Flor do Umbuzeiro: Gravetero lança nova cerveja com adjunto original da Caatinga

A cervejaria Gravetero, vinculada aos trabalhadores da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (COOPERCUC),  região do Sertão do São Francisco – BA, lançou novo rótulo da sua série de cervejas com a adição de Umbu, fruta típica do Semiárido Brasileiro. Trata-se da “Cerveja de Umbu Belgium Pale Ale”, que passa a integrar o catálogo da Gravetero ao lado a Saison Farmhouse de Umbu da Gravetero, que estampou a primeira matéria publicada no blog Lupulado.

“As nossas cervejas utilizam insumos e adjuntos de pequenos produtores, especialmente o Umbu; no caso da saison, a receita leva maltes fornecidos pelos pequenos produtores de Picada Café-RS, com o auxílio de uma cooperativa parceira, a Coopernatural. Já esta Belgium utiliza insumos e adjuntos produzidos na Bahia; procuramos apoiar os (sic.) catadeiros e catadeiras de Umbu da região de Canudos, Uauá e Curaçá, sempre respeitando a sociobiodiversidade da caatinga”, explicou o cervejeiro Emanuel Messias, responsável pelas cervejas de Umbu da Gravetero.

 

A Belgium Pale Ale entrega no aroma notas cítricas originais do Umbu, combinadas ao dulçor típico das cervejas belgas trapistas. Outro aspecto interessante é a sua espuma suave, formada por bolhas finas que remetem à outro aspecto semelhante percebido em cervejas trapista e abadia, que foram analisadas anteriormente aqui no blog. “Sempre gostei e apreciei a escola belga e suas cervejas, não apenas pela ousadia na criação de receitas, mas também pela inovação no uso de alguns adjuntos. Quando estou criando uma receita, pesquiso intensamente as variedades de lúpulos, maltes e leveduras, que possam estar dentro desses estilos”, revelou o cervejeiro.

Esta novidade da Gravetero apresentou também uma sensação de boca aveludada, cor acobreada e opaca, amargor médio (21 IBU) e razoável teor alcoólico (ABV 5,4) Como não poderia deixar de ser, a cerveja foi harmonizada com um bode assado típico do Vale do São Francisco. “Quando falamos em cervejas artesanais, sempre destacamos a possibilidade de percorrer uma imensa aventura sensorial. A escola belga se destaca pela criatividade e sabores complexos, sendo uma inspiração para mim; aí resolvi arriscar e inovar com adição de Umbu, uma fruta exclusiva do bioma caatinga”, finalizou Emanuel Messias.

 

A  Cerveja de Umbu Belgium Pale Ale” pode ser encontrada com certa facilidade nas lojas especializadas em cerveja artesanal, dentre elas: Empório do Vinho e Central da Caatinga (Juazeiro); Supermercado Regente, Lorena Conveniência, Casa do Vinho, Hotel Lazar e Mini-Mercado Frutos da Terra (Petrolina); Empório Castano e Quitanda do baianinha (Salvador); além das lojas da COOPERCUC em Uauá, Canudos e Curaçá.

Dia da Vaca

Mais um evento no formato “torneiras abertas” acontecerá em Salvador no próximo dia 06 de Julho. Trata-se do “Vaca Day”, nomeado em referência ao conhecido ícone da Seasons Craft Brewery. Estabelecida em 2010 na cidade de Porto Alegre, a cervejaria vai disponibilizar sete rótulos nas torneiras da Vitrine da Cerveja, conhecido reduto de cervejeiros e fãs de cervejas artesanais na capital da Bahia. O sistema será o mesmo adotado em outros eventos que aconteceram no local: torneiras abertas para degustação livre, das 14h às 17h, mediante pagamento do ingresso.

Holy Cow 2: Um dos rótulos confirmados nas torneiras durante o Vaca Day

“Foi um pedido da galera. Em nosso último evento open tap, o Dogma Day, fizemos uma pesquisa com os clientes para saber qual cervejaria eles gostariam que estivesse em nossas torneiras na próxima vez. Ganhou a Seasons!”, disse Claiton Santos, proprietário da Vitrine da Cerveja. “Estamos preparando uma tap list bem especial, incluindo a Vaca das Galáxias com Bergamota, uma cerveja que só sai uma vez por ano, e ainda uma surpresa que pretendo divulgar em breve”, revelou Claiton. Confira os cinco rótulos anunciados até agora para o “Vaca Day”:

1 –Vaca das Galáxias com Bergamota – Double IPA,

2 – Basilicow – WitBier com Manjericão

3 – Holy Cow 2 – West Coast IPA

4 – Green Cow – American IPA,

5 – Porter da Esperança- Porter,

Basilicow é outro rótulo confirmado nas torneiras da Vitrine da Cerveja

Para harmonizar com as cervejas da Seasons, o cervejeiro tem a opção de comprar petiscos preparados pela Chef Ana Abade, responsável pela Feijoada Premium Salvador. O som ficará por conta de Jeff Duque. Os ingressos do Vaca Day custam 90 reais (sócios do Clube do Chopp pagam 80 reais); podem ser comprados pela internet ou na loja física da Vitrine da Cerveja, situada na Alameda Benevento, 245, Edf.: Nel Center, 1o Andar, Pituba, Salvador.

Especial de férias: Workshop celebra cultivo de lúpulo na região serrana do Rio

Conhecida no cenário cervejeiro nacional por abrigar grandes cervejarias industriais, como a Bohemia e a Itaipava, a região serrana do Rio de Janeiro está se destacando também pela oferta de insumos. Além da famosa qualidade da água mineral proveniente de fontes localizadas em cidades como Friburgo, Guapimirin, Petrópolis e Teresópolis, produtores da serra estão cultivando lúpulo. A ampla maioria dos cervejeiros do Brasil costuma importar este insumo de países como Estados Unidos e Inglaterra; no entanto, a partir deste ano espera-se que esse público possa adquirir lúpulos cultivados em território nacional. De olho nesta tendência, cervejeiros fluminenses realizarão nos próximos dias 26 e 27 de janeiro, no Centro Cervejeiro da Serra, na Serra do Capim, em Teresópolis – RJ, o “1o Workshop Nacional de Plantio de Lúpulo”. O evento é estruturado em uma série de apresentações que discutirão aspectos sobre o cultivo do insumo no Brasil, envolvendo temas como “Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo”, “A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo”, dentre outros (confira a programação completa e perfil dos facilitadores no final da matéria). As inscrições para o evento se esgotaram em poucas horas.

“O cultivo do Lúpulo é bem recente no Brasil. As primeiras mudas foram legalizadas pela MAPA em outubro e novembro de 2018, graças ao trabalho da Tereza Yoshiko (da Lúpulos Ninkasi, o primeiro viveiro autorizado para produção e comercialização de lúpulos no Brasil). É uma cultura nova e a tropicalização da planta está sendo muito boa”, afirmou a cervejeira Ana Pampillón, uma das organizadoras do workshop. Ana atua no ramo de cultivo de lúpulo desde 2018, trabalhando para aproximar o produtor do mercado de cervejas especiais. “A ideia deste workshop surgiu após nossa legalização (como produtores de lúpulo), pois tivemos muita procura de produtores, investidores, cervejarias etc. Resolvemos então realizar um evento para expor nossas ideias de modo mais prático e eficiente, ao lado de estudiosos que pudessem complementar nosso trabalho, e também criar uma rede de relacionamento entre produtores e cervejarias”, complementou.

Alguns lúpulos importados disponíveis no Lamas, loja especializada no centro do Rio de Janeiro. Foto: Luiz Adolfo Andrade

Como é sabido, o cultivo de lúpulo se relaciona à regiões com baixa temperatura e incidência solar propícia, como a Alemanha, Inglaterra, dentre outras. Ao ser indagada sobre quais tipos de lúpulo podem ser cultivados no Brasil, Ana Pampillón foi taxativa: “Por princípio, apenas aqueles legalizados e autorizados pelo MAPA”. Na Lúpulos Ninkasi, por exemplo, a maior produção tem sido de lúpulos Cascade (confira neste video).“O aumento e diversificação na produção de lúpulos certamente irá impactar a produção de cerveja no Brasil, pois teremos o diferencial de trabalharmos mais com lúpulo fresco, aproveitando melhor as caraterísticas físicas e químicas da flor. O clima temperado pode trazer mais colheitas, ao lado do chamado “Terroir”, isto é, o aroma do lúpulo passa a ter características do que está sendo plantado por perto. Por exemplo, em uma fazenda com vocação para goiaba, os lúpulos plantados por lá terão essas notas de goiaba e assim por diante”, concluiu Ana, destacando que já existem cervejarias fazendo de forma experimental cervejas com insumos 100% nacionais. O Lupulado apurou que a Cervejaria Búzios prepara para fevereiro deste ano a brassagem das duas primeiras cervejas que serão totalmente produzidas com insumos do Brasil: a “Brasilian Pale Ale” e a “8 horas Session IPA”, a ser feita com lúpulo fresco colhido em até oito horas antes da adição.

SÁBADO (26/01)

8:00h às 9:00h – Credenciamento no Centro Cervejeiro da Serra (Serra do Capim, Teresópolis-RJ)

9:00h às 9:30h – Abertura e apresentação do workshop. (Ana Cláudia Pampillón)

9:30h   às   10:10h -A formação da Associação dos produtores de lúpulo do Brasil (APROLÚPULO). (Alexander Cruz)

10:20h às 11:00h – Principais cultivares. (Max Raffaele)

11:10h às 11:50h – Aspectos agronômicos sobre o cultivo do lúpulo. (Pablo Sotomayor)

12:00h às   12:40h – Viveiro, mudas e propagação de mudas. (Teresa Yoshiko)

12:50h às 14:50h – Almoço

15:00h às 15:30h – A importância de um bom projeto de irrigação no plantio de lúpulo. (José Hilário Cordeiro Neto)

15:40h às 16:40h – O panorama setorial cervejeiro no Brasil e perspectivas para o mercado de lúpulo. (Eduardo Fernandes Marcusso)

16:50h às 17:30h – Do Campo ao Copo – geração de valor do produto final. (Diego Gomes)

17:40h às 18:00h- Encerramento (Ana Cláudia Pampillón)

18:00h – Beer Break -Degustação na Micro

21:00h – Jantar harmonizado na fazenda com o Chef Gustavo Fonseca e o sommelier José Padilha

DOMINGO (27/01)

8:00h – Café da manhã especial

9:00h – Visita técnica na plantação de lúpulo (fazenda)

11:00h – Visita técnica no Viveiro do lúpulos Ninkasi

13:00h – Todos liberados

FACILITADORES:

EDUARDO FERNANDES MARCUSSO

Formado em Geografia pela UNESP/Campus Rio Claro, Mestre em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela UFSCar/Campus Sorocaba e Doutorando em Geografia pela UnB, com a tese intitulada de “Os Territórios da Cerveja”, é Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja e servidor público federal do MAPA, atuando na Coordenação Geral de Vinhos e Bebidas, tendo publicados diversos estudos sobre cerveja pelo ministério e na área acadêmica.

PABLO SOTOMAYOR

Cultiva lúpulos em uma área de aproximadamente 300 metros quadrados no quintal de sua casa em Brasília.O cultivo é orgânico e certificado pelo sistema participativo – OPAC Cerrado e vêm obtendo bons resultados de produtividade de qualidade. Algumas plantas chegam a produzir até 500g de lúpulo seco por colheita, e algumas já foram colhidas três vezes num período de 11 meses.Análises físico químicas realizadas em universidades apontam para um produto de qualidade, com homogeneidade na maturação das flores, alta concentração de ácidos alfa e de óleos essenciais. Em 2019 ampliará o cultivo para uma área de 4 mil metros quadrados.

ALEXANDER CREUZ

Formado em administração de empresas, pós graduado em marketing e finanças, técnico em agronegócio, produtor de lúpulos em Lages/SC (Lúpulos Serrana). Atual presidente de Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (APROLÚPULO)

MAX RAFFAELE

Formado na Universidade da Florida em engenharia civil e também em Biologia.Formado na Mercer College , Nova Jersey em agrimensura (topógrafo).Proprietário e presidente há 24anos da empresa A-1 Land Surveys (A1LS.com) nos EUA.Técnico em Cultivo de Lúpulo pela Universidade de Minnesota State. Técnico em Criação e Cultivo de Lúpulo no Gorst Valley Farms. Proprietário da empresa Hops Brasil com produção de Lúpulo na Lupulandia, Penha, SP. Sócio de HopSP com duas produções de lúpulo em São José de Rio Preto e Guzolandia (SP)

DIEGO GOMES

Engenheiro apaixonado pela indústria de transformação, pós graduado em gestão empresarial, defensor do crescimento da participação do setor secundário no PIB e no desenvolvimento da educação, Diego é mestre cervejeiro e malteiro formado pela Doemens Akademie na Alemanha. Iniciou sua jornada em cervejaria em janeiro 2002 atuando desde estagiário de manutenção a diretor industrial do Grupo Petrópolis. Atualmente é responsável pelo planejamento da estratégia das áreas de transformação do GP, liderando os executivos envolvidos pela construção da filosofia do “campo” ao “copo” dentro do Grupo Petrópolis.

TERESA YOSHIKO

Técnica em agropecuária formada pela UFF, atua há 26 anos na área agrícola. Proprietária do viveiro Ninkasi que tem capacidade de propagação de 10.000 mudas de lúpulo mensais, e o primeiro viveiro com certificado de registro para o cultivo de lúpulo no Brasil.

JOSÉ HILÁRIO CORDEIRO NETO

Técnico Agrícola formado pela Escola Técnica Federal de Rio Pomba em 2002. Curso de projetos e equipamento para irrigação Rain Bird em 2007.Trabalha com Irrigação desde 2004. (IRRIGAR SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO)

JOSÉ PADILHA

Sommelier de cervejas pela Doemens Akademie e Mestre em Estilos pelo Siebel Institute. Consultor de cervejarias, docente da Escola Superior de Cerveja e Malte, expert em cerveja da rede Zona Sul, apresentador da coluna Carta de Cerveja da Band News, head sommelier do The Beer Planet e jurado de concursos nacionais e internacionais.

GUSTAVO FONSECA

Carioca, cozinheiro com 12 anos de experiência, já trabalhou com chefs como Alex Atala, no premiado D.O.M..Formou-se em gastronomia em Buenos Aires, período em que trabalhou com cozinheiros de todo o mundo, adquirindo e trocando experiências com grandes profissionais.Hoje se dedica a seu trabalho autoral em menus degustação para eventos e restaurantes, além de produção e conteúdo de gastronomia para fotografia e televisão, como o “Perto do Fogo”, do chef Felipe Bronze para o canal GNT.

ANA CLÁUDIA PAMPILLÓN

Sommelier de cervejas pelo Instituto da Cerveja (ICB), cervejeira artesanal, turismóloga e coordenadora da Rota Cervejeira RJ. Atuante no mercado de cultivo do lúpulo desde o início de 2018 com o objetivo de aproximar o produtor de lúpulo ao mercado de cervejas especiais.

Especial de férias: Lei do Artesão e Cervejarias na Grande BH

Belo Horizonte é capital do estado de Minas Gerais. Fundada em 1897, atualmente, possui cerca de 2,5 milhões de habitantes. Sua região metropolitana abarca 34 municípios, totalizando população de 6 milhões. Dentre essas cidades, que compõem a grande BH, está a pequena Nova Lima, com 95 mil habitantes. No universo cervejeiro, ela chama atenção por conta de uma lei municipal publicada em 2012, conhecida como “Pró-Artesão”,  que regulamentou um programa para favorecer a produção artesanal de tecidos, cosméticos, cerâmica, alimentos e… cerveja! Em pesquisa publicada no ano de 2017, das 41 cervejarias registradas em Minas Gerais, 15 são estabelecidas na região de Nova Lima, elevando o município à alcunha de “cinturão da cevada”.

No mês de setembro de 2018, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, trilhou caminho semelhante ao sancionar a lei municipal 475/18, que já seguiu para publicação no diário municipal. O principal objetivo dessa lei é diminuir a burocracia para produção de cerveja, beneficiando sobretudo os chamados “cervejeiros de panela”. Com ela, fica permitida a produção de cerveja fora do complexo industrial de BH, favorecendo fábricas menores com até 720 mts2 e a instalação de Brewpubs – locais onde cervejeiros podem fabricar e vender sua própria produção. Ao portal da Prefeitura de Belo Horizonte, o prefeito Kalil declarou que esta lei vai promover diversos benefícios, como geração de empregos, criação de empresas e consequente recolhimento de mais impostos ao município, além contribuir para elevar BH ao patamar de importante pólo cervejeiro no país.“A Pró-Artesão é uma ferramenta interessante para viabilizar a produção de cerveja em áreas mais residenciais. A lógica dessa lei consiste em viabilizar a produção cerveja em locais menores e em zonas que não sejam distritos industriais. Porém é importante ressaltar que, mesmo com ela, permanecem as obrigações para a empresa, especialmente para conseguir registrar uma cervejaria, mesmo que caseira”, comentou Bruno Parreiras, cervejeiro na KÜD, umas das cervejarias instaladas em Nova Lima, município que serviu de inspiração para o prefeito Kalil sancionar a lei em BH.

Fábrica da cervejaria KÜD no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima – MG.

Além da Lei Municipal “Pró – Artesão”, Nova Lima oferece também infraestrutura adequada para beneficiar pequenas cervejarias, como é o caso do Mercado Cervejeiro, no bairro Jardim Canadá.

Saboreando a Bollywood da Cervejaria Trinca, enquanto o Mercado Cervejeiro de Nova Lima começa mais um dia de funcionamento,

“Para a gente é importante participar do Mercado Cervejeiro, especialmente aqui em Nova Lima onde existem varias cervejarias, grandes e pequenas, já instaladas. Somos uma cervejaria pequena, artesanal e relativamente nova, portanto este projeto é importante para nos associarmos a outras marcas já consolidadas no mercado, como a Capa Preta, Krug, Falke, dentre ouras cervejarias”, disse Leandro Neves, cervejeiro na Trinca, que ocupa um dos stands no Mercado Cervejeiro.

Tap wall do stand da Trinca no Mercado Cervejeiro

Enquanto apresentava a deliciosa White IPA Bollywood, um dos carros-chefes da sua  produção, Leandro  contou um pouco mais sobre a Trinca, reforçando que, no Brasil, fazer cerveja pode ser também um negócio de família. “A Trinca foi fundada em 2014 por três sócios da mesma família, que permanecem até hoje – eu, minha mulher Luísa e o nosso primo Marcelo”, revelou Leandro.

Leandro Neves cervejeiro na Trinca.

 

Kashmir da KÜD 

A fábrica da cervejaria KÜD (sigla para Krieg Über Durst, em alemão “luta pela sede”) foi um dos locais visitados em Nova Lima. Um dos sócios e cervejeiros da cervejaria, Bruno Parreiras, fez as vezes de anfitrião e apresentou parte da história da KÜD e suas instalações no Bairro Jardim Canadá. “Somos um poucos mais velhos que a lei Pró-Artesão, ela não nos impactou. A gente começou a fazer cerveja em casa em 2008. A KÜD foi formalmente estabelecida em 2010, funcionando já como pequena indústria. Fomos a primeira cervejaria artesanal a nascer da ACERVA Mineira e a quinta microcervejaria de Belo Horizonte”, revelou.

Mão na Massa: cervejeiro trabalhando nos tanques da fábrica da KÜD para produzir os rótulos abaixo.

A área da fábrica da KÜD divide-se basicamente em três espaços principais. Os tanques apresentam uma característica peculiar: Todos foram batizados com os nomes de bandas de Rock, seguindo um dos conceitos adotados pela cervejaria.

Espaço original da fábrica da KÜD: primeiro lugar de brassagem

Tanques na segunda expansão da fábrica.
Segunda expansão da fábrica

Terceira expansão e novo espaço de brassagem: KÜD fechou 2018 com produção de 30 mil litros no último mês.

“A KÜD nasceu para fazer outro tipo de cerveja, diferente das pilsen e outras cervejas mais leves. Somos inspirados na cultura cervejeira da Inglaterra; um dos nossos rótulos mais procurados é a Kashmir, uma IPA inspirada nas cervejas enviadas pelos ingleses para a Índia na época da colonização, que acabou introduzindo o estilo India Pale Ale”, destacou Parreiras.

A Kashmir é uma cerveja que busca resgatar as características originais do estilo inglês de India Pale Ale. Possui corpo avermelhado, espuma fina e cremosa; amargor médio (45 IBU) e razoável teor alcóolico (6,8% ABV), fazendo da Kashmir uma IPA que não agride o paladar, ideal para ser apreciada por mais tempo. A cerveja chamou a atenção também pelo aroma adocicado, com a presença marcante do caramelo.

Kashmir, um dos carros-chefes da cervejaria KÜD.

Ao final da visita, Bruno revelou desejo de expandir a KÜD para o Nordeste. “Estamos sempre abertos à parceiros no Nordeste. Por exemplo, a cerveja Capiroto, de Vitória da Conquista (Belgian Strong Ale da cervejaria cigana “Cerveja Adamantine”), foi produzida aqui fábrica. Estamos em busca de distribuidores para expandir nossa marca na região Nordeste”, finalizou o cervejeiro, ressaltando que a fábrica da KÜD possui atualmente capacidade de produção de até 30 mil litros.

 

As irmãs da Capa Preta e outras cervejas

Além da cervejaria KÜD, outros locais visitados foram: a famosa Cervejaria Wals, onde também funciona um BrewPub, que fica região de Olhos D’ àgua, bairro anexo à Nova Lima; as Tap Room das cervejarias Koala San Brew e Capa Preta,  instaladas na região de Nova Lima.

Tap Room da Capa Preta

Conhecida por suas cervejas de sabor forte e marcante, como a Melon Collie IPA, a Capa Preta chamou a atenção por conta de dois rótulos em especial: a Pina Colada e Euphoria Juice. O sommelier da Capa Preta, João Victor Galhardo (vídeo abaixo), classificou essas cervejas como “irmãs” porque utilizam a mesma base na receita, com a adição de insumos diferentes. A Euphoria Juice faturou a medalha de ouro e a Pina Colada ficou com a medalha de prata na última edição do World Beer Awards, categoria IPA Special.

 

Deliciosa Milkshake IPA Pina Colada.

O carro-chefe da Capa Preta é a  Melon Collie IPA, mas a Euphoria Juice tem tido boa procura, informou João Victor. Na Bahia, pode-se encontrar alguns rótulos da Capa Preta no site Cerveja Salvador. A Pina Colada, por sua vez, só está disponível nas torneiras  da Tap Room em Nova Lima. A Capa Preta fechou o ano com produção de 35 mil litros no ultimo mês.

Euphoria Juice

A primeira das irmãs da Capa Preta, a Euphoria Juice (7,0% ABV e 60 IBU), provada em lata e nas torneiras da Tap Room, apresentou corpo  turvo, cor amarelo e opaco, espuma cremosa com bolhas finas, um pouco diferente das NE IPAs mais tradicionais. Alto amargor e aroma marcante com notas de lactose e aveia que sobram no final. Apesar do alto teor de ABV, o retrogosto sustenta mais o amargor dos lúpulos que o gosto de álcool.

 

Já a segunda irmã, a Pina Colada, provada em Growler e nas torneiras da Tap Room, adicionou notas de coco e abacaxi ao aroma de lactose e aveia típico da Euphoria Juice. O corpo turvo e opaco, a cor amarelo e a espuma cremosa permanecem os mesmos da irmão mais velha, a Euphoria Juice. O retrogosto, no entanto, traz ao paladar do cervejeiro notas marcantes de coco e críticas do Abacaxi. Recomenda-se seguir a experiência aconselhada pelo sommelier João Victor: Provar a Pina Colada logo depois da beber Euphoria Juice.

Com o sommelier João Victor e um dos socios da Capa Preta, André Bastos. .

Tap Room da Koala San Brew em Nova Lima.

Livin`The Dream, IPA da Koala San Brew

Coconut Grove, IPA da Kola San.

Taste Menu na Cervejaria Wals

Panorama da Cervejaria Wals

*Texto e fotos: Luiz Adolfo Andrade

** Esta matéria não seria possível sem ajuda especial de algumas pessoas.  Ao amigo Fábio Stockler, pela disponibilidade e atenção para nos guiar entre esses locais em Belo Horizonte. Ao cervejeiro da São Sebastião, Daniel Balesteros, pela presteza em nos colocar em contato com todas essas cervejarias. Por um problema de navegação, infelizmente não conseguimos visitar a Fábrica da São Sebastião, na grande BH. Em nossa próxima visita à região, a São Sebastião será parada obrigatória!