha (Salvador); além das lojas da COOPERCUC em Uauá, Canudos e Curaçá.

#PegaVisão: Six Row da Biônica

Na semana passada saiu lote da “Six Row” uma American India Pale Ale Single Hop da Biônica HomeBrew, cervejaria artesanal localizada em Salvador. O blog Lupulado teve acesso à novidade para publicar na coluna #pegavisão.

O nome Six Row é uma referência ao malte de seis fileiras utilizado na receita; o aroma da cerveja revelou a presença marcante de malte de caramelo. “Sim, a Six Row tem um aroma bem carregado no caramelo, apesar de eu ter utilizado pouco malte caramelizado no blend. Neste caso, houve realmente a intenção de lembrar uma IPA Inglesa, tanto que também utilizei uma levedura da Inglaterra, apesar da Six Row ser classificada como American IPA Single Hop ”, revelou Tiago Lima, cervejeiro da Biônica HomeBrew. “Mesmo utilizando apenas um tipo de lúpulo, obtive como resultado uma cerveja bastante lupulada, na medida certa para não sobressair às características dos maltes”, complementou.

Além do aroma marcante de caramelo, a Six Row apresentou coloração acobreada e opaca; corpo médio alto, espuma bem cremosa e densa. O amargor e o teor alcoólico também são razoavelmente moderados para uma IPA, apresentando 45 IBU e 6% ABV. Via de regra, a harmonização foi feita com uma suculenta peça de alcatra assada.

Tiago está em atividade no cenário da produção de cerveja artesanal há cerca de cinco anos. Era um dos sócios da Cervejaria Moringa, também localizada em Salvador. Com o fim da sociedade, fundou há dois anos a Biônica HomeBrew. “A Biônica surgiu do meu desejo desenfreado de produzir cerveja. As minhas cervejas são feitas em casa, na panela, de forma totalmente experimental e independente. Tenho cerca de 30 receitas e cada uma envolve pesquisa, experimentação e um pouco de improviso também. Costumo recorrer a adjuntos de pequenos agricultores da Bahia, como o limão rosa do Capão, água de coco, café orgânico de Piatã etc.” disse o cervejeiro.

Interessados e interessadas em experimentar a Six Row e outras receitas da Biônica HomeBrew podem entrar em contato com Tiago diretamente através de suas contas no Instagram. “As minhas cervejas já estavam disponíveis para os soteropolitanos muito antes deste boom de cervejas artesanais. A Biônica é uma das cervejas mais artesanais de Salvador; não uso nada automatizado, artificial e nenhum conservante”, disse  o cervejeiro.

Apesar da proposta genuinamente artesanal da Biônica Homebrew, Tiago enfatizou as dificuldades que alguns cervejeiros caseiros encontram para disponibilizar suas cervejas, em face das certificações. Como foi noticiado no Blog Lupulado meses atrás, no estado de Minas Gerais, por exemplo, existe uma lei que contempla e facilita a produção de cerveja caseira; neste casos, como já foi dito aqui no Blog, o cervejeiro caseiro pode ser considerado um artesão, igual a outros artesãos que fazem cosméticos, tecidos, porcelanas etc.