Adeus ano velho: Meu top-10 de cervejas em 2021

Ao final de cada ano, como de praxe, publico aqui no Blog Lupulado uma lista com as dez melhores cervejas que provei nos últimos 12 meses. Um dos critérios de escolha permanece imperativo: O rótulo pode até ter sido lançado em outro período, mas a minha primeira degustação deve ter acontecido no ano em questão (confira outros critérios de 2020, que segui para eleição em 2021) . No meu ponto de vista, o ano de 2021 foi pior que 2020 em face do agravamento da Pandemia da Covid-19 e do negacionismo de parte dos nossos governantes. Por exemplo, a partir de março do ano passado os números de casos e mortes causados pela doença aumentaram vertiginosamente, chegando à picos de 5 mil mortes diárias no Brasil. O resultado foi aumentar o isolamento social em 2021. Na prática só voltei a circular pela cidade a partir de agosto do ano passado, quando tomei a segunda dose da vacina. Em setembro fiz minha primeira viagem depois de meses. Os bares foram obrigados novamente a suspender suas atividades presenciais de março a junho de 2020 e os eventos de cerveja artesanal em Salvador só foram retomados a partir de dezembro passado.

No Mercy: Colab entre Dogma e Spartacus, para mim a melhor cerveja que provei em 2021.

Portanto, da mesma forma que em 2020, no ano passado eu bebi predominantemente em casa, usando os serviços de delivery dos PDVs. Eu acabei também bebendo mais: Segundo meu relatório anual do untapdd, foram 1460 check-ins em 2021. Por outro lado, variei pouco nos estilos e provei menos rótulos, uma vez que o consumo por growlers e latas não ajuda muito neste processo, ao contrário das torneiras, bootle- sharing (BS) e tasting menu, formas que tradicionalmente prefiro consumir cerveja artesanal nos bares e tap room.  Na minha lista de preferências em 2021, aparecem mais rótulos com lúpulos que resenhei recentemente aqui no Blog, como o Strata e o Zappa. Entretanto, preciso destacar outras strains que me agradaram bastante em 2021 e que eu não me recordava de ter experimentado em outros anos, como Talus, Lotus e Denali. A seguir, apresento minha lista dos 10 melhores rótulos que provei em 2021.

Ippadicted: Outra grande cerveja de 2021, que no rótulo estampa o rosto do blogueireiro referenciado nesta colar.

Começo destacando duas cervejas colaborativas da Dogma (São Paulo-SP). A primeira delas é a No Mercy, uma Double Hazy IPA feita em colab com a Cervejaria Spartacus (Juiz de Fora-MG), que apresenta perfil cítrico e resinoso, com um retrogosto sensacional de morango, utilizando um blend dos lúpulos Strata, Idaho Gem, El Dorado e Mosaic. A segunda é a Hazy IPA Ipaddicted, feita pela Dogma em colab com a cervejaria francesa La Superbe em referência ao blogueiro homônimo à cerveja. Traz um blend dos lúpulos Mosaic, Strata e Zappa, resultando em um perfil cítrico, com o dank do segundo lúpulo bem combinado às notas herbais do terceiro.

Com a Juicy IPA Breeze Blocks, cervejaria Everbrew (Santos-SP) apresenta um trabalho interessante combinando os lúpulos Strata e Nelson Sauvin, que proporciona um corpo sedoso e perfil dank, com notas de maracujá, pêra e uvas. Outra cerveja que se destacou no meu paladar em 2021 foi o Single Hop de Zappa da série Hop Attack, da cervejaria Satélite (São Paulo – SP).

Seguindo nesta linha de cervejas lupuladas, a cervejaria Tábuas (Campinas-SP) lançou a New England IPA Pétala, com um blend dos lúpulos Strata e Bravo, proporcionando um corpo aveludado com notas marcantes de maracujá e morango.

A cervejaria Spartacus (Juiz de Fora – MG) também nos brindou com a belíssima Hope, uma cerveja de visual turvo com muito maracujá e abacaxi no aroma e no sabor, fruto de combinação dos lúpulos Citra e Galaxy. O nome deste rótulo, por sua vez, estimula minha crença de que dias melhores virão em 2022.

Os rótulos das cervejarias baianas também marcam presença na minha lista de melhores de 2021. O grande destaque, para mim, foi a West Coast IPA Boonville, da cervejaria 3 Barcaças (Ilhéus-BA); uma WC bem raiz, cítrica e sequinha, com teor alcoólico moderado.

Outra cerveja que teve destaque no meu ano foi a NE APA da MinduBier (Salvador-BA), feita com os lúpulos Zappa, Comet e Centennial de Moxee, que integrou o projeto Brewing Love Project (confira a resenha dela aqui).

Um dos meus destaques de 2021 veio do exterior: Urban Fog, uma Hazy IPA colaborativa entre as cervejarias Mikkeller (Dinamarca) e Brewdog (Escócia), que proporciona notas frutadas bem marcantes, especialmente de toranja.

Por fim, já no apagar das luzes, nos últimos dias de dezembro eu provei The World is Changing, da Carioca Brewing (Rio de Janeiro-RJ), que definitivamente ganhou seu lugar fechando meu Top-10 de 2021. Uma NE IPA com blend dos lúpulos Strata, Lótus e Denale, que proporciona um perfil frutado, com presença marcante de morango e amargor bem agradável.

Este foi meu Top-10 de 2021! Como já disse, foi uma escolha difícil! Quais cervejas você incluiria nesta lista? Que o ano de 2022 seja melhor para todos nós!

Da torneira para a lata: Conheça o Crowler, alternativa para portabilidade de cerveja artesanal

Um aspecto percebido na cultura cervejeira é a preferência de parte dos consumidores por cervejas servidas “na torneira”, que tecnicamente seriam mais “frescas”, isto é, produzidas e envasadas há pouco tempo, portanto não sofreram muito prejuízo em decorrência de condições de armazenamento e transporte. Desta forma, um barril conectado à torneira pode ser visto como mecanismo legitimador, atestando para o cervejeiro que aquela cerveja encontra-se fresca.

Em vez de comprar cerveja engarrafada, que eventualmente já teria sofrido impactos em função da estocagem, exposição à luz etc., o consumidor pode optar por adquirir a cerveja fresca diretamente das torneiras nos estabelecimentos comerciais. Para isto, ele dispõe de ferramentas especificas que facilitam consumir e transportar ; a mais famosa delas é o Growler, que já foi tópico em um post publicado ano passado aqui no Lupulado. Os Growlers são recipientes criados para que o cervejeiro armazene momentaneamente um ou dois litros de cerveja tirados da torneira, para levar e beber onde quiser. Nos últimos cinco anos, eles ganharam a companhia de um novo aliado nesta tarefa: o Crowler.

Deu sede? Crowler e o consumo de cerveja artesanal

A explicação para o nome Crowler é simples e técnica: Trata-se da síntese entre “can”, que significa “lata” em Inglês, e Growler. Nesta perspectiva, o Crowler não seria como um Growler de alumínio, mas latas que são enchidas e fechadas em minutos, sob demanda, que teriam a mesma finalidade para armazenamento e transporte de cerveja.

 

Enchendo o Crowler na torneira da Vitrine da Cerveja, em Salvador.

“A vantagem do Crowler é que você pode levar cerveja fresca da torneira para casa sem a necessidade de estar com o Growler em mãos. Para o proprietário do estabelecimento é indiferente (despachar em Growler ou Crowler), tanto faz. Porém  o Growler tem um aspecto cultural mais interessante. O lado ruim é que muita gente esquece o Growler em casa quando chega aqui (no estabelecimento). Inclusive, teve uma época em que eu emprestava Growlers porque realmente a turma esquece de trazer; então, o Crowler aparece como antídoto para esta situação”, destacou o cervejeiro Claiton Santos, proprietário da “Vitrine da Cerveja”, estabelecimento que é referência no ramo de cervejas artesanais em Salvador.

Claiton Santos da Vitrine da Cerveja.

No vídeo a seguir, feito na Vitrine da Cerveja, registramos como é o processo de encher e fechar um Crowler.

Alguns apontamentos sobre o Crowler.

A máquina de fechar Crowlers custa em média 7 mil reais. Para o consumidor, cada lata sai por cerca de 4 reais, acrescidos ao custo da cerveja. Por conta da sua capacidade entre 500ml e 1000ml, os Crowlers facilitaram a vida do consumidor, que pode levar mais de um estilo de cerveja artesanal, diferente do que ocorre com os Growlers. Alguns Crowlers possuem ainda tampa com “boca” semelhante às tradicionais latinhas de alumínio; outros podem ser abertos em toda a dimensão da lata, otimizando as tarefas de servir e compartilhar a cerveja.

Estilo de lata com a boca totalmente aberta: Facilita nas tarefas de servir e compartilhar a cerveja

Os Crowlers possuem tamanho menor, maior portabilidade, são descartáveis e recicláveis. Além disso, eles são enchidos e fechados sob demanda, evitando que ocorra degradação da cerveja em função do estoque, como percebemos na situação do golpe de luz, ou ainda na entrada de oxigênio na garrafa. Sem falar que os Crowlers não possuem impedimento para acesso em determinados locais como ocorre em situações com recipientes de vidro, por exemplo, beber aquela cerveja artesanal fresquinha na piscina do condomínio ou do clube.