Potência Premiada: Conheça Belicosa, a Cerveja do Mês.

Faz algum tempo que o Vale do São Francisco deixou de ser conhecido apenas pelos vinhos que produz. A boa qualidade das cervejas feitas na região somada à agenda de eventos tratam da cultura cervejeira (festivais de cerveja artesanal, rodas de conversa com cervejeiros, workshops de análise sensorial com off-flavor e até mesmo um bloco de carnaval) contribuiram para aumentar o interesse do público local pelas cervejas artesanais geradas no vale. A seção “Cerveja do Mês” de fevereiro apresenta a Belicosa, uma American IPA feita em Petrolina pelos cervejeiros de panela Murilo Caldas e Marcos “Kiko” Vianna.

“O nome Belicosa tem sua origem no sentido de ‘bélico’, uma referência à ‘potência da cerveja’. Isso é pelo fato de, no momento de fazê-la, o dry-hop que a gente usa é de 6.2 gramas de lúpulo por litro. A nossa intenção era fazer uma cerveja no estilo que a gente gosta, uma IPA bem seca, com menos caramelo e mais frutada”, disse o cervejeiro Marcos Vianna. Desta  maneira, a Belicosa consegue proporcionar um sabor mais cítrico do que adocicado, tornando-se uma IPA mais refrescante, sem deixar de ser intensa e bem equilibrada , ideal para regiões de clima muito quente como o Vale do São Francisco.

Marcos “Kiko” Vianna e a sua American IPA Belicosa.

O Lupulado testou a Belicosa em duas ocasiões: A primeira no Empório Saint-Anthony, logo após o envase na semana passada; a segunda aconteceu 4 dias depois. No intervalo, a cerveja permaneceu  armazenada em um Growler (1L) sob refrigeração de 4 graus. A cerveja sofreu quase nenhuma alteração em função deste armazenamento e do transporte, apesar de ter percorrido uma distância pequena (5km). A única diferença percebida foi na espuma, que na segunda situação ficou um pouco mais densa frente a primeira.

A Belicosa apresentou uma cor acobreada e o corpo mais claro que normalmente apresentam outras American IPA, em decorrência do pouco uso de maltes especiais (apenas 5%). Outro fator que chamou atenção foi o teor alcoólico (ABV 7,3%), que pareceu bem escamoteado em meio ao aroma frutado e as notas cítricas no sabor. “Isto foi intencional na hora de elaborar a receita; a gente deixou tanto a cor e quanto teor alcoólico no limite que o estilo pede”, revelou Marcos.

Esta combinação resultou em uma cerveja bem equilibrada, com aroma intenso e refrescante, sabor frutado com notas cítricas que se espalham pela boca e permanecerem por alguns instantes após o gole. A Belicosa possui amargor médio para alto (IBU 58) e um gosto bem seco, que consegue se sobressair ao álcool.

A potência da Belicosa: refrescante e equilibrada.

Em abril de 2018, Belicosa recebeu os prêmios de Melhor IPA e Best of Show  no único concurso promovido pela ACErvA- PE, núcleo do Vale do São Francisco. A cerveja pode ser encontrada nas torneiras do Empório Saint Anthony enquanto durar o estoque. Esta brassagem produziu 60 litros e o envase aconteceu no início da semana que passou.

Bloco mistura frevo, folia e cerveja artesanal nas ruas de Petrolina

O movimento cervejeiro do Vale do São Francisco ganhará mais uma expansão na próxima semana. No sábado (16/2) acontecerá o primeiro desfile do bloco “Tu Weiss Cair na Minha IPA”, organizado pela Associação dos Cervejeiros Artesanais de Pernambuco (ACervA-PE), núcleo do Sertão. A festa começa às 15h em frente a Cervejaria & Petiscaria Biére, na rua Lucas Roberto de Araújo, próximo ao Condomínio Sol Nascente em Petrolina. O bloco irá realizar o percurso até a pracinha, na mesma rua, onde permacerá por alguns minutos até retornar ao ponto da concentração.  “No total, teremos quase seis horas de som, divididas entre DJ e a apresentação da Orquestra Frevo do Bolinha (veja video abaixo), ambos tocando ritmos como frevo, axé, marchinha e outras canções do carnaval de rua”, disse o cervejeiro Igor Veras Silani, um dos organizadores do evento.

Para matar a sede dos foliões, doze cervejarias artesanais confirmaram presença nas torneiras do bloco: Maribondo Sam, Na Tora, GALK, Buquê de Mandacaru, Puro Is Malte, Quimera, Vale Brewer, Família Sabores, Seu Quincas, Doutorado do Chopp, Haus Bier, além da própria ACervA – PE. O repertório varia desde estilos mais leves, como Weiss e Witbier, aos mais encorpados, como Imperial IPA, Porter e Stout. O bloco funcionará no sistema de “torneiras abertas”, distribuindo mais de 500 litros de chopp para os participantes. “Nosso intuito é sempre difundir o movimento cervejeiro. Desta vez, vamos procurar trazer as origens do frevo e do carnaval de rua de Pernambuco, associadas ao movimento cervejeiro artesanal, que em Petrolina ainda é novo. Este é o primeiro ano que estamos fazendo um bloco temático de cerveja artesanal aqui na cidade.”, explicou Igor, destacando o sentido do nome “Queda 1” usado pelos organizadores para se referir à primeira edição do bloco. “A ideia é que existam outras ‘Quedas’ a partir desta ‘Queda 1,. A depender do resultado desse projeto, quem sabe não repetimos em breve”, complementou o cervejeiro.

 

Os cervejeiros Guilherme (à esquerda), Cecília Vasconcellos, Waldner Maribondo, Vânia Sampaio e Igor Silani reunidos na organização do Bloco.

Um aspecto que chamou a atenção foi a localização no espaço público escolhida para o desfile do bloco. Naquela vizinhança, funciona até hojen a Biére, que há mais de 5 anos foi estabelecido como um dos primeiros redutos dos cervejeiros artesanais do Vale do São Francisco. “Cerca de três anos atrás houve uma festa de carnaval lá que foi bem bacana e sempre tivemos desejo de repetir. Daí pela disponibilidade e amizade que temos com o pessoal da Biére, escolhemos usar aquele espaço novamente para fazer a Queda 1 do ‘Tu Weiss Cair na Minha IPA’”, disse outra organizadora do bloco, a cervejeira Maria Cecília Vasconcellos.

Os ingressos para o bloco “Tu Weiss Cair na Minha IPA” custam R$80,00 e podem ser adquiridos através do link ou em pontos de venda como o Rock Dog., Doutorado do Chopp e na Biére. Para se servir à vontade de chopp artesanal durante o bloco, o folião ganhará camisa, tirante e caneca customizados para o evento.

 

 

Especial de férias: Workshop celebra cultivo de lúpulo na região serrana do Rio

Conhecida no cenário cervejeiro nacional por abrigar grandes cervejarias industriais, como a Bohemia e a Itaipava, a região serrana do Rio de Janeiro está se destacando também pela oferta de insumos. Além da famosa qualidade da água mineral proveniente de fontes localizadas em cidades como Friburgo, Guapimirin, Petrópolis e Teresópolis, produtores da serra estão cultivando lúpulo. A ampla maioria dos cervejeiros do Brasil costuma importar este insumo de países como Estados Unidos e Inglaterra; no entanto, a partir deste ano espera-se que esse público possa adquirir lúpulos cultivados em território nacional. De olho nesta tendência, cervejeiros fluminenses realizarão nos próximos dias 26 e 27 de janeiro, no Centro Cervejeiro da Serra, na Serra do Capim, em Teresópolis – RJ, o “1o Workshop Nacional de Plantio de Lúpulo”. O evento é estruturado em uma série de apresentações que discutirão aspectos sobre o cultivo do insumo no Brasil, envolvendo temas como “Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo”, “A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo”, dentre outros (confira a programação completa e perfil dos facilitadores no final da matéria). As inscrições para o evento se esgotaram em poucas horas.

“O cultivo do Lúpulo é bem recente no Brasil. As primeiras mudas foram legalizadas pela MAPA em outubro e novembro de 2018, graças ao trabalho da Tereza Yoshiko (da Lúpulos Ninkasi, o primeiro viveiro autorizado para produção e comercialização de lúpulos no Brasil). É uma cultura nova e a tropicalização da planta está sendo muito boa”, afirmou a cervejeira Ana Pampillón, uma das organizadoras do workshop. Ana atua no ramo de cultivo de lúpulo desde 2018, trabalhando para aproximar o produtor do mercado de cervejas especiais. “A ideia deste workshop surgiu após nossa legalização (como produtores de lúpulo), pois tivemos muita procura de produtores, investidores, cervejarias etc. Resolvemos então realizar um evento para expor nossas ideias de modo mais prático e eficiente, ao lado de estudiosos que pudessem complementar nosso trabalho, e também criar uma rede de relacionamento entre produtores e cervejarias”, complementou.

Alguns lúpulos importados disponíveis no Lamas, loja especializada no centro do Rio de Janeiro. Foto: Luiz Adolfo Andrade

Como é sabido, o cultivo de lúpulo se relaciona à regiões com baixa temperatura e incidência solar propícia, como a Alemanha, Inglaterra, dentre outras. Ao ser indagada sobre quais tipos de lúpulo podem ser cultivados no Brasil, Ana Pampillón foi taxativa: “Por princípio, apenas aqueles legalizados e autorizados pelo MAPA”. Na Lúpulos Ninkasi, por exemplo, a maior produção tem sido de lúpulos Cascade (confira neste video).“O aumento e diversificação na produção de lúpulos certamente irá impactar a produção de cerveja no Brasil, pois teremos o diferencial de trabalharmos mais com lúpulo fresco, aproveitando melhor as caraterísticas físicas e químicas da flor. O clima temperado pode trazer mais colheitas, ao lado do chamado “Terroir”, isto é, o aroma do lúpulo passa a ter características do que está sendo plantado por perto. Por exemplo, em uma fazenda com vocação para goiaba, os lúpulos plantados por lá terão essas notas de goiaba e assim por diante”, concluiu Ana, destacando que já existem cervejarias fazendo de forma experimental cervejas com insumos 100% nacionais. O Lupulado apurou que a Cervejaria Búzios prepara para fevereiro deste ano a brassagem das duas primeiras cervejas que serão totalmente produzidas com insumos do Brasil: a “Brasilian Pale Ale” e a “8 horas Session IPA”, a ser feita com lúpulo fresco colhido em até oito horas antes da adição.

SÁBADO (26/01)

8:00h às 9:00h – Credenciamento no Centro Cervejeiro da Serra (Serra do Capim, Teresópolis-RJ)

9:00h às 9:30h – Abertura e apresentação do workshop. (Ana Cláudia Pampillón)

9:30h   às   10:10h -A formação da Associação dos produtores de lúpulo do Brasil (APROLÚPULO). (Alexander Cruz)

10:20h às 11:00h – Principais cultivares. (Max Raffaele)

11:10h às 11:50h – Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo. (Pablo Sotomayor)

12:00h às   12:40h – Viveiro, mudas e propagação de mudas. (Teresa Yoshiko)

12:50h às 14:50h – Almoço

15:00h às 15:30h – A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo. (José Hilário Cordeiro Neto)

15:40h às 16:40h – O panorama setorial cervejeiro no Brasil e perspectivas para o mercado de lúpulo. (Eduardo Fernandes Marcusso)

16:50h às 17:30h – Do Campo ao Copo – geração de valor do produto final. (Diego Gomes)

17:40h às 18:00h- Encerramento (Ana Cláudia Pampillón)

18:00h – Beer Break -Degustação na Micro

21:00h – Jantar harmonizado na fazenda com o Chef Gustavo Fonseca e o sommelier José Padilha

DOMINGO (27/01)

8:00h – Café da manhã especial

9:00h – Visita técnica na plantação de lúpulo (fazenda)

11:00h – Visita técnica no Viveiro do lúpulos Ninkasi

13:00h – Todos liberados

FACILITADORES:

EDUARDO FERNANDES MARCUSSO

Formado em Geografia pela UNESP/Campus Rio Claro, Mestre em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFSCar/Campus Sorocaba e Doutorando em Geografia pela UnB, com a tese intitulada de “Os Territórios da Cerveja”, é Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja e servidor público federal do MAPA, atuando na Coordenação Geral de Vinhos e Bebidas, tendo publicados diversos estudos sobre cerveja pelo ministério e na área acadêmica.

PABLO SOTOMAYOR

Cultiva lúpulos em uma área de aproximadamente 300 metros quadrados no quintal de sua casa em Brasília.O cultivo é orgânico e certificado pelo sistema participativo – OPAC Cerrado e vêm obtendo bons resultados de produtividade de qualidade. Algumas plantas chegam a produzir até 500g de lúpulo seco por colheita, e algumas já foram colhidas três vezes num período de 11 meses.Análises físico químicas realizadas em universidades apontam para um produto de qualidade, com homogeneidade na maturação das flores, alta concentração de ácidos alfa e de óleos essenciais. Em 2019 ampliará o cultivo para uma área de 4 mil metros quadrados.

ALEXANDER CREUZ

Formado em administração de empresas, pós graduado em marketing e finanças, técnico em agronegócio, produtor de lúpulos em Lages/SC (Lúpulos Serrana). Atual presidente de Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (APROLÚPULO)

MAX RAFFAELE

Formado na Universidade da Florida em engenharia civil e também em Biologia.Formado na Mercer College , Nova Jersey em agrimensura (topógrafo).Proprietário e presidente há 24anos da empresa A-1 Land Surveys (A1LS.com) nos EUA.Técnico em Cultivo de Lúpulo pela Universidade de Minnesota State. Técnico em Criação e Cultivo de Lúpulo no Gorst Valley Farms. Proprietário da empresa Hops Brasil com produção de Lúpulo na Lupulandia, Penha, SP. Sócio de HopSP com duas produções de lúpulo em São José de Rio Preto e Guzolandia (SP)

DIEGO GOMES

Engenheiro apaixonado pela indústria de transformação, pós graduado em gestão empresarial, defensor do crescimento da participação do setor secundário no PIB e no desenvolvimento da educação, Diego é mestre cervejeiro e malteiro formado pela Doemens Akademie na Alemanha. Iniciou sua jornada em cervejaria em janeiro 2002 atuando desde estagiário de manutenção a diretor industrial do Grupo Petrópolis. Atualmente é responsável pelo planejamento da estratégia das áreas de transformação do GP, liderando os executivos envolvidos pela construção da filosofia do “campo” ao “copo” dentro do Grupo Petrópolis.

TERESA YOSHIKO

Técnica em agropecuária formada pela UFF, atua há 26 anos na área agrícola. Proprietária do viveiro Ninkasi que tem capacidade de propagação de 10.000 mudas de lúpulo mensais, e o primeiro viveiro com certificado de registro para o cultivo de lúpulo no Brasil.

JOSÉ HILÁRIO CORDEIRO NETO

Técnico Agrícola formado pela Escola Técnica Federal de Rio Pomba em 2002. Curso de projetos e equipamento para irrigação Rain Bird em 2007.Trabalha com Irrigação desde 2004. (IRRIGAR SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO)

JOSÉ PADILHA

Sommelier de cervejas pela Doemens Akademie e Mestre em Estilos pelo Siebel Institute. Consultor de cervejarias, docente da Escola Superior de Cerveja e Malte, expert em cerveja da rede Zona Sul, apresentador da coluna Carta de Cerveja da Band News, head sommelier do The Beer Planet e jurado de concursos nacionais e internacionais.

GUSTAVO FONSECA

Carioca, cozinheiro com 12 anos de experiência, já trabalhou com chefs como Alex Atala, no premiado D.O.M..Formou-se em gastronomia em Buenos Aires, período em que trabalhou com cozinheiros de todo o mundo, adquirindo e trocando experiências com grandes profissionais.Hoje se dedica a seu trabalho autoral em menus degustação para eventos e restaurantes, além de produção e conteúdo de gastronomia para fotografia e televisão, como o “Perto do Fogo”, do chef Felipe Bronze para o canal GNT.

ANA CLÁUDIA PAMPILLÓN

Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja (ICB), cervejeira artesanal, turismóloga e coordenadora da Rota Cervejeira RJ. Atuante no mercado de cultivo do lúpulo desde o início de 2018 com o objetivo de aproximar o produtor de lúpulo ao mercado de cervejas especiais.